4º Domingo da Páscoa – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 10, 27-30)

As minhas ovelhas escutam a minha voz: Eu conheço-as e elas seguem-me. Dou-lhes a vida eterna, e nem elas hão-de perecer jamais, nem ninguém as arrancará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos Um.»

Reflexão

Nós crentes, dizemos que acreditamos em Deus mas muito frequentemente na prática vivemos como se Ele não existisse. Temos dificuldade em caminhar na “presença de Deus”. Analisamos as nossas crises e planificamos o trabalho, pensando unicamente nas nossas possibilidades. Esquecemo-nos que o mundo está nas mãos de Deus, e não nas nossas. Ignoramos que o Grande Pastor que cuida e guia a vida de cada ser humano é Deus. Vivemos, habitualmente, como cristãos “órfãos” que perderam o seu Pai. Sentimo-nos sós e cada um defende-se como pode.

Segundo o relato evangélico, Jesus está em Jerusalém e nessa ocasião diz, falando das suas “ovelhas”, que elas escutam-no e seguem-no: Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai.

Segundo Jesus, Deus supera a todos. Que nós estejamos em crise, não significa que Deus esteja em crise. Que nós cristãos percamos o ânimo e desanimemos, não quer dizer que Deus ficou sem forças para nos salvar. Que nós tenhamos dificuldade em dialogar com o homem de hoje, não significa que Deus já não encontre caminhos para falar ao coração de cada pessoas. Que as pessoas abandonem as nossas comunidades e igrejas, não quer dizer que escapem das mãos protectoras de Deus.

Deus é Deus. Nenhuma crise religiosa nem nenhuma mediocridade da Igreja poderá arrebatar esses filhos e filhas a quem ama com amor infinito. Deus não abandona ninguém. Tem os seus caminhos que não são necessariamente os que nós pretendemos impôr-Lhe.

Palavra para o caminho

Segundo Karl Rahner, teólogo alemão do século passado, “o cristão do futuro ou será um místico, isto é, uma pessoa que experimentou algo, ou não será cristão. Porque a espiritualidade do futuro não se apoiará mais numa convicção unânime, evidente e pública, nem num ambiente religioso generalizado, mas na experiência e decisão pessoais”. O que muda o coração do homem e o converte não são as palavras, as ideias e as razões, mas a escuta sincera da voz de Deus. É essa escuta sincera de Deus, que transforma a nossa solidão interior em comunhão vivificante e fonte de vida nova.

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Um segredo para guardar sempre a paz no coração

Girls Praying in Library --- Image by © Don Hammond/Design Pics/Corbis

Quero confiar-te um segredo… para guardar sempre a paz no coração… Se nos assalta uma pena ou uma nuvem se esconde no céu claro da nossa alma, deixemos por um momento os nossos afazeres, transportemo-nos ao Coração de Jesus […], digamos-Lhe em segredo que nada poderá separar-nos do Seu amor… depois retomemos com mais ânimo o nosso trabalho e, serenas, amemos ainda mais o bom Deus. Gostas da ideia? Metamos mãos à obra!

Beata Elias de São Clemente

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Espírito Santo, eu me abandono a Ti…

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Espírito Santo, ilumina-me. Que devo fazer e de que maneira devo encontrar Jesus? Os discípulos eram muito ignorantes; estavam com Jesus e não entendiam Jesus. Também eu estou na casa de Jesus e não entendo Jesus… A mínima coisa me perturba e agita. Sou demasiado delicada; não tenho suficiente generosidade para fazer sacrifícios por Jesus…

Ó Espírito Santo, quando Tu enviaste aos discípulos Teus raios de Luz, eles partiram [a anunciar a Reino]; já não eram o que eram antes; a sua força foi renovada, os sacrifícios tornaram-se-lhes fáceis; conheceram melhor Jesus do que quando Ele estava com eles. Fonte de paz, de luz, vem iluminar-me. Tenho fome, vem alimentar-me; tenho sede, vem dessedentar-me; sou cega, vem iluminar-me; sou pobre, vem enriquecer-me; sou ignorante, vem instruir-me. Espírito Santo, eu me abandono a Ti…

Santa Maria de Jesus Crucificado

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3º Domingo da Páscoa – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 21, 1-19)

Algum tempo depois, Jesus apareceu outra vez aos discípulos, junto ao lago de Tiberíades, e manifestou-se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé, a quem chamavam o Gémeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.» Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.» Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.»

Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar. Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água. Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros.

Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão. Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora.» Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus: «Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe. Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos.

Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.» Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.» E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: ‘Tu és deveras meu amigo?’ Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres.» E disse isto para indicar o género de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas palavras, acrescentou: «Segue-me!»

Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”

O teólogo canadiano Bernard Lonergan (1904-1984) afirmou que “crer é estar enamorado de Deus”, porque Deus é Amor.

Nada nos aproxima, melhor, do núcleo da fé cristã do que a experiência do enamoramento. O enamoramento é, provavelmente, a experiência mais elevada da existência humana. Nada há de mais alegre. Nada enche tanto o coração. Nada liberta, com mais força, da solidão e do egoísmo. Nada ilumina e dá força à vida com mais plenitude. Os místicos sabem-no. Sentem-se tão atraídos por Deus, que Ele começa a ser o centro das suas vidas, a luz e a alegria que as enchem. Não sabem viver sem Deus. Sem Ele a tristeza e o luto tomariam conta deles. Nada nem ninguém poderia preencher o vazio dos seus corações.

Alguém poderia pensar que tudo isto é reservado unicamente para pessoas especialmente dotadas para viver o mistério de Deus. Na realidade, estes crentes enamorados de Deus estão a dizer-nos para onde aponta a verdadeira fé: ser crente é, primeiramente, viver “enamorado” por Deus.

Para o enamorado não é nenhum peso recordar a pessoa amada, sintonizar com ela, corresponder aos seus desejos. Para o crente enamorado de Deus, não é nenhum peso estar em silêncio diante dele, acolhê-lo em oração, escutar a sua vontade, viver do seu Espírito. A religião não é obrigação, é enamoramento.

Neste contexto, a cena evangélica do diálogo entre Jesus e Pedro tem uma relevância especial: “Simão, filho de João, tu amas-me?”. A resposta de Pedro é comovedora: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”.

Palavra para o caminho

O texto do evangelho para o 3º Domingo da Páscoa (Ano C) não pode ser mais actual para os cristãos: só a presença de Jesus ressuscitado, o seu alento e a sua palavra podem dar eficácia e fecundidade ao trabalho evangelizador dos seus discípulos. Caso contrário é infrutífero: “Naquela noite não pescaram nada”. A “noite” significa na linguagem do evangelista João a ausência de Jesus. A Luz verdadeira que vem a este mundo para iluminar todos os homens é Jesus (João 1,9). Sem esta Luz, que é Jesus, andamos às escuras, na noite, na dor, no fracasso, na incompreensão.

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Quão inefável é a tua condescendência

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Ó Jesus! Se eu pudesse dizer a todas as pequenas almas quão inefável é a tua condescendência!… Sinto que, se por um impossível, encontrasses uma alma mais débil, mais fraca do que a minha, deleitar-Te-ias a cumulá-la de favores ainda maiores, se ela se abandonasse com inteira confiança à Tua misericórdia infinita.

Santa Teresa do Menino Jesus

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2º Domingo da Páscoa – Ano C

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 20, 19-31)

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão na seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

Reflexão

Meu Senhor e meu Deus!” Fazemos, frequentemente, a experiência de uma fé “inquieta”, que não fica em repouso, que procura compreender. A dúvida, então, faz parte desta fé. Certamente, pode haver dúvidas destrutivas, aquela que nasce, por exemplo, de uma inveja, porque se desconfia da infidelidade do outro. Tal não é a dúvida de Tomé. Ele gostaria de acreditar no que lhe dizem os companheiros. Tomé não diz que os seus companheiros estão a mentir ou que estão enganados. Apenas afirma que o testemunho deles não lhe basta para aderir à sua fé. Ele necessita viver a sua própria experiência. E Jesus não o recriminará em nenhum momento.

Tomé pôde expressar as suas dúvidas dentro do grupo de discípulos. Ao que parece não se escandalizaram. Não o expulsam para fora do grupo. Tampouco, eles acreditaram nas mulheres quando lhes anunciaram que viram Jesus ressuscitado. O episódio de Tomé deixa antever o longo caminho que o pequeno grupo de discípulos teve que percorrer  até chegar à fé em Cristo ressuscitado.

As comunidades cristãs deveriam ser, em nossos dias, um espaço de diálogo onde poderíamos partilhar honestamente as dúvidas, as interrogações e as buscas dos fiéis de hoje. Nem todos vivemos, no nosso interior, a mesma experiência. Para crescer na fé necessitamos do estímulo e do diálogo com outros que partilham a nossa mesma inquietação.

Porém, nada pode substituir a experiência de um contacto pessoal com Cristo no fundo da própria consciência. Segundo o relato evangélico, aos oito dias apresenta-se de novo Jesus. Não critica Tomé pelas suas dúvidas. A sua resistência em acreditar revela a sua honestidade. Jesus mostra-lhe as suas feridas. Não são “provas” da ressurreição, mas “sinais” do seu amor e entrega até à morte. Por isso,  convida-o a aprofundar as suas dúvidas com confiança: “Não seja incrédulo, mas fiel”. Tomé renuncia a qualquer outra verificação. Já não sente necessidade de provas. Só sabe que Jesus o ama e o convida a confiar: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20, 28).

Palavra para o caminho

Tomé, é chamado Gémeo (Dídimo)! Irmão gémeo! Irmão gémeo de quem? Meu e teu, assim pretende o narrador. De vez em quando, também nós não estamos com a comunidade. Como Tomé, chamado Gémeo. Por vezes, também duvidamos e queremos provas. Como Tomé, chamado Gémeo. Salta à vista que também devemos estar com a comunidade. Como Tomé, chamado Gémeo. E professar convictamente a nossa fé no Ressuscitado, que nos preside e nos precede sempre.

Não devemos assustar-nos ao sentir que brotam em nós dúvidas e interrogações. As dúvidas, vividas de forma sadia, salvam-nos de uma fé superficial. As dúvidas estimulam-nos a ir até ao final na nossa confiança no Mistério de Deus encarnado em Jesus.

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Frases sobre a Ressurreição de Cristo

Statue at Los Angels Temple

* Mas a primeira pedra a fazer rolar para o lado nesta noite (noite da vigília pascal) é esta: a falta de esperança, que nos fecha em nós mesmos. O Senhor nos livre desta terrível armadilha: sermos cristãos sem esperança, que vivem como se o Senhor não tivesse ressuscitado e o centro da vida fossem os nossos problemas (Papa Francisco).

* A ressurreição deu a expressão definitiva e mais completa do poder messiânico, que estava em Jesus Cristo. Verdadeiramente Ele é o Enviado por Deus. É o Filho de Deus. E a palavra que provém dos seus lábios é divina (São João Paulo II).

* O Domingo é o dia da ressurreição, é o dia dos cristãos, é o nosso dia ( São Jerónimo).

* Ora, se se prega que Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição de mortos? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou. Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé (1 Coríntios 15, 12-14).

* A ressurreição de Cristo é a nossa esperança (Santo Agostinho).

* A fé em Cristo crucificado e ressuscitado é o âmago de toda a mensagem evangélica, o núcleo do nosso Credo (Bento XVI).

* Vemos e continuaremos a ver problemas perto e dentro de nós. Sempre existirão, mas esta noite (noite da vigília pascal) é preciso iluminar tais problemas com a luz do Ressuscitado, de certo modo «evangelizá-los». Evangelizar os problemas. Não permitamos que a escuridão e os medos atraiam o olhar da alma e se apoderem do coração, mas escutemos a palavra do Anjo: o Senhor «não está aqui; ressuscitou!»; Ele é a nossa maior alegria, está sempre ao nosso lado e nunca nos decepcionará (Papa Francisco)

* O mistério da Ressurreição, em que Cristo aniquilou a morte, penetra o nosso velho tempo com a sua poderosa energia, até que tudo Lhe seja submetido (Catecismo  §1169).

* O Senhor está vivo e quer ser procurado entre os vivos. Depois de O ter encontrado, cada um é enviado por Ele para levar o anúncio da Páscoa, para suscitar e ressuscitar a esperança nos corações pesados de tristeza, em quem sente dificuldade para encontrar a luz da vida. Há tanta necessidade disto hoje. Esquecendo-nos de nós mesmos, como servos jubilosos da esperança, somos chamados a anunciar o Ressuscitado com a vida e através do amor; caso contrário, seremos uma estrutura internacional com um grande número de adeptos e boas regras, mas incapaz de dar a esperança de que o mundo está sedento (Papa Francisco).

* Constituído Senhor pela sua ressurreição, Cristo… actua já, pela força do Espírito Santo, nos corações dos homens; não suscita neles apenas o desejo da vida futura, mas, por isso mesmo, anima, purifica e fortalece também aquelas generosas aspirações, que levam a humanidade a tentar tornar a vida mais humana e a submeter para esse fim toda a terra (Concílio Vaticano II).

 

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Domingo de Páscoa – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 20, 1-9)

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

Reflexão

A experiência da ressurreição aconteceu, primeiro, nas mulheres (Mt 28,9-10; Mc 16,9; Lc 24,4-11.23; Jo 20,13-16); depois, nos homens. Ela é a confirmação de que, para Deus, uma vida vivida como Jesus a viveu é uma vida vitoriosa. Deus ressuscita-a! Em torno desta Boa Nova surgiram as comunidades cristãs. Crer na ressurreição o que é? É voltar para Jerusalém, de noite, reunir a comunidade e partilhar as experiências, sem medo das autoridades dos judeus e dos romanos (Lc 24,33-35). É receber a força do Espírito, abrir as portas e anunciar a Boa Nova à multidão (At 2,4). É ter a coragem de dizer: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5,29). É reconhecer o erro e voltar para a casa do pai: “Teu irmão estava morto e voltou a viver” (Lc 15,32). É sentir a mão de Jesus ressuscitado que, nas horas difíceis, nos diz: “Não tenha medo! Eu sou o Primeiro e o Último. Sou o Vivente. Estive morto, mas eis que estou vivo para sempre. Tenho as chaves da morte e da morada dos mortos” (Ap 1,17s). É crer que Deus é capaz de tirar vida da própria morte (Hb 11,19). É crer que o mesmo poder usado por Deus para tirar Jesus da morte opera também em nós e nas nossas comunidades, através da fé (Ef 1,19-23).

Ainda hoje, a ressurreição acontece. Ela faz-nos experimentar a presença libertadora de Jesus na comunidade, na vida de cada dia (Mt 18,20) e leva-nos a cantar: “Quem nos separará do amor de Cristo? Se ele é por nós, quem será contra nós?” Nada, ninguém, autoridade nenhuma é capaz de neutralizar o impulso criador da ressurreição de Jesus (Rm 8,38-39). A experiência da ressurreição ilumina a cruz e transforma-a em sinal de vida (Lc 24,25-27). Abre os olhos para entender o significado da Sagrada Escritura (Lc 24,25-27.44-48) e ajuda a entender as palavras e os gestos do próprio Jesus (Jo 2,21-22; 5,39; 14,26). Uma comunidade que quiser ser testemunho fiel da Boa Nova da Ressurreição deve ser sinal de vida, lutar pela vida contra as forças da morte.

Palavra para o caminho

Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram”. Não é de estranhar esta cegueira de Maria Madalena. É que o evangelista informa-nos que ela anda ainda no escuro: Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro. No 4º Evangelho, quem anda na noite e no escuro, anda perdido na incompreensão e na cegueira, e nada entende ou dá bom resultado. A oposição luz – trevas atravessa todo o texto do 4º Evangelho. A Luz verdadeira que vem a este mundo para iluminar todos os homens é Jesus (Jo 1,9). Sem esta Luz que é Jesus, andamos às escuras, na noite, na cegueira, na dor, no fracasso, na incompreensão.

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Via Sacra da Misericórdia: 12ª – 14.ª Estações

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12ª ESTAÇÃO: JESUS MORRE NA CRUZ

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R. Que pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

Leitura bíblica (Jo 19, 30): Quando tomou o vinagre, Jesus disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

Meditação: Agora, com a sua morte, Jesus cumpriu radicalmente o mandamento do amor, cumpriu a oferta de Si próprio, e precisamente deste modo Ele é agora a manifestação do verdadeiro Deus, daquele Deus que é Amor. Agora sabemos quem é Deus, que se manifesta precisamente onde parece estar definitivamente derrotado e ausente.

Invocações: “O Senhor é cheio de misericórdia e de piedade” (Sal 102, 8). Por isso, não tenhamos medo de apresentar-lhe as nossas súplicas dizendo: Dá-nos, Senhor, a tua salvação.

– Para que acolhamos o teu amor em todas circunstâncias da vida, oremos ao Senhor.

– Para que nos unamos mais intimamente a ti nos momentos de maior dificuldade, oremos ao Senhor.

– Para que deixemos de te contristar e ao Espírito Santo com os nossos pecados, oremos ao Senhor.

Nesta estação peçamos a graça de dar de beber a quem tem sede: Pedir ao Senhor a capacidade de dar de beber a quem tem sede de verdade, de amor, de paz, de esperança de justiça e de confiança.

Pai nosso…

V. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

R. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

13ª ESTAÇÃO: JESUS É DESCIDO DA CRUZ E ENTREGUE A SUA MÃE

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R. Que pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

Leitura bíblica (Jo 19, 34): Um dos soldados abriu-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água.

Meditação: Jesus morreu, o seu coração é trespassado pela lança do soldado romano e dele brotam sangue e água: misteriosa imagem do rio dos sacramentos, do Baptismo e da Eucaristia, dos quais, em virtude do coração trespassado do Senhor, renasce incessantemente a Igreja.

E agora que tudo suportou, vemos que Ele, apesar de toda a confusão dos corações, apesar do poder do ódio e da cobardia, não ficou sozinho. Os fiéis existem. Junto da cruz, estavam Maria, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, Maria de Magdala e o discípulo que ele amava. A Igreja de Jesus Cristo, a sua nova família, começa a formar-se.

Invocações: A sabedoria de Deus é pacífica, humilde e cheia de misericórdia. Esta é a sabedoria do – Espírito que Jesus nos deu. Digamos: Dá-nos, Senhor, a verdadeira sabedoria.

– Faz com que acolhamos a tua palavra e a ponhamos em prática sem medo, oremos ao Senhor.

– Faz com que com a ajuda do Espírito te sigamos pelo caminho da cruz, oremos ao Senhor.

– Faz com que não percarmos a esperança de nos reunirmos um dia contigo na pátria celeste, oremos ao Senhor.

Nesta estação peçamos a graça de enterrar os mortos: Pedir ao Senhor o dom de acreditar firmemente que nos encaminhamos para a Casa do Pai cuja porta foi aberta pela morte e ressurreição de Jesus.

Pai nosso…

V. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

R. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

14ª ESTAÇÃO: JESUS É SEPULTADO

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R. Que pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

Leitura bíblica (Mt 27, 59): José pegou no corpo de Jesus, envolveu-o num lençol limpo e depositou-o no seu túmulo novo, que tinha mandado escavar na rocha.

Meditação: A alegria de viver em família, em comunidade ou em grupo fica turvada de amargura, sobretudo quando um dos membros é arrancado ao carinho do nosso convívio. É a hora da dor crua. A morte do cristão não é uma tragédia quando, ele foi educado para a fé na vida eterna. Em Maria temos o exemplo e a ajuda para viver o mistério da morte. Viu ser escondido pela pedra tumular o Filho muito amado e ficou serena, apesar da sua alma ter sido mortalmente atingida pela mesma lança que trespassou o coração do Filho. Animou-a certamente a esperança de que, pelo poder de Deus, o seu Filho haveria de ressuscitar para a vida eterna.

Invocações: Permaneçamos unidos no amor de Deus e esperando sempre na sua misericórdia e confiando na sua clemência, digamos: Ouvi-nos, Senhor.

– Por todos os que não crêem em ti nem na vida depois da morte, oremos ao Senhor.

– Por todos os que estão na desolação e no desconforto, oremos ao Senhor.

– Por todos os que choram e sofrem a perda de um ente querido, oremos ao Senhor.

Nesta estação peçamos a graça de rogar a Deus pelos vivos e defuntos: Pedir a graça da contemplação da cruz para que cada um de nós perceba cada vez mais e melhor a necessidade de gastar a vida em favor dos outros.

Pai nosso…

V. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

R. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

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Via Sacra da Misericórdia: 9ª – 11ª Estações

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9ª ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R. Que pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

Leitura bíblica Heb 5, 8): Apesar de ser Filho, Jesus aprendeu a obediência por aquilo que sofreu.

Meditação: Na caminhada em direcção ao Calvário Jesus cai três vezes, cai sob o peso de uma cruz que aceitou carregar por nós pecadores. O que para nós nos parece incompreensível, para ele é totalmente claro: “Não são os sãos que precisam de médico, mas os doentes”. Os caminhos de Deus não são os nossos por causa da sua misericórdia sem limites, uma misericórdia que quer trazer o que se encontra afastado de si. O Senhor só poderá amar os nossos sacrifícios se procederem da mesma fonte de amor, capaz de partilhar o peso das culpas dos nossos irmãos e das nossas irmãs.

Invocações: “Os gentios glorificam a Deus por causa da sua misericórdia” (Rm 15, 9) e de entre estes gentios estamos nós que elevamos ao Senhor as nossas súplicas, dizendo: Salvai-nos, Senhor, nosso Deus.

– Para que nos abramos ao desígnio da tua misericórdia por todos os homens, oremos ao Senhor.

– Para que alcancemos a graça de termos consciência bem viva de que também nós temos necessidade do médico celeste, oremos ao Senhor.

– Para que não condenemos ninguém e entreguemos a ti todo o juízo, oremos ao Senhor.

Nesta estação peçamos a graça de perdoar as injúrias: Pedir ao Senhor a graça de ser sempre testemunha da caridade, da misericórdia e do perdão.

Pai nosso…

V. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

R. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

10ª ESTAÇÃO: JESUS É DESPOJADO DAS SUAS VESTES

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R. Que pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

Leitura bíblica  (Jo 19, 23): Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes.

Meditação: Jesus é despojado das suas vestes. A roupa confere ao homem a sua posição social; dá-lhe o seu lugar na sociedade, fá-lo sentir alguém. Ser despojado em público significa que Jesus já não é ninguém, nada mais é do que um marginalizado, desprezado por todos. O momento do despojamento recorda-nos também a expulsão do paraíso: o homem rompeu a Amizade com Deus. Jesus despojado recorda-nos o facto de que todos nós perdemos a “primeira veste”, isto é, o esplendor de Deus. Jesus aceita mais esta humilhação porque para o seu divino coração nada é pesada e só isto é importante: a nossa salvação.

Invocações: A nossa salvação não vem de nós mas de Deus que tem misericórdia (cf. Rm 9, 16). Abrasados por esta confiança elevemos ao Senhor as nossas preces e digamos: Senhor Jesus, tem piedade de nós.

– Para que compreendamos que amar significa aceitar o sacrifício, oremos ao Senhor.

– Para que a tua humilhação nos ensine a ser verdadeiramente humildes, oremos ao Senhor.

– Para que nunca nos cansemos de te apresentar o nosso sofrimento, oremos ao Senhor.

Nesta estação peçamos a graça de saber corrigir os que erram: Pedir ao Senhor a graça de participar no desagravo às ofensa que, ainda hoje, Ele é insultado injustamente.

Pai nosso…

V. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

R. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

11ª ESTAÇÃO: JESUS É PREGADO NA CRUZ

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Jesus.

R. Que pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

Leitura bíblica  (Lc 23, 33): Quando chegaram ao lugar chamado Calvário crucificaram Jesus e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.

Meditação: Jesus deita-se na cruz e os soldados pregam-lhe as mãos e os pés ao madeiro. Depois repartem entre si as suas roupas. Parece que tudo termina em tragédia. Será que uma pessoa, que passou a vida apenas a fazer o bem, pode terminar assim de uma forma tão trágica?

Quantas vezes, no meio de uma provação, pensamos que fomos esquecidos ou abandonados por Deus. Ou somos tentados a concluir que Deus não existe. O Filho de Deus, que bebeu até ao fundo o seu cálice amargo e, depois, ressuscitou dos mortos, diz-nos, ao invés, com todo o seu ser, com a sua vida e a sua morte, que devemos confiar em Deus. N’Ele podemos crer.

Invocações: Caríssimos, o Senhor é “rico de misericórdia” e é pela sua graça que somos salvos (cf. Ef 2, 5). Com fé e amor invoquemos o Senhor, dizendo: Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia.

– Para que a tua palavra de perdão nos liberte da dureza do nosso coração e nos leve também à prática do perdão, oremos ao Senhor.

– Para que o mistério da cruz nos faça conhecer cada vez melhor o teu mistério de amor, oremos ao Senhor.

– Para que nunca nos cansemos de pedir perdão, oremos ao Senhor.

Nesta estação peçamos a graça de dar bom conselho: Pedir ao Senhor a graça de dar bons conselhos, inspirados, sobretudo, na Palavra de Deus.

Pai nosso…

V. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

R. Mãe de misericórdia, imprime no meu coração as chagas do Senhor.

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