800 anos de história

A tradição carmelita pode ser entendida como um comentário de oitocentos anos ao “Cântico dos Cânticos”. Esta antiga história de amor da literatura hebraica é uma narração simples que fundamenta e capta a experiência de numerosíssimos carmelitas. «A voz do meu amado! Ei-lo que chega, correndo pelos montes, saltando sobre as colinas» (Ct 2, 8). Pensando que procuravam um Deus difícil de se deixar encontrar, voltavam da sua busca com a convicção de que tinha sido o próprio Deus que, com eterno amor, saíra ao seu encontro ao longo de todo o caminho. A ânsia profunda do coração do carmelita revelou-se, deste modo, como sinal de um convite: «Levanta-te, minha amada, e vem, ó minha bela amada!» (Ct 2, 10). Os escritores carmelitas recorreram frequentemente à apaixonante história de amor do “Cântico dos Cânticos” para encontrar as palavras que pudessem expressar esta experiência… Os versos do “Cântico” aparecem, consciente ou inconscientemente, na literatura carmelita. Os carmelitas contam muitas histórias, mas de entre elas, aparece repetidamente a história da amada que espera incansavelmente a chegada do Amado.

John Welch, O. Carm.

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Quinta-feira santa: sacerdócio e eucaristia

Um sacerdote deve ser simultaneamente pequeno e grande, nobre de espírito, como de sangue real, simples e natural, como de raiz camponesa, um herói na conquista de si mesmo, um homem que se bateu com Deus, uma fonte de santificação, um pecador a quem Deus perdoou, dos seus desejos o soberano, um servidor para os tímidos e os fracos, que não se abaixa diante dos poderosos, mas que se curva diante dos pobres, discípulo do seu Senhor, chefe do seu rebanho, um mendigo de mãos totalmente abertas, um portador de inúmeros dons, um homem no campo de batalha, uma mãe para confortar os doentes, com a sabedoria da idade e a confiança duma criança em direcção ao alto, os pés na terra, feito para a alegria, perito no sofrimento, isento de qualquer inveja, com perspectivas largas, que fala com franqueza, um amigo da paz, um inimigo da inércia, fiel para sempre… Tão diferente de mim!

De um manuscrito medieval

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Amar a Deus

Quem deveras ama a Deus, todo o bem ama, todo o bem quer, todo o bem favorece, todo o bem louva, com os bons se junta sempre e os favorece e defende; não ama senão verdades e coisa que seja digna de amar.

Pensais que é possível, a quem mui deveras ama a Deus, amar vaidades, ou riquezas, ou coisas de deleites do mundo, ou honras, ou tenha contendas ou invejas? Não, que nem pode; e tudo, porque não pretende outra coisa senão contentar ao Amado.

Santa Teresa de Jesus

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Tesouros da sabedoria e da ciência

Por mais mistérios e maravilhas que tenham descoberto os santos Doutores e entendido as almas santas neste estado de vida, o melhor fica-lhes por dizer e até por entender. Efectivamente, há muito que aprofundar em Cristo, porque Ele é como uma mina abundante com muitas cavidades cheias de tesouros, que por mais que afundem nunca lhes encontram fim nem termo, antes em cada cavidade vão encontrando novas veias de novas riquezas.

(…) Porque para entrar nas riquezas desta sabedoria, a porta é a cruz, que é uma porta estreita, e desejar entrar por ela é de poucos; mas desejar os deleites a que se chega por ela, é de muitos.

São João da Cruz

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