Meditação dos Mistérios Gozosos na Capelinha das Aparições
Fátima, 20 de Fevereiro de 2016
Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, Senhora de Fátima, Esplendor e Formosura do Carmelo! A Família Carmelita de Portugal encontra-se de novo junto de ti. Esta é a trigésima vez que ela se reúne aqui em Fátima, e este ano sob o lema, “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia”. Porque sabemos que em ti, mais do que em ninguém, são verdadeiras estas palavras do Papa Francisco “A misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia”, o Povo cristão invoca-te como Mãe de Misericórdia.
1º Mistério: A anunciação do Anjo Gabriel a Nossa Senhora: O Anjo Gabriel disse a Maria: “Não temas, pois achaste graça diante de Deus (Lc 1, 30).
Comentando o acontecimento da Anunciação, diz São Bernardo: “Ouviste, ó Virgem, a voz do Anjo: Conceberás e darás à luz um filho. Ouviste-o dizer que não será por obra de varão, mas por obra do Espírito Santo. O Anjo aguarda a resposta (…). Todo o mundo, prostrado a teus pés, espera a tua resposta: da tua palavra depende a consolação dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua linhagem. Dá depressa, ó Virgem a tua resposta. Profere a tua palavra humana e concebe a divina. Porque demoras? Abre, ó Virgem santa, o coração à fé, os lábios ao consentimento, as entranhas ao Criador. Eis a serva do Senhor, disse a Virgem, faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Nesta dezena peçamos a graça da gratidão pela nossa vocação: Dirigindo-se aos Carmelitas, diz-nos o Papa Francisco: “As vossas origens contemplativas brotam da terra da epifania do amor eterno de Deus em Jesus Cristo, Verbo feito carne”.
2º Mistério: A visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel: Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, e saudou Isabel. Isabel, erguendo a voz exclamou: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Feliz de ti que acreditaste. Maria disse então: A minha alma glorifica o Senhor (cf. Lc 1, 39-56).
Meditando sobre a visita de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel, a carmelita Santa Isabel da Trindade escreveu: “Quando leio no Evangelho ‘que Maria percorreu diligentemente as montanhas da Judeia’ para ir cumprir o seu ofício de caridade, junto a sua prima Isabel, vejo-a passar tão bela, tão calma, tão majestosa, tão recolhida interiormente, com o Verbo de Deus.
Parece-me que a atitude da Virgem, durante os meses que decorreram entre a Anunciação e o Natal, é o modelo das almas interiores, dos seres que Deus escolheu para viverem de dentro, no fundo do abismo sem fundo. Com que paz, com que recolhimento, Maria se entregava e se prestava a todas as coisas”.
Nesta dezena peçamos a graça de partilhar com os outros os frutos do “meditar dia e noite na Lei do Senhor”: O Papa desafia-nos: “Agora mais do que nunca é o momento de descobrir o caminho interior do amor e dar às pessoas de hoje no testemunho da contemplação, na pregação e na missão não coisas inúteis, mas aquela sabedoria que emerge do ‘meditar dia e noite na lei do Senhor’”.
3º Mistério: O nascimento de Jesus em Belém: O Anjo disse aos pastores: “Anuncio-vos uma grande alegria. Hoje, nasceu-vos em Belém um Salvador”. E os pastores foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura (Lc 2, 10-11.16).
Acerca do mistério da Encarnação, São João da Cruz escreveu estas palavras luminosas: “Mas agora que está fundada a fé em Cristo e promulgada a lei evangélica, nesta era da graça, Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única, e nada mais tem a revelar. O que antigamente Deus disse pelos profetas a nossos pais de muitos modos e de muitas maneiras, agora, por último, nestes dias, nos falou pelo Filho tudo de uma só vez. Deus ficou como mudo e não tem mais que falar, porque o que antes disse parcialmente pelos Profetas, revelou-O totalmente, dando-nos o Todo que é o seu Filho”.
Nesta dezena peçamos a graça da fidelidade no seguimento até ao fim: Diz-nos o Papa Francisco: “A vossa Regra começa com a exortação aos Irmãos a “viver uma vida de obséquio de Jesus Cristo” para o seguir e servir com um coração puro e indiviso”.
4º Mistério: A apresentação de Jesus no Templo: Segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram o Menino a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor. Ora vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso. Tinha-lhe sido prometido que não morreria antes de ter visto o Messias. Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque os meus olhos viram a Salvação que ofereceste a todos os povos, Luz para se revelar às nações e glória de Israel, teu povo” (Lc 2, 22-26).
Em 2013, na Carta que dirigiu ao Padre Geral e, por seu intermédio a todos nós Família Carmelita, o Papa Francisco dizia: “Reflectindo acerca das vossas origens e da vossa história e contemplando a imensa linhagem de quantos viveram através dos séculos o carisma carmelita, descobrireis assim a vossa vocação actual de ser profetas de esperança. E é precisamente nesta esperança que sereis regenerados.
Num mundo que permanentemente desconhece Cristo e, de facto, o rejeita, sois convidados a aproximar-vos e aderir cada vez mais profundamente a Ele. Isto é de vital importância no nosso mundo tão desorientado, “porque quando se apaga a sua chama, também as outras luzes acabam por perder o seu vigor” (Lumen Fidei, 4) (…). Sede missionários da misericórdia de Deus, que sempre nos perdoa e tanto nos ama!”.
Nesta dezena peçamos a graça de ter um olhar contemplativo: Continua o Papa Francisco: “A íntima amizade com Ele que nos ama torna-nos capazes de ver com os olhos de Deus, de falar com a sua palavra no coração, de conservar a beleza desta experiência e de compartilhá-la com aqueles que têm fome de eternidade”.
5º Mistério: A perda e o encontro de Jesus no Templo entre os doutores da Lei: Depois de José e Maria andarem três dia aflitos à procura de Jesus, encontraram-no no Templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas (Lc 2, 46).
No regresso a Nazaré, após um dia de viagem, Maria e José aperceberam-se de que Jesus não vinha com eles. Sinal importante para nós: quando nos apercebermos de que Jesus não está a fazer caminho connosco, devemos ficar preocupados e ir à procura dele. Podemos perder tudo mas não podemos perder Jesus. Jesus é a nossa vida, se o perdemos, perdemo-nos.
“Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?” (Lc 2, 49). Embora não compreendendo a resposta de Jesus, Maria guardava tudo no seu coração.
Maria teve que caminhar pela fé. Imitando a sua fé, somos capazes de ver para além das coisas exteriores que nos rodeiam. Maria era uma contemplativa. Uma contemplativa é uma amiga madura de Deus que busca a realidade com os olhos de Deus e que ama o que vê com o coração de Deus. “Um carmelita sem esta vida contemplativa é um corpo morto!” (Papa Francisco).
Nesta dezena peçamos a graça da paixão pela missão: Exorta-nos o Papa Francisco: “Queridos Irmãos Carmelitas, a vossa missão é a mesma de Jesus. (…) Nunca nos devemos esquecer que somos lançados para águas turbulentas e desconhecidas, mas Aquele que nos chama à missão dá-nos também a coragem e a força para a realizar. (…) Sede missionários do amor e da ternura de Deus”.
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