Sem coragem perdemos a identidade

Não podemos viver sem coragem! Sem coragem ninguém sairia de casa, ninguém entraria num avião, ninguém ligaria um aquecedor. Tudo pode rebentar! Mas a coragem maior é aquela de que precisamos para sermos coerentes connosco próprios e com os nossos valores, sobretudo quando todos os atacam ou se riem deles. Sem coragem não há personalidade nem felicidade!

Vasco P. Magalhães, sj

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Felizes

Felizes: é a palavra com que Jesus começa a sua pregação no Evangelho de Mateus. E é o refrão que Ele repete hoje, como se quisesse antes de mais nada fixar no nosso coração uma mensagem basilar: se estás com Jesus, se gostas – como os discípulos de então – de escutar a sua palavra, se procuras vivê-la cada dia, és feliz. Não serás feliz, mas és feliz: aqui está a primeira realidade da vida cristã. Esta não aparece como uma lista de prescrições exteriores para se cumprir, nem como um conjunto complexo de doutrinas para se conhecer. Primariamente, não é isso, mas saber que somos, em Jesus, filhos amados do Pai. É viver a alegria desta bem-aventurança, é compreender a vida como uma história de amor: a história do amor fiel de Deus, que nunca nos abandona e quer fazer comunhão connosco sempre. Eis o motivo da nossa alegria, uma alegria que nenhuma pessoa no mundo nem nenhuma circunstância da vida pode tirar-nos. É uma alegria que dá paz mesmo na dor, que já agora nos faz saborear a felicidade que nos espera para sempre. Amados irmãos e irmãs, na alegria de vos encontrar, esta é a palavra que vim dizer-vos: Felizes!

Embora Jesus designe felizes os seus discípulos, todavia não deixa de surpreender o motivo de cada uma das Bem-aventuranças. Neles, vemos uma inversão do pensar comum, segundo o qual são felizes os ricos, os poderosos, aqueles que têm sucesso e são aclamados pela multidão. Para Jesus, ao contrário, felizes são os pobres, os mansos, os que permanecem justos, mesmo à custa de fazerem má figura, os perseguidos. Quem tem razão: Jesus ou o mundo? Para compreender, vejamos como viveu Jesus: pobre de coisas e rico de amor, curou muitas vidas, mas não poupou a sua. Veio para servir e não para ser servido; ensinou que não é grande quem tem, mas quem dá. Justo e manso, não opôs resistência e deixou-Se condenar injustamente. E, assim, Jesus trouxe o amor de Deus ao mundo. Só assim derrotou a morte, o pecado, o medo e o próprio mundanismo: unicamente com a força do amor divino. (…)

Amados irmãos e irmãs, gostaria ainda de vos dizer que viver as Bem-aventuranças não requer gestos fulgurantes. Olhemos para Jesus: não deixou nada escrito, não construiu nada de imponente. E, quando nos disse como viver, não pediu para erguermos grandes obras ou nos salientarmos realizando feitos extraordinários. Uma única obra de arte, possível a todos, nos pediu para realizarmos: a da nossa vida. Então as Bem-aventuranças são um mapa de vida: não pedem ações sobre-humanas, mas a imitação de Jesus na vida de cada dia. Convidam-nos a manter puro o coração, a praticar a mansidão e a justiça venha o que vier, a ser misericordiosos com todos, a viver a aflição unidos a Deus. É a santidade da vida diária, que não precisa de milagres nem de sinais extraordinários. As Bem-aventuranças não são para super-homens, mas para quem enfrenta os desafios e provações de cada dia. Quem as vive à maneira de Jesus torna puro o mundo. É como uma árvore que, mesmo em terra árida, diariamente absorve ar poluído e restitui oxigénio. Faço votos de que sejais assim, bem enraizados em Cristo, em Jesus e prontos a fazer bem a quem está perto de vós. Que as vossas comunidades sejam oásis de paz.

Excerto da Homilia do Papa Francisco,  Zayed Sports City (Abu Dhabi) , 5 de Fevereiro de 2019

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Domingo: a Páscoa semanal

Por tradição apostólica, que tem a sua origem no próprio dia da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal todos os oito dias, no dia que justamente se chama dia do Senhor ou Domingo. Neste dia devem os fiéis reunir-se para ouvir a palavra de Deus e participar na Eucaristia, e assim recordar a paixão, ressurreição e glória do Senhor Jesus e dar graças a Deus, que os fez renascer para uma esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos. Por isso o Domingo é o principal dia de festa que se deve propor e inculcar à piedade dos fiéis, de modo que seja também o dia da alegria e do repouso.

Constituição Sacrosanctum Concilium, nº 8

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Quando um povo erra: “Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria”

É muito frequente, entre nós, atribuir ao “povo” as posturas e atitudes que cada um trata de defender. Facilmente, gritam-se slogans, adoptam-se decisões e realizam-se acções em nome de um povo que, supostamente, as defende. Ninguém se atreve a elevar uma voz que possa parecer contrária ao povo. Deve-se deixar claro que a nossa palavra é expressão evidente da vontade do povo. Tudo acontece como se o apelo ao povo fosse o critério definitivo para julgar a validade e o carácter justo do que se propõe. 

Este desejo de defender o que o povo quer, deve ser, sem dúvida, a atitude de todo o homem que busca o bem comum diante dos interesses egoístas e exclusivamente partidários.

Porém, seria um equívoco pensar que a única maneira de amar um povo seja identificar-nos com tudo o que esse povo diz e aprovar, de modo acrítico, tudo o que esse povo faz. Um povo, pelo facto de sê-lo, não é automaticamente infalível. Os povos também erram. Os povos também são injustos.

É nesses momentos, justamente, que esse povo necessita de homens que lhe digam, com sinceridade e coragem, os seus erros e os seu pecado. Homens que, movidos pelo seu amor leal ao povo, se atrevem a levantar uma voz, às vezes, irritante e discordante, porém uma voz que esse povo necessita de escutar para não se desumanizar. 

Um povo que não tenha, em cada momento, filhos que se atrevam a denunciar-lhe os seus erros e injustiças, é um povo que corre o risco de ir “perdendo a sua consciência”.

Quem sabe, o maior pecado de um povo seja abafar a voz dos seus profetas, pessoas, às vezes, muito simples, porém que conservam como ninguém o melhor e o mais humano de um povo. E quando um povo reduz ao silêncio estes homens e mulheres, empobrece-se e fica sem luz para caminhar em direcção a um futuro mais humano.

É triste constatar que o refrão judaico continua a ser realidade: “Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria”. E as pessoas continuam a ignorar os seus profetas, como as de Nazaré que expulsaram, certo dia, Jesus, o melhor e o mais necessário para o seu povo.

José Antonio Pagola

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Chamados a sermos profetas como Jesus o foi

Este evangelho (do 4º Domingo do Tempo Comum) mostra-nos que o ministério público de Jesus começa com uma rejeição e uma ameaça de morte, paradoxalmente, por parte dos seus próprios concidadãos. Ao viver a missão a Ele confiada pelo Pai, Jesus sabe que deve enfrentar o cansaço, a rejeição, a perseguição e a derrota. Um preço que, ontem como hoje, a autêntica profecia é chamada a pagar. A dura rejeição não desencoraja Jesus, nem cessa o caminho e a fecundidade da sua acção profética. Ele segue adiante pelo seu caminho, confiando no amor do Pai.

Também hoje, o mundo precisa de ver profetas nos discípulos do Senhor, isto é, pessoas corajosas e perseverantes ao responder à vocação cristã. Pessoas que seguem o impulso do Espírito Santo, que as envia a anunciar esperança e salvação aos pobres e aos excluídos; pessoas que seguem a lógica da fé e não dos milagres; pessoas dedicadas ao serviço de todos, sem privilégios ou exclusões. Pessoas que se abrem a acolher em si mesmas a vontade do Pai e se comprometem a testemunhá-la fielmente aos outros.

Papa Francisco, Angelus, 3 de Fevereiro, 2019

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4º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 4, 21-30)

Naquele tempo, Jesus começou a falar na sinagoga de Nazaré, dizendo: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir». Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras cheias de graça que saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?». Jesus disse-lhes: «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Faz também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum». E acrescentou: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho. 

Reflexão

O texto do Evangelho de Lucas deste 4º Domingo do Tempo Comum, Ano C, retoma e continua o “discurso programático” de Jesus na sinagoga de Nazaré, relatado no Domingo anterior. Não é fácil entender a reacção dos nazarenos que rápida e inesperadamente passam de uma atitude de admiração para a da fúria rejeitadora relativamente a Jesus.

Inicialmente houve uma aprovação de Jesus e estavam admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca de modo que “Estavam fixos nele os olhos de todos, na sinagoga”. O que Jesus comunicou brotava da sua intimidade com o Pai, da sua espiritualidade profunda, da sua capacidade de compaixão, da coerência entre o que dizia e fazia. Aqui há um desafio para todos nós: deixar que sejamos tomados pela Palavra de Deus, de tal maneira que a nossa palavra não seja mais a nossa, mas, a manifestação do Espírito que habita em nós.

Jesus é rejeitado por ser considerado o “filho de José”, um simples carpinteiro de Nazaré. Quantas vezes, hoje, acontece o mesmo entre nós, nas nossas comunidades cristãs, nas quais cristãos rejeitam outros cristãos que assumem generosa e dedicadamente serviços na comunidade em benefício de todos e são criticados e rejeitados por outros cristãos? Há gente que sente prazer em destruir quem se disponibiliza com sacrifício e prejuízo da própria vida pessoal, familiar e profissional para servir a comunidade assumindo responsabilidades de liderança!

Outro motivo que explica a reacção dos conterrâneos de Jesus tem a ver com o facto de Jesus desafiar os preconceitos e comodismo da comunidade nazarena, ao usar os exemplos da acção de Deus em favor de um estrangeiro (o sírio Naamã) e uma estrangeira (a viúva de Sarepta) para demonstrar que por vezes há mais fé fora de Israel. Jesus era um profeta e o profeta sempre incomoda, pois desafia-nos a sair das nossas fronteiras e a olhar o mundo como Deus o vê. É difícil que alguém goste de ser incomodado e desinstalado.

Jesus dá-nos o exemplo de como enfrentar estes problemas, diante das críticas e da rejeição, quando realmente tentamos ser coerentes como ele: Jesus “seguiu o seu caminho”. É também esta a atitude que o cristão deve tomar apesar das críticas, da não aceitação, da perseguição, das palavras maldosas, depreciativas e irónicas… O que aconteceu em Nazaré causou sofrimento a Jesus e é uma amostra do que viria a ser toda a sua vida, mas não se deixou abater nem desistiu porque a sua convicção não se baseava na opinião, aprovação e aceitação dos outros, mas no cumprimento da vontade do Pai a qual era o seu alimento. Faz-nos bem reter o que diz a Carta aos Hebreus: “Considerai, pois, aquele que sofreu tal oposição por parte dos pecadores, para que não desfaleçais, perdendo o ânimo”(Hb 12, 3).

Palavra para o caminho

Entre Jesus e os seus conterrâneos deu-se uma ruptura. “Por que motivo quis Jesus provocar esta ruptura? No início o povo admirava-O, e talvez tivesse podido obter um certo consenso… Mas é precisamente este o ponto: Jesus não veio para procurar o consenso dos homens, mas — como dirá a Pilatos no fim — para «dar testemunho da verdade» (Jo 18, 37). O verdadeiro profeta não obedece a outros mas só a Deus e põe-se ao serviço da verdade, pronto a pagar pessoalmente” (Bento XVI).

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“Francisco: culpado!”

Querido Papa Francisco, na verdade, és culpado!

És culpado por seres um homem e não seres um anjo! És culpado porque tens a humildade de aceitar que erras e de pedir perdão. Pedir perdão por ti e por nós. E isso para muitos é inadmissível. És culpado porque desejavam que fosses um juiz e um canonista e és exemplo e testemunho de misericórdia. És culpado pois que abandonaste a tradição de morares em palácios e escolheres viver no meios das pessoas. Culpado porque deixaste a sumptuosidade de S. João de Latrão e elegestes a pobreza das prisões, dos orfanatos, dos asilos e das casas de recuperação de adições.

Sim, és culpado! Deixaste de beijar os pés “perfumados” das eminências e beijas os pés “sujos” de condenados, mulheres, doentes, de outras confissões religiosas, de “diferentes”! És condenado porque abriste as portas aos “recasados” e porque diante de temas dolorosos e pendentes respondes simplesmente: “quem sou eu para julgar?”. És condenado porque assumes a tua fragilidade, pedindo que rezem por ti, quando muitos exigem que sejas dogmático , intolerante e rubricista.

Papa Francisco, és culpado por tantos e tantos corações ditos “infiéis”, “excomungados” e “impuros” tenham redescoberto o rosto belo de Cristo ternura e misericórdia. És culpado porque “chamas as coisas pelos nomes” e não te retrais de lembrar aos bispos que não sejam pastores de aeroporto mas sim gente com “cheiro a ovelha”. Culpado porque rasgaste as páginas da intolerância, dos moralismos estéreis e impiedosos e nos ofereceste a beleza da compaixão, da ternura e da frontalidade. És culpado porque nos abristes não tanto os olhos, a inteligência e a razão mas, sobretudo, o coração. És culpado por quereres carregar a Cruz da Igreja em vez de desviares o olhar, seres indiferente às dores e às lágrimas dos homens do nosso tempo.

És culpado porque não suportas os crimes hediondos feitos em nome de Deus e por aqueles que falam de Deus mas vivem contra Ele. Culpado porque buscas a verdade e a justiça, abraçadas pela misericórdia, em vez de silenciar, esconder, minimizar ou ignorar. És culpado porque deixaste de querer uma Igreja de privilégios e mordomias, de glórias e poderes mundanos e nos ensinas a força do serviço, a riqueza do lava-pés e a a grandiosidade da simplicidade.

Papa Francisco, deixa que te culpem destes “crimes”. Sabes que ao teu lado estão incontáveis homens e mulheres que, como tu, não são anjos, são frágeis, pecadores, esperando que Cristo olhe por nós e para nós. Sabe que contigo está uma enorme “procissão” de corações que por ti rezam a cada instante, por ti dariam a própria vida, te seguem como ovelhas que confiam no pastor. Foi Cristo quem te colocou ao leme desta “barca” náufraga que é a Igreja. É Cristo quem te dará as forças para prosseguir esse caminho de “culpabilidade” que tanto bem fez ao mundo e à Igreja. 

Querido Papa Francisco, obrigado por seres culpado pela beleza da Igreja sonhada por Jesus.

Pe. António Teixeira

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Estou sempre em dívida perante os outros

Estamos sempre em dívida perante os outros. S. Paulo disse esta coisa espantosa: “Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser o amor que devemos uns aos outros.” Nunca deixo de ser devedor de amor! Nunca posso dizer que trato alguém bem de mais. E, pela nossa limitação e egoísmo, ficamos sempre aquém daquilo que devíamos dar.

Vasco P. Magalhães, sj

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Carta aos jovens sobre Cristo (excerto)

Eu vos escrevo, jovens, porque sois fortes, porque a Palavra de Deus permanece em vós e porque vencestes o Maligno” (1 Jo 2,14).

Cristo é muito bom amigo, porque O vemos homem e vemo-lo com fraquezas e trabalhos, e é companhia” (Santa Teresa).

Não tenhais medo de ir contra a corrente, sede valentes, não deixeis que vos roubem a esperança… por favor não deixeis que vos roubem a esperança que Jesus nos dá” (Papa Francisco).

Neste diálogo quero meter Teresa de Jesus, a inquieta e andarilha, a que sai para as praças buscando amigos para tratar com Cristo, o Amigo verdadeiro. Talvez descubrais porquê Cristo pode ser vosso amigo. “Faz-nos tão bem voltar para Ele quando nos perdemos” (Papa Francisco). Recolho algumas das suas palavras:

* Não tenhais medo. “Não há aqui que temer senão que desejar” (Vida, 8, 5) Cristo é amigo de gente animosa; dá tudo e não tira nada. Só sabe amar. Respeita as vossas buscas, sabe curar feridas, espera sempre. Tem tempo para cada pessoa. Ninguém, como Ele, ama a vossa liberdade e a vossa verdade. Arriscai a confiar n’Ele. Partilhai com Jesus o vosso íntimo. Tratai-O como Amigo. Cristo será para vós a melhor companhia. “O amor de Cristo não conhece limites, não se cansa nunca e não se assusta diante da sujidade ou da miséria. Cristo veio para os pecadores e não para os justos” (Edith Stein).

* Trazei Jesus sempre convosco. “Não nos imaginemos ocos e vazios interiormente; dentro de nós há outra coisa mais preciosa, sem comparação alguma” (Caminho de Perfeição, 28, 10).

* Estais habitados. Aprendei a escutar o vosso próprio coração e o dos outros, o da humanidade e o da criação. Jesus não está morto, acrediteis ou não. VIVE dentro de cada ser humano: “Não estejais sem tão bom Amigo” (Caminho, 26, 1). Atrevei-vos a descobrir o que há debaixo do envoltório, os tesouros sempre estão escondidos.

Deixai-vos surpreender. Jesus não vos vai fazer propostas fáceis mas autênticos desafios: amar, perdoar, servir, perder para ganhar… Assustais-vos? É possível amar e viver de outra maneira.

* “Andar com alegria e liberdade” (Vida, 13, 1). Cristo vai dar à vossa vida um horizonte ilimitado, porque há muito que aprofundar e que encontrar n’Ele. À medida que fordes conhecendo a riqueza da sua pessoa, vos irá desvelando o mistério que se esconde em vós. O seu estilo de vida tão livre, a sua paixão por uma humanidade nova, a sua aproximação aos pobres, a sua intimidade com o Pai, a sua entrega crucificada por amor, a sua presença ressuscitada de paz e perdão… tudo isso vos ajudará a encontrar o sentido da vida. Ninguém fala ao coração como Jesus. Quando o descubrais, a cada noite sucederá uma madrugada.

* Tratai com Jesus. “Fica ali com Ele, verifica que o Senhor te olha, acompanha-O e fala-Lhe” (Vida, 13, 22). Jesus não é um problema, é uma pessoa que deseja a vossa amizade. Tratai com Ele, de igual para igual, como amigos que falam com o Amigo. Sempre que recordemos a Cristo, “lembremo-nos do amor com que nos fez tantas mercês, e quão grande no-lo mostrou Deus” (Vida, 22 14): tudo disse e fez por amor. É de fiar, as suas palavras são as suas obras. Dizei sem medo ao vosso coração: “Jesus é para mim e eu sou para Jesus”. Ponde a vossa vida nas suas mãos, abri o coração ao que Ele, tão amigo de dar, quer regalar-vos. De tanto olhá-Lo vos ficará impressa no interior a sua grandíssima formosura e a sua liberdade, como a Teresa (Vida 37, 4) e espalhareis beleza ao vosso redor, essa de que tanto necessita a humanidade. Com Ele a vosso lado, “vêm todos os bens” (Caminho, 26, 6).

* Fazei-vos amigos dos pobres. Partilhai gratuitamente a vida que levais dentro com os mais pobres. Não há aventura mais fascinante. Metei-vos nas movimentações do Espírito. Porque o vosso coração não tem fronteiras, construí pontes para chegar aos que estão na margem. “Obras quer o Senhor” (5 Moradas 3, 11). Deixai-vos surpreender pelas sementes de paz e de bondade que florescem no meio dos conflitos. “A ressurreição de Cristo provoca, por todos os lados, gérmenes desse mundo novo; e mesmo se os cortarem, voltarão a surgir, porque a ressurreição do Senhor já penetrou a trama oculta desta história, porque Jesus não ressuscitou em vão. Não fiquemos à margem dessa marcha da esperança viva!” (Papa Francisco).

* Caminhai agradecidamente. Abri-vos à emoção, à surpresa, à novidade que nasce de todo o encontro com Cristo. Ele vos ajudará a viver agradecidamente. Ele é fonte que jorra vida, o seu amor nunca se esgota. Ainda que tenhais dias sombrios, Ele “nunca vos faltará; ajudar-vos-á em todos os vossos trabalhos; achá-lo-eis em toda a parte; e pensais que é pouco ter um tal Amigo a vosso lado” (Caminho, 26, 1). Ainda que às vezes a vossa vida pareça um deserto, Ele é Horto regado. A sua Palavra, guardada no coração, vos tirará os medos, vos fortalecerá. “É ajuda e dá força; nunca falta” (Vida, 22,6), vos fará companhia e encherá de sentido solidário a vossa vida. Mesmo que haja cansaços, vos tornará a iluminar de novo. E a vossa vida será uma dança com a música universal do amor de Cristo. “É tarde, mas é madrugada, se insistimos um pouco”. Obrigado por esta partilha. Se algo vos fez vibrar, isso é vosso.

Pedro Tomás Navajas, OCD, Carta aos jovens sobre Cristo (excerto)

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Agradecimento

Pe. Fr. António de Jesus Lourenço, O. Carm.

Nasceu em 08/06/1940 – Faleceu em 25/01/2019

Caríssimos(as) Amigos(as),

Através deste meio e em nome da Comunidade Carmelita da Casa São Nuno – Fátima, e dos Familiares do Pe. Fr. António de Jesus Lourenço, Religioso Carmelita que foi membro desta Comunidade, queremos expressar-vos o nosso mais profundo agradecimento pela vossa união connosco, manifestada de diversas formas, num momento importante da vida do Pe. António Lourenço, da Ordem do Carmo em Portugal e da sua Família, ele que simplesmente partiu antes de nós para a Casa do Pai.

Que o Pe. António de Jesus Lourenço cuide nós, ore por nós, nos ilumine e conduza, e nos obtenha uma fé cada vez mais robusta e um coração mais ardente pela docilidade à acção do Espírito Santo, para que “vivamos em santidade e justiça todos os dias da nossa vida” e cresçamos na confiança em Deus, e ousemos dizer como o salmista quando a nossa “hora” chegar: “Que alegria quando me disseram, vamos para a casa do Senhor”.

Bem hajam.

Um Abraço fraterno para todos vós.

P’la Comunidade Carmelita da Casa São Nuno

Pe. Fr. Manuel Castro, O. Carm.

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