– Celebramos hoje uma das festas mais bonitas e populares da Bem-Aventurada Virgem: a Imaculada Conceição. Maria não só não cometeu pecado algum, mas foi preservada até da herança comum do género humano que é o pecado original. E isto devido à missão para a qual Deus a destinou desde o início: ser a Mãe do Redentor. Tudo isto está contido na verdade da fé da “Imaculada Conceição”. O fundamento bíblico deste dogma encontra-se nas palavras que o Anjo dirigiu à jovem de Nazaré: “Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28).
“Cheia de graça” no original grego kecharitoméne é o nome mais bonito de Maria, nome que lhe foi conferido pelo próprio Deus, para indicar que ela é desde sempre e para sempre a amada, a eleita, a predestinada para acolher o dom mais precioso, Jesus, “o amor encarnado de Deus” (Enc. Deus caritas est, 12).
Podemos perguntar: por que, entre todas as mulheres, Deus escolheu precisamente Maria de Nazaré? A resposta está escondida no mistério insondável da vontade divina. Contudo há uma razão que o Evangelho ressalta: a sua humildade (Bento XVI, Angelus, 8 de Dezembro, 2006)
– O Evangelho de São Lucas apresenta-nos Maria, uma jovem de Nazaré, pequena localidade da Galileia, nos arrabaldes do império romano e também na periferia de Israel. Um pequeno povoado. E no entanto, sobre ela, uma jovem daquela aldeia pequena e longínqua, sobre ela pousou-se o olhar do Senhor, que a escolheu para ser a Mãe do seu Filho. Em vista desta maternidade, Maria foi preservada do pecado original, ou seja, daquela ruptura na comunhão com Deus, com os outros e com a criação que fere cada ser humano em profundidade. Mas esta ruptura foi curada antecipadamente na Mãe daquele que veio para nos libertar da escravidão do pecado. A Imaculada está inscrita no desígnio de Deus; é fruto do amor de Deus que salva o mundo. E Nossa Senhora nunca se afastou daquele amor: a sua vida inteira, todo o seu ser constitui um «sim» àquele amor, é um «sim» a Deus. …
Então na festa hodierna, contemplando a nossa bela Mãe Imaculada, reconhecemos inclusive o nosso destino mais autêntico, a nossa vocação mais profunda: sermos amados, sermos transformados pelo amor, sermos transformados pela beleza de Deus (Papa Francisco, Angelus, 8 de Dezembro de 2013).
– Hoje celebramos a solenidade de Maria Imaculada, que se enquadra no contexto do Advento, um tempo de espera: Deus cumprirá o que prometeu. Mas na festa de hoje é-nos dito que algo já foi feito, na pessoa e na vida da Virgem Maria. Hoje consideramos o início deste cumprimento, que existe ainda antes do nascimento da Mãe do Senhor. De facto, a sua imaculada conceição leva-nos àquele preciso momento em que a vida de Maria começou a palpitar no seio materno: já existia o amor santificador de Deus, preservando-a do contágio do mal que é a herança comum da família humana.
No Evangelho de hoje ressoa a saudação do Anjo a Maria: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo» (Lc 1, 28). Deus sempre a pensou e a quis, no seu desígnio inescrutável, como uma criatura cheia de graça, isto é, cheia do seu amor. Mas para estar repleto, é preciso encontrar espaço, esvaziar-se, pôr-se de lado. Precisamente como fez Maria, que soube pôr-se à escuta da Palavra de Deus e confiar totalmente na sua vontade, aceitando-a sem reservas na sua vida. A ponto que nela o Verbo se fez carne. Isto foi possível graças ao seu “sim”. Ao Anjo que lhe pede para estar pronta para se tornar Mãe de Jesus, Maria responde: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (v. 38) (Papa Francisco, Angelus, 8 de Dezembro, 2019).