Domingo de Pentecostes – Ano B

Pentecost

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 20, 19-23)

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou Se no meio deles e disse lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».

Dito isto, soprou sobre eles e disse lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».

Mensagem

Vem, Espírito Santo, desperta a nossa fé débil, pequena e vacilante. Ensina-nos a viver confiando sempre no Amor insondável de Deus nosso Pai por todos os seus filhos e filhas. Se se apaga esta fé nos nossos corações, rapidamente morrerá também nas nossas famílias e nas nossas comunidades cristãs.

Vem, Espírito Santo, faz com que Jesus ocupe o centro da tua Igreja e de cada comunidade cristã. Que nada nem ninguém o suplante nem o obscureça. Atrai-nos para o Evangelho, que não fujamos da palavra de Jesus nem nos desviemos do seu mandato de nos amarmos uns aos outros como ele nos amou.

Vem, Espírito Santo, abre os nossos ouvidos para escutar os teus chamamentos, que hoje nos chegam, desde as interrogações, sofrimentos, conflitos e contradições dos homens e mulheres dos nossos dias. Faz-nos viver abertos ao teu poder para que vivamos mais atentos ao que nasce do que ao que morre, com o coração sustentado pela esperança e não pela nostalgia.

Vem, Espírito Santo, e purifica o coração das nossas comunidades cristãs e de cada um de nós mesmos. Ensina-nos a reconhecer os nossos pecados e limitações. Recorda-nos sempre que todos somos frágeis, medíocres e pecadores. Liberta-nos da nossa arrogância e falsa segurança. Ensina-nos a caminhar entre os homens e mulheres do nosso tempo com mais verdade e humildade.

Vem, Espírito Santo, ensina-nos a olhar de maneira nova a vida, o mundo e, sobretudo, as pessoas. Que aprendamos a ver como Jesus via, os que sofrem, os que choram, os que caem, os que vivem sós e esquecidos.

Vem, Espírito Santo, faz de nós comunidades cristãs de portas abertas, com coração compassivo e esperança contagiosa. Que nada nem ninguém nos distraia e desvie de Jesus, da sua Igreja e do seu Evangelho.

Palavra para o caminho

Espírito Santo de Deus, consagro-Te hoje todo o meu ser, vontade, inteligência, memória, imaginação e afectividade. Conduz-me pelos Teus caminhos, guia-me com a Tua sabedoria para a vida plena de Jesus. Cria em mim um coração puro e humilde, mas que tenha a ousadia e o ardor dos mártires. Enche-me com os Teus dons, santifica-me com os Teus frutos. Restaura todo o  meu viver, para que eu seja um canal do Teu amor. Amen.

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Vem, Espírito Santo, liberta-nos e ensina-nos

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Pouco a pouco, vamos aprendendo a viver sem interioridade. Já não necessitamos de estar em contacto com o melhor que existe dentro de nós. Basta-nos viver entretidos. Contentamo-nos em funcionar sem alma e alimentar-nos só de pão. Não queremos expor-nos a buscar a verdade. Vem, Espírito Santo, liberta-nos do vazio interior.

Já sabemos viver sem raízes e sem metas. É-nos suficiente deixar-nos programar a partir de fora. Movemo-nos e agitamo-nos sem cessar, porém, não sabemos o que queremos nem para onde vamos. Estamos cada vez melhor informados, porém, sentimo-nos mais perdidos do que nunca. Vem, Espírito Santo, liberta-nos da desorientação.

Quase não nos interessam as grandes questões da existência. Não nos preocupa ficarmos sem luz para enfrentarmos a vida. Tornamo-nos mais cépticos, porém, mais frágeis e inseguros. Queremos ser inteligentes e lúcidos. Por que não encontramos sossego e paz? Por que nos visita tanto a tristeza? Vem, Espírito Santo, liberta-nos da escuridão interior.

Queremos viver mais, viver melhor, viver mais tempo, porém, viver o quê? Queremos sentir-nos bem, sentir-nos melhor, porém, sentir o quê? Procuramos desfrutar intensamente a vida, tirar o máximo proveito, mas contentamo-nos somente em passar bem. Fazemos o que queremos. Quase não existem proibições e terra proibida. Por que queremos algo diferente? Vem, Espírito Santo, ensina-nos a viver.

Queremos ser livres e independentes, mas encontramo-nos cada vez mais sozinhos. Necessitamos viver e fechamo-nos no nosso pequeno mundo, às vezes tão monótono. Necessitamos sentir-nos queridos e não sabemos criar contactos vivos e amistosos. Ao sexo chamamos “amor” e ao prazer “felicidade”, porém quem saciará a nossa sede? Vem, Espírito Santo, ensina-nos a amar.

Na nossa vida já não há lugar para Deus. A sua presença ficou reprimida e atrofiada dentro de nós. Cheios de ruídos por dentro, já não podemos escutar a sua voz. Distraídos por mil desejos e sensações, não conseguimos perceber a sua proximidade. Sabemos falar com todos menos com Deus. Aprendemos a viver de costas voltadas para o Mistério. Vem, Espírito Santo, ensina-nos a crer.

Adaptação de um texto de J. Pagola

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Santa Maria de Jesus Crucificado e o Espírito Santo

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Santa Maria de Jesus Crucificado, de nacionalidade árabe, nasceu perto de Nazaré, em 5 de Janeiro de 1846. Órfã de pai e mãe, viveu muito pobre, e durante sete anos foi simples criada de servir. Por causa da sua fé, um muçulmano cortou-lhe a garganta mas Nossa Senhora curou-a, tendo-se tornado mais tarde carmelita. A sua veneração pela paixão de Jesus era muito grande, pelo que, como prémio, recebeu os estigmas. Deus escolheu-a ainda para ser mensageira do Espírito Santo. Disse-lhe Jesus: “O mundo e as congregações religiosas procuram novas devoções e desprezam a verdadeira devoção do Consolador. Por isso tanto erro, tantas discórdias e tão pouca luz e paz. Todo aquele que no mundo ou no claustro, invoca o Espírito Santo e O venera, não morrerá no erro. Cada sacerdote que preza esta devoção, por ela será iluminado. Quem invoca o Espírito Santo, procura-Me e achar-Me-à. A sua consciência torna-se delicada como a flor do campo. Se for pai ou mãe, reinará a paz nas famílias e o seu coração ficará em paz neste mundo e no outro. Não morrerá nas trevas mas em paz.

Instantemente eu desejo que cada sacerdote, em todo o mundo diga mensalmente uma missa em honra do Espírito Santo. Quem a disser ou ouvir, será honrado do Espírito Santo e receberá de uma maneira especial luzes e graças. (Os que não são sacerdotes, podem-na mandar celebrar). Ele acordará os que dormem e curará os enfermos”.

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Domingo da Ascensão – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 16, 15-20) 

Naquele tempo Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado. Estes sinais acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demónios, falarão línguas novas, apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal; hão-de impor as mãos aos doentes e eles ficarão curados.»

Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.

Uma chave de leitura

A Solenidade da Ascensão do Senhor é uma festa marcante para a história da Igreja: a semente estava lançada, é tempo dos Apóstolos começarem a cuidar dela para que se espalhe por todo o mundo. Completada a obra da reconciliação com o mundo, Jesus começa uma vida nova junto do Pai, mas continua vivo e activo na sua Igreja, particularmente através do seu Espírito Santo. É este Espírito que nos impele para a missão: todos somos enviados a dar testemunho de Cristo Ressuscitado.

Comentário do texto

Marcos 16, 15-18: Os sinais que acompanham o anúncio da Boa Nova. Jesus confere aos Apóstolos a missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura. A exigência que ele coloca para quem quer ser salvo é esta: crer e ser baptizado. Aos que acreditam na Boa Nova e se fazem baptizar, promete estes sinais: 1) expulsarão os demónios; 2) falarão novas línguas; 3) tomarão nas mãos as serpentes; 4) beberão qualquer veneno e não lhes fará mal; 5) imporão as mãos aos doentes e estes ficarão curados. Estes sinais acontecem ainda hoje:

– Expulsar os demónios: é combater o poder do mal que estrangula a vida. A vida de muitas pessoas melhorou a partir do momento que entraram na comunidade e começaram a viver a Boa Nova da experiência de Deus. Participando na vida da comunidade, lançam fora o mal das suas vidas.

– Falar novas línguas: é começar a comunicar com os outros de um novo modo. Às vezes encontramos uma pessoa que antes nunca a tínhamos visto, mas acontece como se já a conhecêssemos há muito tempo. É porque falamos a mesma língua, a língua do amor.

– Apanharão serpentes com as mãos e, se beberem algum veneno mortal, não sofrerão nenhum mal: há muitas coisas que envenenam a convivência. Muitos mexericos que arruínam a relação entre as pessoas. Quem vive a presença de Deus sabe superar isto e não é molestado por este veneno mortífero.

– Curar os enfermos: em qualquer lugar em que apareça uma consciência mais clara da presença de Deus, aparece também uma especial atenção às pessoas excluídas e marginalizadas, sobretudo aos enfermos. O que mais favorece a saúde é que a pessoa se sinta acolhida e amada.

Marcos 16, 19-20: através da comunidade Jesus continua a sua missão. Aquele Jesus que na Palestina acolhia os pobres, revelando-lhes o amor do Pai, agora é o mesmo Jesus que continua presente entre nós nas nossas comunidades. Através de nós, Ele continua a sua missão de revelar a Boa Nova do amor de Deus aos pobres. A ressurreição continua até hoje. Nenhum poder deste mundo é capaz de neutralizar a força que brota da fé na ressurreição (Rom 8, 35-39). Uma comunidade que quer ser sinal da ressurreição deve ser sinal de vida, deve lutar contra as forças da morte, para que o mundo seja um lugar favorável à vida, deve crer que é possível outro mundo. Sobretudo naqueles lugares onde a vida do povo está mais em perigo por causa do sistema de morte ali imposto, as comunidades devem ser uma prova viva de esperança que vence o mundo, sem medo de serem felizes!

Palavra para o caminho

Com frequência, os discípulos de Jesus são apresentados como vítimas de uma máquina de escravidão, que produz escravos, alienados, vítimas do obscurantismo, porque insistem em testemunhar que a vida plena está no perdão, no serviço, na entrega da vida. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração Nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.

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Três palavras necessárias para se viver bem em família

Family

Como porta de entrada às reflexões sobre a vida familiar, queria hoje falar-vos de três palavras, necessárias para se viver bem em família: «Com licença», «obrigado» e «desculpa». Fazem parte da «boa educação», radicada no amor do bem e no respeito pelo outro. A família vive desta delicadeza. Ao dizer «Com licença», estamos a pedir gentilmente mesmo aquilo a que julgamos ter direito: entrar na vida do consorte requer a delicadeza dum comportamento não invasor. É a capacidade de esperar que o outro nos abra a porta do seu coração. Quanto à palavra «obrigado», hoje caiu muito em desuso na sociedade, pensando que tudo nos é devido; a gentileza e a capacidade de agradecer são vistas como sinal de fraqueza, deixando-nos até suspeitosos e desconfiados. Mas uma pessoa que não sabe agradecer, esqueceu a linguagem de Deus. Sejamos intransigentes em educar para a gratidão: a dignidade da pessoa e a justiça social passam por aqui. Por último, «desculpa»: uma palavra difícil e todavia tão necessária. Quando falta, pequenas fendas alargam-se – mesmo sem querer – até se tornar fossos profundos. Na casa, onde não se pede desculpa, começa a faltar o ar. Na vida matrimonial, litiga-se tantas vezes, mas dou-vos um conselho: nunca termineis o dia sem fazer a paz; para isso, basta um pequeno gesto.

Papa Francisco

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Nossa Senhora de Fátima: história das aparições

Messaggio

A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos. Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma “Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco.

A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria. A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.

Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a “Senhora do Rosário” e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917.

Anos mais tarde, a Ir. Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência.

Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de Verão e Inverno, e agora cada vez mais nos fins-de-semana e no dia-a-dia, num montante anual de cinco milhões.

 

 

 

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6º Domingo da Páscoa – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 15, 9-17)

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor. Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá. É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.»

Reflexão

«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor». Estamos a tocar o coração da fé cristã, o critério último para discernir a sua verdade. Só «permanecendo no amor», podemos caminhar na verdadeira direcção. Esquecer este amor é perder-se, enveredar por caminhos não cristãos, deformar e desvirtuar o Cristianismo. A fonte do amor é o Pai, que o comunica ao Filho, o qual, por sua vez, o comunica aos seus discípulos e amigos, para que estes o vivam e, por contágio, a outros o comuniquem, fazendo-o frutificar. Amar é dar a própria vida. E este amor novo, que consiste em dar a própria vida, é tudo o que o Pai manda fazer.

Sem dúvida, nem sempre temos permanecido neste amor. Na vida de muitos cristãos houve e há demasiado temor, demasiada falta de alegria e espontaneidade filial com Deus. A teologia e a pregação que alimentou esses cristãos esqueceu, demasiadamente, o amor de Deus, abafando aquela alegria inicial, viva e contagiante que encontramos nos inícios do Cristianismo. Há uma mudança importante e necessária a fazer: passar do medo de Deus, que só provoca angústia e rejeição mais ou menos disfarçada, para uma confiança n’Ele, que faz brotar em nós essa alegria prometida por Jesus: «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa».

Palavra para o caminho                     

A caridade deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja tinha um corpo composto de diferentes membros, não podia faltar-lhe o mais necessário, o mais nobre de todos os órgãos; compreendi que tinha um coração e que este coração estava abrasado de amor. Compreendi que o amor encerra todas as vocações, que o amor é tudo, que abarca todos os tempos e lugares, porque é eterno (Santa Teresinha do Menino Jesus).

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A encarnação: Maria converte-se no primeiro sacrário

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A partir do momento em que nos deu o seu Filho, que é a sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e duma só vez e nada mais tem a acrescentar (S. João da Cruz).

Se procurais Maria, encontrareis Jesus. E aprendereis a entender um pouco o que há nesse coração de Deus que se abaixa, que renuncia a manifestar o seu poder e a sua majestade para aparecer em forma de escravo. Falando de modo humano, podemos dizer que Deus se excede, pois não se limita ao que seria essencial ou imprescindível para nos salvar, mas vai mais além. A única norma ou medida que nos permite compreender de algum modo essa maneira de agir de Deus é darmo-nos conta de que carece de medida: nasce de uma loucura de amor, que o leva a assumir a nossa carne e a carregar com os nossos pecados.

Oração

Santa Maria, Mãe de Deus, conservai em mim um coração de criança, puro e límpido como a água da fonte. Dai-me um coração simples, que não se incline a ruminar as próprias tristezas; um coração magnânimo no doar-se, dócil à compaixão, um coração fiel e generoso que não esqueça nenhum bem e não guarde rancor de nenhum mal. Criai em mim um coração doce e humilde, que ame sem exigir retribuição, alegre em esconder-se noutros corações, sacrificando-se diante do vosso Divino Filho. Dai-me um coração grande e indomável que nenhuma ingratidão possa fechar e nenhuma indiferença possa cansar; um coração atormentado pela glória de Jesus Cristo, ferido pelo Seu amor com uma ferida que não possa  ser cicatrizada senão no céu. Amen.

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Abandono e gratidão

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Ah! se todas as almas débeis e imperfeitas sentissem o que sente a mais pequena de todas as almas – a alma da vossa Teresinha – nem uma única perderia a esperança de chegar à Montanha do Amor, uma vez que Jesus não pede grandes acções, mas apenas o abandono e a gratidão.

Santa Teresinha do Menino Jesus

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5º Domingo da Páscoa – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 15, 1-8) 

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado.

Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. Se alguém não permanece em mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem.

Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá. Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.» 

Reflexão 

No Antigo Testamento (e de forma especial na mensagem dos profetas), a videira e a vinha eram símbolos do Povo de Deus. A videira que era Israel produziu uvas azedas em vez de uvas boas e doces, porque abandonou o Deus verdadeiro, para ir atrás dos ídolos. Mas «a videira, a verdadeira», que é Jesus, está agora plantada no meio de nós. E nós podemos ser os seus ramos, enxertados nele, e dar assim uvas boas e doces, Bom e Belo fruto. Basta, para tanto, permanecer nele, que é «a videira, a verdadeira», e deixar a sua vida, a sua seiva, vivificar os ramos. Trata-se, para nós, de permanecer em Jesus, como ele permanece em nós (João 15,4), pois veio habitar em nós (João 14,23). Habitar nele é fazer dele a nossa casa, o nosso chão, a nossa porta, as nossas janelas, a nossa mesa, o lugar em que nos alimentamos, repousamos, amansamos depois das nossas agitações complicadas, decepções, fracassos, lutas e incompreensões.

Ser cristão hoje exige uma experiência vital com Jesus Cristo, um conhecimento interior da sua pessoa e uma paixão pelo seu projecto. O decisivo no momento que estamos a viver é “permanecer nele”. É bom e belo que a Igreja inteira compreenda bem que a segurança, a paz e os frutos não nascem de técnicas cada vez mais apuradas nem de mecanismos político-económicos cada vez mais sofisticados, mas do seu abandono seguro na Palavra de Deus e no Espírito que a conforta e sustenta. Recordemos a afirmação de São João da Cruz: “Cristo, (…) é como uma abundante mina com muitas cavidades cheias de riquezas, e por mais que se cave, nunca se lhes encontra fim nem termo; pelo contrário, aqui e além, vão encontrando em cada cavidade novos veios de novas riquezas”.

Palavra para o caminho 

O Pai, que é o agricultor, corta todo o ramo que não dá fruto e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda (Jo 15, 1-2). O Pai poda-nos através da comunidade, dos amigos, dos pobres e, também, através dos que nos criticam e fazem frente…. Alguns podam-se a eles próprios para darem mais fruto. A maioria das podas acontecem sem serem procuradas. Trá-las a própria vida. São podas involuntárias, a tempo ou fora de tempo. A Carmelita Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) tem uma afirmação que nos pode ajudar a compreender esta acção do Pai e a sua finalidade: “Quanto mais elevado é o grau de união amorosa ao qual Deus destina a alma, tanto mais profunda e persistente deverá ser a sua purificação”. É uma morte que é geradora de vida, e vida em abundância (Jo 10, 10). O nosso Deus não é avaro. Como somos mesquinhos, desconfiados e temerosos!…

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