A oração conduz à missão

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Precisamente porque é mãe de portas abertas, a Igreja sempre está em caminho para os homens para levar-lhes aquela «água viva» (cf. Jo 4,10) que rega o horto do seu coração sedento. A santa escritora e mestra de oração foi ao mesmo tempo fundadora e missionária pelos caminhos de Espanha. A sua experiência mística não a separou do mundo nem das preocupações das pessoas. Pelo contrário, deu-lhe novo impulso e coragem para a acção e para os deveres de cada dia, porque também «entre as panelas anda o Senhor» (Fundações 5,8). Ela viveu as dificuldades do seu tempo – tão complicado – sem ceder à tentação do lamento amargo, mas antes aceitando-as na fé como uma oportunidade para dar um passo mais no caminho. E é que, «para fazer Deus grandes mercês a quem de verdade o serve, sempre há tempo» (Fundações 4,6). Hoje Teresa diz-nos: Reza mais para compreender bem o que acontece à tua volta e assim actuar melhor. A oração vence o pessimismo e gera boas iniciativas (cf. Moradas VII, 4,6). Este é o realismo teresiano, que exige obras em vez de emoções, e amor em vez de sonhos, o realismo do amor humilde ante um ascetismo trabalhoso! Algumas vezes a Santa abrevia as suas saborosas cartas dizendo: «Estamos de caminho» (Carta 469,7.9), como expressão da urgência em continuar até ao fim com a tarefa começada. Quando arde o mundo, não se pode perder o tempo em negócios de pouca importância. Oxalá contagie a todos esta santa pressa para sair e percorrer os caminhos do nosso próprio tempo, com o Evangelho na mão e o Espírito no coração! (Excerto da Carta do Papa Francisco por ocasião da abertura do V Centenário do Nascimento de Santa Teresa de Jesus).

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A oração gera fraternidade

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Para a santa reformadora o caminho da oração transcorre na via da fraternidade no seio da Igreja mãe. Esta foi a sua resposta providencial, nascida da inspiração divina e da sua intuição feminina, aos problemas da Igreja e da sociedade do seu tempo: fundar pequenas comunidades de mulheres que, à imitação do “colégio apostólico”, seguiram Cristo vivendo simplesmente o Evangelho e sustendo toda a Igreja com uma vida feita oração. «Para isto vos juntou Ele aqui, irmãs» (Caminho 2,5) e tal foi a promessa: «que Cristo andaria connosco» (Vida 32,11). Que linda definição da fraternidade na Igreja: andar juntos com Cristo como irmãos! Para isso não recomenda Teresa de Jesus muitas coisas, simplesmente três: amar-se muito uns aos outros, desprender-se de tudo e verdadeira humildade, que «ainda que a digo por último é a base principal e as abraça todas» (Caminho 4,4). Como desejaria, nestes tempos, umas comunidades cristãs mais fraternas onde se faça este caminho: andar na verdade da humildade que nos liberta de nós mesmos para amar mais e melhor aos demais, especialmente aos mais pobres! Nada há mais belo do que viver e morrer como filhos desta Igreja mãe! (Excerto da Carta do Papa Francisco por ocasião da abertura do V Centenário do Nascimento de Santa Teresa de Jesus).

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Santa Teresa e o caminho da oração

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A Santa transitou também o caminho da oração, que definiu de forma bela como um «tratar de amizade estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama» (Vida 8,5). Quando os tempos são “difíceis”, são necessários «amigos fortes de Deus» para dar sustento aos fracos (Vida 15,5). Rezar não é uma forma de fugir, também não é evadir-se, nem isolar-se, mas sim avançar numa amizade que tanto mais cresce quanto mais se trata com o Senhor, «amigo verdadeiro» e «companheiro» fiel de viagem, com quem «tudo se pode sofrer», pois sempre «ajuda, dá esforço e nunca falta» (Vida 22,6). Para orar «não está a coisa em pensar muito mas sim em amar muito» (Moradas IV,1,7), em voltar os olhos para olhar aquele que não deixa de olhar-nos amorosamente e sofrer por nós pacientemente (cf. Caminho 26,3-4). Por muitos caminhos pode Deus conduzir as almas para si, mas a oração é o «caminho seguro» (Vida 213). Deixá-la é perder-se (cf. Vida 19,6). Estes conselhos da Santa têm uma actualidade perene. Sigam, pois, pelo caminho da oração, com determinação, sem deter-se, até ao fim! Isto vale particularmente para todos os membros da vida consagrada. Numa cultura do provisório, viva a fidelidade do «para sempre, sempre, sempre» (Vida 1,5); num mundo sem esperança, mostrem a fecundidade de um «coração enamorado» (Poesia 5); e numa sociedade com tantos ídolos, sejam testemunhas de que «só Deus basta» (Poesia 9) (Excerto da Carta do Papa Francisco por ocasião da abertura do V Centenário do Nascimento de Santa Teresa de Jesus).

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Santo Alberto de Jerusalém – 17 de Setembro

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Santo Alberto nasceu na cidade de Castel Gualtieri, (Itália), por volta do ano 1149. Entrou para os Cónegos Regulares de Santa Cruz, vindo a ser Prior Geral da Congregação. Foi depois bispo de Bobbio e Vercelli. A sua fama de santo tornava-o querido aos olhos dos papas, imperadores, reis, bispos e de todo o povo, que o venerava como santo que tinha o dom de estabelecer a paz entre os desavindos.

Por morte do Patriarca de Jerusalém, foram unânimes os bispos, príncipes e o povo, em escolher para bispo de Jerusalém Santo Alberto. O Papa teve que insistir muito para que aceitasse este cargo, que mais do que honra, era carga pesada, devido às dificuldades de toda a espécie, em que se encontrava o reino de Jerusalém.

Embarcou para a Terra Santa no ano 1205, sendo o seu Patriarca de 1206 a 1214. Chegado à Terra Santa, fixou residência na vertente do Monte Carmelo.

Brocardo, então prior dos carmelitas, pediu ao Patriarca Alberto que lhes desse uma norma de vida. De bom grado Santo Alberto a escreveu, insistindo sobretudo na meditação da Palavra de Deus para melhor servir Jesus Cristo, na oração, silêncio, mortificação e trabalho, tornando-se assim no Legislador da nossa Ordem. Por isso, e apesar de não ter sido carmelita, a Ordem do Carmo representa-o nas suas imagens vestido de carmelita e com a Regra na mão.

Quando, no dia 14 de Setembro de 1214, presidia em São João de Acre, aos pés do Carmelo, à procissão da Exaltação da Santa Cruz, foi barbaramente assassinado, apunhalado pelo Mestre do Hospital do Espírito Santo, a quem Santo Alberto havia repreendido e deposto do cargo devido à sua má vida.

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Os cristãos no mundo

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Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem pela pátria, nem pela língua, nem por um género de vida especial. Efectivamente eles não têm cidades próprias, não usam uma linguagem peculiar, e a sua vida nada tem de excêntrico. A sua doutrina não procede da imaginação fantasista de espíritos exaltados, nem se apoiam, como outros, em qualquer teoria simplesmente humana.

Vivem em cidades gregas ou bárbaras, segundo as circunstâncias de cada um, e seguem os costumes da terra, quer no modo de vestir, quer nos alimentos que tomam, quer em outros usos; mas a sua maneira de viver é sempre admirável e passa aos olhos de todos por um prodígio. Cada qual habita a sua pátria, mas vivem todos como de passagem; em tudo participam como os outros cidadãos, mas tudo suportam como se não tivessem pátria. Toda a terra estrangeira é sua pátria e toda a pátria lhes é estrangeira. Casam-se como toda a gente e criam os seus filhos, mas não se desfazem dos recém-gerados. Participam da mesma mesa, mas não do mesmo leito.

São de carne, mas não vivem segundo a carne. Habitam na terra, mas a sua cidade é o Céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas pelo seu modo de vida superam as leis. Amam toda a gente e toda a gente os persegue. Condenam-nos sem os conhecerem; conduzem-nos à morte, mas o número de cristãos cresce continuamente. São pobres e enriquecem os outros; tudo lhes falta e tudo lhes sobra. São desprezados, mas no desprezo encontram a sua glória; são caluniados, mas transparece o testemunho da sua justiça. Amaldiçoam-nos e eles abençoam. Sofrem afrontas e pagam com honras. Praticam o bem e são castigados como malfeitores; e, ao serem executados, alegram-se como se lhes dessem a vida. Os judeus combatem-nos como estrangeiros, e os pagãos movem-lhes perseguições; mas nenhum dos que os odeiam sabe dizer a causa do seu ódio.

Numa palavra: os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. A alma encontra-se em todos os membros do corpo; os cristãos estão em todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, mas não provém do corpo; os cristãos habitam no mundo mas não são do mundo. A alma invisível é guardada num corpo visível; os cristãos vivem visivelmente no mundo, mas a sua piedade permanece invisível. A carne, sem ser provocada, odeia e combate a alma, só porque lhe impede o gozo dos prazeres; o mundo, sem ter razão para isso, odeia os cristãos precisamente porque se opõem aos seus prazeres.

A alma ama o corpo e os seus membros, mas o corpo odeia a alma; e os cristãos amam aqueles que os odeiam. A alma está encerrada no corpo, mas contém o corpo; os cristãos encontram-se detidos no mundo como num cárcere, mas são eles que contêm o mundo. A alma imortal habita numa tenda mortal; os cristãos vivem como peregrinos em moradas corruptíveis, esperando a incorruptibilidade dos Céus. A alma aperfeiçoa-se com a mortificação na comida e na bebida; os cristãos constantemente entregues à morte, multiplicam-se cada vez mais. Tão nobre é o posto que Deus lhes assinalou, que não lhes é possível desertar.

Da Carta a Diagoneto (séc. II)

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Subir à montanha do Calvário

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Comamos com amor este pão da vontade de Deus. Se, por vezes, esses desígnios são demasiado crucificantes, podemos dizer como o nosso adorado Mestre: “Pai, se é possível afasta de mim este cálice”, mas logo acrescentaremos: “Não seja como eu quero, mas como Vós quereis”; e, na calma e na força, como o divino Crucificado, subiremos também o nosso calvário, fazendo subir ao Pai um hino de acção de graças, pois os que caminham nesta via dolorosa são aqueles “que Ele conheceu e predestinou para serem conformes à imagem de Seu divino Filho”, o Crucificado por amor!  

Santa Isabel da Trindade

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Maria, modelo de santidade

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Nossa Senhora santificou-se como virgem pura e imaculada, correspondendo às graças que Deus, nesse estado, lhe concedeu; santificou-se como esposa fiel e dedicada, no cumprimento de todos os seus deveres de estado; santificou-se como mãe amorosa que se desvela pelo Filho, que Deus lhe confiou, para O embalar em seus braços, criá-Lo e educá-Lo, para O auxiliar e seguir no desempenho da Sua missão…. Com Ele percorreu o caminho estreito da vida, a estrada escabrosa do Calvário; com Ele agonizou, recebendo no seu coração as feridas dos cravos, o golpe da lança e os vitupérios da multidão amotinada; santificou-se, enfim, como mãe, mestra e guia dos Apóstolos, aceitando ficar na terra, pelo tempo que Deus quisesse, para realizar a missão que Ele lhe havia confiado de co-redentora com Cristo da humanidade. Maria é, para todos nós, o modelo da mais perfeita santidade a que pode elevar-se uma criatura, nesta pobre terra de exílio.

Irmã Lúcia

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Levanto os meus olhos para ti, Senhor

Em todas as nossas necessidades, sofrimentos e dificuldades, não há meio melhor e mais seguro do que a oração e a esperança de que Deus providenciará pelos meios que quiser. Este conselho é-nos dado pela Sagrada Escritura, onde se diz que o Rei Josafat, estando muitíssimo aflito e rodeado de inimigos, pondo-se em oração, disse a Deus: “Quando não sabemos o que fazer [e a razão não basta para prover às necessidades], só nos resta levantar os olhos para Ti, [para providenciares como mais Te agradar]” (2Cr 20,3-12).

São João da Cruz

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Se Tu me dás a mão não terei medo

O Carmelo não tem resposta para o mistério do mal. Mas o Carmelo percorreu o caminho difícil e dá uma palavra de esperança ao peregrino que sofre. Sofrimento profundo e experiências trágicas são parte da vida de cada pessoa. As limitações da nossa condição humana e as forças destrutivas presentes no mundo atacam com frequência a nossa fé. O Carmelo testemunha que o amor de Deus está sempre presente mesmo nos escombros da nossa vida, apesar de parecer o contrário. O Carmelo dá-nos uma análise particularmente intensa do impacto que o amor de Deus tem no espírito e na personalidade do ser humano. Convidado a uma relação cada vez mais profunda, o peregrino é desafiado a deixar todos os apoios e a caminhar confiadamente no futuro de Deus. No processo de adaptação ao ambiente divino, o cristão experimenta frequentemente ataques tanto no espírito como na psique. O Carmelo oferece linguagem e imagens expressivas que podem exprimir estes sofrimentos, e é muito eloquente na recomendação de vigiar em silêncio pela chegada de Deus. Os santos do Carmelo confiaram no sofrimento e como discípulos frequentemente expressaram o desejo de levar a cruz. Contudo, este desejo de sofrer, tem significado no contexto de uma resposta de amor à obra de Deus. O sofrimento de Jesus na cruz nasceu do amor e não do amor ao sofrimento.

John Welch, O. Carm.

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Mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos

A história do Amado que vem ao encontro da Amada para atrair o seu coração para uma profunda união, é a história protótipo que os Carmelitas experimentaram repetidas vezes. A nossa vida não pode ser forçada à submissão a não ser que seja conduzida pelo amor. Não podemos deixar o apego aos nossos ídolos se Deus não acender no nosso coração um amor mais profundo. O coração tem então um lugar para onde ir e pode confiadamente desamarrar-se das suas “ataduras”, dependências e ídolos. O amor de Deus, sempre presente e oferecido, atrai o coração até à profundidade de Deus, e aí encontra-se com o sofrimento do mundo. A nossa atitude contemplativa não nos afasta das preocupações do mundo mas lança-nos para a luta corajosa no mundo.

John Welch, O. Carm.

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