28º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Deus prepara o seu banquete para todos

Na parábola do banquete nupcial descrita pelo evangelista São Mateus neste 28º Domingo do Tempo Comum (Ano A) Jesus traça o projecto que Deus concebeu para a humanidade. O rei que preparou a festa de casamento do seu filho é a imagem do Pai que organizou para toda a família humana uma maravilhosa festa de amor e comunhão ao redor de seu Filho unigénito.

Ele manda os seus servos chamar os convidados que, por estarem ocupados com outros afazeres, recusam o convite, não querem ir à festa, como nós muitas vezes fazemos, ao darmos preferência aos nossos interesses e coisas materiais, em vez do Senhor que nos chama.

Mas o rei da parábola não quer que a sala fique vazia, porque deseja doar os tesouros do seu reino e diz aos seus servos para irem às encruzilhadas dos caminhos para convidar os que encontrarem. É assim que Deus se comporta: quando ele é recusado, em vez de desistir, volta a convidar e a chamar todos os que estão nas encruzilhadas dos caminhos, sem excluir ninguém. Ninguém é excluído da casa de Deus.

É para essa humanidade das encruzilhadas que o rei da parábola envia os seus servos, na certeza de encontrar pessoas dispostas a sentarem-se à mesa. Assim, a sala do banquete enche-se de “excluídos” que nunca se julgaram dignos de participar de uma festa, de um banquete de casamento. O rei diz aos mensageiros que convidem todos, bons e maus, todos. Deus chama também os maus. Deus não tem medo da nossa alma ferida por tanta maldade, porque nos ama, nos convida.

A Igreja é chamada a ir até às encruzilhadas de hoje, isto é, às periferias geográficas e existenciais da humanidade onde se encontram acampados e vivem fragmentos de humanidade sem esperança. Trata-se de não se acomodar nas formas cómodas e usuais de evangelização e de testemunho da caridade, mas de abrir a todos as portas do nosso coração e das nossas comunidades, porque o Evangelho não é reservado somente a uns poucos eleitos. Também os que estão à margem, mesmo os que são rejeitados e desprezados pela sociedade, são considerados por Deus dignos do seu amor. Ele prepara o seu banquete para todos: justos e pecadores, bons e maus, inteligentes e incultos.

Todavia o Senhor coloca uma condição: usar o traje de festa, uma espécie de capa que cada convidado recebia de presente na entrada, pois as pessoas iam como estavam vestidas, como podiam se vestir, não usavam roupas de gala. Mas ao entrar na sala repleta e ao saudar os convidados de último hora, o rei observa que um deles está sem a veste nupcial. Como rejeitou o presente gratuito, como se auto excluiu, não restou ao rei senão expulsá-lo. Porquê? Porque não aceitou o dom. O chamamento de Jesus é um dom. É um presente, é uma graça. Este homem aceitou o convite, mas decidiu que não significava nada para ele: era uma pessoa auto-suficiente, que não tinha o desejo de mudar ou de se deixar transformar pelo Senhor. O traje de festa – aquele manto que é um dom, um presente – simboliza a misericórdia que Deus nos dá gratuitamente. O convite de Deus para à festa é uma graça. Sem a graça não se pode dar um passo na vida cristã. Tudo é graça. Não basta aceitar o convite para seguir o Senhor, é preciso estar disponível para um caminho de conversão, que muda o coração. A veste da misericórdia, que Deus nos oferece incessantemente, é um dom gratuito do seu amor, é precisamente a graça, que requer ser acolhido com espanto e alegria: “Obrigado, Senhor, por me teres dado este dom”.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 11 de Outubro, 2020