Se não rezarmos não teremos a força para ir em frente na vida. A oração é como o oxigénio na vida. A oração é atrair sobre nós a presença do Espírito Santo que nos leva sempre em frente. Jesus deu exemplo de uma oração contínua, praticada com perseverança. O diálogo constante com o Pai, no silêncio e no recolhimento, é o fulcro de toda a sua missão. Os Evangelhos apresentam-nos também as suas exortações aos discípulos, para que rezem com insistência, sem se cansar. O Catecismo recorda as três parábolas contidas no Evangelho de Lucas que sublinham esta característica da oração de Jesus (cf. CIC, 2613).
A oração deve ser acima de tudo tenaz, como no-lo ensina a parábola daquele homem que vai a meio da noite à casa de um amigo pedir-lhe uns pães para dar de comer a a um hóspede que chegou inesperadamente. Deus é mais paciente do que nós, e quem bate à porta do seu coração com fé e perseverança não fica desiludido. Deus responde sempre. Sempre! O nosso Pai sabe bem do que precisamos; a insistência não serve para o informar ou convencer, mas para alimentar o desejo e a expectativa em nós. A parábola da viúva e do juiz iníquo faz-nos compreender que a fé não é o impulso de um momento, mas uma disposição corajosa para invocar Deus, até para “discutir” com Ele, sem se resignar ao mal e à injustiça. A parábola do fariseu e do publicano ensina-nos que não há verdadeira oração sem espírito de humildade. É a humildade que nos impele a orar.
O ensinamento do Evangelho é claro: é preciso rezar sempre, até quando tudo parece em vão, quando Deus nos parece surdo e mudo, e que perdemos tempo. Muitos Santos e Santas experimentaram este silêncio de Deus, a noite da fé, mas perseveraram na oração. Ainda que o Céu nos pareça surdo e mudo, continuemos a rezar, porque, mesmo na noite da fé, nunca estamos sozinhos. Na verdade, Jesus não é apenas testemunha e mestre de oração, é muito mais. Ele acolhe-nos na sua oração, para podermos rezar n’Ele e através d’Ele. E isto é obra do Espírito Santo.
Jesus faz seus e apresenta a seu Pai cada um dos nossos gemidos e cada uma das nossas preces. A certeza de sermos ouvidos funda-se na oração de Jesus, que dá à oração do homem aquelas asas que ela sempre desejou possuir. O Senhor «te cobrirá com as suas penas – são palavras do Salmo 91 –; debaixo das suas asas encontrarás refúgio; a sua fidelidade é escudo e couraça». Esta promessa estupenda cumpre-se em Jesus, que nos acolhe na sua oração e assim podemos rezar ao Pai por Cristo, com Cristo e em Cristo. Ele é tudo para nós, como no-lo recorda Santo Agostinho: «Sendo o nosso Sacerdote, ora por nós; sendo a nossa Cabeça, ora em nós; e sendo o nosso Deus, a Ele oramos. Reconheçamos, pois, n’Ele, a nossa voz e a voz d’Ele em nós». Por isso, o cristão que reza, nada teme. Quem bate com fé e perseverança à porta do coração do Pai do Céu, não ficará desiludido.
Papa Francisco, Audiência geral (resumo), 11 de Novembro, 2020