Designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente (Lc 10, 1)
O Papa Francisco está a chamar a Igreja para sair de si mesma, para se pôr em contacto com a vida real das pessoas e tornar presente o Evangelho ali onde os homens e mulheres de hoje sofrem e se alegram, lutam e trabalham. O Papa diz-nos que “quando a Igreja se fecha, ela adoece” e “prefiro, mil vezes, uma Igreja acidentada a uma que esteja doente por fechar-se em si mesma”.
“A Igreja deve sair de si mesma para a periferia, para dar testemunho do Evangelho e encontrar-se com os demais”. O Papa quer arrastar a Igreja actual para uma renovação evangélica profunda. Não é fácil. “A novidade dá-nos, sempre, um pouco de medo, porque sentimo-nos mais seguros, se temos tudo sob controle, se somos nós que construímos, programamos e planeamos a nossa vida segundo os nossos esquemas, seguranças e gostos”. Porém, Francisco não tem medo da “novidade de Deus”: “Estamos decididos a percorrer caminhos novos, que a novidade de Deus nos apresenta ou entrincheiramo-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de resposta?”. O Papa Francisco chama-nos a reavivar na Igreja o alento evangelizador que Jesus quis que animasse sempre os seus seguidores.
O Evangelho do 14º Domingo faz ligação que o que acaba de ser dito. O Evangelho apresenta-nos a escolha e envio de 72 discípulos por parte de Jesus. O número 72 traduz a universalidade: somos todos enviados por Jesus a todas as nações! Na mentalidade hebraica, eram 72 as nações que povoavam a terra. Ser cristão ou discípulo de Jesus é ser missionário.
Ao enviar os 72 discípulos, Jesus deu instruções precisas que expressavam as características da missão. Elas mostram que “a missão é baseada na oração; que é itinerante; que requer desapego e pobreza; que leva paz e cura, sinais da proximidade do Reino de Deus; que não é proselitismo, mas anúncio e testemunho; e que também requer a franqueza e a liberdade evangélica de ir embora demonstrando a responsabilidade de ter rejeitado a mensagem da salvação, mas sem condenações e maldições” (Papa Francisco).
A missão não é principalmente o que fazemos mas o que somos. Essencialmente é uma questão de ser mais do que fazer. Flui do nosso encontro pessoal com Jesus Cristo, que nos chama a estar com ele e a acompanhá-lo na sua missão no mundo. Visto desta maneira, o nosso chamamento a ser missão acontece onde vivemos, quando damos testemunho de amor, na nossa comunidade, família paróquia e entre os vizinhos.