A Missa é um encontro de amor com Deus

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Continuamos com as catequeses sobre a Santa Missa. Para compreender a beleza da celebração eucarística desejo iniciar com um aspeto muito simples: a Missa é oração, aliás, é a oração por excelência, a mais elevada, a mais sublime, e ao mesmo tempo a mais “concreta”. Com efeito é o encontro de amor com Deus mediante a sua Palavra e o Corpo e Sangue de Jesus. É um encontro com o Senhor.

Mas primeiro temos que responder a uma pergunta. O que é realmente a oração? Antes de tudo, ela é diálogo, relação pessoal com Deus. E o homem foi criado como ser em relação pessoal com Deus que tem a sua plena realização unicamente no encontro com o seu Criador. O caminho da vida é rumo ao encontro definitivo com o Senhor.

O Livro do Génesis afirma que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, o qual é Pai e Filho e Espírito Santo, uma relação perfeita de amor que é unidade. Disto podemos compreender que todos nós fomos criados para entrar numa relação perfeita de amor, num contínuo doar-nos e receber-nos para assim podermos encontrar a plenitude do nosso ser.

Quando Moisés, diante da sarça ardente, recebeu a chamada de Deus, perguntou-lhe qual era o seu nome. E o que respondeu Deus? «Eu sou Aquele que sou» (Êx 3, 14). Esta expressão, no seu sentido originário, manifesta presença e favor, e com efeito imediatamente a seguir Deus acrescenta: «O Senhor, o Deus dos vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob» (v. 15). Assim também Cristo, quando chama os seus discípulos, os chama para que estejam com Ele. Eis, por conseguinte, a maior graça: poder experimentar que a Missa, a Eucaristia é o momento privilegiado para estar com Jesus e, através d’Ele, com Deus e com os irmãos.

Rezar, como qualquer diálogo verdadeiro, significa saber também ficar em silêncio — nos diálogos há momentos de silêncio — em silêncio juntamente com Jesus. E quando vamos à Missa, talvez cheguemos cinco minutos antes e comecemos a falar com quem está ao nosso lado. Mas não é o momento para falar: é o momento do silêncio a fim de nos prepararmos para o diálogo. É o momento de se recolher no coração a fim de se preparar para o encontro com Jesus. O silêncio é tão importante! Recordai-vos do que disse na semana passada: não vamos a um espetáculo, vamos ao encontro com o Senhor e o silêncio prepara-nos e acompanha-nos. Permanecer em silêncio juntamente com Jesus. E do misterioso silêncio de Deus brota a sua Palavra que ressoa no nosso coração. O próprio Jesus nos ensina como é possível “estar” realmente com o Pai e no-lo demonstra com a sua oração. Os Evangelhos mostram-nos Jesus que se retira em lugares afastados para rezar; os discípulos, ao ver esta sua relação íntima com o Pai, sentem o desejo de poder participar nela, e pedem-lhe: «Senhor, ensina-nos a rezar» (Lc 11, 1). Assim ouvimos há pouco, na primeira Leitura, no início da audiência. Jesus responde que a primeira coisa necessária para rezar é saber dizer “Pai”. Estejamos atentos: se eu não for capaz de dizer “Pai” a Deus, não sou capaz de rezar. Temos que aprender a dizer “Pai”, ou seja, de nos pormos na sua presença com confiança filial. Mas a fim de poder aprender, é preciso reconhecer humildemente que precisamos de ser instruídos, e dizer com simplicidade: Senhor, ensina-me a rezar.

Este é o primeiro ponto: ser humildes, reconhecer-se filhos, repousar no Pai, confiar n’Ele. Para entrar no Reino dos céus é necessário fazer-se pequeninos como as crianças. No sentido de que as crianças sabem confiar, sabem que alguém se preocupará com elas, com o que hão de comer, com o que vestirão e assim por diante (cf. Mt 6, 25-32). Esta é a primeira atitude: confiança e confidência, como a criança com os pais; saber que Deus se recorda de ti, cuida de ti, de ti, de mim, de todos.

A segunda predisposição, também ela própria das crianças, é deixar-se surpreender. A criança faz sempre muitas perguntas porque deseja descobrir o mundo; e admira-se até com coisas pequenas porque para ela tudo é novo. Para entrar no Reino dos céus é preciso deixar-se surpreender. Na nossa relação com o Senhor, na oração — eu pergunto — deixamo-nos surpreender ou pensamos que a oração é falar a Deus como fazem os papagaios? Não, é confiar e abrir o coração para se deixar surpreender. Deixamo-nos maravilhar por Deus que é sempre o Deus das surpresas? Porque o encontro com o Senhor é sempre um encontro vivo, não é um encontro de museu. É um encontro vivo e nós vamos à Missa e não a um museu. Vamos a um encontro vivo com o Senhor.

No Evangelho fala-se de um certo Nicodemos (cf. Jo 3, 1-21), um idoso, uma autoridade em Israel, que vai procurar Jesus para o conhecer; e o Senhor fala-lhe da necessidade de “renascer do alto” (cf. v. 3). Mas que significa isto? Pode-se “renascer”? Voltar a ter o gosto, a alegria, a maravilha da vida, é possível, mesmo face a tantas tragédias? Esta é uma pergunta fundamental da nossa fé e este é o desejo de qualquer crente verdadeiro: o desejo de renascer, a alegria de recomeçar. Nós temos este desejo? Cada um de nós tem vontade de renascer sempre para se encontrar com o Senhor? Tendes este desejo? Com efeito, pode-se perdê-lo facilmente porque, por causa de tantas atividades, de tantos projetos a concretizar, no final temos pouco tempo e perdemos de vista o que é fundamental: a nossa vida do coração, a nossa vida espiritual, a nossa vida que é encontro com o Senhor na oração.

Na verdade, o Senhor surpreende-nos ao mostrar-nos que Ele nos ama até com as nossas debilidades: «Jesus Cristo […] é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo» (1 Jo 2, 2). Este dom, fonte de verdadeira consolação — mas o Senhor perdoa-nos sempre — conforta, é uma verdadeira consolação, é um dom que nos é concedido através da Eucaristia, aquele banquete nupcial no qual o Esposo encontra a nossa fragilidade. Posso dizer que quando recebo a comunhão na Missa, o Senhor encontra a minha fragilidade? Sim! Podemos dizê-lo porque isto é verdade! O Senhor encontra a nossa fragilidade para nos reconduzir à nossa primeira chamada: ser à imagem e semelhança de Deus. É este o ambiente da Eucaristia, é esta a oração.

Papa Francisco, Audiência Geral, 15 de Novembro de 2017

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Comemoração de todos os defuntos da Ordem Carmelita – 15 de Novembro

Para uma carmelita a morte não tem nada de espantoso. Vai viver a vida verdadeira. Vai cair nos braços de quem amou aqui na terra sobre todas as coisas. Vai submergir eternamente no amor.

Santa Teresa dos Andes

A oração comum de toda a Ordem na “Comemoração de todos os defuntos da Ordem Carmelita” implora ao Senhor a misericórdia para todos os que nesta vida foram da Família do Carmelo: religiosos, religiosas, leigos no mundo, familiares dos religiosos(as) e todos quantos estiveram ligados à Ordem por laços de vocação, de amizade, benfeitores, ou simplesmente unidos pelo Escapulário. 

Rezamos para que por intercessão de Maria, sinal de esperança certa e de consolação segura, se associem nos Céus, à grande Família Carmelita dos santos e eleitos que já contempla Deus face a face.

Oração

Senhor, glória dos fiéis, concedei o descanso eterno aos nossos irmãos e irmãs defuntos, a quem nos une o mesmo Baptismo e a mesma vocação no Carmelo, para que, tendo seguido a Cristo e a sua Mãe, possam contemplar-Vos para sempre como seu criador e redentor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

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Ladainha dos santos carmelitas

Senhor, tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós. Cristo, tende piedade de nós, Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós. Santíssima Trindade, fonte de toda santidade, Tende piedade de nós.

Santa Virgem Maria do Monte Carmelo, rogai por nós. Santa Virgem Maria, Mãe da Divina Graça, rogai por nós. São José, rogai por nós. Santo Elias Profeta, rogai por nós. São Gabriel, Anjo da Guarda da nossa Ordem, rogai por nós. São Joaquim e Santa Ana, Protectores do Carmelo, rogai por nós. Santo Eliseu, rogai por nós. São Bertoldo, rogai por nós. São Brocardo rogai por nós. Todos os Santos Profetas e Eremitas do Carmelo, rogai por nós.

São Ângelo da Sicilia. rogai por nós. Santa Teresa de Jesus, rogai por nós. São João da Cruz, rogai por nós. Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós. São Rafael Kalinowski, rogai por nós. São Simão Stock, rogai por nós. São Pedro Tomás, rogai por nós. Santo André Corsini, rogai por nós. Santo Henrique de Ossó e Cervelló, rogai por nós. Santo Alberto de Trápani, rogai por nós. Santo Alberto de Jerusalém, rogai por nós. Santa Teresa Margarida Redi, rogai por nós. Santa Teresa de Jesus dos Andes, rogai por nós. Santa Teresa Benedita da Cruz, rogai por nós. Santa Maria Madalena de Pazzi, rogai por nós. Santa Maria Maravilhas de Jesus, rogai por nós. São Nuno de Santa Maria, rogai por nós. Santa Maria de Jesus Crucificado, rogai por nós. Santa Isabel da Trindade, rogai por nós. São Luís Martin, rogai por nós. Santa Zélia Guèrin, rogai por nós. Todos os Santos e Santas de Deus, rogai por nós.

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, Dai-nos a paz.

Oremos: Nós vos pedimos, Senhor, que nos assistam com a sua protecção a Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo e todos os Santos da família do Carmo, para que, seguindo fielmente os seus exemplos sirvamos a vossa Igreja com a oração e com obras dignas de Vós. Por Cristo Nosso Senhor. Amen.

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Todos os santos carmelitas – 14 de Novembro

Por AMOR de Nosso Senhor lhes peço: lembrem-se quão depressa tudo se acaba, e da mercê que Nosso Senhor nos fez trazendo-nos a esta Ordem e das grandes penas que terá quem nela introduzir algum relaxamento. Mas que ponham sempre os olhos na Casta de onde vimos, naqueles Santos Profetas. Quantos SANTOS temos no Céu que trouxeram este hábito! Tenhamos a santa presunção, com a ajuda de DEUS, de ser como Eles. Pouco durará a batalha e o fim será eterno.

Santa Teresa de Jesus

Preces

Invoquemos o Senhor Jesus, Nosso Redentor, e confiados na ajuda da Virgem Maria, nossa Mãe, e na intercessão dos nossos irmãos, os Santos Carmelitas, peçamos. Santificai-nos na verdade, Senhor!

– Vós, que chamastes muitos fiéis ao Carmelo para vos seguirem mais de perto pelos caminhos do amor, fazei que caminhemos na verdade por meio da prática da virtude do amor. Santificai-nos na verdade, Senhor!

– Vós, que concedestes aos nossos Santos a força da perseverança no amor fraterno, conservai as nossas comunidades na vossa Paz e fazei que tenhamos um só coração e uma só alma. Santificai-nos na verdade, Senhor!

– Vós, que chamastes os nossos Santos ao serviço e imitação da Virgem Maria, fazei que, sob a protecção da vossa e nossa Mãe, caminhemos numa vida nova e permaneçamos fiéis até ao fim. Santificai-nos na verdade, Senhor!

– Vós, que suscitastes na Igreja a Famí1ia do Carmelo, para cultivar a ciência da íntima união convosco por meio da oração, ensinai-nos a partilhar com os nossos irmãos os tesouros da contemplação. Santificai-nos na verdade, Senhor!

– Vós, que sois a coroa eterna e a alegria perene de nossos Santos, pela intercessão de Nossa Senhora do Carmo, Mãe e Protectora dos que morreram, concedei aos irmãos e irmãs falecidos da nossa Família Carmelita a alegria da vossa presença no Sábado eterno dos Céus. Santificai-nos na verdade, Senhor!

Oração

Nós vos pedimos, Senhor, que nos assistam com a sua protecção a Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo e todos os Santos da família do Carmo, para que, seguindo fielmente os seus exemplos sirvamos a vossa Igreja com a oração e com obras dignas de Vós. Por Cristo Nosso Senhor. 

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32º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Leitura do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus (Mt 25,1-13)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O Reino dos Céus será semelhante a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram insensatas e cinco prudentes. As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias. Demorando o noivo, começaram todas a dormitar e adormeceram. A meio da noite ouviu-se um grito: ‘Aí vem o noivo; saí ao seu encontro’. Então, as virgens levantaram-se todas e começaram a preparar as suas lâmpadas. As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão a apagar-se’. Mas as prudentes responderam: ‘De modo nenhum, não aconteça que não seja suficiente para nós e para vós. Ide antes comprá-lo aos vendedores’. Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o noivo. As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se. Mais tarde, chegaram também as outras virgens e disseram: ‘Senhor, senhor, abre-nos a porta’. Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’. Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia, nem a hora».

Reflexão

A parábola das dez virgens (jovens ainda não desposadas) tem por cenário um casamento judaico tradicional. No último dia dos festejos, depois do pôr-do-sol, o noivo, acompanhado pelos seus amigos, à luz de tochas e ao som de cânticos, formando um cortejo, dirige-se a casa da noiva, que aí o espera. Quando o cortejo chega, a noiva deixa a casa paterna, acompanhada das suas amigas, formando-se então uma única comitiva luminosa que, entre cânticos de festa e danças, se dirige para a casa do noivo, onde se celebra o casamento, ao qual se segue o banquete nupcial.

As dez virgens de que fala o Evangelho representam todo o povo de Deus que espera ansiosamente a chegada do “noivo”, o Messias prometido, através do qual Deus desposará o seu povo. Esse noivo é Jesus. Cinco dessas virgens eram “prudentes”, sensatas, amigas da noiva, e precaveram-se com azeite de reserva para as suas lâmpadas. As outras cinco eram “insensatas” e não levaram azeite consigo. Entretanto, o noivo demora e todas elas começam a cabecear e adormecem, uma imagem da rotina, do desânimo e do cansaço que podem vencer quem tem fé e esqueceu “o seu primeiro amor” (Ap 2,4).

Entretanto o noivo chega com o seu séquito e a noiva com as suas amigas saem-lhe ao encontro com as lâmpadas acesas. Com as tochas apagadas, as jovens insensatas não puderam integrar a comitiva nupcial. Enquanto foram comprar o azeite, o cortejo chegou a casa do noivo, deu-se início ao banquete e fechou-se a porta. Mais tarde, chegaram também as jovens insensatas, e disseram: “Senhor, Senhor, abre-nos a porta”. A resposta, porém, surge: “Em verdade vos digo que não vos conheço”. Para se entender bem o alcance das afirmações “Senhor, Senhor” e “não vos conheço”, importa reler atrás, no Discurso programático da Montanha, Mateus 7,21-23: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus”. “Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos e em teu nome que expulsámos demónios e em teu nome que fizemos muitos milagres?’ Então eu lhes declararei: ‘Nunca vos conheci’”. Jesus adverte assim para o carácter definitivo da opção por Ele, mostrando que uma oportunidade, uma vez rejeitada, poderá nunca mais voltar.

Podemos ficar surpreendidos com as virgens sensatas porque não compartilharam o azeite com as outras companheiras que não o tinham. Mas não temos que fazer uma interpretação literal do texto, já que as parábolas servem para nos fazer pensar. A chave de interpretação está nas palavras finais: Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia, nem a hora. Neste sentido, o azeite não se pode pedir emprestado, visto ser fruto de uma atitude de coração. Se não a tenho ninguém ma pode dar. Podem rezar por mim, podem ajudar-me, podem aconselhar-me, mas se eu não me abro pessoalmente à graça de Deus, se não a acolho, de nada (ou pouco) me serve o que os outros fazem por mim. Há coisas na vida que não se improvisam.

Palavra do Papa Francisco

“Se nos deixarmos guiar por coisas que nos parecem mais fáceis, satisfazendo os nossos interesses, a nossa vida fica estéril, incapaz de dar vida aos outros… e não acumulamos nenhuma reserva de óleo para a lamparina de nossa fé.

Ao invés, se formos vigilantes e tentarmos fazer o bem com gestos de amor, de compartilha e de serviço ao próximo necessitado, podemos ficar tranquilos: o Senhor poderá chegar em qualquer momento e até o sono da morte não nos assustará, porque teremos a reserva de óleo acumulada com as boas acções de todos os dias”.

“Muitas vezes, no Evangelho, Jesus exorta a vigiar: ‘Vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora’. Vigiar, portanto, não significa apenas não dormir, mas estar preparados. Este é o significado de ser sábios e prudentes: não esperar até ao último instante de nossa vida para colaborar com a graça de Deus, mas fazê-lo desde já” (Papa Francisco, Angelus, 12 de Novembro de 2017).

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São Martinho de Tours – 11 de Novembro

Senhor, se ainda sou necessário ao vosso povo, não me recuso a trabalhar. Seja feita a vossa vontade! – São Martinho de Tours.

São Martinho nasceu na Panónia, na actual Hungria, no ano 316. O pai orientou-o para a carreira militar. Ainda catecúmeno, deu prova de coerência e de amor cristão para com os pobres. Recebido o baptismo, orientado por Santo Hilário de Poitiers, deixou as armas e consagrou-se a Deus na vida monástica. Começou por viver como eremita. Depois, sempre aconselhado por Santo Hilário, fundou em Ligugè o primeiro mosteiro cristão do Ocidente. Em 373 foi escolhido para bispo de Tours. Até à morte, ocorrida em 397, dedicou-se com incansável solicitude à formação do clero, à pacificação entre os povos e à evangelização. Foi um dos primeiros santos, não mártires, a ser honrado pela liturgia da Igreja.

O povo cristão admirou a sua generosidade e reconheceu a sua bem-aventurança, venerando-o, celebrando-o e criando sugestivas tradições ligadas à sua memória. A sua vida, escrita por Sulpício Severo, chegou bem depressa a todo o Império romano. Durante a Idade Média fizeram-se peregrinações ao seu sepulcro, quase tantas como aos sepulcros dos Apóstolos, em Roma. A sua fama de taumaturgo transportava toda a espécie de enfermos e necessitados, com a esperança de alcançarem cura das suas doenças e males.

Oração: Senhor, que fostes glorificado pela vida e pela morte do bispo São Martinho, renovai em nossos corações as maravilhas da vossa graça, de modo que nem a morte nem a vida nos possam separar do vosso amor. Por Cristo Nosso Senhor. Amen.

A lenda de São Martinho

A caridade é a virtude característica de S. Martinho. É apresentado dando metade do seu manto a um pobre. Num dia frio e chuvoso de inverno, Martinho seguia montado a cavalo quando encontrou um mendigo. Vendo o pedinte a tremer de frio e sem nada que lhe pudesse dar, pegou na espada e cortou o manto ao meio, cobrindo-o com uma das partes. Mais à frente, voltou a encontrar outro mendigo, com quem partilhou a outra metade da capa. Sem nada que o protegesse do frio, Martinho continuou viagem. Diz a lenda que, nesse momento, as nuvens negras desapareceram e o sol surgiu. O bom tempo prolongou-se por três dias.

Na noite seguinte, Cristo apareceu a Martinho num sonho. Usando o manto do mendigo, voltou-se para a multidão de anjos que o acompanhavam e disse em voz alta: “Martinho, ainda catecúmeno [que não foi ainda baptizado mas se prepara para o receber], cobriu-me com esta veste”.

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Crescer no conhecimento do grande dom que Deus nos concedeu na Eucaristia

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Iniciamos hoje uma nova série de catequeses, que fixará o olhar no “coração” da Igreja, ou seja, na Eucaristia. Para nós cristãos, é fundamental compreender bem o valor e o significado da Santa Missa, a fim de viver cada vez mais plenamente a nossa relação com Deus.

Não podemos esquecer o grande número de cristãos que, no mundo inteiro, em dois mil anos de história, resistiram até à morte para defender a Eucaristia; e quantos, ainda hoje, arriscam a vida para participar na Missa dominical. No ano de 304, durante as perseguições de Diocleciano, um grupo de cristãos, do norte de África, foram surpreendidos a celebrar a Missa numa casa e foram aprisionados. O procônsul romano, no interrogatório, perguntou-lhes por que o fizeram, sabendo que era absolutamente proibido. E eles responderam: «Sem o domingo não podemos viver», que significava: se não podemos celebrar a Eucaristia, não podemos viver, a nossa vida cristã morreria.

Com efeito, Jesus disse aos seus discípulos: «se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia» (Jo 6, 53-54).

Aqueles cristãos do norte de África foram assassinados porque celebravam a Eucaristia. Deixaram o testemunho de que se pode renunciar à vida terrena pela Eucaristia, porque ela nos dá a vida eterna, tornando-nos partícipantes da vitória de Cristo sobre a morte. Um testemunho que nos interpela a todos e exige uma resposta acerca do que significa para cada um de nós participar no Sacrifício da Missa e aproximarmo-nos da Mesa do Senhor. Estamos à procura daquela nascente da qual “jorra água viva” para a vida eterna, que torna a nossa vida um sacrifício espiritual de louvor e de agradecimento e faz de nós um só corpo com Cristo? É este o sentido mais profundo da sagrada Eucaristia, que significa “agradecimento”: agradecimento a Deus Pai, Filho e Espírito Santo que nos abrange e nos transforma na sua comunhão de amor.

Nas próximas catequeses gostaria de responder a algumas perguntas importantes sobre a Eucaristia e a Missa, a fim de redescobrir, ou descobrir, como o amor de Deus resplandece através deste mistério da fé.

O Concílio Vaticano II foi fortemente animado pelo desejo de levar os cristãos a compreender a grandeza da fé e a beleza do encontro com Cristo. Por este motivo era necessário antes de mais realizar, com a ajuda do Espírito Santo, uma adequada renovação da Liturgia, porque a Igreja vive continuamente dela e renova-se graças a ela.

Um tema central que os Padres conciliares frisaram foi a formação litúrgica dos fiéis, indispensável para uma verdadeira renovação. E é precisamente esta também a finalidade deste ciclo de catequeses que hoje iniciamos: crescer no conhecimento do grande dom que Deus nos concedeu na Eucaristia.

A Eucaristia é um acontecimento maravilhoso no qual Jesus Cristo, nossa vida, se faz presente. Participar na Missa «é viver outra vez a paixão e a morte redentora do Senhor. É uma teofania: o Senhor torna-se presente no altar para ser oferecido ao Pai pela salvação do mundo» (Homilia, Santa Marta, 10 de fevereiro de 2014). O Senhor está ali connosco, presente. Muitas vezes nós vamos ali, olhamos para as coisas, falamos entre nós enquanto o sacerdote celebra a Eucaristia… e não celebramos ao lado d’Ele. Mas é o Senhor! Se hoje viesse aqui o Presidente da República ou qualquer pessoa muito importante do mundo, certamente todos estaríamos perto dela, e gostaríamos de a saudar. Mas repara: quando tu vais à missa, o Senhor está lá! E tu distrais-te. É o Senhor! Devemos pensar nisto. “Padre, mas as missas são tediosas” — “Que dizes, o Senhor é tedioso?” — Não, a Missa não, os sacerdotes” — “Ah, que os sacerdotes se convertam, mas é o Senhor quem está ali!”. Está claro? Não o esqueçais. «Participar na Missa é como viver outra vez a paixão e a morte redentora do Senhor».

Procuremos agora fazer-nos algumas perguntas simples. Por exemplo, por que fazemos o sinal da cruz e o ato penitencial no início da Missa? E aqui gostaria de fazer outro parêntese. Vistes como fazem as crianças o sinal da cruz? Não se sabe o que fazem, se é o sinal da cruz ou um desenho. Fazem assim [o Papa fez um gesto desajeitado]. É preciso ensinar bem às crianças a fazer o sinal da cruz. Assim começa a Missa, assim começa a vida, assim começa o dia. Isto significa que somos remidos com a cruz do Senhor. Olhai para as crianças e ensinai-lhes a fazer bem o sinal da cruz. E aquelas Leituras, na Missa, porque se fazem? Por que se lêem ao domingo três Leituras e nos outros dias duas? Por que estão ali, o que significa a Leitura da Missa? Por que se lêem e o que têm a ver? Ou então, por que a um certo ponto o sacerdote que preside à celebração diz: “Corações ao alto?”. Não diz: “Telefones ao alto para fazer fotografias!”. Não, não é agradável! E digo-vos que me causa muita tristeza quando celebro aqui na Praça ou na Basílica e vejo tantos telefones elevados, não só dos fiéis, mas até de alguns sacerdotes e bispos. Por favor! A Missa não é um espetáculo: significa ir encontrar a paixão e a ressurreição do Senhor. Por isso o sacerdote diz: “Corações ao alto”. Que significa isto? Recordai-vos: não levanteis os telefones.

É muito importante voltar aos fundamentos, redescobrir aquilo que é essencial, através do que se toca e se vê na celebração dos Sacramentos. O pedido do apóstolo São Tomé (cf. Jo 20, 25), para poder ver e tocar as chagas dos pregos no corpo de Jesus, é o desejo de poder de alguma forma “tocar” Deus para acreditar nele. O que São Tomé pede ao Senhor é aquilo de que todos nós precisamos: vê-lo e tocar nele para o poder reconhecer. Os Sacramentos vêm ao encontro desta exigência humana. Os Sacramentos, e a celebração eucarística de maneira especial, são os sinais do amor de Deus, os caminhos privilegiados para nos encontrarmos com Ele.

Assim, através destas catequeses que hoje começam, gostaria de redescobrir juntamente convosco a beleza que se esconde na celebração eucarística, e que, quando é revelada, dá pleno sentido à vida de cada um. Nossa Senhora nos acompanhe neste novo percurso. Obrigado.

Papa Francisco, Audiência Geral de 8 de Novembro de 2017


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São Nuno de Santa Maria (Nuno Álvares Pereira) – 6 de Novembro

Sabei que o Senhor me fez maravilhas. Ele me ouve, quando eu o chamo” (Sl 4, 4). Estas palavras do Salmo Responsorial exprimem o segredo da vida do bem-aventurado Nuno de Santa Maria, herói e santo de Portugal. Os setenta anos da sua vida situam-se na segunda metade do século XIV e primeira do século XV, que viram aquela nação consolidar a sua independência de Castela e estender-se depois pelos Oceanos – não sem um desígnio particular de Deus – abrindo novas rotas que haviam de propiciar a chegada do Evangelho de Cristo até aos confins da terra. São Nuno sente-se instrumento deste desígnio superior e alistado na militia Christi, ou seja, no serviço de testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo. Características dele são uma intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino. Embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à acção suprema que vem de Deus. São Nuno esforçava-se por não pôr obstáculos à acção de Deus na sua vida, imitando Nossa Senhora, de Quem era devotíssimo e a Quem atribuía publicamente as suas vitórias. No ocaso da sua vida, retirou-se para o Convento do Carmo por ele mandado construir. Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélico, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus.

Bento XVI, Homilia da canonização, 26 de Abril de 2009

Unidos em oração, / comungamos na alegria / de evocar o nosso irmão, / Nuno de Santa Maria. / “Servir a Deus”, eis o lema, / que escolheu e praticou: / até à renúncia extrema / de tudo se despojou. / Não podia o mundo encher / coração tão dilatado: / carmelita há de morrer, / humilde e apagado. / Goza já da liberdade / própria dos filhos da luz: / reveste-o a caridade, / sua glória é a Cruz. / A vós, Deus trino e uno, / bendizemos e adoramos; / celebrando São Nuno, / vossa glória proclamamos.

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31º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 23,1-12)

Naquele tempo, Jesus falou às multidões e aos seus discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei, portanto, e guardai tudo quanto vos disserem, mas não façais segundo as suas obras, porque dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Fazem todas as suas obras para serem vistos pelos homens: alargam os seus filactérios e alongam as franjas; são amigos do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças e de serem chamados ‘rabi’ pelos homens. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘rabi’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘pai’, porque um só é o vosso Pai, o celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘doutores’, porque um só é o vosso Doutor, o Messias. O maior entre vós será o vosso servo. Quem se exaltar será humilhado; e quem se humilhar será exaltado».

Reflexão

Neste 31º Domingo do Tempo Comum continuamos a ouvir Jesus a ensinar no Templo (Mt 23,1-12). No Evangelho de Mateus, o mundo dos escribas e dos fariseus é sempre pintado com cores escuras e sombrias. O único bom escriba que o Evangelho de Mateus conhece é aquele que se tornou discípulo: “Todo o escriba que se tornou discípulo do Reino dos Céus é semelhante ao proprietário que do seu tesouro tira coisas novas e coisas velhas»” (Mt 13,52; cf. 23,34).

O discípulo de Jesus – e nós, hoje – não devemos preocuparmos com o estatuto nem correr atrás de honras, ambição e carreirismo, da notoriedade tornada visível nas filactérias, que são pequenas caixas de couro que continham textos-chave da Escritura (Deuteronómio 6,8 e 11,18), e que se atavam à fronte e ao braço esquerdo, para ficar mais perto do coração, ou as franjas de cor azul ou violeta, que pendiam das vestes (Números 15,38-39: “Fala aos filhos de Israel e diz-lhes que façam para si, ao longo das suas gerações, franjas nos cantos das suas vestes, pondo na franja de cada canto um cordão de lã purpúrea. Tereis, assim, franjas que, quando olhardes para elas, vos recordarão todos os preceitos do SENHOR. Haveis de cumpri-los e não vos deixareis arrastar pelos vossos corações e pelos vossos olhos, que vos seduziriam para o mal.”), e mais tarde do manto que os judeus piedosos vestem para a oração. Convenhamos que é bem intencionada a prescrição, mas acaba por resultar em pura ostentação! Os escribas e fariseus aspiram a primazias e querem sobressair.

Como devem viver ao cristãos para que o farisaísmo não se perpetue na Igreja? Jesus diz que fundamentalmente é preciso que a comunidade cristã seja uma verdadeira fraternidade. A Igreja não é constituída por “superiores” (“maiores”) e “súbditos”; “mestres” e “discípulos”; “pais” e “filhos”; “doutores” e “alunos”; mas por “irmãos” uns dos outros, que têm Jesus como único Mestre, como Pai comum, Deus que está nos céus que nos dá o Seu Espírito e por meio dele nos instrui interiormente, iluminando, purificando, curando e transformando os corações para poderem conhecer e amar a Deus e aos irmãos.

Na Igreja, o maior é aquele que serve e dá a vida pelo outro, como Jesus, pois nela só o amor e o serviço têm a primazia aos olhos de Deus. Quem se gloria e exalta, rebaixa a Deus em si mesmo e assim será humilhado; mas quem se humilhar, obedecendo a Deus e reconhecendo o seu pecado, engrandece a Deus em si mesmo e por Ele será exaltado.

Palavra para o caminho

Existe algo de mais ridículo do que uma testemunha de Jesus buscar ser distinguida e reverenciada pela comunidade cristã?!…

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Construo sobre rocha firme ou sobre areia?

Fé não significa acreditar ou não acreditar se Deus existe, embora a nossa cultura tenha muitas vezes relacionado fé com essa discussão teórica. Fé, crer, significa, à letra, “apoiar-se em”. Devemos perguntar: “Em quem me apoio, em quem faço fé? Qual é o meu fundamento? Em quem confio?” Ora só faz sentido “fazer fé” em quem nos ama, sem condições! Alguém que não engana e me dá força para o caminho! Ser crente cristão é estar convicto de que o caminho de Cristo é o mais humano, apoiado na certeza de um Deus que é Pai, e pedagogicamente me conduz à liberdade.

Vasco P. Magalhães, sj

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