Teresa de Ahumada nasceu no dia 28 de Março de 1515. De entre os seus 11 irmãos, Teresa evidenciou ser a mais inteligente e agradável no trato, daí a mais querida de seus pais. Desde criança se imprimiu no seu espírito um forte desejo do Céu e da eternidade. Com apenas 13 anos perdeu a mãe. A partir daí foi junto de uma imagem de Nossa Senhora, na sua igreja paroquial, pedindo-lhe que fosse a sua mãe. Ao entrar na adolescência e juventude, órfã de mãe, Teresa sente-se um pouco desorientada e, com os seus primos, perde-se em futilidades e vaidades próprias da idade, inspiradas pelos romances que adorava ler. O seu pai viu-se obrigado a interná-la no Colégio de Irmãs de Nossa Senhora da Graça. Uma jovem freira da comunidade, de quem Teresa se tornou amiga, foi a sua então educadora e ajudou-a a redescobrir os grandes valores humanos e cristãos. Começou a pensar na possibilidade de vir a ser também ela religiosa, e decidiu entrar no convento de Nossa Senhora da Encarnação, das carmelitas, onde já se encontrava uma das sumas amigas, Joana Soares. O seu pai não esteve de acordo, mas Teresa insistiu e ingressou neste convento de clausura, embora lhe custasse muito separar-se da casa paterna.
Depois da Profissão Religiosa, foi atingida por uma estranha e grave doença que a levou às portas da morte, ao ponto de se ter preparado a sepultura no cemitério do convento. O seu pai não desiste e acredita na recuperação de Teresa, encomenda-a a S. José e, passados quatro dias, sai dum coma profundo. Desde então, tornou-se grande devota de S. José, devoção que depois legou a todo o Carmelo reformado.
Teresa conheceu os segredos de Deus que lhe eram transmitidos pela oração. Recorreu aos melhores teólogos do seu tempo para que a ajudassem no seu itinerário orante e contemplativo. Entre os quais encontra-se S. João da Cruz, S. Francisco de Borja, S. Pedro de Alcântara, S. João de Ávila e outros de grande fama no seu tempo. Um dia ouviu a voz do Senhor que lhe dizia: «Já não quero que tenhas conversas com homens, mas com anjos». Deus revelou-lhe verdades e incutiu-lhe grandes desejos de santidade e de serviço à Igreja.
Quando a Igreja, por causa dos protestantes, proibiu as edições da Bíblia em língua que não fosse o latim, Teresa sentiu muita pena e ouviu Cristo que lhe disse: «Não te preocupes. Eu serei o teu livro vivo». Por esta altura, sentiu o impulso que a inspirava a renovar a Ordem do Carmo. Assim, passando por muitos sofrimentos e sempre com a ajuda de Deus, fundou o primeiro convento, o de S. José de Ávila, da nova família das carmelitas descalças. Nas obras do seu primeiro convento, muito a ajudaram amigos e familiares. Foi inaugurado a 24 de Agosto de 1562, dia em que Teresa se descalçou, mudou de hábito e começou a chamar-se Teresa de Jesus.
A cidade de Ávila quis destruir o convento por não concordar com a reforma por ela iniciada e por já existirem muitos nesta cidade abulense. Mas quando Deus quer e o homem colabora, nenhuma oposição faz parar uma boa obra. A sua segunda fundação foi em Medina del Campo, onde conheceu S. João da Cruz, ficando encantada com ele e pedindo-lhe que fosse o primeiro carmelita descalço.
Em 1571, foi nomeada pelos superiores, prioresa da comunidade onde havia estado, a do Convento da Encarnação. Começou o seu mandato colocando as chaves do convento nas mãos duma imagem de Nossa Senhora do Carmo, a quem colocou na cadeira priorial, e Teresa a seus pés. Assim conquistou a simpatia da comunidade de quase 200 freiras, até então enfurecida com as suas aventuras. É aqui, neste mesmo lugar, que um dia ouviu o Senhor dizer-lhe: «Teresa, se não tivesse criado o Céu, para ti e por tua causa o criaria agora».
Durante o seu priorato na Encarnação, chamou para Ávila S. João da Cruz, reconhecendo-o como o único capaz de a ajudar naquela difícil empresa, fazendo dele o confessor do convento. Quando o apresentou à comunidade disse: «Irmãs, trago-vos por confessor um Santo!».
Ao todo, fundou dezassete conventos. O último foi o de Burgos. O Inverno estava áspero e a saúde de Teresa muito débil. Mas no meio das maiores dificuldades, erigiu o último convento. Regressada a Ávila, mandaram-na para Alba de Tormes onde caiu de cama dizendo: «Não me lembro de me ter deitado tão cedo desde há muitos, muitos anos». Não se levantou mais. Nas suas últimas palavras de despedida disse: «Perdoem-me os maus exemplos que viram em mim, que sou má freira. Guardem a Regra e as Constituições, e não é preciso mais para as canonizar».
Perguntaram-lhe se, morrendo queria ser enterrada em Ávila, ao que respondeu perguntando: «Mas aqui não terão um pouco de terra que me emprestem até ao dia do Juízo?». E morreu, exclamando: «Por fim, Senhor, morro filha da Igreja!». Eram nove horas da noite do dia 4 de Outubro de 1582. Nesse ano, o calendário foi actualizado pelo que o dia seguinte seria o 15 de Outubro.
Teresa de Jesus foi uma mulher extremamente alegre, humilde e agradecida. A Frei João da Miséria que a pintou num quadro, respondeu: «Deus te perdoe, Frei João, que me pintaste feia e enrugada!». Era de grande simpatia e afabilidade no trato com todos. Relacionava-se com Deus como com Amigo. Pela sua experiência, vida e escritos tornou-se Mestra e Doutora da Igreja sobretudo pelos ensinamentos em matéria de oração.
Um dia disseram-lhe: «Madre, dizem que sois bonita, inteligente e santa. Que dizeis de vós mesma?». Teresa respondeu: «Bonita, vê-se bem. Inteligente, penso que nunca fui tonta. E santa, a veremos, assim Deus o queira!».
Deixou-nos preciosos livros espirituais, tais como: Livro da Vida, Caminho de Perfeição, Moradas ou Castelo Interior, Livro das Fundações, Poesias, Exclamações, e mais de 500 Cartas. O seu conteúdo espiritual e intuições teológicas são de tal maneira profundos que a Igreja a declarou Doutora da Igreja.
«Santa Teresa de Jesus é uma verdadeira mestra de vida cristã para os fiéis de todos os tempos. Na nossa sociedade, muitas vezes desprovida de valores espirituais, Santa Teresa ensina-nos a ser incansáveis testemunhas de Deus, da sua presença e da sua acção; ensina-nos a sentir realmente essa sede de Deus que existe no nosso coração, esse desejo de ver Deus, de buscá-lo, de ter uma conversa com Ele e de ser seus amigos. Esta é a amizade necessária para todos e que devemos buscar, dia após dia, novamente» (Bento XVI).
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