A identidade do Ressuscitado

A identidade do Senhor Ressuscitado está para além do rosto. Por isso, vê-lo não implica necessariamente reconhecê-lo, como sucede em não poucas páginas dos Evangelhos. A identidade do Ressuscitado não é do domínio da fotografia. Vem de dentro. Reside na sua vida a nós dada por amor até ao fim, aponta para a Cruz. Por isso, Jesus mostra as mãos e o lado aberto, mãos dadas e coração aberto, sinais abertos para entrar no sacrário da sua intimidade, dádiva infinita que rebenta as paredes dos nossos olhos embotados e do nosso coração empedernido. Entenda-se também que a missão que nos é confiada é mostrar Jesus. Está bom de ver que não basta exibir as capas do catecismo que mostram um Jesus de olhos azuis e cabelo louro encaracolado. Só o podemos mostrar com a nossa vida dele recebida, e igualmente dada e comprometida.

António Couto

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2º Domingo da Páscoa, Domingo da Divina Misericórdia

Entrega do destino do mundo à Divina Misericórdia

Deus, Pai misericordioso, que revelaste o Teu amor no Teu Filho Jesus Cristo, e o derramaste sobre nós no Espírito Santo Consolador, confiamos-Te hoje o destino  do mundo e de cada homem. 

Inclina-Te sobre nós, pecadores, cura a nossa debilidade, vence o mal, faz com que todos os habitantes da terra conheçam a tua misericórdia, para que em Ti, Deus Uno e Trino, encontrem sempre a esperança. 

Pai eterno, pela dolorosa Paixão e Ressurreição do Teu Filho, tem misericórdia de nós e do mundo inteiro. Amen!

São João Paulo II

2º Domingo da Páscoa: Domingo da Divina Misericórdia

(…) o meu amado predecessor João Paulo II quis intitular este Domingo, o segundo da Páscoa, à Divina Misericórdia, e indicou a todos Cristo ressuscitado como nascente de confiança e de esperança, acolhendo a mensagem espiritual transmitida pelo Senhor a Santa Faustina Kowalska, sintetizada na invocação: Jesus, em Ti confio!

Bento XVI

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O Senhor não está aqui; ressuscitou

Vemos e continuaremos a ver problemas perto e dentro de nós. Sempre existirão, mas esta noite (noite da vigília pascal) é preciso iluminar tais problemas com a luz do Ressuscitado, de certo modo «evangelizá-los». Evangelizar os problemas. Não permitamos que a escuridão e os medos atraiam o olhar da alma e se apoderem do coração, mas escutemos a palavra do Anjo: o Senhor «não está aqui; ressuscitou!»; Ele é a nossa maior alegria, está sempre ao nosso lado e nunca nos decepcionará .

Papa Francisco

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Não é a grandeza Dele que diminui se vós não tendes fé, mas sim a vossa miséria que aumenta.

Beata Josefina de Jesus Crucificado

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Esta é a notícia

A maior verdade que és chamado a acreditar é esta: a ressurreição de Jesus. É a maior, a mais delirante, a mais incrível das pretensões cristãs.

Há um Homem, na história, que ressuscita, e que Deus constitui como princípio de um novo destino para a nossa humanidade.

Verdadeiramente Aquele que contemplaste na cruz está vivo e caminha à frente dos seus, Aquele que viste esmagado pelo sofrimento testemunha um amor capaz de vencer a morte Aquele que viste ser deposto no sepulcro deixou vazio o seu sepulcro.

Esta é a notícia que o teu coração esperava como nenhuma outra, mas na qual nem sequer ousavas pensar. Este é o dia, o primeiro dia da tua re-criação em Cristo.

Alegra-te, por isso. Que tu possas rejubilar imensamente. Reveste o teu coração de festa. Compreende que na ressurreição de Cristo está toda a vida que se amplifica, se ilumina.

Compreende que é a tua própria vida que adquire uma outra forma. Sente-te atraído, lançado, projetado para dentro do Mistério Pascal.

Jesus ressuscitou, e agora vive à direita do Pai, como Senhor da História. E Ele, o Vivente, envia o seu Espírito para que tu te tornes o seu Corpo Místico, presença do Ressuscitado no mundo.

Pede-lhe a força de acreditar naquilo que melhor exprime a sua presença: a comunhão, o perdão, a fraternidade, a compaixão, a misericórdia, a bondade, a mansidão, o serviço.

D. José Tolentino Mendonça

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Tê-lo sempre presente

Pensar e esquadrinhar o que o Senhor passou por nós move-nos à compaixão, e é saborosa esta pena e as lágrimas que procedem daqui, e de pensar a glória que esperamos e o amor que o Senhor nos teve e a sua ressurreição move-nos ao gozo.

Santa Teresa de Jesus

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O nosso caminho não é feito em vão, não esbarra contra uma pedra tumular

Hoje, porém, descobrimos que o nosso caminho não é feito em vão, que não esbarra contra uma pedra tumular. Uma frase incita as mulheres e muda a história: «Porque buscais o Vivente entre os mortos?» (Lc 24, 5); porque pensais que tudo seja inútil, que ninguém possa remover as vossas pedras? Porque cedeis à resignação ou ao fracasso? A Páscoa, irmãos e irmãs, é a festa da remoção das pedras. Deus remove as pedras mais duras, contra as quais vão embater esperanças e expectativas: a morte, o pecado, o medo, o mundanismo. A história humana não acaba frente a uma pedra sepulcral, já que hoje mesmo descobre a «pedra viva» (cf. 1 Ped 2, 4): Jesus ressuscitado. Como Igreja, estamos fundados sobre Ele e, mesmo quando desfalecemos, mesmo quando somos tentados a julgar tudo a partir dos nossos fracassos, Ele vem fazer novas todas as coisas, inverter as nossas decepções. Nesta noite, cada um é chamado a encontrar, no Vivente, Aquele que remove do coração as pedras mais pesadas.

Papa Francisco

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Porque buscais o Vivente entre os mortos?

1. As mulheres vão ao túmulo levando os aromas, mas temem que a viagem seja inútil, porque uma grande pedra bloqueia a entrada do sepulcro. O caminho daquelas mulheres é também o nosso caminho; lembra o caminho da salvação, que voltamos a percorrer nesta noite. Nele, parece que tudo se vai estilhaçar contra uma pedra: a beleza da criação contra o drama do pecado; a libertação da escravatura contra a infidelidade à Aliança; as promessas dos profetas contra a triste indiferença do povo. O mesmo se passa na história da Igreja e na história de cada um de nós: parece que os passos dados nunca levem à meta. E assim pode insinuar-se a ideia de que a frustração da esperança seja a obscura lei da vida.

Hoje, porém, descobrimos que o nosso caminho não é feito em vão, que não esbarra contra uma pedra tumular. Uma frase incita as mulheres e muda a história: «Porque buscais o Vivente entre os mortos?» (Lc 24, 5); porque pensais que tudo seja inútil, que ninguém possa remover as vossas pedras? Porque cedeis à resignação ou ao fracasso? A Páscoa, irmãos e irmãs, é a festa da remoção das pedras. Deus remove as pedras mais duras, contra as quais vão embater esperanças e expectativas: a morte, o pecado, o medo, o mundanismo. A história humana não acaba frente a uma pedra sepulcral, já que hoje mesmo descobre a «pedra viva» (cf. 1 Ped 2, 4): Jesus ressuscitado. Como Igreja, estamos fundados sobre Ele e, mesmo quando desfalecemos, mesmo quando somos tentados a julgar tudo a partir dos nossos fracassos, Ele vem fazer novas todas as coisas, inverter as nossas decepções. Nesta noite, cada um é chamado a encontrar, no Vivente, Aquele que remove do coração as pedras mais pesadas. Perguntemo-nos, antes de mais nada: Qual é a minha pedra a ser removida, como se chama esta pedra?

Muitas vezes, a esperança é obstruída pela pedra da falta de confiança. Quando se dá espaço à ideia de que tudo corre mal e que sempre vai de mal a pior, resignados, chegamos a crer que a morte seja mais forte que a vida e tornamo-nos cínicos e sarcásticos, portadores dum desânimo doentio. Pedra sobre pedra, construímos dentro de nós um monumento à insatisfação, o sepulcro da esperança. Lamentando-nos da vida, tornamos a vida dependente das lamentações e espiritualmente doente. Insinua-se, assim, uma espécie de psicologia do sepulcro: tudo termina ali, sem esperança de sair vivo. Mas, eis que surge a pergunta desafiadora da Páscoa: Porque buscais o Vivente entre os mortos? O Senhor não habita na resignação. Ressuscitou, não está lá; não O procures, onde nunca O encontrarás: não é Deus dos mortos, mas dos vivos (cf. Mt 22, 32). Não sepultes a esperança!

Há uma segunda pedra que, muitas vezes, fecha o coração: a pedra do pecado. O pecado seduz, promete coisas fáceis e prontas, bem-estar e sucesso, mas, depois, dentro deixa solidão e morte. O pecado é procurar a vida entre os mortos, o sentido da vida nas coisas que passam. Porque buscais o Vivente entre os mortos? Porque não te decides a deixar aquele pecado que, como pedra à entrada do coração, impede à luz divina de entrar? Porque, aos lampejos cintilantes do dinheiro, da carreira, do orgulho e do prazer, não antepões Jesus, a luz verdadeira (cf. Jo 1, 9)? Porque não dizes às vaidades mundanas que não é para elas que vives, mas para o Senhor da vida?

2. Voltemos às mulheres que vão ao sepulcro de Jesus… À vista da pedra removida, sentem-se perplexas; ao ver os anjos, ficam – diz o Evangelho – «amedrontadas» e «voltam o rosto para o chão» (Lc 24, 5). Não têm a coragem de levantar o olhar. E quantas vezes nos acontece o mesmo! Preferimos ficar encolhidos nos nossos limites, escondidos nos nossos medos. É estranho! Mas, por que o fazemos? Muitas vezes porque, no fechamento e na tristeza, somos nós os protagonistas, porque é mais fácil ficarmos sozinhos nas celas escuras do coração do que abrir-nos ao Senhor. E, todavia, só Ele levanta. Uma poetisa escreveu: «Só conhecemos a nossa altura, quando somos chamados a levantar-nos» (E. Dickinson, Nunca sabemos quão alto estamos nós). O Senhor chama-nos para nos levantarmos, ressuscitarmos à sua Palavra, olharmos para o alto e crermos que estamos feitos para o Céu, não para a terra; para as alturas da vida, não para as torpezas da morte: Porque buscais o Vivente entre os mortos?

Deus pede-nos para olharmos a vida como a contempla Ele, que em cada um de nós sempre vê um núcleo incancelável de beleza. No pecado, vê filhos carecidos de ser levantados; na morte, irmãos carecidos de ressuscitar; na desolação, corações carecidos de consolação. Por isso, não temas! O Senhor ama esta tua vida, mesmo quando tens medo de a olhar de frente e tomar a sério. Na Páscoa, mostra-te quanto a ama. Ama-a a ponto de a atravessar toda, experimentar a angústia, o abandono, a morte e a mansão dos mortos para de lá sair vitorioso e dizer-te: «Não estás sozinho, confia em Mim!» Jesus é especialista em transformar as nossas mortes em vida, os nossos lamentos em dança (cf. Sal 30, 12). Com Ele, podemos realizar também nós a Páscoa, isto é, a passagem: passagem do fechamento à comunhão, da desolação ao conforto, do medo à confiança. Não fiquemos a olhar para o chão amedrontados, fixemos Jesus ressuscitado: o seu olhar infunde-nos esperança, porque nos diz que somos sempre amados e que, não obstante tudo o que possamos combinar, o amor d’Ele não muda. Esta é a certeza não negociável da vida: o seu amor não muda. Perguntemo-nos: Na vida, para onde olho? Contemplo ambientes sepulcrais ou procuro o Vivente?

3. Porque buscais o Vivente entre os mortos? As mulheres escutam a advertência dos anjos, que acrescentam: «Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galileia» (Lc 24, 6). Aquelas mulheres tinham esquecido a esperança, porque não recordavam as palavras de Jesus, a chamada que lhes fez na Galileia. Perdida a memória viva de Jesus, ficam a olhar o sepulcro. A fé precisa de voltar à Galileia, reavivar o primeiro amor com Jesus, a sua chamada: precisa de O recordar, ou seja – literalmente –, de voltar com o coração para Ele. Voltar a um amor vivo para com o Senhor é essencial; caso contrário, tem-se uma fé de museu, não a fé pascal. Mas Jesus não é um personagem do passado, é uma Pessoa vivente hoje; não Se conhece nos livros de história, encontra-Se na vida. Hoje, repassemos na memória o momento em que Jesus nos chamou, quando venceu as nossas trevas, resistências, pecados, como nos tocou o coração com a sua Palavra.

Irmãos e irmãs, voltemos à Galileia.

Recordando Jesus, as mulheres deixam o sepulcro. A Páscoa ensina-nos que o crente se detém pouco no cemitério, porque é chamado a caminhar ao encontro do Vivente. Perguntemo-nos: na minha vida, para onde caminho? Sucede às vezes que o nosso pensamento se dirija continua e exclusivamente para os nossos problemas, que nunca faltam, e vamos ter com o Senhor apenas para nos ajudar. Mas, deste modo, são as nossas necessidades que nos orientam, não Jesus. E continuamos a buscar o Vivente entre os mortos. E quantas vezes, mesmo depois de ter encontrado o Senhor, voltamos entre os mortos, repassando intimamente saudades, remorsos, feridas e insatisfações, sem deixar que o Ressuscitado nos transforme! Queridos irmãos e irmãs, na vida demos o lugar central ao Vivente. Peçamos a graça de não nos deixarmos levar pela corrente, pelo mar dos problemas; a graça de não nos estilhaçarmos contra as pedras do pecado e os rochedos da desconfiança e do medo. Procuremo-Lo a Ele, deixemo-nos ser procurados por Ele, procuremo-Lo em tudo e antes de tudo. E com Ele, ressuscitaremos.

Papa Francisco, Homilia da Vigília Pascal, 20 de Abril de 2019

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Santa e Feliz Páscoa de 2019

Ressuscitou o Senhor

Na sua dor os homens encontraram / Uma pura semente de alegria, / O segredo da vida e da esperança: / Ressuscitou o Senhor!

Os que choravam cessarão o pranto, / Brilhará novo Sol nos corações, / Pode o homem cantar o seu triunfo: / Ressuscitou o Senhor!

Os que nos duros campos trabalharam / Voltarão entre vozes de alegria, / Erguendo ao alto os frutos da colheita: / Ressuscitou o Senhor!

Já ninguém viverá sem luz da fé, / Já ninguém morrerá sem esperança; / O que crê em Jesus venceu a morte: / Ressuscitou o Senhor!

O Senhor nos livre desta terrível armadilha: sermos cristãos sem esperança, que vivem como se o Senhor não tivesse ressuscitado e o centro da vida fossem os nossos problemas” (Papa Francisco).

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Senhor Jesus, ajuda-nos a ver na tua cruz todas as cruzes do mundo

Senhor Jesus, ajuda-nos a ver na tua cruz todas as cruzes do mundo:

a cruz de pessoas com fome de pão e amor; a cruz de pessoas sós e abandonadas até pelos seus próprios filhos e parentes; a cruz de pessoas sedentas de justiça e paz; a cruz de pessoas que não têm o conforto da fé; a cruz dos idosos que se arrastam sob o peso dos anos e da solidão; a cruz dos migrantes que encontram as portas fechadas por causa do medo e dos corações blindados por cálculos políticos; a cruz dos pequeninos, feridos na sua inocência e na sua pureza; a cruz da humanidade que vagueia na escuridão da incerteza e nas trevas da cultura do momento; a cruz de famílias partidas pela traição, pelas seduções do maligno ou pela mentalidade assassina da leveza e do egoísmo; a cruz dos consagrados que procuram incansavelmente trazer a tua luz ao mundo e se sentem rejeitados, ridicularizados e humilhados; a cruz de pessoas consagradas que, ao longo do caminho, se esqueceram do seu primeiro amor; a cruz dos teus filhos que, acreditando em Ti e tentando viver de acordo com a tua palavra, acabam por ser marginalizados e descartados até pelos seus parentes e os seus pares; a cruz das nossas fraquezas, das nossas hipocrisias, das nossas traições, dos nossos pecados e das nossas inúmeras promessas quebradas; a cruz da tua Igreja que, fiel ao teu Evangelho, sofre para levar o teu amor até entre os próprios baptizados; a cruz da Igreja, tua noiva, que se sente continuamente atacada por dentro e por fora; a cruz do nosso lar comum que definha gravemente aos nossos olhos egoístas e cegos pela avidez e pelo poder.

Senhor Jesus, reaviva em nós a esperança da ressurreição e da tua vitória definitiva contra todo o mal e toda a morte. Amen!

Papa Francisco, Via-Sacra no Coliseu de Roma, 19.04.2019

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