Cristo, fonte de água viva

A passagem do Evangelho deste Domingo, o terceiro da Quaresma, apresenta o encontro de Jesus com uma mulher samaritana. Ele está a caminho com os seus discípulos e param junto a um poço, na Samaria. Os samaritanos eram considerados heréticos pelos judeus, e muito desprezados, como cidadãos de segunda classe. Jesus está cansado, tem sede. Chega uma mulher para tirar água e ele pede-lhe: “Dá-me de beber”. Assim, rompendo toda a barreira, começa um diálogo em que revela àquela mulher o mistério da água viva, isto é, do Espírito Santo, dom de Deus. De facto, diante da reacção de surpresa da mulher, Jesus responde: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva”

No centro deste diálogo está a água. Por um lado, a água como elemento essencial para viver, que sacia a sede do corpo e sustenta a vida. Por outro, a água como símbolo da graça divina, que dá a vida eterna. Na tradição bíblica, Deus é a fonte da água viva – assim se diz nos salmos, nos profetas – afastar-se de Deus, fonte de água viva, e da sua Lei, comporta a pior seca. É a experiência do povo de Israel no deserto. No longo caminho para a liberdade, sedento, protesta contra Moisés e contra Deus porque não há água. Então, por desejo de Deus, Moisés faz brotar água de uma rocha, como sinal da providência de Deus que acompanha o seu povo e lhe dá a vida.

E o apóstolo Paulo interpreta essa rocha como um símbolo de Cristo. Dirá assim: “E a rocha é Cristo”. É a misteriosa figura da sua presença no meio do povo de Deus que caminha. Cristo, de facto, é o Templo do qual, segundo a visão dos profetas, jorra o Espírito Santo, isto é, a água viva que purifica e dá vida. Quem tem sede de salvação pode obtê-la gratuitamente de Jesus, e o Espírito Santo se tornará nele ou nela uma fonte de vida plena e eterna.

A promessa da água viva que Jesus fez à mulher samaritana tornou-se realidade na sua Páscoa: do lado trespassado, saiu “sangue e água”. Cristo, o Cordeiro imolado e ressuscitado, é a fonte da qual brota o Espírito Santo, que perdoa os pecados e regenera para uma vida nova.

Este dom é também a fonte do testemunho. Como a samaritana, quem quer que encontre Jesus vivo sente a necessidade de contar aos outros, para que todos confessem que Jesus “é verdadeiramente o Salvador do mundo”, como disseram os conterrâneos daquela mulher.

Também nós, nascidos para uma vida nova mediante o Baptismo, somos chamados a testemunhar a vida e a esperança que há em nós. Se a nossa busca e a nossa sede encontram plena satisfação em Cristo, mostraremos que a salvação não está nas “coisas” deste mundo, que no final produzem secura, mas n’Aquele que nos amou e sempre nos ama: Jesus nosso Salvador, na água viva que Ele nos oferece.

Que Maria Santíssima nos ajude a cultivar o desejo de Cristo, fonte de água viva, o único que pode saciar a sede de vida e de amor que trazemos no coração.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 15 de Março, 2020

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3º Domingo da Quaresma – Ano A

Dá-me de beber” (João 4,7)

O Evangelho do 3º Domingo da Quaresma, Ano A, oferece-nos o grande diálogo de Jesus com a samaritana (João 4,5-42). O evangelista diz-nos que «era preciso passar pela Samaria» (João 4,4). Aquilo que parece óbvio à primeira vista, na verdade não o é. Quem, no tempo de Jesus, fazia essa viagem, evitava mesmo passar pela Samaria porque a estrada era montanhosa, mas também porque eram hostis as relações entre judeus e samaritanos. Se o narrador coloca Jesus a calcorrear o caminho montanhoso da Samaria, é assunto teológico, de resto, explicitado naquele «era preciso», e não geográfico: trata-se de revestir Jesus dos traços do mensageiro de Isaías 52,7: «Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que leva boas novas a Sião», e do noivo do Cântico dos Cânticos 2,8, de quem a noiva diz: «A voz do meu amado: ei-lo que vem correndo sobre os montes». O que faz correr sobre os montes é, pois, uma grande notícia ou um grande amor. As duas realidades movem Jesus.

O texto refere que Jesus se sentava com tempo junto do poço-fonte de Jacob (João 4,6). É sabido, desde o Antigo Testamento, que o poço-fonte é visto como um cenário de noivado (Isaac com Rebeca; Jacob com Raquel; Moisés com Séfora). Um grande amor e grandes e belas notícias movem Jesus, na sua viagem «necessária» sobre os montes da Samaria.

Eis Jesus sentado, com tempo, junto do poço-fonte à hora do meio-dia. E aí vem a noiva, a mulher da Samaria. E Jesus desce pedagogicamente ao nível da mulher que vinha buscar água, com aquele pedido directo: «Dá-me de beber» (João 4,7). Salta à vista que Jesus se transforma em pedinte com o intuito de transformar em pedinte a mulher: a maravilhosa delicadeza de um Deus que pede para dar! De facto, pedagogicamente conduzida por Jesus, no final do diálogo sobre a água, é a mulher que diz para Jesus: «Senhor, dá-me dessa água…» (João 4,15).

Jesus imprime um novo ritmo ao diálogo, dizendo agora à mulher: «Vai, chama o teu marido, e vem aqui» (João 4,16). Ao que a mulher responde: «Não tenho marido!» (João 4,17). A mulher da Samaria, que não tem marido, vai encontrar o esposo definitivo, o próprio Deus, cumprindo Isaías 62,5: «Como um jovem desposa uma virgem, assim te desposará o teu edificador. Como a alegria do noivo pela sua noiva, assim o teu Deus se alegrará em ti».

Jesus é o conhecedor que nos conhece, e que nós ainda não conhecemos, a entrar dentro da mulher da Samaria e de nós mesmos, dizendo: «Disseste bem: “Não tenho marido”. Na Verdade tiveste cinco maridos, e o que tens agora [= sexto] não é teu marido”» (João 4,17-18). Seguramente que a mulher experimenta a estranha sensação de estar perante o saber que a ultrapassa de alguém que a conhece perfeitamente, e que ela ainda não conhece.

Aquela mulher da Samaria, que agora não tem marido, que já teve cinco, e que o que tem agora, e que é o sexto, não é seu marido, compreende-se então que aquela mulher já vai no sexto marido provisório, sendo seis um número imperfeito. Mas o sexto, enquanto provisório e imperfeito, aponta para o definitivo e perfeito, aponta para o sétimo, que está ali à beira, que está aqui à beira, e é Jesus! É por isso que a sua voz é a voz do noivo, daquele que vem, trazendo o tempo novo da alegria nova e definitiva, a alegria grande da Páscoa, o Messias suspeitado (João 4,25) e confesso: «EU SOU, o que estou a FALAR contigo!» (João 4,26), verdadeiro clímax narrativo e da revelação.

A samaritana, encontrada pelo Noivo novo definitivo esperado, procede, de facto, como as mulheres na manhã de Páscoa: abandona o cântaro antigo e provisório (João 4,28) que servia apenas para recolher a água antiga e provisória tirada do poço antigo e provisório (João 4,11), e correu à cidade para dizer a todos o que se passou com ela (João 4,28): «Vinde ver um Homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será ele o Cristo?» (João 4,29). E a interrogação: «Não será ele o Cristo?» não é expressão de dúvida acerca da identidade de Jesus, mas uma finíssima interrogação pedagógica, que provoca nos samaritanos a curiosidade e acende neles o desejo de fazerem a experiência, de irem ver Jesus. Foi assim que os samaritanos foram ver e ouvir a voz do Noivo, Aquele-que-vem, e chegaram à fé em Jesus, confessando que Ele é verdadeiramente «o salvador do mundo» (João 4,42). O definitivo.

António Couto, texto resumido e adaptado

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3ª Semana da Quaresma com São João da Cruz

ATÉ AO CORAÇÃO

Leitura e meditação: João 4: encontro com a Samaritana

Três pistas para pôr em prática durante a semana

1. Qual é a imagem que mais me fala da minha sede espiritual?

2. Paro para observar os locais que habitualmente escolho para a oração: ajudam-me a interiorizar?Estaria disposto(a) a mudar de locais?

3. Qual é o espaço que eu dou à sensibilidade na minha oração? Como posso eu crescer na fé?

ORAR EM CADA DIA DA 3ª SEMANA

Segunda-feira, 16 Março: ao belo prazer de Deus

«Mas Ele, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho» (Lc 4, 30)

«Jesus Cristo, nesta vida não teve nem quis outro gosto senão o de fazer a vontade de seu Pai, à qual chamava sua comida e alimento.» (São João da Cruz citando Jo 4,34)

Quais são os movimentos interiores que me guiam para agir e avançar? O meu gosto, ou o gosto de dar alegria a Deus?

Terça-Feira, 17 Março: A doçura das palavras de Jesus

«É de todo o coração que agora Te seguimos, Te veneramos e procuramos a tua face» (Dn 3, 41)

«E a Samaritana esqueceu a água e o cântaro pela doçura das palavras de Deus.» (São João da Cruz)

Reavivo na minha memória um momento marcante na minha vida de oração e tiro dele benefício para me voltar a centrar no amor de Jesus.

Quarta-feira, 18 Março: lembrança de Deus

«Toma, pois, cuidado contigo! Guarda-te bem de esquecer os factos que os teus olhos viram; que eles nunca se afastem do teu coração em todos os dias da tua vida.» (Dt 4,9)

«Procure andar sempre na presença de Deus e conservar em si a pureza que Ele lhe ensina.» (São João da Cruz)

Vigio o meu coração, os pensamentos que nele habitam? Reavivo em mim a lembrança de Deus.

Quinta-feira, 19 Março: a fé de São José

«Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé, que a Abraão, ou à sua descendência, foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança.» (Rm 4, 13)

«É por meio delas [as virtudes teologais Fé, Esperança e Caridade] que a alma se une a Deus.» (São João da Cruz)

Com a ajuda de São José, faço um ato de fé em Deus numa situação concreta.

Sexta-feira, 20 Março: o verdadeiro amor de Deus

«Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças.» (Mc 12, 30)

«A alma que caminha no amor, não cansa nem se cansa.» (São João da Cruz)

O amor de Deus tornou-se para mim uma força quotidiana? Uma energia vital?

Sábado, 21 Março: a minha maneira de amar a Deus

«Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.» (Os 6,6)

«Se a alma se habitua ao sabor da devoção sensível, nunca mais acertará em passar à força da alegria do espírito.» (São João da Cruz)

Como é a minha maneira de amar o Senhor na vida de oração? Como posso progredir?

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Senhor Jesus, livra-nos do flagelo do Coronavírus

Senhor Jesus, Salvador do mundo, esperança que não conhece a desilusão, tem piedade de nós e livra-nos do mal!

A Ti imploramos a vitória sobre o flagelo deste vírus que está a alastrar, a cura dos doentes, a protecção dos que estão sãos, o auxílio para quem presta cuidados de saúde. Mostra-nos o Teu Rosto de Misericórdia e salva-nos com o Teu grande amor.

Tudo isto te pedimos por intercessão de Maria, Tua e nossa Mãe, que fielmente nos acompanha! Tu que vives e reinas pelos séculos dos séculos. Amen!

D. Bruno Forte

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Senhor, vós conheceis o íntimo do meu ser

Só Deus vê o interior do coração. Ele vê o que bate como um sino, mas ele vê também a mais pequena pepita de ouro que escapa muitas vezes à nossa vista e que não está nunca totalmente ausente. Acredita nesta pepita em cada ser humano…

Santa Teresa Benedita da Cruz 

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2ª Semana da Quaresma com São João da Cruz

SÓ JESUS

Leitura e meditação: Evangelho: Mt 17, 1-9: A transfiguração

Três pistas para pôr em prática esta semana

1. Qual é a representação artística de Jesus que me atrai mais? Utilizo-a para a minha oração pessoal?

2. Faço memória de um momento importante em que compreendi que Jesus é uma Pessoa viva a Quem posso falar e confiar a minha vida.

3. Marco um tempo para olhar para Jesus e para O escutar da maneira que me for mais conveniente: em casa, numa capela, na natureza, etc.

REZAR EM CADA DIA DA 2ª SEMANA

Segunda-feira, 9 Março: olhar para Jesus

«Ah! Senhor, Deus grande e temível, que és fiel à Aliança e que mantens o teu favor para com os que te amam e guardam os teus mandamentos.» (Dan 9, 4)

«Se fixares n’Ele [meu Filho] o teu olhar, acharás tudo. Ele é toda a minha locução e resposta, (…) Ao dar-vo-l’O por Irmão, Companheiro, Mestre, Preço e Prémio já vos falei, respondi, manifestei e revelei tudo.» (São João da Cruz)

Escolho uma representação bela da Face de Cristo para olhar para ela com frequência, pedindo-Lhe que me dê a conhecer o Pai.

Terça-feira, 10 Março: a graça de deixar-se maravilhar

«Na terra, a ninguém chameis ‘Pai’, porque um só é o vosso ‘Pai’: aquele que está no Céu.» (Mt 23, 9)

«Meu Deus, não me ireis roubar o que me destes um dia no vosso único Filho, Jesus Cristo, no qual me destes tudo quanto quero.» (São João da Cruz)

Fico maravilhado e dou graças porque Deus nos chama a partilhar a felicidade da sua vida: a comunhão do Pai e do Filho no Espírito de Amor.

Quarta-feira, 11 Março: imitar Jesus na intercessão

«Lembra-te de que me apresentei diante de ti, a fim de interceder por eles e afastar deles a tua cólera.» (Jer. 18, 20)

«Mantenha um apetite contínuo de imitar Cristo em tudo, identificando-se com a Sua vida que deve amar para a saber imitar.» (São João da Cruz)

Como posso eu hoje imitar Jesus na intercessão pelos outros?

Quinta-feira, 12 Março: o conhecimento das Escrituras

«Disse-lhe Abraão: ‘Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam!’» (Lc 16,29)

«O que antigamente Deus disse pelos profetas a nossos pais, de muitos modos e de muitas maneiras agora, por último, nestes dias, nos falou pelo Filho, tudo de uma só vez.» (São João da Cruz)

Penso numa forma concreta de conhecer melhor a Bíblia.

Sexta-feira, 13 Março: diante de Cristo na cruz

«Finalmente, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: ‘Hão de respeitar o meu filho.’» (Mt 21, 37)

«Se quiseres que Eu te diga uma palavra de consolação, contempla o meu Filho, obediente e preso por meu amor, em agonia, e verás quantas te dirá.» (São João da Cruz)

Nos momentos de prova, de sofrimento, de desânimo, pouso o meu olhar em Cristo na cruz e opto por ter confiança n’Ele.

Sábado, 14 Março: conhecê-l’O e amá-lO

«‘Filho, tu estás sempre comigo…» (Lc 15, 31)

«Uma esposa que te ame, Meu Filho, dar-te queria, Que por teu amor mereça ter a nossa companhia…» (São João da Cruz, Romance 3)

Como permanecer na presença de Deus ao longo do dia?

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2º Domingo da Quaresma – Ano A

“Levantai-vos e não tenhais medo”

O Evangelho deste segundo Domingo da Quaresma (cfr Mt 17,1-9) apresenta a narração da Transfiguração de Jesus. Cristo toma consigo Pedro, Tiago e João e leva-os para uma alta montanha, símbolo da proximidade com Deus, para abri-los a uma compreensão mais plena do mistério da sua pessoa. Jesus fala-lhes dos sofrimentos, da morte e da ressurreição que o aguardavam, mas os discípulos não conseguiam aceitar aquela perspectiva. Por isso, já no cimo da montanha, Jesus imergiu-se em oração e transfigurou-se diante dos três discípulos e o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz.

Através do acontecimento maravilhoso da Transfiguração os três discípulos são chamados a reconhecer em Jesus o Filho de Deus. Deste modo, eles avançam no conhecimento do seu Mestre, dando-se conta que o aspecto humano não expressa toda a sua realidade, sendo-lhes revelada a dimensão ultra-terrena e divina de Jesus. Os discípulos são convidados a ouvi-lo e a segui-lo.

Jesus escolheu Pedro, Tiago e João não porque eram os mais santos: na hora da provação, Pedro renega-lo-á e os dois irmãos Tiago e João pedirão para ter os primeiros lugares no seu reino. Jesus não escolhe segundo os nossos critérios, mas segundo o seu desígnio de amor. E assim como chamou aqueles três discípulos, também hoje chama algumas pessoas para que estejam próximas d’Ele, para testemunhá-lo, embora não o mereçamos.

Não estivemos no monte Tabor, não vimos com os nossos olhos o rosto de Jesus brilhar como o sol. Todavia, também a nós foi entregue a Palavra da salvação, foi doada a fé. Também a nós Jesus diz: “Levantai-vos e não tenhais medo”. Neste mundo, marcado pelo egoísmo e pela avidez, a luz de Deus está ofuscada pelas preocupações do quotidiano. Dizemos com frequência: não tenho tempo para rezar, não sou capaz de realizar um serviço na paróquia, de responder aos pedidos dos outros… Mas não nos devemos esquecer que o Baptismo que recebemos faz de nós testemunhas, não pela nossa capacidade, mas pelo dom do Espírito.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 8 de Fevereiro, 2020

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1ª Semana da Quaresma com São João da Cruz

O OBSTÁCULO QUE EXISTE EM NÓS

Leitura e meditação: Evangelho Mt 4, 1-11: As tentações de Jesus no deserto

Três pistas para pôr em prática esta semana

1. Esforço-me por perceber onde estão os meus apegos, onde se revela o meu instinto de posse. Que posso fazer esta semana para me tornar mais livre?

2. Procuro uma passagem ou um versículo da Escritura que me possa ajudar a combater os pensamentos nocivos que me afastam da paz.

3. Será que ponho os meios para me formar, para conhecer e compreender melhor a minha fé?

REZAR EM CADA DIA DA 1ª SEMANA

Segunda-feira, 2 de Março: amar a Deus como Ele quer

«Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos? (Mt 25, 44)

«No entardecer, examinar-te-ão no amor. Aprende a amar como Deus quer ser amado e não olhes à tua condição.» (São João da Cruz)

Abro os olhos para ver as oportunidades de prestar atenção às necessidades a que posso acudir, nem que seja com um sorriso, uma palavra benévola.

Terça-feira, 3 Março: a via do despojamento

«O vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós lho pedirdes.» (Mt 6,8)

«Este, por nenhuma [coisa] ter no coração, tem-nas a todas com grande liberdade» (São João da Cruz)

Consigo responder a certos apelos de Quaresma com algum pequeno passo de despojamento e de confiança?

Quarta-feira, 4 Março: deixar-se guiar

«Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, ordenaram um jejum e vestiram-se de saco, do maior ao menor.» (Jn 3,5)

«Deus é muito amigo de que a direcção e a comunicação do homem se faça por meio de outro homem igual a ele e que o homem seja guiado e governado pela razão natural.» (São João da Cruz)

A quem posso pedir ajuda para discernir precisamente sobre que aspecto é que devo direccionar o meu trabalho de conversão durante esta Quaresma?

Quinta-feira, 5 Março: rezar pelo meu próximo

«Pois, quem pede, recebe; e quem procura, encontra; e ao que bate, hão-de abrir.» (Mt 7, 8)

«Ó dulcíssimo amor de Deus, tão mal conhecido! Descansado fica quem encontrou a sua fonte.» (São João da Cruz)

Recolho na minha oração as necessidades dos meus irmãos, próximos ou longínquos, para os confiar à bondade de Deus.

Sexta-feira, 6 Março: «Felizes os mansos»

«Porventura hei-de comprazer-me com a morte do pecador – oráculo do Senhor Deus – e não com o facto de ele se converter e viver?» (Ez 18, 23)

«Se Vós, ó bom Jesus, não suavizais a alma no vosso amor, ela continuará sempre na sua rudeza natural.» (São João da Cruz)

Costumo pedir a Deus a graça da mansidão (que não é o mesmo que tibieza)?

Sábado, 7 Março: uma obediência amorosa

«Hoje, declaraste ao SENHOR que Ele seria o teu Deus e que andarias nos seus caminhos, observando as suas leis, os seus preceitos e os seus mandamentos.» (Dt 26, 17)

«Deus antes quer de ti o mais pequeno grau de obediência e humildade do que todos esses serviços que Lhe pensas oferecer.» (São João da Cruz)

Hoje que acto de obediência amorosa posso apresentar a Deus?

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“Ele é tudo”

Entender e sentir como é imensa a Divindade, ao ponto de ser impossível conhecê-la totalmente, é um altíssimo entender. Por isso, uma das maiores mercês que Deus faz a uma alma nesta vida, […] é dar-lhe a entender claramente e sentir tão altamente de Deus, de modo a que entenda claramente que não se pode entender nem sentir totalmente. 

De certa maneira isto assemelha-se ao modo dos que O vêem no Céu, onde os que melhor O conhecem, entendem mais claramente o muitíssimo que lhes fica ainda por entender, e os que menos O vêem são os que menos claramente se apercebem do que lhes falta ainda ver […].

São João da Cruz

Oração

Senhor Jesus, por muito que Te conheça é sempre maior o que de Ti não conheço do que aquilo que de Ti compreendo. Por isso, abandono-me às Tuas mãos e peço-Te a graça de descansar sobre o Teu coração, para que, ainda que não tenha a compreensão total do Teu amor, possa ter as obras do amor e, pelas obras, crescer sempre mais no Teu conhecimento. Dou-Te graças por seres infinito, pois só assim podes saciar a minha sede insaciável de amor e nunca terminares de me surpreender. Ensina-me a amar sempre mais!

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“O reino de Deus está próximo”

A palavra “evangelho”, no tempo de Jesus, era usada pelos imperadores romanos para as suas proclamações. Independentemente do conteúdo, elas eram definidas “boas novas”, isto é, anúncios de salvação, porque o imperador era considerado como o senhor do mundo e os éditos como anunciadores de bem. Aplicar esta palavra à pregação de Jesus teve portanto um sentido muito crítico, ou seja: Deus, não o imperador, é o Senhor do mundo, e o verdadeiro Evangelho é o de Jesus Cristo.

A “boa nova” que Jesus proclama resume-se nestas palavras: “O reino de Deus — o reino dos céus —  está próximo” (Mt 4, 17; Mc 1, 15). O que significa esta expressão? Certamente não indica um reino terreno delimitado no espaço e no tempo, mas anuncia que é Deus quem reina, que é Deus o Senhor e o seu senhorio está presente, é actual, está a realizar-se. A novidade da mensagem de Cristo é portanto que Deus n’Ele se fez próximo, já reina entre nós, como demonstram os milagres e as curas que realiza. Deus reina no mundo mediante o seu Filho feito homem e com a força do Espírito Santo, que é chamada “mão de Deus” (cf. Lc 11, 20). Aonde chega Jesus, o Espírito criador leva vida e os homens são curados das doenças do corpo e do espírito. O senhorio de Deus manifesta-se então na cura integral do homem. Com isto Jesus quer revelar o rosto do verdadeiro Deus, o Deus próximo, cheio de misericórdia por todos os seres humanos; o Deus que nos faz o dom da vida em abundância, da sua própria vida. O reino de Deus é portanto a vida que se afirma sobre a morte, a luz da verdade que dissipa as trevas da ignorância e da mentira.

Bento XVI, Angelus, 27 de Janeiro de 2008

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