Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas (Lc 1, 39-45)
Naqueles dias, levantando-se Maria, dirigiu-se apressadamente para a região montanhosa, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. E aconteceu que ao ouvir Isabel a saudação de Maria, o menino saltou no seu ventre, Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou que se há-de cumprir tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
O encontro do Antigo Testamento (Zacarias, Isabel e João) com o Novo (José, Maria e Jesus)
Neste 4º Domingo de Advento (…) o Evangelho narra a visita de Maria à sua prima Isabel. Este episódio não é um simples gesto de gentileza mas representa com grande simplicidade o encontro do Antigo Testamento com o Novo. As duas mulheres, ambas grávidas, encarnam de facto a expectativa e o Esperado. A idosa Isabel simboliza Israel que espera o Messias, enquanto que a jovem Maria traz em si o cumprimento desta expectativa, em benefício de toda a humanidade. Nas duas mulheres encontram-se e reconhecem-se antes de tudo os frutos do seio de ambas, João e Cristo. Comenta o poeta cristão Prudêncio: «O menino contido no seio senil saúda, pelos lábios de sua mãe, o Senhor filho da Virgem» (Apotheosis, 590: pl59, 970). A exultação de João no seio de Isabel é o sinal do cumprimento da expectativa: Deus está para visitar o seu povo. Na Anunciação o arcanjo Gabriel tinha falado a Maria da gravidez de Isabel (cf. Lc 1, 36) como prova do poder de Deus: a esterilidade, não obstante ela fosse idosa, tinha-se transformado em fertilidade.
Isabel, acolhendo Maria, reconhece que se está a realizar a promessa de Deus à humanidade e exclama: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 42-43). A expressão «bendita és tu entre as mulheres» refere-se no Antigo Testamento a Jael (Jz 5, 24) e a Judite (Jd 13, 18), duas mulheres guerreiras que se preocupam por salvar Israel. Agora, ao contrário, dirige-se a Maria, jovenzinha pacífica que está para gerar o Salvador do mundo. Assim também o salto de alegria de João (cf. Lc 1, 44) evoca a dança que o rei David fez quando acompanhou a entrada em Jerusalém da Arca da Aliança (cf. 1 Cor 15, 29). A Arca, que continha as tábuas da Lei, o maná e o ceptro de Aarão (cf. Hb 9, 4) era o sinal da presença de Deus no meio do seu povo. O nascituro João exulta de alegria diante de Maria, Arca da nova Aliança, que traz no seio Jesus, o Filho de Deus feito homem.
A cena da Visitação expressa também a beleza do acolhimento: onde há acolhimento recíproco e escuta, onde se dá espaço ao outro, ali estão Deus e a alegria que vem d’Ele. Imitemos Maria no tempo de Natal, visitando quantos vivem em dificuldade, em particular os doentes, os presos, os idosos e as crianças (Bento XVI, Angelus, 23 de Dezembro, 2012).
Palavra para o caminho
Senhora da Visitação, / Que corres ligeira sobre os montes, / Vela por nós, / Fica à nossa beira. / É bom ter a esperança como companheira. / Contigo rezamos ao Senhor: / Dá-nos, Senhor, / Um coração sensível e fraterno, / Capaz de escutar / E de recomeçar.
Mantém-nos reunidos, Senhor, / À volta do pão e da palavra. / Ajuda-nos a discernir / Os rumos a seguir / Nos caminhos sinuosos deste tempo, / Por Ti semeado e por Ti redimido.
Ensina-nos a tornar a tua Igreja toda missionária, / E a fazer de cada paróquia, / Que é a Igreja a residir no meio das casas dos teus filhos e das tuas filhas, / Uma Casa grande, aberta e feliz, / Átrio de fraternidade, / De onde se possa sempre ver o céu, / E o céu nos possa sempre ver a nós (António Couto).