Quem dizem as pessoas que eu sou?

O Senhor interpela os seus discípulos e pergunta-lhes o que as pessoas dizem acerca dele: “Quem dizem as pessoas que eu sou?”. Das respostas dadas sobressai que Jesus é considerado pelo povo como um grande profeta. Mas, na realidade, a Jesus não lhe interessa a sondagem da opinião do povo. Nem aceita tampouco que os seus discípulos respondam às suas perguntas com fórmulas pré-fabricadas, citando personagens famosas da Sagrada Escritura, porque uma fé que se reduz às fórmulas é uma fé míope.

O Senhor quer que os seus discípulos de ontem e de hoje estabeleçam com ele uma relação pessoal, e o acolham no centro das suas vidas. Jesus, também hoje, volta a dirigir esta pergunta tão directa e confidencial a cada um de nós: “Quem sou eu para ti?”. Cada um de nós é chamado a responder, no seu coração, deixando-se iluminar pela luz que o Pai nos dá para conhecer o seu Filho Jesus. E pode suceder a nós o mesmo que sucedeu a Pedro, e afirmar com entusiasmo: “Tu és o Cristo”.

Entretanto, quando Jesus diz claramente aos discípulos que a sua missão se cumpre não no amplo caminho do triunfo, mas na árdua via do Servo sofredor, humilhado, rejeitado e crucificado, então pode suceder também a nós o que aconteceu com Pedro, e nós protestemos e nos rebelemos porque esse caminho contrasta com as nossas expectativas. Nesses momentos, também merecemos as palavras do Jesus: “Afasta-te de mim, Satanás! Porque não pensas como Deus, mas como os homens”.

A profissão de fé em Jesus não pode ficar em palavras, mas exige uma autêntica escolha e gestos concretos, de uma vida marcada pelo amor a Deus e ao próximo. Jesus diz-nos que, para o seguir, para ser seus discípulos, é preciso negar-nos a nós mesmos, quer dizer, deixar de lado o orgulho egoísta e carregar com a cruz. E Jesus oferece-nos uma regra fundamental: “Quem quer salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perde a sua vida por minha causa e pela causa do Evangelho, então salvá-la-á”. Para entender este paradoxo é necessário recordar que a nossa vocação mais profunda é o amor, porque estamos feitos à imagem de Deus, que é amor.

Com frequência na vida, por muitos motivos, equivocamo-nos no caminho, procurando a felicidade nas coisas, ou nas pessoas que tratamos como se fossem coisas. Mas só encontramos a felicidade quando o amor, o verdadeiro, nos encontra, nos surpreende e nos muda. O amor muda tudo. E o amor pode mudar também a nós, a cada um de nós. Isto no-lo mostra o testemunho dos santos.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 16 de Setembro de 2018

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