“Estai vós também preparados“ (Lc 12, 40)
Na página evangélica do 19º Domingo do Tempo Comum – Ano C, Jesus apela aos seus discípulos para que vivam em constante vigilância para captar a passagem de Deus na própria vida, porque Deus continuamente passa na nossa vida.
O Senhor sempre caminha connosco e tantas vezes nos pega pela mão, para nos guiar, para não errarmos neste caminho tão difícil. De facto, quem confia em Deus sabe bem que a vida de fé não é algo estático, mas é dinâmica: é um caminho contínuo, para ir para etapas sempre novas, que o próprio Senhor indica dia após dia. Porque ele é o Senhor das surpresas, o Senhor das novidades, mas das verdadeiras novidades.
É-nos pedido para mantermos as “lâmpadas acesas” para sermos capazes de iluminar a escuridão da noite. Somos convidados a viver uma fé autêntica e madura, que ilumine as muitas “noites” da vida. E sabemos, todos nós tivemos dias que eram verdadeiras noites espirituais. A lâmpada da fé precisa de ser alimentada continuamente, com o encontro coração a coração com Jesus na oração e na escuta da sua Palavra.
Tragam sempre convosco um pequeno Evangelho no bolso, na bolsa, para lê-lo. É um encontro com Jesus, com a Palavra de Jesus. Esta lâmpada do encontro com Jesus na oração e na sua Palavra é-nos confiada para o bem de todos.
Jesus, para nos fazer compreender a atitude de espera, conta a parábola dos servos que esperam o retorno do patrão quando regressa de um casamento, apresentando assim outro aspecto da vigilância: estar prontos para o encontro último e definitivo com o Senhor. Cada um de nós encontrar-se-á com ele naquele dia do encontro. Cada um de nós tem a sua própria data para o encontro final.
A vida é um caminho em direcção à eternidade, por isso, somos chamados a fazer frutificar todos os talentos que temos, nunca esquecendo que não temos aqui a cidade definitiva, mas estamos à procura da cidade futura. Nesta perspectiva cada momento é precioso o que implica viver e agir na terra tendo a nostalgia do céu: pés na terra, andar na terra, trabalhar na terra, fazer o bem na terra, e o coração nostálgico do céu.
Na alegria eterna do paraíso já não são os servos, isto é, nós, a servir a Deus, mas será o próprio Deus que se coloca ao nosso serviço. E esta será a alegria definitiva: “Felizes aqueles servos a quem o senhor, quando vier, encontrar vigilantes! Em verdade vos digo: Vai cingir-se, mandará que se ponham à mesa e há-de servi-los”. O pensamento do encontro final com o Pai, rico de misericórdia, enche-nos de esperança, e estimula-nos ao empenho constante pela nossa santificação e para construir um mundo mais justo e fraterno.
Papa Francisco, Angelus (resumo), 11 de Agosto, 2019