“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13, 24)
Enquanto Jesus se dirige para Jerusalém alguém pergunta-lhe se são poucos os que se salvam. A resposta de Jesus não se centra na quantidade (“são poucos?”) mas sobre o plano da responsabilidade, convidando-nos a usar bem o tempo presente: ”Esforçai-vos por entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”. No Paraíso não existe o número fechado mas trata-se de atravessar, desde já, a passagem certa, e essa passagem certa é para todos, mas é estreita.
Jesus não nos quer iludir, dizendo: “Sim, ficai tranquilos, é fácil, existe uma bonita estrada e, no final, um grande portão…”. Jesus não diz isto mas fala antes da “porta estreita”. Para se salvar, é preciso amar a Deus e ao próximo, e isto não é cómodo! É uma “porta estreita”porque é exigente, o amor é sempre exigente, requer empenho, ou melhor, esforço, isto é, uma vontade decidida e perseverante de viver segundo o Evangelho. São Paulo chama a isto de “o bom combate da fé”.
O Senhor não nos reconhece pelos nossos “títulos”, mas por uma vida humilde, uma vida boa, uma vida de fé que se traduz nas obras. Para nós, cristãos, isso significa que somos chamados a instaurar uma verdadeira comunhão com Jesus, rezando, indo à igreja, aproximando-nos dos Sacramentos e nutrindo-nos da sua Palavra. Isto mantêm-nos na fé, nutre a nossa esperança, reaviva a caridade. Deste modo, com a graça de Deus, podemos e devemos dedicar a nossa vida pelo bem dos irmãos, lutar contra qualquer forma de mal e de injustiça.
Peçamos à Virgem Maria que nos ajude em tudo isto. Ela atravessou a “porta estreita” que é Jesus, acolheu-o com todo o coração e seguiu-o todo os dias da sua vida, inclusive quando não entendia, mesmo quando uma espada perfurava a sua alma.
Por isso nós a invocamos como “Porta do céu”, porque é uma porta que reflecte exactamente a forma de Jesus: a porta do coração de Deus, coração exigente, mas aberto a todos nós.
Papa Francisco, Angelus (resumo), 25 de Agosto, 2019