Ano da Fé – XLVIII

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Creio no Espírito Santo – II

Significativamente, o Espírito é mencionado na abertura e encerramento da Bíblia. Toda a história, desde a criação até à realização final, se desenrola sob o influxo do poderoso “sopro” de Deus. O Espírito é a omnipotência do amor com que Deus realiza o seu projecto no mundo: que produz as coisas, dá a vida, suscita os profetas, justifica os pecadores, faz ressuscitar os mortos.

No Novo Testamento, com a vinda e a obra de Jesus, o Espírito de Deus está presente. O anjo da Anunciação anuncia que o Espírito virá sobre a Virgem Maria, de tal modo que aquele que vai nascer dela “será santo e chamado Filho de Deus” (Lc 1, 35). Mais tarde, no baptismo de Jesus, os céus abrem-se e Jesus vê o Espírito de Deus descer como uma pomba sobre ele (cf. Mt 3, 16). É o Espírito que o conduz ao deserto e é pela força do Espírito que resiste ao tentador. Toda a sua acção, a autoridade da sua Palavra, os milagres como os gestos mais simples que ele realiza, são obra deste Espírito que Deus lhe dá “sem medida” (Jo 3, 34).

Este Espírito, Jesus prometeu-o aos seus discípulos no momento de os deixar: “Pedirei ao Pai, e ele vos dará outro Defensor que estará sempre convosco: o Espírito de verdade” (Jo 14, 16). Com efeito, para que o Espírito seja derramado, é necessário que Jesus, realizada a sua obra, parta: “Se eu não partir, o Defensor não virá até vós; mas se eu partir, enviar-vo-lo-ei” (Jo 16, 7). A partida de Jesus é o seu regresso ao Pai.

A grande manifestação do Espírito Santo à Igreja nascente dá-se porém no Pentecostes. Segundo o texto de Act. 2, 4, “…todos ficaram repletos do Espírito Santo…”. Deu-se aqui o cumprimento da promessa de Jesus Cristo, de que não deixaria órfãos os seus discípulos. O Espírito Santo é o defensor e consolador prometido, e por Ele os discípulos darão testemunho de Cristo. É pela sua acção que a Igreja se dá a conhecer ao mundo. Os Apóstolos perdem o medo de testemunhar a sua fé em Jesus Cristo ressuscitado e lançam-se na missão de anunciar o Evangelho ao mundo, porque o Espírito Santo está com eles. É também Ele que guia a Igreja e está presente nas suas grandes decisões. Por isso se diz que o Espírito Santo é a alma da Igreja.

A missão do Espírito é introduzir-nos na comunhão com Deus. Por meio dele, o amor de Deus é derramado nos nossos corações e o Pai e o Filho passam a habitar em nós, tornamo-nos irmãos em Cristo, a ele unidos como a seu corpo, participantes da sua relação filial com o Pai, capazes de partilhar a sua caridade para com todos, co-herdeiro da sua glória.

Mas a nossa capacidade de compreensão é limitada; por isso, a missão do Espírito é introduzir a Igreja de maneira sempre nova, de geração em geração, na grandeza do mistério de Cristo (Bento XVI).

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