Santa Teresinha do Menino Jesus – 1 de Outubro

A “confiança sem limites” de Santa Teresinha do Menino Jesus

Teresa via com desassossego os retiros anuais da comunidade. Os pregadores de então aterrorizavam as almas insistindo no pecado, que viam em tudo, nos tormentos do inferno que nos esperam e no sofrimento como único caminho de purificação.

O capelão da comunidade carmelita de Teresa era muito escrupuloso. Um dia a irmã Teresa de Santo Agostinho, uma religiosa muito observante, saiu do confessionário toda desfeita em lágrimas e comentou com a sua priora: “Madre, o capelão acaba de me dizer que eu já tenho um pé no inferno”. Ao que a priora respondeu: “Fique tranquila, irmã, que a mim disse-me que eu já tenho os dois lá”.

No retiro de 1891, quando Teresa tinha 19 anos, deveria orientá-lo o Pe. Benigno, provincial dos franciscanos, mas viu-se impedido de o pregar e mandou em sua vez o Pe. Prou que se dedicava a pregar nas fábricas às multidões e não estava habituado a tratar com as monjas contemplativas. Contudo, Teresa encontrou nele uma grande ajuda. Ela não fala do conteúdo das conferências apresentadas pelo pregador do retiro, mas sim de um encontro pessoal com o sacerdote, quando se confessou com ele, que a confirmou relativamente a algumas intuições que então estava a amadurecer: “Deus serviu-se precisamente dessa padre, a quem só eu apreciei na comunidade. Eu sofria por essa altura de grandes inquietações interiores de toda a espécie e estava disposta a nada dizer acerca do meu estado por não saber como deveria expressar-me, mas apenas entrei no confessionário, senti que a minha alma se dilatava. Depois de ter dito algumas palavras, fui compreendida de um modo maravilhoso. O padre lançou-me a velas desfraldadas pelos mares da confiança e do amor, que me atraíam tão fortemente, mas pelos quais não me atrevia a navegar. Disse-me que as minhas faltas não desagradavam a Deus. Que felicidade experimentei ao ouvir estas palavras consoladoras. Nunca tinha ouvido dizer que as faltas pudessem não desagradar a Deus. Esta segurança encheu-me de alegria e fez-me suportar pacientemente o desterro da vida. No fundo do meu coração estava convencida de que era assim mesmo, visto que Deus é mais terno do que uma mãe”.

Teresa sabe que uma mãe não se aborrece quando o seu pequeno filho cai ao chão quando está a aprender a andar. Preocupa-se antes se ele se aleijou e levanta-o com afecto, animando-o a tentar de novo a caminhar. Deus faz o mesmo: ele sabe que estamos a aprender a ser santos e não se aborrece pelas nossas faltas porque nos ama e só deseja o nosso bem. Por isso ajuda-nos a levantar-nos depois de cada queda e anima-nos.

As últimas palavras que Teresa escreve nos seus manuscritos autobiográficos, são muito significativas: “Sim, estou segura de que ainda que tivesse na consciência todos os pecados que se possam cometer, iria, com o coração despedaçado pelo arrependimento, lançar-me nos braços de Jesus, porque sei muito bem quanto ele ama o filho pródigo que retorna para ele. Deus na sua misericórdia, preveniente, preservou a minha alma do pecado mortal, mas não é isso que me eleva até ele, mas antes a confiança e o amor”.

Falando às suas Irmãs poucos dias antes de morrer, propõe-lhes este exemplo: “Vejam as crianças pequenas: não cessam de romper e rasgar coisas, cair, apesar de amarem muito os seus pais. Quando caio sou como uma criança. Então toco com o dedo o meu próprio nada e a minha debilidade e penso: ‘Que seria de mim, que faria se me apoiasse nas minhas próprias forças’”. Contudo ela está convencida de que o Pai celeste sempre se debruça sobre nós para nos levantarmos sempre que caímos.

Oração

Deus de infinita bondade, que abris as portas do vosso reino aos pequeninos e humildes, fazei que sigamos confiadamente o caminho espiritual de Santa Teresa do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, cheguemos à revelação da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.