Santa Teresinha do Menino Jesus – 1 de Outubro

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Santa Teresinha do Menino Jesus nasceu em 1873 na França, como última de nove filhos. Perdeu a mãe aos 5 anos. Foi criada por uma tia e pelas duas irmãs mais velhas. A morte da mãe e a ida das duas irmãs mais velhas para o Carmelo afectaram profundamente a pequena Teresa. Chorava muito, vivia isolada dentro do pequeno mundo da família e tinha dificuldade em abrir-se na direcção espiritual. Mas possuía uma vontade de ferro.

Aos 15 anos entrou no Carmelo. Queria ser santa a todo o custo. Mas aos poucos, diante das suas limitações e defeitos, ela foi-se dando conta de ser incapaz de conseguir a santidade. Ela descobriu que não é o nosso esforço que nos leva para perto de Deus, mas sim a bondade acolhedora de Deus que nos atrai e que, sem mérito algum nosso, nos abraça e santifica. A experiência da bondade do seu próprio pai ajudou-a a superar a imagem de Deus como juiz severo que condena e castiga. Teresinha foi amadurecendo ao longo dos poucos anos da sua vida, descobrindo que, diante de Deus, estamos sempre de mãos vazias. Ela dizia: “Senhor, Tu sabes que só tenho o dia de hoje para te amar”.

Os Evangelhos eram o seu livro de cabeceira. Neles encontrava sempre um consolo e uma orientação segura, mesmo no maior abandono. Foi na meditação dos Evangelhos que ela descobriu o seu “pequeno caminho” para chegar até Deus.

Havia momentos em que ela sentia Deus tão perto que parecia poder tocá-lo. Mas nos últimos 18 meses da sua vida Teresa viveu na escuridão total. Era como se Deus já não existisse; como se já não houvesse mais céu e que tudo fosse ilusão e puro engano. Foi uma provação terrível! Ela viveu o ateísmo de verdade. Mas maior que a noite escura era a sua fé na bondade de Deus, Pai que acolhe a sua filha.

Uma tuberculose dolorosa de longos meses levou-a à morte aos 24 anos de idade, no dia 1 de Outubro de 1897, aniversário da aprovação da Regra do Carmo. A sua vida foi tudo, menos um mar de rosas.

No coração da Igreja eu serei o amor

Não obstante a minha pequenez, quereria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo… Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos mas queria tê lo sido desde o princípio do mundo e continuar até à consumação dos séculos. Mas acima de tudo, ó meu amado Salvador, quereria derramar o sangue por Vós até à última gota.

Porque durante a oração estes desejos me faziam sofrer um autêntico martírio, abri as epístolas de São Paulo a fim de encontrar uma resposta. Casualmente fixei me nos capítulos XII e XIII da primeira epístola aos Coríntios; e li no primeiro que nem todos podem ser ao mesmo tempo Apóstolos, Profetas, Doutores, etc…. que a Igreja é formada por membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as mãos. A resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus desejos e não me trazia a paz.

Continuei a ler e encontrei esta frase que me confortou profundamente: Procurai com ardor os dons mais perfeitos; eu vou mostrar vos um caminho mais excelente. E o Apóstolo explica como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a caridade é o caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha encontrado a tranquilidade.

Ao considerar o Corpo Místico da Igreja, não conseguira reconhecer-me em nenhum dos membros descritos por São Paulo; melhor, queria identificar me com todos eles. A caridade ofereceu me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia actuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno.

Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Ó Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim será realizado o meu sonho”.

Santa Teresinha do Menino Jesus

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O que fizeste do teu irmão?

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Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa” (Mc 9, 41).

O individualismo é, sem dúvida, um dos traços que melhor caracteriza o homem de hoje. Como recordava o sociólogo americano D. Riesma na sua famosa obra “A multidão solitária” (1950), na época moderna o sagrado já não é o grupo nem a família, mas o indivíduo liberto e “auto-dirigido”.

Desgraçadamente este moderno individualismo nem sempre conduz à auto-afirmação da pessoa. Depois do toque de alarme dado por Ch. Lasch na obra “A cultura do narcisismo” (1979) não são poucos os que estão despertos perante um certo estilo de vida individualista que conduz à perda da identidade humana.

O indivíduo moderno defende “instintivamente” a sua liberdade, mas esta fica reduzida muitas vezes a uma defesa receosa da esfera privada. É uma liberdade sem conteúdo. O que importa é não comprometer-se com nada e com ninguém. Não depender dos outros. Exigir direitos sem assumir obrigações. Ocupar-se e preocupar-se só de si mesmo.

Este individualismo conduz a um perigoso isolamento. A pessoa desliga-se de tudo o que não seja o seu próprio interesse. Recusa o compromisso e inclusivamente o amor. Só se interessa pelo seu próprio eu. Os problemas pessoais são sobrevalorizados. A tranquilidade vai-se convertendo em meta suprema. O importante é evitar tensões e viver sem problemas.

Curiosamente, ao dar-se conta de que está só e sem ligações, o indivíduo perde a segurança. Necessita de estar de acordo com os demais, viver na moda, estar informado, ligar o televisor, ter a sensação de que não está só na vida. Necessita sentir-se vivo mas já não sabe o que é fazer surgir a vida a partir do amor.

Diante desta “cultura do eu”, o Evangelho continua a convidar para uma “cultura do nós”. A humanidade não é uma “multidão de indivíduos isolados. O mundo não termina no meu pé. Todo o ser humano é meu “próximo”. De todos me deverei sentir responsável, ainda que seja unicamente para “dar de beber um copo de água”. O individualismo contemporâneo não será humano enquanto não ouvir a pergunta de Deus: “Homem moderno e progressista, que fizeste do teu irmão?”.

J. A. Pagola

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26º Domingo do Tempo Comum – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 9,38-43.45-47-48)

Naquele tempo, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. Quem não é contra nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar.

Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo não se apaga».

Horizontes da Palavra

O texto de hoje coloca-nos mais uma vez no contexto do ensinamento de Jesus aos seus discípulos, enquanto caminhavam para Jerusalém. A partir de uma certa altura, Jesus mudou a sua estratégia, afastou-se das multidões e dedicou-se à formação mais intensa dos seus discípulos, pois estes mostravam-se incapazes de acolher a novidade do Evangelho, com a mudança radical de atitudes que ele implicava.

A primeira atitude a ser corrigida, nos versículos de hoje, é a de querer reservar o Espírito de Jesus como propriedade da comunidade. João queixa-se que um homem que não os seguia expulsava demónios em nome de Jesus. Atitude mesquinha, de querer dominar o Espírito de Deus, sequestrar o poder divino! Hoje, Jesus nos ensina a verdadeira atitude de um discípulo: “Não o proibais; … Quem não é contra nós é por nós”. Temos que aprender a acolher as manifestações verdadeiras do Espírito de Deus onde e através de quem elas se manifestam! Há um número incontável de homens e mulheres, que embora fora da Igreja Católica, neles está vivo o Espírito de Jesus, fazem o bem e comprometem-se activamente pela dignificação do próximo. Temos de olhar para eles como amigos e aliados, nunca como adversários.

A segunda parte do texto coloca-nos diante do problema do escândalo dos pequenos na comunidade. Aqui cumpre ressaltar que “os pequenos” neste texto não são as crianças, mas os humildes e pobres da comunidade cristã. E é bom lembrar o sentido original da palavra “escândalo”. Vem de um termo grego que significa “pedra de tropeço”. Então trata-se de uma situação em que os pequenos da comunidade “tropeçam”, isto é, não conseguem manter-se de pé ou afastam-se, por causa de certas atitudes dos dirigentes comunitários. Usando imagens e linguagem tipicamente semitas, Jesus manda cortar e lançar fora “a mão, o pé, e o olho”, que causam escândalos aos pequenos. Obviamente, não se propõe aqui uma mutilação física. “Mão” significa a nossa maneira de agir, “pé” o modo de caminhar na vida e “olho” a maneira de ver e julgar as coisas e até a própria mentalidade. Então o texto convida os dirigentes das comunidades cristãs a reverem o seu modo de agir, pensar e julgar, para averiguar se não estamos a causar a queda dos pequenos e humildes. Se descobrirmos que assim está a acontecer, então devemos “cortar e lançar fora”, ou seja, mudar o que causa o problema. Caso contrário, não experimentaremos na comunidade a presença do Reino de Deus, a vivência dos valores do Evangelho, que Jesus deu a vida para estabelecer.

Palavra para o caminho

Quem deveras ama a Deus, todo o bem ama, todo o bem quer, todo o bem favorece, todo o bem louva, com os bons se junta sempre e os favorece e defende; não ama senão verdades e coisa que seja digna de amar. Pensais que é possível, a quem mui deveras ama a Deus, amar vaidades, ou riquezas, ou coisas de deleites do mundo, ou honras, ou tenha contendas ou invejas? Não, que nem pode; e tudo, porque não pretende outra coisa senão contentar ao Amado” (Santa Teresa de Jesus).

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São José

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Não sei verdadeiramente como se deve pensar na Rainha dos Anjos no tempo em que tanto se angustiou com o Menino Jesus sem dar graças a São José pelo auxílio que lhe prestou.

Santa Teresa de Jesus 

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25º Domingo do Tempo Comum – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 9,30-37)

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia, mas Ele não queria que ninguém o soubesse; porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens e eles vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar.

Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?» Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».

Reflexão

Marcos põe na boca de Jesus um segundo anúncio da sua paixão, morte e ressurreição. Os discípulos mantêm-se num estranho silêncio diante deste anúncio. Marcos explica que eles não entendem a linguagem de Jesus e que têm medo de O interrogar. As palavras de Jesus são claras; o que não é claro, para a mentalidade desses discípulos, é que o caminho do Messias tenha de passar pela cruz e pelo dom da vida. A morte, na perspectiva dos discípulos, não pode ser caminho para a vitória. O “não entendimento” é, aqui, o mesmo que discordância: intimamente, eles discordam do caminho que Jesus escolheu seguir, pois acham que o caminho da cruz é um caminho de fracasso. Jesus faz uma pergunta: “Que discutíeis pelo caminho?”. Marcos informa os seus leitores de que os discípulos tinham discutido, pelo caminho, “sobre qual deles era o maior”. Apesar do que Jesus lhes tinha dito pouco antes acerca do seu caminho de cruz, os discípulos recusavam-se a abandonar os seus próprios sonhos materiais e a sua lógica humana. Jesus ataca o problema de frente e com toda a clareza, pois o que está em jogo afecta a essência da sua proposta. Na comunidade de Jesus não há uma cadeia de grandeza, com uns no cimo e outros na base. Na comunidade de Jesus, só é grande aquele que é capaz de servir e de oferecer a vida aos seus irmãos. Dessa forma, Jesus deita por terra qualquer pretensão de poder, de domínio, de grandeza, na comunidade do Reino.

Jesus completa a instrução aos discípulos com um gesto. Toma uma criança, coloca-a no meio do grupo, abraça-a e convida os discípulos a acolherem as “crianças”, pois quem acolhe uma criança acolhe o próprio Jesus e acolhe o Pai. As crianças eram um símbolo dos débeis, dos pequenos, dos sem direitos, dos pobres, dos indefesos, dos insignificantes, dos marginalizados. São esses, precisamente, que a comunidade de Jesus deve abraçar. No contexto da conversa que Jesus está a ter com os discípulos, o gesto de Jesus significa o seguinte: o discípulo de Jesus é grande, não quando tem poder ou autoridade sobre os outros, mas quando abraça, quando ama, quando serve os pequenos, os pobres, os marginalizados, aqueles que o mundo rejeita e abandona. No pequeno e no pobre que a comunidade acolhe, é o próprio Jesus (que também foi pobre, débil, indefeso) que Se torna presente.

Palavra para o caminho

O poder em si é um bem para ser usado ao serviço dos outros! Todos nós somos vulneráveis diante da tentação do poder. Levemos a sério o ensinamento de hoje: só pode ser discípulo de Jesus quem procura ser servo/a de todos! A nossa força vem da Cruz de Jesus, a fraqueza do Deus “que escolheu o que o mundo despreza, acha vil e sem valor, para destruir o que o mundo pensa que é importante” (1Cor 1,28). Não podemos esquecer que o importante não é ficar bem, mas fazer o bem.

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Santo Alberto de Jerusalém – 17 de Setembro

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Os primeiros Carmelitas e o Patriarca Alberto

Numa pintura antiga do século XIII, conservada num dos nossos conventos da Itália, apare­ce Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, entregando a Regra aos Carmelitas, lá no Monte Carmelo. De acordo com as informações do próprio prólogo, os primeiros carmelitas já viviam em comunidade sob a obediência de B., perto de uma fonte, lá no Monte Carmelo. Eles tinham encontrado uma nova maneira de viver o Evangelho e queriam que ela tivesse a aprovação da Igreja. Por isso, redigiram uma “proposta” e foram falar com Alberto, Patriarca de Jerusalém. Esta pro­posta é o rascunho da futura Regra do Carmo, pois, como o próprio Alberto afirma no prólogo (Regra do Carmo, 3), ele aceitou a proposta e, com a sua autoridade, transformou-a em Forma de Vida, não só para aquele primeiro grupo de carmelitas, mas também para todos nós que viemos depois. Tudo isto aconteceu entre 1206 e 1214, os anos em que Alberto foi Patriarca de Jerusalém. Não sabemos o ano certo. Alguns dizem que foi no ano 1209. É possível.

Nas poucas frases do prólogo Alberto tem a preocupação de situar os Carmeli­tas dentro da tradição do Povo de Deus. Imitando o jeito com que o apóstolo Paulo costumava começar suas cartas (Rm 1,1; 1Cor 1,1; 2Cor 1,1), Alberto apresenta a própria Regra como sendo o prolongamento e a actualização do Novo Testamento para os Carmelitas. Além disso, citando a Carta aos Hebreus (Hb 1,1), ele faz saber que a vida dos carmelitas está em continuidade com a tradição dos Santos Padres da Igreja. Ele diz: Muitas vezes e de muitas maneiras os Santos Padres estabeleceram como cada um, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou a forma de vida religiosa que tiver escolhido, deve viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-lo fielmente com coração puro e consciência serena. Naquele tempo, como hoje, havia muitas formas de se “viver em obséquio de Jesus Cristo”. Havia os eremitas, os romeiros, os monges, os templários, os mendicantes. Havia as Regras de Santo Agostinho, São Basílio, São Bento, São Francisco. Havia muitas Ordens e Congregações. Mas Alberto reconhece que aquele grupo de carmelitas do Monte Carmelo tinha um caminho diferente, uma proposta nova. Apesar de serem chamados de eremitas como os antigos monges, os primeiros carmelitas tinham elementos novos e diferentes na sua maneira de viver o Evangelho. Nenhuma das Regras existentes correspondia à vida que eles queriam levar. Eles precisavam de algo novo.

A novidade deste caminho, próprio dos carmelitas, vai ser descrita na Forma de Vida que será a Regra do Carmo. É a Regra mais curta de todas que existem na Igreja! Cada carmelita, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou o modo de vida religiosa que tiver escolhido, procura viver esta Regra dentro do seu próprio estado de vida: homem ou mulher; casado ou solteiro; frade ou sacerdote; irmã de clausura ou de congregação; leigo, leiga ou membro do clero; ordem primeira, segunda ou terceira; membro de movimentos ou de associações que se inspiram na Regra do Carmo, … Até hoje, todos nós nos reunimos ao redor desta mesma fonte para beber da sua água que brota para a vida eterna.

Carlos Mesters, O. Carm.

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Senhora do Carmo, dá-me…

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Senhora do Carmo, dá-me um pouco da tua força para a minha fraqueza; um pouco da tua coragem para o meu desalento; um pouco da tua compreensão para o meu problema; um pouco da tua plenitude para o meu vazio…

Senhora do Carmo, dá-me um pouco da tua rosa para o meu espinho; um pouco da tua certeza para a minha dúvida; um pouco do teu sol para o meu inverno; um pouco da tua disponibilidade para o meu cansaço; um pouco do teu rumo infinito para o meu extravio…

Senhora do Carmo, dá-me um pouco da tua neve para o barro do meu pecado; um pouco da tua luminosidade para a minha noite; um pouco da tua alegria para a minha tristeza…

Mãe querida, dá-me um pouco da tua sabedoria para a minha ignorância; um pouco do teu amor para o meu rancor; um pouco da tua pureza para o meu pecado; um pouco da tua vida para a minha morte; um pouco da tua transparência para o meu escuro; um pouco do teu Filho Jesus para este teu filho pecador…

Com estes “poucos”, Senhora do Carmo, eu serei tudo… Amen.

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24º Domingo do Tempo Comum – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 8, 27-35)

Jesus partiu com os discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe. No caminho, fez aos discípulos esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?» Disseram-lhe: «João Baptista; outros, Elias; e outros, que és um dos profetas.» «E vós, quem dizeis que Eu sou?» – perguntou-lhes. Pedro tomou a palavra, e disse: «Tu és o Messias.» Ordenou-lhes, então, que não dissessem isto a ninguém. Começou, depois, a ensinar-lhes que o Filho do Homem tinha de sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar depois de três dias. E dizia claramente estas coisas.

Pedro, desviando-se com Ele um pouco, começou a repreendê-lo. Mas Jesus, voltando-se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo-lhe: «Vai-te da minha frente, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens.» Chamando a si a multidão, juntamente com os discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la.

Reflexão

O episódio de Cesareia de Filipe ocupa um lugar central no Evangelho de Marcos. Depois de um tempo de convivência com ele, Jesus faz aos seus discípulos uma pergunta decisiva: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Em nome de todos, Pedro responde sem duvidar: “Tu és o Messias”. Finalmente, parece que tudo está claro. Jesus é o Messias enviado por Deus e os discípulos seguem-no para colaborar com ele.

Jesus sabe que não é bem assim. Têm de saber que o sofrimento o acompanhará sempre na sua tarefa de abrir caminhos ao reino de Deus. No final, será condenado pelos dirigentes religiosos e morrerá executado violentamente. Somente ao ressuscitar se verá que Deus está com ele.

Pedro revolta-se diante do que ouve. Segundo ele, Jesus deve mudar a maneira de pensar. Jesus reage com uma dureza desconhecida. “Vai-te da minha frente, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens”. Em seguida, chama o povo e os seus discípulos para que escutem bem as suas palavras: “Aquele que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Seguir Jesus não é obrigatório. É uma decisão livre de cada um. Porém temos de levar a sério Jesus. Se quisermos segui-lo temos de estar dispostos a duas coisas. Primeiro, renunciar a projectos ou planos que se opõem ao reino de Deus. Segundo, aceitar os sofrimentos que nos podem vir por seguir Jesus e identificar-nos com a sua causa.

Palavra para o caminho

Os cristãos têm esquecido, com demasiada frequência, que a fé não consiste fundamentalmente em crer em algo, mas em crer em Alguém. O decisivo é, verdadeiramente, encontrar-se com a pessoa de Jesus Cristo e descobrir, por experiência pessoal, que ele é o único que pode responder, de maneira plena, às nossas perguntas mais decisivas, aos nossos anseios mais profundos e às nossas necessidades mais fundamentais. Na estrada para o Pai ninguém precede Jesus; todos O seguem. Ele vai à frente marcando o caminho e tudo o que Ele viver e Lhe acontecer será norma.

Nós cristãos temos de responder, com sinceridade, a esta pergunta interpeladora de Jesus: “e vós, quem dizeis que eu sou?”. Ibn Arabi escreveu que “o que que foi tomado pela enfermidade chamada Jesus, já não se pode curar”.

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Maria, és a Mãe que Jesus me deu

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Recordo-me que, quando morreu minha mãe, fiquei da idade de doze anos, pouco menos. Quando comecei a perceber o que tinha perdido, fui-me, aflita, a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei-Lhe, com muitas lágrimas, que fosse minha Mãe. Embora o fizesse com simplicidade, parece-me que me tem valido; porque conhecidamente tenho encontrado esta Virgem soberana, sempre que me tenho encomendado a Ela.

Santa Teresa de Jesus

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