“E quem é o meu próximo… Vai e faz o mesmo” (Lc 10, 29; 37)
O Evangelho do 15º Domingo do Tempo Comum (Ano C) apresenta-nos a “parábola do bom samaritano”. Esta parábola tornou-se paradigmática da vida cristã, tornou-se o modelo de como um cristão deve agir.
Neste episódio, Jesus é interrogado por um doutor da lei sobre o que é necessário para herdar a vida eterna. Jesus convida-o a encontrar a resposta nas Escrituras: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, e ao teu próximo como a ti mesmo!”. Havia, porém, diferentes interpretações sobre quem seria o “próximo”. Então Jesus responde com esta parábola.
O protagonista é um samaritano, grupo na época desprezado pelos judeus. Ao longo de uma estrada, o samaritano encontra um homem roubado e agredido por assaltantes. Antes dele, por aquela mesma estrada, haviam passado um sacerdote e um levita, isto é, pessoas que se dedicavam ao culto de Deus. Mas não pararam. O único que lhe presta socorro é justamente o samaritano, justamente quem não tinha fé!
Também nós pensamos em tantas pessoas que conhecemos, talvez agnósticas, que fazem o bem. Jesus escolhe como modelo alguém que não era homem de fé. E este homem, amando o irmão como a si mesmo, demonstra que ama a Deus com todo o coração e com todas as forças – o Deus que não conhecia! – e expressa ao mesmo tempo verdadeira religiosidade e plena humanidade.
Depois de contar a parábola, Jesus dirige-se novamente ao doutor da lei e diz-lhe: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”. O doutor da lei responde: “O que teve compaixão dele”. Deste modo, Jesus inverte a pergunta do seu interlocutor e também a lógica de todos nós. Ele faz-nos entender que não somos nós, com base nos nossos critérios, que definimos quem é o próximo e quem não é, mas é a pessoa em situação de necessidade que deve poder reconhecer quem é o seu próximo, isto é, quem usou de compaixão para com ela.
Ser capazes de sentir compaixão: esta é a chave. Esta é a nossa chave. Se diante de uma pessoa necessitada, não se sente compaixão e o coração não se comove, isto significa que algo não funciona. Estejamos atentos. Não nos deixemos levar pela insensibilidade egoística. A capacidade de compaixão tornou-se a medida do cristão, ou melhor, do ensinamento de Jesus.
Papa Francisco, resumo do Angelus, 14 de Julho de 2019