A Solenidade de Todos os Santos lembra-nos que todos somos chamados à santidade. Os Santos e as Santas de todos os tempos não são simplesmente símbolos, seres humanos distantes, inalcançáveis. São pessoas que viveram com os pés no chão; eles experimentaram a fadiga diária da existência com os seus sucessos e fracassos, encontrando no Senhor a força para se levantar e continuar o caminho. Isto demonstra que a santidade é uma meta que não pode ser alcançada apenas pelas próprias forças, mas é o fruto da graça de Deus e da nossa livre resposta a ela. Portanto, a santidade é dom e chamamento.
A graça de Deus é algo que não podemos comprar ou trocar, mas acolher, participando assim da mesma vida divina através do Espírito Santo que habita em nós desde o dia do nosso Baptismo. A semente da santidade é precisamente o Baptismo. Trata-se de amadurecer sempre mais a consciência de que estamos enxertados em Cristo, como o ramo está unido à videira, e por isso podemos e devemos viver com Ele e Nele como filhos de Deus. Então a santidade é viver em plena comunhão com Deus, já agora, durante a peregrinação terrena.
A santidade além de ser um dom, é também um chamamento, uma vocação comum a todos nós, aos discípulos de Cristo; é o caminho de plenitude que cada cristão é chamado a percorrer na fé, caminhando para a meta final: a comunhão definitiva com Deus na vida eterna.
A santidade torna-se assim uma resposta ao dom de Deus, porque se manifesta como assunção de responsabilidade. Nesta perspectiva, é importante assumir um sério e quotidiano compromisso de santificação nas condições, deveres e circunstâncias da nossa vida, procurando viver tudo com amor, com caridade.
Os Santos que celebramos hoje na liturgia são irmãos e irmãs que admitiram nas suas vidas a necessidade dessa luz divina, de abandonar-se a ela com confiança. E agora, diante do trono de Deus, cantam a sua glória por toda a eternidade.
Os Santos constituem a “Cidade santa”, a qual olhamos com esperança como nossa meta definitiva, enquanto somos peregrinos na “cidade terrena”. Caminhamos para a “Cidade santa”, onde esses Santos irmãos e irmãs nos esperam.
É certo, estamos cansados das dificuldades do caminho, mas a esperança dá-nos a força para seguir em frente. Olhando para as vidas dos Santos, somos encorajados a imitá-los. Entre eles, estão muitas testemunhas de uma santidade “da porta ao lado”, daqueles que vivem perto de nós e são reflexo da presença de Deus.
A recordação dos Santos leva-nos a erguer os olhos para o Céu: não para esquecer as realidades da terra, mas para enfrentá-las com mais coragem e esperança.
Papa Francisco, Angelus (resumo), 1 de Novembro, 2019