Inseparável do Evangelho, a Eucaristia é para Teresa o Sacramento do Amor Divino que se abaixa até ao extremo para nos elevar até Ele. Na sua última Carta, sobre uma imagem que representa o Menino Jesus na Hóstia consagrada, a Santa escreve estas palavras simples: «Não posso temer um Deus que para mim se fez tão pequenino! (…) Eu amo-O! De facto, Ele mais não é do que Amor e Misericórdia!» (LT 266).
No Evangelho, Teresa descobre sobretudo a Misericórdia de Jesus, a ponto de afirmar: «A mim Ele deu a sua Misericórdia infinita, através dela contemplo e adoro as outras perfeições divinas! (…) Então todas me parecem resplandecentes de amor, a própria Justiça (e talvez ainda mais do que qualquer outra) me parece revestida de amor» (Ms A, 84r). Assim se expressa também nas últimas linhas da História de uma alma: «Um só olhar ao Santo Evangelho, imediatamente respiro os perfumes da vida de Jesus e sei para onde correr… Não é para o primeiro lugar, mas para o último que me oriento… Sim, sinto-o, mesmo se tivesse na consciência todos os pecados que se podem cometer, iria, com o coração despedaçado pelo arrependimento, lançar-me entre os braços de Jesus, porque sei quanto ama o filho pródigo que volta a Ele» (Ms C, 36v-37r). «Confiança e Amor» são portanto o ponto final da narração da sua vida, duas palavras que como faróis iluminaram todo o seu caminho de santidade, para poder guiar os outros pela sua mesma «pequena via de confiança e de amor» da infância espiritual (cf. Ms C, 2v-3r; LT 226). Confiança como a do menino que se abandona nas mãos de Deus, inseparável do compromisso forte e radical do verdadeiro amor, que é dom total de si, para sempre, como diz a Santa contemplando Maria: «Amar é dar tudo, e dar-se a si mesmo» (Porque te amo, ó Maria, P 54/22). Assim Teresa indica a todos nós que a vida cristã consiste em viver plenamente a graça do Baptismo na doação total de si ao Amor do Pai, para viver como Cristo, no fogo do Espírito Santo, o seu mesmo amor por todos os outros.
Bento XVI