Pensamentos sobre os dons e carismas do Espírito Santo – 2

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* A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas (1 Cor 12, 8-10).

* O dom do discernimento é distinguir de forma precisa de onde brota a inspiração: de Deus, do homem ou do demónio (Márcio Mendes).

* O Espírito Santo, já operante na criação do mundo e na Antiga Aliança, revela-Se na Encarnação e na Páscoa do Filho de Deus, e como que «explode» no Pentecostes para prolongar, no tempo e no espaço, a missão de Cristo Senhor (São João Paulo II).

* Quer extraordinários quer simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, directa ou indirectamente, têm uma utilidade eclesial, pois são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo (O Catecismo, §799).

* Em todos os dias da vida quotidiana devemos ser fortes, precisamos desta fortaleza (dom do Espírito), para fazer avançar a nossa vida, a nossa família, a nossa fé (Papa Francisco).

* No dom da profecia é Deus que fala para iluminar, para arrancar as dúvidas e as preocupações, para ensinar, aconselhar, advertir, animar, dar alegria e esperança aos seus filhos, a fim de que saibam que Ele cuida deles (Márcio Mendes).

* O dom da ciência que deriva do Espírito Santo não se limita ao conhecimento humano: trata-se de um dom especial, que nos leva a entender, através da criação, a grandeza e o amor de Deus e a sua profunda relação com cada criatura (Papa Francisco).

 

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9º Domingo do Tempo Comum – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 7, 1-10)

Naquele tempo quando acabou de dizer todas as suas palavras ao povo, Jesus entrou em Cafarnaúm. Ora um centurião tinha um servo a quem dedicava muita afeição e que estava doente, quase a morrer. Ouvindo falar de Jesus, enviou-lhe alguns judeus de relevo para lhe pedir que viesse salvar-lhe o servo.

Chegados junto de Jesus, suplicaram-lhe insistentemente: «Ele merece que lhe faças isso, pois ama o nosso povo e foi ele quem nos construiu a sinagoga.»

Jesus acompanhou-os. Não estavam já longe da casa, quando o centurião lhe mandou dizer por uns amigos: «Não te incomodes, Senhor, pois não sou digno de que entres debaixo do meu tecto, pelo que nem me julguei digno de ir ter contigo. Mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. Porque também eu tenho os meus superiores a quem devo obediência e soldados sob as minhas ordens, e digo a um: ‘Vai’, e ele vai; e a outro: ‘Vem’, e ele vem; e ao meu servo: ‘Faz isto’, e ele faz.» Ouvindo estas palavras, Jesus sentiu admiração por ele e disse à multidão que o seguia: «Digo-vos: nem em Israel encontrei tão grande fé.» E, de regresso a casa, os enviados encontraram o servo de perfeita saúde.

Eu vos digo que nem em Israel encontrei uma fé assim”

O Evangelho deste Domingo IX do Tempo Comum (Lucas 7,1-10) começa com uma notícia tirada do quotidiano, informando-nos de que o criado de um centurião (chefe de cem soldados) estava gravemente doente, à beira da morte (v. 2a). O narrador lança logo um primeiro raio de luz sobre o centurião, dizendo que nutria por aquele criado um grande apreço, e informa-nos que ele sabia da presença de Jesus e também do seu fazer criador. Por isso, enviou alguns anciãos judeus para que intercedessem perante Jesus para que fosse salvar o seu criado (v. 3). E os anciãos vão mesmo ter com Jesus e pedem-lhe com insistência para atender o pedido do centurião, e acrescentam que se trata de um estrangeiro que ama o nosso povo (Israel), até ao ponto de ter edificado para o povo judaico a sinagoga de Cafarnaum (vv. 4-5). Belo este intercâmbio salutar entre este centurião romano e os judeus, e entre os judeus e este centurião romano.

Jesus aceitou o pedido e foi com eles (v. 6a). Já Jesus estava perto da casa do centurião, e eis que este envia agora os seus amigos para dizer a Jesus que não se incomodasse mais, pois não se sentia digno de que Jesus entrasse na sua casa (v. 6b), palavras que nós ainda hoje repetimos antes de receber a Eucaristia. E acrescenta que foi por isso, por não se sentir digno, que também não foi ele próprio ter com Jesus (v. 7a). E o discurso do centurião, pela boca dos seus amigos, vai ainda mais longe, pedindo a Jesus que diga apenas uma palavra e o seu servo ficará curado (v. 7b). E o centurião parte da sua situação concreta, dizendo que também ele está estabelecido em autoridade, e tem soldados às suas ordens. E diz a um: «Vai!», e ele vai, e a outro: «Vem!», e ele vem, e ao seu criado: «Faz isto!», e ele faz (v. 8).

E tendo ouvido estas coisas, Jesus ficou maravilhado com o dizer do centurião, e tendo-se voltado para a multidão que o seguia, disse: «Eu vos digo que nem em Israel encontrei uma fé assim» (v. 9). Sim. O discurso do centurião é sublime. Um Jesus maravilhado com alguém pela positiva, por uma fé invulgar encontrada em alguém, só se verifica aqui em todos os Evangelhos. Um Jesus maravilhado, mas pela negativa, pela incredulidade encontrada entre os seus conterrâneos de Nazaré, pode ver-se em Marcos 6,6. Na postura do centurião romano e na reacção dos conterrâneos de Jesus fica bem patente um intenso contraponto, e já se antevê a extraordinária abertura para a missão. Os estrangeiros vêem na Palavra de Jesus a Palavra criadora e salvadora, e mostram uma fé sublime. Os conterrâneos de Jesus só vêem o chão e o sangue, e não o céu.

Palavra para o caminho

A misericórdia de Deus não funciona por “merecimento”, mas por gratuidade. É um grande desafio para a Igreja e para todos nós libertar-nos da mentalidade no fundo quase que “comercial” e entrar na lógica de misericórdia e compaixão, como o Pai e também Jesus, nas suas relações com a realidade dos homens e mulheres nas diversas situações de fraqueza. Esta é a grande intuição do Papa Francisco, pois é o fundamento da “Boa Nova”, o Evangelho.

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Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

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«Fazei isto em memória de Mim» (1 Cor 11, 24.25). Esta ordem de Cristo é referida duas vezes pelo apóstolo Paulo, quando narra à comunidade de Corinto a instituição da Eucaristia. É o testemunho mais antigo que temos das palavras de Cristo na Última Ceia.

«Fazei isto» ou seja, tomai o pão, dai graças e parti-o; tomai o cálice, dai graças e distribuí-o. Jesus ordena que se repita o gesto com que instituiu o memorial da sua Páscoa, pelo qual nos deu o seu Corpo e o seu Sangue. E este gesto chegou até nós: é o«fazer» a Eucaristia, que tem sempre Jesus como sujeito, mas actua-se através das nossas pobres mãos ungidas de Espírito Santo.

«Fazei isto». Já antes Jesus pedira aos seus discípulos para «fazerem» algo que Ele, em obediência à vontade do Pai, tinha já decidido no seu íntimo realizar; acabamos de o ouvir no Evangelho. À vista das multidões cansadas e famintas, Jesus diz aos discípulos: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Lc 9, 13). Na realidade, é Jesus que abençoa e parte os pães até saciar toda aquela multidão, mas os cinco pães e os dois peixes são oferecidos pelos discípulos, e era isto o que Jesus queria: que eles, em vez de mandar embora a multidão, pusessem à disposição o pouco que tinham. E, depois, há outro gesto: os pedaços de pão, partidos pelas mãos santas e veneráveis do Senhor, passam para as pobres mãos dos discípulos, que os distribuem às pessoas. Também isto é «fazer» com Jesus, é «dar de comer» juntamente com Ele. Evidentemente este milagre não pretende apenas saciar a fome de um dia, mas é sinal daquilo que Cristo tem em mente realizar pela salvação de toda a humanidade, dando a sua carne e o seu sangue (cf. Jo 6, 48-58). E, no entanto, é preciso passar sempre através destes dois pequenos gestos: oferecer os poucos pães e peixes que temos; receber o pão partido das mãos de Jesus e distribuí-lo a todos.

«Partir»: esta é a outra palavra que explica o significado da frase «fazei isto em memória de Mim». O próprio Jesus Se repartiu, e reparte, por nós. E pede que façamos dom de nós mesmos, que nos repartamos pelos outros. Foi precisamente este «partir o pão» que se tornou ícone, sinal de reconhecimento de Cristo e dos cristãos. Lembremo-nos de Emaús: reconheceram-No «ao partir o pão» (Lc 24, 35). Recordemos a primeira comunidade de Jerusalém: «Eram assíduos (…) à fracção do pão» (At 2, 42). É a Eucaristia que se torna, desde o início, o centro e a forma da vida da Igreja. Mas pensemos também em todos os santos e santas – famosos ou anónimos – que se «repartiram» a si mesmos, a própria vida, para «dar de comer» aos irmãos. Quantas mães, quantos pais, juntamente com o pão quotidiano cortado sobre a mesa de casa, repartiram o seu coração para fazer crescer os filhos, e fazê-los crescer bem! Quantos cristãos, como cidadãos responsáveis, repartiram a própria vida para defender a dignidade de todos, especialmente dos mais pobres, marginalizados e discriminados! Onde encontram eles a força para fazer tudo isto? Precisamente na Eucaristia: na força do amor do Senhor ressuscitado, que também hoje parte o pão para nós e repete: «Fazei isto em memória de Mim».

Possa o gesto da procissão eucarística, que em breve realizaremos, ser também resposta a esta ordem de Jesus Um gesto para fazer memória d’Ele; um gesto para dar de comer à multidão de hoje; um gesto para repartir a nossa fé e a nossa vida como sinal do amor de Cristo por esta cidade e pelo mundo inteiro.

Quinta-feira, 26 de Maio de 2016

Papa Francisco

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Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 9, 10-17) 

Ao regressarem, os Apóstolos contaram-lhe tudo o que tinham feito. Tomando-os consigo, Jesus retirou-se para um lugar afastado, na direcção de uma cidade chamada Betsaida. Mas as multidões, que tal souberam, seguiram-no. Jesus acolheu-as e pôs-se a falar-lhes do Reino de Deus, curando os que necessitavam. Ora, o dia começava a declinar. Os Doze aproximaram-se e disseram-lhe: «Despede a multidão, para que, indo pelas aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois aqui estamos num lugar deserto.» Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de comer.» Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós mesmos comprar comida para todo este povo!» Eram cerca de cinco mil homens. Jesus disse aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta.» Assim procederam e mandaram-nos sentar a todos. Tomando, então, os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os distribuíssem à multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e, do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos cheios.

Fazer memória de Jesus

Ao narrar a última Ceia de Jesus com os Seus discípulos, as primeiras gerações cristãs recordavam o desejo expresso de forma solene pelo Seu Mestre: «Fazei isto em memória de mim». Assim o recolhem os evangelistas Lucas e Paulo, o evangelizador dos gentios. Desde a sua origem, a Ceia do Senhor foi celebrada pelos cristãos para fazer memória de Jesus, actualizar a Sua presença viva no meio de nós e alimentar a nossa fé Nele, na Sua mensagem e na Sua vida entregue por nós até à morte. Recordemos quatro momentos significativos na estrutura actual da missa. Temos de os viver desde dentro e em comunidade.

A escuta do Evangelho. Fazemos memória de Jesus quando escutamos nos evangelhos o relato da Sua vida e da Sua mensagem. Os evangelhos foram escritos, precisamente, para guardar a recordação de Jesus alimentando assim a fé e o acompanhamento dos Seus discípulos. Do relato evangélico não aprendemos doutrina mas, sobre tudo, a forma de ser e de actuar de Jesus, que há-de inspirar e modelar a nossa vida. Por isso, temos de o escutar em atitude de discípulos que querem aprender a pensar, sentir, amar e viver como Ele.

A memória da Ceia. Fazemos memória da acção salvadora de Jesus escutando com fé as Suas palavras: «Este é o Meu corpo. Vede-me nestes troços de pão entregando-me por vós até à morte… Este é o cálice do Meu sangue. Derramado para o perdão dos pecados. Assim me recordareis sempre. Amei-vos até ao extremo». Neste momento confessamos a nossa fé em Jesus Cristo fazendo uma síntese do mistério da nossa salvação: “Anunciamos a Tua morte, proclamamos a Tua ressurreição. Vem, Senhor Jesus”. Sentimo-nos salvos por Cristo nosso Senhor.

A oração de Jesus. Antes de comungar, pronunciamos a oração que nos ensinou Jesus. Primeiro, identificamo-nos com os três grandes desejos que levava no Seu coração: o respeito absoluto a Deus, a vinda do Seu reino de justiça e o cumprimento da Sua vontade de Pai. Logo, com as Suas quatro petições ao Pai: pão para todos, perdão e misericórdia, superação das tentações e libertação de todo o mal.

A comunhão com Jesus. Aproximamo-nos como pobres, com a mão estendida; tomamos o Pão da vida; comungamos fazendo um acto de fé; acolhemos em silêncio a Jesus no nosso coração e na nossa vida: «Senhor, quero comungar contigo, seguir os Teus passos, viver animado com a Teu espírito e colaborar no Teu projecto de fazer um mundo mais humano». (J. A. Pagola)

Palavra para o caminho

Para Jesus não é compreensível que uns tenham mais, outros menos e outros nada, e que esta situação se possa amenizar pontualmente. Dar tudo é a medida de Deus e a lógica do Evangelho. «Tomai, isto é o meu corpo» (Marcos 14,22); «Este é o meu sangue, o sangue da Aliança, por todos derramado» (Marcos 14,24). «Fazei isto em memória de mim» (Lucas 22,19). Vida partida e dada por amor. Eis o inteiro programa de Jesus. Eis tudo o que devemos fazer, imitando-o.

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Frases sobre a Eucaristia

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* Com efeito, precisamente porque é Cristo que, na comunhão eucarística, nos transforma em si, neste encontro a nossa individualidade é aberta, libertada do seu egocentrismo e inserida na Pessoa de Jesus, que por sua vez está imersa na comunhão trinitária. Assim a Eucaristia, enquanto nos une a Cristo, abre-nos também aos outros, tornando-nos membros uns dos outros: já não estamos divididos, mas somos um só nele. A comunhão eucarística une-me à pessoa que está ao meu lado e com a qual, talvez, eu nem sequer tenho um bom relacionamento, mas também aos irmãos distantes, em todas as regiões do mundo (Bento XVI).

* Eucaristia, sacramento de amor, prova de amor (São Tomás de Aquino).

Eucaristia, amor dos amores (São Bernardo).

* Jesus Cristo quer de tal modo unir-se connosco, pelo amor ardente que nos tem, que nos tornemos uma só coisa com Ele na Eucaristia (São João Crisóstomo).

* Remédio pelo qual somos livres das falhas quotidianas e preservados dos pecados mortais (Concílio de Trento).

* Jesus Cristo com sua Paixão livrou-nos do poder do pecado, mas com a Eucaristia livra-nos do poder de pecar (Inocêncio III).

* Duas espécies de pessoas devem comungar com frequência: os perfeitos, para se conservarem na perfeição, e os imperfeitos, para chegarem à perfeição (São Francisco de Sales).

* Depois de morrer consumido de dores sobre um madeiro destinado aos maiores criminosos,  colocastes-Vos sob as aparências do pão, para Vos fazerdes nosso alimento e assim, unir-Vos todo a cada um de nós. Dizei-me: que mais podíeis inventar para Vos fazer amar? (Santo Afonso de Ligório).

* A Eucaristia não é coisa que se possa descobrir com os sentidos, mas só com a fé, baseada na autoridade de Deus (São Tomás de Aquino).

* Não ponhas em dúvida se é ou não verdade, mas aceita com fé as palavras do Salvador; sendo Ele a Verdade, não mente (São Cirilo).

* O Senhor imola-se de modo incruento no Sacrifício da Missa, que representa o Sacrifício da Cruz e lhe aplica a eficácia salutar, no momento em que, pelas palavras da consagração, começa a estar sacramentalmente presente, como alimento espiritual dos fiéis, sob as espécies de pão e de vinho (Papa Paulo VI).

* Vós, Jesus, partindo deste mundo, o que nos deixastes em memória do vosso amor? Não uma veste, um anel, mas o vosso corpo, o vosso sangue, a vossa alma, a vossa divindade, vós mesmo, todo, sem reservas (Santo Afonso Maria de Ligório).

* Jesus deu-se todo não reservando nada para si (São João Crisóstomo).

* Este pão é Jesus. Alimentar-nos dele significa receber a própria vida de Deus, abrindo-nos à lógica do amor e da partilha (São João Paulo II).

* A Eucaristia é o nosso tesouro mais precioso. Ela é o sacramento por excelência; introduz-nos antecipadamente na vida eterna; contém em si todo o mistério da nossa salvação; é a fonte e o ápice da acção e da vida da Igreja (Papa Bento XVI).

* A Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega inteiramente por nós. Alimentar-nos dele e permanecermos nele mediante a Comunhão eucarística, se o fizermos com fé, transforma a nossa vida, transforma-a num dom a Deus e aos irmãos. Alimentar-nos daquele «Pão da vida» significa entrar em sintonia com o Coração de Cristo, assimilar as suas escolhas, os seus pensamentos e os seus comportamentos. Significa entrar num dinamismo de amor oblativo, tornando-nos pessoas de paz, pessoas de perdão, de reconciliação e de partilha solidária. Aquilo que Jesus fez (Papa Francisco).

 

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Pensamentos sobre os dons e carismas do Espírito Santo – 1

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* Os carismas são todos presentes que Deus dá à comunidade cristã, para que possa crescer harmoniosa, na fé e no seu amor, como um só corpo, o corpo de Cristo. O mesmo Espírito que dá esta diferença de carismas faz a unidade da Igreja (Papa Francisco).

* Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Em plenitude, pertencem a Cristo, Filho de David. Completam e levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem (O Catecismo, §1831).

* O Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e de temor de Deus (Is 11,2). É este mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando do céu o Paráclito sobre toda a terra, daquele céu de onde também Satanás caiu como um relâmpago (Lc 10,18) (Santo Irineu).

* Ver o mundo, as situações, as conjunturas e os problemas, tudo, com os olhos de Deus. Nisto consiste a sabedoria (Papa Francisco).

* Os verdadeiros carismas não podem senão tender para o encontro com Cristo nos Sacramentos. As verdades eclesiais a que aderis ajudaram-vos a redescobrir a vocação baptismal, a valorizar os dons do Espírito recebidos na Confirmação, a confiar-vos à misericórdia de Deus no Sacramento da Reconciliação e a reconhecer na Eucaristia a fonte e o ápice da inteira vida cristã (São João Paulo II).

* O dom do entendimento é uma graça que somente o Espírito Santo pode infundir e que suscita no cristão a capacidade de ir além do aspecto externo da realidade e perscrutar as profundidades do pensamento de Deus e do seu desígnio de salvação (Papa Francisco).

* Com a oração damos espaço para que o Espírito venha e nos ajude naquele momento, nos aconselhe sobre o que devemos fazer (Papa Francisco).

 

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Abrir ou fechar as portas ao Espírito: uma questão de vida ou de morte

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Onde está a verdadeira força dos crentes? De onde é que a Igreja pode receber vigor e alento novos? Nas primeiras comunidades cristãs pode-se observar um facto essencial: os crentes vivem de uma experiência que eles chamam “o Espírito” e que não é outra coisa que a comunicação interior do próprio Deus. Ele é o “doador de vida”. O princípio vital. Sem o Espírito, Deus fica ausente, Cristo permanece longe como um personagem do passado, o evangelho converte-se em letra morta, a Igreja em pura organização. Sem o Espírito, a esperança é substituída pelo charlatanismo, a missão evangelizadora reduz-se à propaganda, a liturgia fica congelada, a audácia da fé desaparece.

Sem o Espírito, as portas da Igreja fecham-se, o horizonte do cristianismo diminui, a comunhão desmorona, o povo e a hierarquia [padres, bispos, religiosos e religiosas] separam-se. Sem o Espírito, a catequese torna-se doutrinação, produz-se um divórcio entre teologia e espiritualidade, a vida cristã degrada-se em “moral de escravos”. Sem o Espírito, a liberdade fica asfixiada, surge a apatia ou o fanatismo, a vida apaga-se.

O maior pecado da Igreja actual é a “mediocridade espiritual”. O nosso maior problema pastoral é o esquecimento do Espírito. O facto de se pretender substituir com a organização, o trabalho, a autoridade ou a estratégia o que somente pode nascer da força do Espírito. Não basta reconhecê-lo. É necessário reagir e abrir-nos à sua acção.

O essencial hoje é abrir espaço ao Espírito. Sem Pentecostes não há Igreja. Sem Espírito não há evangelização. Sem a irrupção de Deus nas nossas vidas, não se cria nada de novo, nada de verdadeiro. Se não se deixa reavivar pelo Espírito Santo de Deus, a Igreja não poderá oferecer nada de essencial ao anseio do homem dos nossos dias.

J. A. Pagola

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São Simão Stock – 16 de Maio

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Não são muitas as notícias que temos deste nosso Santo. Sabemos que era inglês, que viveu no século XIII, que morreu em Bordéus, e que frequentou a Universidade de Oxford onde se doutorou em Teologia. É venerado na Ordem do Carmo pela sua grande santidade e pela sua admirável devoção à Virgem Maria. A sua festa sempre foi celebrada no dia 16 de Maio, como sendo o dia da sua morte. Pensa-se que era natural do condado de Kent e que, muito jovem, optou por uma vida eremítica, vivendo muitos anos na concavidade de um tronco, por isso lhe chamam Stock, que em inglês quer dizer «tronco».

A partir do ano 1232, os carmelitas visitaram várias vezes a Inglaterra, até que em 1242, fundam lá o seu primeiro convento. Numa destas visitas Simão conheceu os carmelitas e deixou-se cativar por eles, vindo a pedir o hábito da Ordem. Dirigiu-se para a Terra Santa, com os religiosos, tendo vivido no Monte Carmelo.

Quando, em 1242, os carmelitas fundam em Inglaterra, Simão acompanha-os e intervém nas primeiras fundações. Cinco anos mais tarde, a Ordem celebrou o Capítulo Geral em Inglaterra e Frei Simão Stock foi eleito Prior Geral da Europa.

A vinda dos carmelitas para a Europa e a sua rápida extensão atraía a si imensos jovens universitários cativados pelo estilo de vida do Carmo desencadeando-se, ao mesmo tempo, uma onda de ciúme e inveja em muitos sectores da Igreja. Párocos, Reitores e Bispos moveram uma guerra surda aos carmelitas «não deixando construir igrejas e obrigando-os a impostos e serviços graves insuportáveis, que nunca tinham tido no Monte Carmelo ou em outros conventos da Terra Santa».

Em 1251, Frei Simão Stock convocou um Capítulo Geral pedindo a toda a Ordem que rezasse noite e dia pela resolução do problema. Acudiram ao Céu e ao Papa. S. Simão liderava esta campanha rezando com insistência à Mãe do Carmo para que deles se compadecesse. Um dia em que, como tantas vezes, rezava a oração do «Flos Carmeli», apareceu-lhe a Virgem Maria na sua cela e entregou-lhe o Escapulário dizendo que este símbolo era o sinal da sua protecção para com os carmelitas e para quem a partir de então o usasse. Pensa-se que esta aparição se deu na noite de 15 ou 16 de Julho. Era o ano de 1251. A 13 de Janeiro de 1252, o Papa escreve uma carta aos bispos defendendo os carmelitas. Porém, quatro anos mais tarde, sobrevém novo ataque aos carmelitas e mais perigoso que o primeiro, pois os frades estão divididos: uns querem apenas a vida eremítica tal como se vivia no principio, no Monte do Carmo. Outros, como Frei S. Simão Stock, pretendem uma vida equilibrada e adaptada à Europa: solidão e apostolado, o que exigia a fundação de conventos, não no deserto, mas junto de cidades e universidades. Recorre Frei Simão, Prior Geral, ao Papa que lhe concede razão e protecção. Mais uma vez, em 1264, S. Simão presidiu ao Capítulo Geral em Tolosa, França, vindo a morrer em Bordéus no ano de 1265, onde ainda hoje se guardam os seus restos mortais.

Neste dia de Maio, recordando o amor que S. Simão Stock tinha a Nossa Senhora do Carmo, recordemos a oração que rezava este nosso Santo quando lhe apareceu a Mãe do Céu, da Terra e do Carmo, dando-lhe o Escapulário: Flor do Carmelo, vide florescente, esplendor do Céu, Virgem Mãe, singular. Doce Mãe, mas sempre Virgem, aos teus filhos dá teus favores, ó Estrela do mar.

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Domingo de Pentecostes – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 20, 19-23)

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»

Invocação ao Espírito

Vem, Espírito da Verdade, e faz-nos caminhar na verdade de Jesus. Sem a tua luz e a tua orientação, nunca nos libertaremos dos nossos erros e mentiras; nada de novo nascerá entre nós; seremos como cegos que pretendem guiar outros cegos. Vem, e converte-nos em testemunhas de Jesus.

Vem, Espírito Santo, desperta a nossa fé débil, pequena e vacilante. Ensina-nos a viver confiando no amor insondável de Deus nosso Pai para com todos os seus filhos e filhas, estejam dentro ou fora da tua Igreja. Se esta fé se apagar nos nossos corações, imediatamente morrerá, também, nas nossas comunidades e igrejas.

Vem, Espírito Santo, faz que Jesus ocupe o centro da tua Igreja. Que nada nem ninguém o suplante nem obscureça. Atrai-nos para o seu Evangelho e ensina-nos a seguir Jesus. Que não fujamos da sua Palavra, nem nos desviemos dos seus mandamentos de amor. Que não se perca no mundo a sua memória.

Vem, Espírito Santo, abre os nossos ouvidos para escutar os teus chamamentos, os que nos chegam hoje, a partir das interrogações, sofrimentos, conflitos e contradições dos homens e mulheres dos nossos dias. Faz-nos viver abertos ao teu poder para criar a fé nova de que necessita esta sociedade nova. Que, na tua Igreja, vivamos mais atentos ao que nasce e ao que morre, com o coração sustentado pela esperança e não afectado pela nostalgia.

Vem, Espírito Santo, e purifica o coração da tua Igreja. Põe verdade entre nós. Ensina-nos a reconhecer os nossos pecados e limitações. Recorda-nos que somos como todo o mundo: frágeis, medíocres e pecadores. Liberta-nos da nossa arrogância e falsa segurança. Faz que aprendamos a caminhar entre os homens com mais verdade e humildade.

Vem, Espírito Santo, ensina-nos a olhar de maneira nova a vida, o mundo e, sobretudo, as pessoas. Que aprendamos a olhar como Jesus olhava os que sofrem, os que choram, os que caem, os que vivem sozinhos e os esquecidos. Se mudar o nosso olhar, mudará também o coração e o rosto da tua Igreja. Os discípulos de Jesus irradiarão melhor a sua proximidade, a sua compreensão e solidariedade para com os mais necessitados. Parecer-nos-emos mais ao nosso Mestre e Senhor.

Vem, Espírito Santo, faz de nós uma Igreja de portas abertas, coração compassivo e esperança contagiosa. Que nada ou ninguém nos distraia ou desvie do projecto de Jesus: fazer um mundo mais justo e digno, mais amável e alegre, abrindo caminhos ao reino de Deus.

Palavra para o caminho

Não nos esqueçamos que o Espírito Santo é “dador de vida”. Sempre que nos abrimos à sua acção, ainda que seja de maneira pobre e inconstante, Ele faz-nos saborear uma vida mais sã e verdadeira: “amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si” (Gal 5, 22-23).

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A caminho do Pentecostes – 3

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Vinde, ó santo Espírito

Vinde, ó santo Espírito, vinde, Amor ardente, acendei na terra vossa luz fulgente. Vinde, Pai dos pobres: na dor e aflições, vinde encher de gozo nossos corações.

Benfeitor supremo em todo o momento, habitando em nós sois o nosso alento. Descanso na luta e na paz encanto, no calor sois brisa, conforto no pranto.

Luz de santidade, que no Céu ardeis, abrasai as almas dos vossos fiéis. Sem a vossa força e favor clemente, nada há no homem que seja inocente.

Lavai nossas manchas, a aridez regai, sarai os enfermos e a todos salvai. Abrandai durezas para os caminhantes, animai os tristes, guiai os errantes.

Vossos sete dons concedei à alma do que em Vós confia: Virtude na vida, amparo na morte, no Céu alegria.

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