“Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas”

Olhemos então para a fé da mulher, que o Senhor louva, dizendo que é “grande”. Em que consiste então a sua fé? A mulher não é rica de conceitos, mas de factos: a cananeia aproxima-se, prostra-se, insiste, mantém um diálogo franco com Jesus, supera todos os obstáculos para conseguir falar com ele. Eis aqui a concretização da fé, que não é uma etiqueta religiosa – a fé não é uma etiqueta religiosa – mas uma relação pessoal com o Senhor. Quantas vezes se cai na tentação de confundir a fé com uma etiqueta? A fé da mulher não é feita de protocolo teológico, mas de insistência: bate à porta, bate, bate, não é feita de palavras, mas de oração. E Deus não resiste quando se lhe reza. Por isso disse: “Pedi e dar-se-vos-á, procurai e encontrareis, chamai e abrir-se-vos-á” (Mt 7, 7).

Irmãos e irmãs, à luz de tudo isto podemos fazer a nós próprios algumas perguntas a partir da fé da mulher: como é a minha fé? Está encerrada em conceitos e palavras, ou é verdadeiramente vivida, com a oração e a acção? Sei dialogar com O Senhor, sei insistir com ele, ou contento-me em recitar algumas fórmulas belas?

Papa Francisco, Angelus, 20 de Agosto, 2023

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Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria

– Hoje, a Virgem Mãe de Deus foi elevada à glória do céu. Ela é a aurora e a imagem da Igreja triunfante, ela é sinal de consolação e esperança para o vosso povo peregrino. Vós não quisestes que sofresse a corrupção do túmulo aquela que gerou e deu à luz o Autor da vida, vosso Filho feito homem. (Prefácio da Missa da Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria).

– Esta solenidade fala do nosso futuro, diz-nos que também nós estaremos ao lado de Jesus na alegria de Deus e convida-nos a ter coragem, a acreditar que o poder da Ressurreição de Cristo pode agir também em nós, tornando-nos homens e mulheres que, todos os dias, procuram viver como ressuscitados, levando à obscuridade do mal que existe no mundo, a luz do bem . (Bento XVI, Angelus, 15 de Agosto, 2011).

– Com a Ressurreição de Cristo salta à vista a poeira de toda a iniquidade e falsidade e morte, e já se vê a «assunção» da nossa frágil humanidade em Cristo e por Cristo até Deus Pai. «Cristo foi ressuscitado (…) dos mortos, primícias (…) dos que adormeceram» (1 Coríntios 15,20). Ele é, portanto, o primeiro Homem a ser ressuscitado. E se é o primeiro e primícias, então representa-nos a todos e constitui promessa e certeza para todos. Nele a morte foi vencida para todos. A esperança fundamenta-se na certeza deste Acontecimento principal da Vida do Senhor, que dá significado a todos os outros acontecimentos da sua Vida, ao inteiro Antigo Testamento, à Igreja e à vida de todos os homens. (António Couto).

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“Tende confiança. Sou Eu. Não temais”

O Evangelho do 19º Domingo do Tempo Comum, Ano A , (Mt 14,22-33), apresenta-nos Jesus, de noite, a caminhar sobre as águas do lago da Galileia ao encontro dos discípulos. Não se trata de uma demonstração de grandeza e de poder. Por trás do caminhar sobre as águas, há uma mensagem, não imediata, que deve ser compreendida por nós. Naquele tempo as grandes extensões de água eram consideradas moradas de forças malignas, não domináveis pelo homem. Eis o sentido do gesto: as potências malignas, que nos assustam e não conseguimos dominar, com Jesus são redimensionadas. Ele, caminhando sobre as águas, quer dizer: “Não tenham medo, eu coloco, sob os meus pés, os teus inimigos”. Esses inimigos são a morte, o pecado, o diabo, não as pessoas.

Com os discípulos é preciso aprender a “invocar e acolher Jesus” nesses momentos, dizendo como São Pedro, “Senhor, salva-me!”. É bonita  esta oração, com a qual se expressa a certeza de que o Senhor pode salvar-nos, que Ele vence o nosso mal e os nossos medos. E depois os discípulos acolhem. Primeiro invocam, depois acolhem Jesus na barca. O texto diz que logo que subiu para a barca, o “vento amainou”. O Senhor sabe que a barca da vida e a barca da Igreja estão ameaçadas pelos ventos contrários e que o mar sobre o qual navegamos frequentemente está agitado. Ele salva-nos da fadiga da navegação, convida-nos a enfrentar as dificuldades, para que também estas se convertam em lugares de salvação, visto que Jesus as vence, se convertam em ocasiões para o encontrar. Na verdade, nos nossos momentos de obscuridade vem ao nosso encontro, pedindo para ser acolhido, como nessa noite no lago.

Como vai a minha fé? Creio que Cristo é mais forte do que as ondas e os ventos contrários? Sobretudo, navego com Jesus e entrego-lhe o leme da barca da minha vida?

Papa Francisco, Angelus (resumo), 13 de Agosto, 2023

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19º Domingo do Tempo Comum – Ano A

O Evangelho do 19º Domingo do Tempo Comum (Ano A), (Mt 14,22-33), diz logo no início : “Depois de ter saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a subir para o barco e a esperá-l’O na outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. Logo que a despediu, subiu a um monte, para orar a sós. Ao cair da tarde, estava ali sozinho”. Depois o Evangelho continua com a narração de Pedro que caminha sobre as águas quando põe a sua confiança em Jesus, mas afunda-se quando coloca a confiança nas suas próprias forças.

Como Elias, que se retirou para o monte para orar, como Jesus, que fez o mesmo, como Paulo, que orava pelos judeus e por todos os homens, os cristãos temos que ser pessoas de oração. Desde meados do século XX, repetiu-se muitas vezes que “o cristão do século XXI será místico ou não será cristão”. A princípio parecia uma afirmação exagerada, mas, com o passar do tempo, mostrou-se verdadeira. Hoje já não se pode ser cristão apenas por herança sociológica, porque se nasceu num país de tradição cristã ou porque os próprios pais o são. Na sociedade ocidental contemporânea, a prática da religião tornou-se uma escolha pessoal, em que o ambiente não só não ajuda, como também dificulta.

Para que surja a fé num ambiente pós-cristão, é necessária uma experiência do mistério (isso é a mística), um encontro pessoal com Cristo, que é o coração do cristianismo. E para mantê-la é preciso perseverar na amizade com ele, por meio da oração assídua. Santa Teresa de Jesus diz que a única porta para entrar no castelo interior, onde Deus mora e onde acontecem as coisas de muito segredo entre Deus e a alma, é a oração. Não há outra caminho para estabelecer uma relação íntima de amizade com ele.

Se estamos convencidos de que queremos encontrar-nos com Cristo, devemos convencer-nos acerca do meio para alcançá-lo: a oração. E temos que praticá-la com insistência, mesmo que isso nos custe trabalho. Não podemos desculpar-nos com a falta de tempo ou que há outras coisas mais urgentes. Quando dizemos que não temos tempo para orar, devemos reorganizar as nossas vidas, pois isso significa que o nosso tempo está mal distribuído. Certamente, para reorganizar a própria vida e dedicar tempo à oração, deve-se ter claro que a relação com Deus é algo não só importante, mas essencial na nossa vida, absolutamente “prioritário”.

A oração é a oferta do nosso tempo e de nós mesmos a Deus, sem necessidade de outras motivações fora do amor. Quando mais ocupados estivermos, quando mais nos custa deixar todas as coisas para dar o nosso tempo a Deus na oração, mais autêntica e valiosa será.

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D. Rui Valério, novo Patriarca de Lisboa

O Papa Francisco nomeou D. Rui Valério como novo Patriarca de Lisboa. A nomeação foi tornada pública esta manhã, dia 10 de agosto, pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança desde 2018, D. Rui Valério, de 58 anos, sucede a D. Manuel Clemente, tornando-se, assim, o 18.º Patriarca de Lisboa.

D. Rui Valério vai tomar posse da diocese no dia 2 de setembro, sábado, às 11 horas, na Sé Patriarcal, diante do Cabido. A entrada solene tem lugar no dia seguinte, Domingo, dia 3 de setembro, às 16 horas, na Igreja de Santa Maria de Belém (Jerónimos).

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Sede surfistas do amor

Amigos, para terminar quero deixar-vos uma imagem. Como sabem muitos de vós, existe a norte de Lisboa uma localidade – Nazaré – onde se podem admirar ondas que chegam aos trinta metros de altura tornando-se uma atração mundial, especialmente para os surfistas que as cavalgam. Nestes dias, também vós enfrentastes uma verdadeira onda, não de água, mas de jovens, jovens como vós, que afluíram a esta cidade. Mas, com a ajuda de Deus, com tanta generosidade e apoiando-vos mutuamente, conseguistes cavalgar esta grande onda. Cavalgastes esta grande onda: sois mesmo corajosos! Obrigado! Quero dizer-vos: continuai assim, continuai a cavalgar as ondas do amor, as ondas da caridade, sede surfistas do amor! E esta é a tarefa que vos confio neste momento: que o serviço prestado por vós nesta Jornada Mundial da Juventude seja a primeira de tantas ondas de bem; cada vez sereis levados mais alto, mais perto de Deus, e isto permitir-vos-á ver duma perspetiva melhor o vosso caminho.

Papa Francisco, Encontro com os voluntários da JMJ, Algés, 6 de Agosto, 2023

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A casa da Mãe, casa da alegria

Rezámos o terço, uma oração muito bela e vital; vital, porque nos põe em contacto com a vida de Jesus e de Maria. E meditámos os mistérios da alegria, que nos lembram que a Igreja não pode ser senão a casa da alegria. A Capelinha onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja: acolhedora, sem portas. A Igreja não tem portas, para que todos possam entrar. E aqui podemos insistir também no facto que todos podem entrar, porque esta é a casa da Mãe, e uma mãe tem sempre o coração aberto para todos os seus filhos, todos, todos, todos, sem excluir nenhum.

(…) Queridos irmãos, sintamos hoje a presença de Maria Mãe; a Mãe que não cessa de dizer: «Fazei o que Jesus vos disser»; indica-nos Jesus. Mas também a Mãe que diz a Jesus: «Faz o que estes Te estão a pedir». Esta assim é Maria. Esta é a nossa Mãe, Nossa Senhora solícita em estar perto de nós. Que Ela nos abençoe a todos! Amen.

Papa Francisco, Discurso na Capelinha das Aparições, Fátima, 5 de Agosto, 2023

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Todos, todos, todos

Quando tenho de falar sobre o modo como abrir perspetivas apostólicas, toca-me muito aquela passagem do Evangelho em que os convidados se recusam a ir à festa de núpcias do filho quando já está tudo preparado. Que diz então o senhor, o senhor que preparou a festa? «Saiam pelas periferias e tragam todos, todos, todos, todos: sãos, doentes, crianças e adultos, bons e pecadores. Todos». Que a Igreja não seja uma alfândega para selecionar quem entra e quem não entra. Todos, cada um com a sua vida às costas, com os seus pecados, assim como é diante de Deus, como é diante da vida… Todos. Todos. Não levantemos alfândegas na Igreja. Todos.

Queridos irmãos e irmãs, digo a todos, leigos, religiosos, religiosas, sacerdotes, bispos, a todos, a todos: não tenhais medo, lançai as redes. Não vivais acusando «isto é pecado, isso aí não é pecado». Vinde todos… depois falamos. Mas, primeiro, sintam o convite de Jesus, depois virá o arrependimento e enfim a proximidade de Jesus. Por favor, não transformem a Igreja numa alfândega: aqui entram os justos, os que estão em ordem, os que estão bem casados… todos os outros lá fora. Não. A Igreja não é isto. Justos e pecadores, bons e maus, todos, todos, todos. Será depois o Senhor a ajudar-nos a resolver este assunto. Mas todos.

Papa Francisco, Homilia das Vésperas no Mosteiro dos Jerónimos, 2 de Agosto, 2023

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Resplandecer, ouvir e não temer

Tornamo-nos luminosos, resplandecemos quando, tendo acolhido Jesus, aprendemos a amar como Ele. Amar como Jesus: isto torna-nos luminosos, isto leva-nos a fazer obras de amor. Não te deixes enganar, minha amiga, meu amigo! Tornar-te-ás luz no dia em que fizeres obras de amor. Ao contrário quando, em vez de fazer obras de amor aos outros, só pensas em ti mesmo como um egoísta, então a luz apaga-se.

No monte, uma nuvem luminosa cobre os discípulos. E desta nuvem fala o Pai. E que diz? «Escutai-O»! «Este é o meu Filho predileto, escutai-O» (Mt 17, 5). E é tudo… Tudo aquilo que se deve fazer na vida, está nesta palavra: escutai-O. Escutar Jesus. Todo o segredo está aqui. Escuta o que te diz Jesus. «Mas eu não sei o que Ele me diz!» Pega no Evangelho e lê o que diz Jesus, o que Ele diz ao teu coração…Escuta-O, porque Jesus dir-te-á qual é o caminho do amor. Escuta-O.

Sim, precisamente a vós, jovens, é que Jesus diz hoje: «Não tenhais medo», «não tenhais medo»!… Queridos jovens, gostaria de poder fixar cada um de vós nos olhos e dizer: Não temas, não tenhas medo! Mais, tenho uma coisa belíssima para vos dizer: já não sou eu, mas é o próprio Jesus que vos fixa agora…Ele diz-vos: «Não temais, não temais! Coragem, não tenhais medo!».

Papa Francisco, Eucaristia da JMJ 2023, Lisboa, 6 de Agosto, 2023

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A alegria tem pressa em se dar

Dá-me tanta alegria ver-vos! Obrigado por terdes viajado, por terdes caminhado e obrigado por estardes aqui! Estou a pensar que também a Virgem Maria teve de viajar para ver Isabel: «Levantou-Se e partiu apressadamente» (Lc 1, 39). Poderíamos perguntar-nos: Mas porque é que Maria Se levanta e vai apressadamente ter com a prima? Certamente porque acaba de saber que a prima está grávida; mas também Ela está. Então por que foi, se ninguém Lho pedira? Maria realiza um gesto não solicitado e sem ser obrigada; Maria vai porque ama e «quem ama voa, corre feliz» (A Imitação de Cristo, III, 5). Isto é o que o amor nos faz.

A alegria de Maria é dupla: acabara de receber o anúncio do anjo de que acolheria n’Ela o Redentor e também a notícia de que a prima estava grávida. Interessante! Em vez de pensar em Si mesma, pensa na outra. Porquê? Porque a alegria é missionária, a alegria não é para ficar numa pessoa, mas para levar alguma coisa. Pergunto: vós, que estais aqui, que viestes para vos encontrar, para encontrar a mensagem de Cristo, encontrar o sentido bom na vida… Isto, ides guardá-lo para vós ou levá-lo-eis aos outros? Que pensais fazer?

Papa Francisco, Vigília com os jovens, Lisboa, 5 de Agosto, 2023

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