Não existe pessoa neste mundo que nunca chorou. Nem Jesus escapa. Nascemos chorando. Uns choram mais que os outros. O choro pode ter muitas causas: choro de raiva e de ódio, choro de amor e de compaixão. Choro alegre e choro triste. Jesus chorou várias vezes. Chorou sobre Jerusalém, a capital do seu povo, porque ela não soube perceber o dia da visita do Senhor (Lc 19,41-44). Jesus se comovia diante do povo faminto que o procurava (Mc 6,34). O evangelho de Mateus diz que, diante da tristeza de tanta gente, causada pela pobreza e opressão, Jesus imitava o Servo de Javé anunciado por Isaías: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças” (Mt 8,17).
Jesus deve ter enxugado muitas lágrimas e devolvido a alegria a muita gente. Ele imitava Deus que, como diz Isaias, “enxugará as lágrimas de todas as faces, e eliminará da terra inteira a vergonha do seu povo” (Is 25,8). Como devem ficado alegres a viúva de Naím, cujo filho único ele ressuscitou (Lc 7,11-17); a Cananéia, cuja filha curou (Mc 7,24-30); a mulher de hemorragia irregular que se curou graças a sua fé em Jesus (Mc 5,25-34); o cego Bartimeu (Mc 10,46-52), o velho Zaqueu (Lc 19,1-10), a Samaritana (Jo 4,7-42), a mulher adúltera (Jo 8,1-11), a mulher curvada (Lc 13,11), Madalena (Lc 8,2; Jo 20,11-18), Marta e Maria, irmãs de Lázaro (Jo 11,17-44), tantos e tantas! Não dá para enumerar todos os casos de aflição que se converteram em consolo e alegria graças à bondade de Jesus.
Ele combateu os males que faziam o povo sofrer e chorar: combateu a fome, pois alimentou os famintos (Mc 6,30-44; 8,1-10); combateu a doença, pois curou os enfermos (Mt 4, 24; 8,16-17); combateu os males da natureza, pois acalmou as tempestades (Mt 14,32; 8,23-27); expulsou os maus espíritos e os proibia de falar (Mc 1,23-27.34; Lc 4,13); combateu a ignorância, pois ensinava o povo (Mt 9, 35; Mc 1,22); combateu o abandono e a solidão, pois acolhia as pessoas e não as marginalizava (Mt 9,36; 11,28-30); combateu as leis que oprimiam, pois colocou o ser humano como objetivo de todas as leis (Mt 12,1-5; 23,13-15; Mc 2,23-28); combateu a opressão, pois acolhia o povo oprimido (Mt 11,28-30; Lc 22,25); combateu o medo, pois dizia sempre: “Não tenham medo!” (Mt 28,10; Mc 6,50).
Consolando assim os tristes e irradiando alegria do Reino, Jesus revelava o amor solidário do Pai. Ele mesmo se alegrava vendo a alegria dos pequenos: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado” (Lc 11,21; Mt 11,25-26).
Carlos Mesters, O. Carm.