Senhor, aumenta a nossa fé
Na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, o Papa Francisco baseou-se no Evangelho do 27º Domingo do Tempo Comum – Ano C (Lc 17,5-10), que apresenta o tema da fé. Os Apóstolos fazem a Jesus o seguinte pedido: “aumenta a nossa fé”. Este pedido é uma bela oração que podemos fazer muitas vezes ao longo do nosso dia: “Senhor, aumenta a minha fé!”.
Jesus responde com duas imagens: o grão de mostarda e o servo disponível.”Se tivésseis fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’ e ela obedecer-vos-ia” (v. 6). A amoreira é uma árvore robusta, bem enraizada na terra e resistente aos ventos. Jesus quer deixar claro que a fé, mesmo que pequena, pode ter força para arrancar até uma amoreira, e depois transplantá-la para o mar, o que é algo ainda mais improvável: mas nada é impossível para quem tem fé, porque não confia na sua própria força, mas em Deus, que tudo pode fazer.
A fé comparável à semente de mostarda é uma fé que não é soberba e auto-suficiente; não finge ser a de um grande crente que às vezes engana! É uma fé que na sua humildade sente uma grande necessidade de Deus e na sua pequenez abandona-se com total confiança a Ele. É a fé que nos dá a capacidade de olhar com esperança as vicissitudes da vida, que nos ajuda a aceitar também as derrotas, os sofrimentos, na consciência de que o mal nunca terá a última palavra.
Como sabemos se realmente temos fé, isto é, se a nossa fé, embora pequena, é verdadeira, autêntica? Jesus dá-nos a resposta ao indicar-nos qual é a medida da fé: o serviço. E fá-lo com uma parábola que, à primeira vista, é um pouco desconcertante, porque apresenta a figura de um patrão prepotente e indiferente. Mas, precisamente, esse modo de agir do patrão realça o verdadeiro centro da parábola: a atitude de disponibilidade do servo. Jesus quer-nos dizer que assim é o homem de fé perante Deus: submete-se completamente à sua vontade sem cálculos nem pretextos.
Esta atitude em relação a Deus também se reflecte na maneira de se comportar em comunidade: reflecte-se na alegria de estar ao serviço uns dos outros, encontrando já nisto a própria recompensa e não nos reconhecimentos e nos ganhos que dela possam resultar. É isto o que Jesus ensina no final desta história: “Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos servos inúteis: fizemos o que devíamos fazer'” (v. 10). Somos servos inúteis é uma expressão de humildade e de disponibilidade que faz muito bem à Igreja e que remete para a atitude certa no modo de agir: o serviço humilde do qual Jesus nos deu o exemplo, lavando os pés dos discípulos (Jo 13 : 3-17).
Papa Francisco, Angelus (resumo), 6 de Outubro, 2019