Com Maria, estrela do mar, entremos tranquilos na noite

Fica connosco, Senhor, porque se faz noite! Sim, o Senhor fica connosco, faz-nos sentir a sua proximidade e a luz que ilumina a noite do mundo através da sua Mãe, que Ele nos entregou não só como Mãe das dores, mas também como Mãe da esperança, como estrela que orienta a navegação dos peregrinos da fé sobre o grande mar da história em direcção ao porto da eternidade. (…)

Com a doçura de Maria no coração entremos tranquilos na noite com uma breve oração: “Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe nossa, ensina-nos a crer, a esperar e a amar contigo. Estrela do mar, brilha sobre nós e guia-nos no nosso caminho” (Bento XVI) no mar da história! Amen.

D. António Marto, Santuário de Fátima, 12 de Maio, 2020

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Alimentar a esperança

Só uma profunda vida interior e uma visão adequada do mundo podem sustentar a esperança para além de qualquer crise. E neste mundo há crises e não podem deixar de existir dada a nossa vulnerabilidade e as dificuldades, mais ou menos grandes, próprias da vida. É um engano pensar num mundo sem luta. Ao deitar fora a oração, ao desistir do esforço, ao nivelar por baixo e sem exigência, ficamos prisioneiros das dificuldades e sem saída.

Vasco P. Magalhães, sj

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5º Domingo da Páscoa – Ano A

Não se perturbe o vosso coração

O Evangelho deste 5º Domingo da Páscoa, Ano A, começa com o início do chamado “Discurso de despedida” de Jesus. São palavras que ele dirigiu aos discípulos no final da Última Ceia, pouco antes de enfrentar a paixão. Jesus disse-lhes e diz-nos também a nós: “Não se perturbe o vosso coração”. Mas como fazer para que o nosso coração não se perturbe?

O Senhor indica dois remédios. O primeiro é: “Tende fé em mim”. Jesus sabe que, na vida, a ansiedade pior, a perturbação, nasce da sensação de não ser capaz, do sentir-se sozinho e sem pontos de referência diante do que acontece. Essa angústia, em que a dificuldade acrescenta dificuldade, não pode ser superada sozinha. Precisamos da ajuda de Jesus. É por isso que Jesus pede para termos fé nele, ou seja, não nos apoiarmos em nós mesmos, mas nele, porque a libertação da perturbação passa através da confiança. Confiar-se a Jesus. Jesus ressuscitou e está vivo para ficar sempre ao nosso lado. Então podemos apresentar-lhe o que nos perturba e dizer-lhe: “tenho fé em Ti e confio-me a Ti”.

O segundo remédio para a perturbação, Jesus expressa-o com estas palavras: ‘”Na casa de meu Pai há muitas moradas. […] vou preparar-vos um lugar”. Eis o que Jesus fez por nós: reservou-nos um lugar no Céu, para que onde ele está, estejamos também nós. Há um lugar reservado para cada um de nós. Não vivemos sem meta e sem destino. Somos esperados, somos preciosos. Deus preparou o lugar mais digno e bonito: o Paraíso.

A morada que nos espera é o Paraíso. Aqui na terra estamos de passagem. Somos feitos para o Céu, para a vida eterna, para viver para sempre. Para sempre: é algo que agora não conseguimos imaginar. Mas é ainda mais bonito pensar que esse para sempre será na alegria, na plena comunhão com Deus e com os outros, sem mais lágrimas, rancores, divisões e perturbações.

Qual é o caminho para chegar ao Paraíso? Eis a frase decisiva de Jesus hoje: “Eu sou o caminho”. Para subir ao Céu o caminho é Jesus: é ter um relação viva com ele, é imitá-lo no amor, é seguir os seus passos. Existem caminhos que não levam ao Céu: os caminhos da mundanidade, os caminhos da auto-afirmação, os caminhos do poder egoísta. E há o caminho de Jesus, o caminho do amor humilde, da oração, da mansidão, da confiança, do serviço aos outros. Não é o caminho do meu protagonismo, é o caminho de Jesus protagonista da minha vida.

Papa Francisco, Regina Caeli (resumo), 10 de Maio, 2020

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Oração a Maria

Ó Maria, Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminho como um sinal de salvação e de esperança. Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos, que permanecestes, junto da cruz, associada ao sofrimento de Jesus, mantendo firme a vossa fé.

Vós sabeis do que precisamos e temos a certeza de que no-lo providenciareis para que, como em Caná da Galileia, possa voltar a alegria e a festa depois desta provação.

Ajudai-nos, Mãe do Divino Amor, a conformar-nos com a vontade do Pai e a fazer aquilo que nos disser Jesus, que assumiu sobre Si as nossas enfermidades e carregou as nossas dores para nos levar, através da cruz, à alegria da ressurreição. Amen.

À vossa protecção, recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas na hora da prova mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.

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Jesus chama os que quer

Abrindo o Santo Evangelho, os meus olhos depararam com estas palavras: “Jesus, tendo subido a um monte, chamou a Si os que Ele quis; e foram ter com Ele.” [Mc. 3, 13] Eis todo o mistério da minha vocação, da minha vida inteira e, sobretudo, o mistério dos privilégios de Jesus para com a minha alma… Ele não chama aqueles que são dignos, mas aqueles que quer ou, como diz S. Paulo: “Deus sente compaixão de quem entende e usa de misericórdia com quem quer usar de misericórdia. Logo, não depende daquele que quer, nem daquele que corre, mas de Deus, que usa de misericórdia”.

Santa Teresa do Menino Jesus

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4º Domingo da Páscoa – Ano A

As duas vozes

O quarto Domingo de Páscoa é dedicado a Jesus, o Bom Pastor. O Evangelho diz: “As ovelhas ouvem a sua voz: ele chama as ovelhas pelo nome” (Jo 10, 3). Diz ainda o Evangelho que há outras vozes que não devem ser seguidas: as de estranhos, ladrões e malfeitores que querem o mal das ovelhas.

Estas diferentes vozes ressoam dentro de nós. Há a voz de Deus, que gentilmente fala à consciência, e há a voz tentadora que induz ao mal. Como fazer para reconhecer a voz do Bom Pastor e a do ladrão, como fazer para distinguir a inspiração de Deus da sugestão do maligno? Elas falam duas línguas diferentes, ou seja, têm maneiras opostas de bater ao nosso coração.

A voz de Deus nunca obriga: Deus propõe-se, não se impõe. Em vez disso, a voz ruim seduz, assalta, obriga: suscita ilusões deslumbrantes, emoções tentadoras, mas passageiras. No início persuade, faz-nos acreditar que somos omnipotentes, mas depois deixa-nos vazios por dentro e acusa-nos: “Tu não vales nada”.

A voz de Deus, pelo contrário, corrige-nos, com muita paciência, encoraja-nos sempre, consola-nos: alimenta sempre a esperança. A voz de Deus é uma voz que tem um horizonte. A voz do mal, por outro lado, leva-te contra um muro, leva-te para um canto.

Outra diferença. A voz do inimigo distrai do presente e quer que nos concentremos nos medos do futuro ou na tristeza do passado, o inimigo não quer o presente: faz brotar a amargura, as recordações dos erros sofridos, daqueles que nos fizeram mal… tantas más recordações.

Em vez disso, a voz de Deus fala no presente: “Agora podes fazer o bem, agora podes exercitar a criatividade do amor, agora podes renunciar aos arrependimentos e aos remorsos que mantêm prisioneiro o teu coração”. Anima-nos, leva-nos para diante, mas fala no presente: agora!

As duas vozes suscitam em nós questões diferentes. A que vem de Deus será: “O que me faz bem?”. Em vez disso, o tentador insistirá noutra pergunta: “O que eu gostaria de fazer?”. O que eu quero! A voz ruim sempre gira em torno do eu, das suas pulsões, das suas necessidades, ao tudo e imediatamente. É como os caprichos das crianças, tudo e agora.

A voz de Deus, pelo contrário, nunca promete a alegria a baixo preço: convida-nos a ir além do nosso eu para encontrar o verdadeiro bem, a paz. Lembremo-nos: o mal nunca dá paz, antes provoca o frenesim e depois deixa a amargura. Este é o estilo do mal.

Por fim, a voz de Deus e a do tentador falam em “ambientes” diferentes: o inimigo prefere as trevas, a falsidade, a maledicência; o Senhor ama a luz do sol, a verdade, a transparência sincera.

O inimigo diz-nos: “Fecha-te em ti mesmo, ninguém te entende e nem te escuta, não confies!”. O bem, pelo contrário, convida-nos a abrir-nos, a sermos límpidos e confiantes em Deus e nos outros.

Prestemos atenção às vozes que chegam ao nosso coração. Perguntemos de onde vêm. Peçamos a graça de reconhecer e seguir a voz do Bom Pastor, que nos fará sair dos recintos do egoísmo e nos conduz às pastagens da verdadeira liberdade. Que Nossa Senhora, Mãe do Bom Conselho, oriente e acompanhe onosso discernimento.

Papa Francisco, Regina Caeli (resumo), 3 de Maio, 2020

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O Rosário, oração dos simples

É interessante que o Santo Padre realce a simplicidade do rosário. De facto, é chamada a oração dos simples. Foi assim a sua origem no meio do povo simples: para exprimir o amor à mãe celeste, sentir a sua proximidade e invocar proteção. O próprio nome “rosário” significava oferecer uma coroa de rosas (as “ave-marias”) a Nossa Senhora.

Não se reduz a um “amuleto” ou “objeto mágico” de pôr ao pescoço. É antes um exercício de abandono dos nossos afãs nos corações de Jesus e de sua mãe. Pode fazer-se em qualquer lugar ou hora do dia, de modo individual, em grupo, família ou comunidade, com a maior simplicidade. Mesmo se nos distraímos, podemos oferecer essas distrações a Nossa Senhora.

Além disso, bate ao ritmo da nossa vida e dos problemas do mundo. Durante a sua recitação, com o olhar e o coração de Maria, vamos meditando os mistérios gozosos, dolorosos, luminosos e gloriosos de Cristo. Ao mesmo tempo, integramos neles a nossa própria vida e a do mundo, tecida de alegrias e de dores, de sombras e de luz, de perturbação e de esperança. (…)

Correspondamos, então, generosamente, ao pedido do Papa Francisco invocando a proteção maternal da Virgem Maria, Mãe espiritual da humanidade, e a intercessão dos santos Francisco e Jacinta Marto, para que nos ajudem a libertar desta pandemia e das suas terríveis consequências económicas e sociais.

Cardeal António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Na internet é fácil encontrar ajuda para rezar o Rosário, concretamente em https://catequese.leiria-fatima.pt , com uma proposta para cada dia do mês de Maio

 

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As duas caminhadas dos discípulos de Emaús e nós

Duas viagens: uma fácil, de dia, e outra cansativa, de noite. E no entanto, a primeira tem lugar na tristeza; a segunda, na alegria. Na primeira, há o Senhor que caminha ao lado deles, mas não o reconhecem; na segunda, já não o veem, mas sentem-no próximo. Na primeira estão desanimados e sem esperança; na segunda, correm a levar aos outros a boa notícia do encontro com Jesus Ressuscitado.

Os dois caminhos diferentes daqueles primeiros discípulos dizem-nos, a nós discípulos de Jesus hoje, que na vida temos à nossa frente dois rumos opostos: há o caminho de quem, como aqueles dois na ida, se deixa paralisar pelas desilusões da vida e vá em frente com tristeza; e há o caminho de quem não se coloca em primeiro lugar a si próprio e os seus problemas, mas Jesus que nos visita, e os irmãos que esperam a sua visita, ou seja, os irmãos que nos esperam para que cuidemos deles. Eis o momento decisivo: deixar de orbitar em torno de si próprio, das desilusões do passado, dos ideais não realizados, das muitas coisas negativas que aconteceram na vida. Muitas vezes somos levados a orbitar, orbitar… Deixemos isto e vamos em frente, olhando para a maior e mais verdadeira realidade da vida: Jesus está vivo, Jesus ama-me. Esta é a maior realidade. E eu posso fazer algo pelos outros. É uma realidade boa, positiva, solar, bela! Eis a inversão de marcha: passar dos pensamentos sobre o meu eu para a realidade do meu Deus. (…)

Escolhamos a vereda de Deus, não a do eu (…) Descobriremos que não há imprevisto, não há subida, não há noite que não se possa enfrentar com Jesus.

Papa Francisco, Regina Caeli, 26 de Abril, 2020

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57ª Semana de Oração pelas Vocações Consagradas

57ª SEMANA DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES CONSAGRADAS

26 de Abril – 3 de Maio de 2020

ORAÇÃO

Vem, Senhor Jesus, verdadeiro Filho de Deus, Bom e Belo Pastor, caminha hoje sobre as águas que agitam o nosso mundo atribulado. Abre os nossos ouvidos e o nosso coração à Tua voz que acalma, chama e envia.

Dá firmeza ao nosso caminhar, infunde em nós a Tua coragem, ensina-nos a reconhecer em cada dificuldade, em cada momento de dor ou de incerteza, a Tua presença que dissipa todo o medo.

Sobe para a barca da nossa vida para seres o dono do leme, pois seguros navegamos sempre que estás no meio de nós.

Aceita a nossa gratidão e o nosso louvor, Senhor Jesus, verdadeiro Filho de Deus, Bom e Belo Pastor. Amen!

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3º Domingo da Páscoa – Ano A

«Ficai connosco, Senhor»

O Evangelho deste Domingo o terceiro de Páscoa refere-se à célebre narração dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35). Conta que dois seguidores de Cristo os quais, no dia depois do sábado, isto é, o terceiro após a sua morte, tristes e abatidos deixaram Jerusalém e dirigiam-se para uma aldeia pouco distante chamada Emaús. Ao longo do caminho aproximou-se deles Cristo ressuscitado, mas eles não o reconheceram. Vendo-os aflitos, Jesus explicou, com base nas Escrituras, que o Messias tinha que sofrer e morrer para alcançar a sua glória. Depois, entrou com eles em casa, sentou-se à mesa, abençoou o pão e partiu-o, e nesse momento reconheceram-n’O, mas ele desapareceu, deixando-os cheios de admiração diante daquele pão partido, novo sinal da sua presença. Imediatamente os dois voltaram para Jerusalém e contaram o que tinha acontecido aos outros discípulos.

A localidade de Emaús não foi identificada com certeza. Existem várias hipóteses, e isto é sugestivo, porque nos deixa pensar que Emaús representa na realidade todos os lugares: a estrada que nos conduz é o caminho de todos os cristãos, aliás, de todos os homens. Nas nossas estradas Jesus ressuscitado faz-se companheiro de viagem, para reavivar nos nossos corações o calor da fé e da esperança e partir o pão da vida eterna. No diálogo dos discípulos com o viandante desconhecido impressiona a expressão que o evangelista Lucas coloca nos lábios de um deles: “Nós esperávamos…” (24, 21). Este verbo no passado diz tudo: Acreditámos, seguimos, esperámos… mas acabou. Também Jesus de Nazaré, que se mostrou um profeta poderoso em obras e em palavras, falhou, e nós ficamos desiludidos. Este drama dos discípulos de Emaús surge como um espelho da situação de muitos cristãos do nosso tempo: parece que a esperança da fé tenha falhado. A própria fé entra em crise, por causa de experiências negativas que nos fazem sentir abandonados pelo Senhor. Contudo, esta estrada para Emaús, na qual caminhamos, pode tornar-se uma via de purificação e maturação do nosso crer em Deus. Também hoje podemos entrar em diálogo com Jesus, escutando a sua palavra. Também hoje Ele parte o pão por nós e doa-se a si mesmo como nosso Pão. Dessa maneira, o encontro com Cristo ressuscitado, que é possível também hoje, doa-nos uma fé mais profunda e autêntica, harmonizada, por assim dizer, através do fogo do evento pascal; uma fé robusta porque se alimenta não com ideias humanas, mas com a Palavra de Deus e a sua presença real na Eucaristia.

Este maravilhoso texto evangélico já contém a estrutura da Santa Missa: na primeira parte a escuta da Palavra através das Sagradas Escrituras; na segunda a liturgia eucarística e a comunhão com Cristo presente no Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue. Ao alimentar-se nesta dúplice mesa, a Igreja edifica-se incessantemente e renova-se dia após dia na fé, na esperança e na caridade.

Bento XVI, Regina Coeli (resumo), 6 de Abril, 2008

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