A oração com as Sagradas Escrituras 

Debruçamo-nos hoje sobre a oração feita a partir da Sagrada Escritura. Na verdade, as palavras desta não foram escritas para ficar presas ao papel, mas para ser acolhidas por uma pessoa que reza, fazendo-as germinar no próprio coração. Do coração aberto a Deus, da nossa oração depende a possibilidade dum texto bíblico se tornar para nós Palavra viva de Deus. E a Palavra de Deus, impregnada de Espírito Santo, quando é acolhida com um coração aberto, não deixa as coisas como estavam antes. Inspira bons propósitos e apoia a acção, dando-nos força e serenidade; e, mesmo quando nos põe em crise, dá-nos paz. Mas como fazer? É conhecido o método da lectio divina. Primeiro, lê-se o texto bíblico com atenção – diria, com «obediência ao texto» – para entender o que significa em si mesmo. Depois meditamo-lo entrando em diálogo com ele: permanecendo aderente ao texto, começo a interrogar-me sobre o que me diz a mim. Trata-se duma passagem delicada: é preciso não se deixar levar para interpretações subjectivas, mas inserir-se no sulco vivo da Tradição que une cada um de nós à Sagrada Escritura. E o último passo é a contemplação: aqui as palavras e os pensamentos cedem lugar ao amor, como entre namorados a quem por vezes basta olharem-se em silêncio. Naturalmente o texto bíblico continua ali, mas como um espelho, um ícone a contemplar. Deste modo a Palavra de Deus faz-se carne nas pessoas que a acolhem na oração. Acontece uma nova encarnação. E nós somos os «sacrários» com pernas, onde as palavras de Deus querem ser guardadas para poderem visitar o mundo. (Resumo da Audiência Geral do Papa Francisco, 27 de Janeiro, 2021).

Audiência Geral, 27 de Janeiro, 2021:

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20210127_udienza-generale.html