3º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Cumpriu-se o tempo e o reino de Deus está próximo (Mc 1, 15)

O crente quando reza o “Pai Nosso” manifesta o desejo de que venha depressa o Reino de Deus: “Venha a nós o vosso Reino”. Este desejo brotou, por assim dizer, também do próprio coração de Cristo, que no início da sua pregação na Galileia proclamou: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 15). Estas palavras não são minimamente uma ameaça, ao contrário, são um feliz anúncio, uma mensagem de alegria. Jesus anuncia esta maravilha, esta graça: Deus, o Pai, ama-nos, está próximo de nós e ensina-nos a andar pelo caminho da santidade. Cada um é convidado a acreditar nesta feliz notícia.

Os sinais da vinda deste Reino são numerosos e todos positivos. Jesus começa o seu ministério cuidando dos doentes, quer no corpo quer no espírito, de quantos viviam uma exclusão social — por exemplo os leprosos — dos pecadores desprezados por todos, até por aqueles que eram mais pecadores do que eles mas se fingiam justos. O próprio Jesus indica estes sinais, os sinais do Reino de Deus: “Os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres” (Mt 11, 5).

Jesus veio; mas o mundo ainda está marcado pelo pecado, povoado por tantas pessoas que sofrem, por pessoas que não se reconciliam nem perdoam, por guerras e muitas formas de exploração. Todas estas realidades são a prova de que a vitória de Cristo ainda não se concretizou totalmente: muitos homens e mulheres ainda vivem com o coração fechado. É sobretudo nestas situações que aos lábios do cristão aflora a segunda invocação do “Pai-Nosso”: “venha a nós o vosso Reino!”.

Por vezes perguntamo-nos: porque é que este Reino se realiza tão lentamente? Jesus gosta de falar da sua vitória com a linguagem das parábolas. Por exemplo, diz que o Reino de Deus é semelhante a um campo no qual crescem juntos o trigo e o joio: o pior erro seria querer intervir imediatamente extirpando do mundo aquelas ervas daninhas. Deus não é como nós, Deus tem paciência. Não é com a violência que se instaura o Reino no mundo: o seu estilo de propagação é a mansidão.

O Reino de Deus é certamente uma grande força, a maior que existe, mas não segundo os critérios do mundo; por isso parece nunca ter a maioria absoluta. É como o fermento que se mistura com a farinha: aparentemente desaparece, mas é precisamente isso que faz fermentar a massa. Ou então, é como um grão de mostarda, que é tão pequenino, quase invisível, mas tem em si a impetuosa força da natureza, e quando cresce torna-se a maior planta do horto. Neste “destino” do Reino de Deus pode-se intuir a trama da vida de Jesus: também ele foi para os seus contemporâneos um sinal frágil, um evento quase desconhecido pelos historiadores da época. Um “grão de trigo”, assim ele mesmo se definiu, que morre na terra mas só assim pode dar “muito fruto”.

“Venha a nós o vosso Reino” é como dizer “Vinde, Senhor Jesus”. E Jesus responde: “Virei depressa”. E Jesus vem, à sua maneira, mas todos os dias. Tenhamos confiança nisto. (Catequese resumida e adaptada do Papa Francisco sobre o Pai Nosso, nº 9, 6 de Março, 2019).