Retomamos o tema da oração na vida de algumas figuras bíblicas, contemplando hoje a oração de Elias. O profeta é exemplo de todas as pessoas de fé, que, não obstante tentações, desânimos e tribulações, não desistem do ideal que as orienta na vida. De facto, Elias levanta-se como acérrimo defensor da primazia de Deus Altíssimo e do direito dos pobres oprimidos. Mas também ele experimentou o desalento e a sua fragilidade pessoal; e é difícil dizer quais das duas experiências lhe foi mais útil: se o triunfo sobre os falsos profetas de Baal no Monte Carmelo, ou a angústia mortal que em seguida se apoderou dele ao saber que a rainha Jezabel o mandara matar. E vemos Elias pedir ao Senhor: «Tira-me a vida, pois não sou melhor do que meus pais». Na pessoa orante, o sentido da própria fragilidade é mais precioso que os momentos de exaltação, quando a vida lembra uma caminhada triunfal feita de vitórias e sucessos. Na verdade, como ouvimos na leitura inicial, Deus não Se manifesta a Elias na tempestade impetuosa, nem no terramoto, nem no fogo devorador, mas no «murmúrio duma brisa suave». É com este sinal humilde que Deus comunica com o profeta: o Senhor vem ter com um homem desanimado, um homem convencido de ter falido em todos os campos e, com aquela «brisa suave», faz voltar a paz e a confiança ao coração de Elias. Nas suas vicissitudes, há uma lição para nós: ainda que tenhamos errado ou nos sintamos ameaçados e apavorados, se nos detivermos em oração na presença do Senhor, recuperaremos, também nós, a serenidade e a paz.
Papa Francisco, Audiência Geral (resumo), 7 de Outubro, 2020