Caminhada quaresmal com Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) – 3

REZAR CADA DIA DA SEMANA COM SANTA TERESA BENEDITA DA CRUZ: 18-23 DE MARÇO

Segunda – feira, 18 de Março: a pepita de ouro que está dentro de mim

«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6,36).

«Só Deus vê o interior do coração. Ele vê o que bate como um sino mas ele vê também a mais pequena pepita de ouro que escapa muitas vezes à nossa vista e que não está nunca totalmente ausente. Acredita nesta pepita em cada ser humano…» (Edith Stein).

Ser capaz de misericórdia, acreditar que há uma pepita de ouro em cada um, inclusive em mim… Posso encontrá-la e dar nome a essa pepita?

Terça – feira 19 de Março: confiar-se a São José

«É, pois, através da Fé que nos tornamos herdeiros; assim, é um dom gratuito, e a promessa é válida para todos os descendentes de Abraão…».

«Tu, o patriarca da fé tal como Abraão, forte na tua simplicidade de criança, autor de prodígios, pela força da tua obediência e a pureza do teu coração, escudo do Santo Templo da Nova Aliança, sê o seu protector e vela sobre nós, ó São José!» (Edith Stein).

A meio da Quaresma, a Igreja coloca diante dos nossos olhos a figura de José. Ele soube deixar tudo para obedecer à Palavra de Deus. A sua fé é para nós um modelo. Senhor, aumenta a nossa fé!

Quarta – feira, 20 de Março: estar no seu lugar

«Vós não sabeis o que pedis. Podereis beber no cálice que Eu vou beber?» (Mt 20,22).

«Estou convencida que me encontro no lugar que me era destinado, estou reconhecida de ter sido conduzida por este caminho e vou fazendo alegremente a doação de mim mesma, sem nenhum traço de «resignação» (Edith Stein).

Muitas vezes, rezo para obter qualquer coisa que acho que é bom para mim, para mudar o mundo. Mas engano-me muitas vezes. Jesus interpela-nos com vigor: a oração, é pedir mas também é abrir-se à vontade do Pai.

Quinta – feira, 21 de Março: a medida do amor

«Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!» (Lc 16,29).

«O nosso amor para com o próximo é a medida do nosso amor por Deus» (Edith Stein).

Ir ter com uma pessoa na necessidade, qualquer que seja a sua necessidade. Fá-lo-ia hoje? Se eu não permito que o outro me incomode, é provável que não deixe Deus incomodar-me…

Sexta – feira, 22 de Março: acolher a saudação de Jesus

«Eles respeitarão o meu filho» (Mt 21, 37).

«Cristo é Poder e Sabedoria de Deus, não apenas como enviado de Deus, Filho de Deus e o próprio Deus, mas como crucificado. Pois a morte sobre a cruz é o meio de redenção que inventou a sabedoria insondável de Deus» (Edith Stein).

Deus não é ingénuo: nós não respeitamos o seu Filho, Ele foi torturado na Cruz. Estarei eu consciente de ser beneficiário da morte por amor, de Jesus, assumida pelo Pai?

Sábado, 23 de Março: alegar-me com a obra de Deus

«Depressa, trazei a mais bela vestimenta para o vestir… vamos comer e festejar pois o meu filho estava morto e regressou à vida» (Lc 15,22.24).

«A poderosa redenção: é a força de despertar para a vida daqueles em quem a vida divina se tinha apagado pelo pecado» (Edith Stein).

Deus mostra o seu poder quando nos reveste da sua misericórdia. Ele quer dar-nos tudo o que lhe pertence, e sobretudo este poder do amor que dá vida aos outros. Saberei eu festejar e alegrar-me com os outros pela obra de Deus?

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Ter sempre presente o que Cristo passou por nós

Aconteceu-me que, entrando um dia no oratório, vi uma imagem; … Era a de Cristo muito chagado e tão devota que, ao pôr nela os olhos toda eu me perturbei por O ver assim, porque representava bem o que passou por nós. Foi tanto o que senti por tão mal Lhe ter agradecido aquelas chagas, que o coração, me parece, se me partia e arrojei-me junto d’Ele com grandíssimo derramamento de lágrimas, suplicando-Lhe me fortalecesse de uma vez para sempre para não O ofender.

Santa Teresa de Jesus

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Caminhada quaresmal com Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) – 2

REZAR CADA DIA DA SEMANA COM SANTA TERESA BENEDITA DA CRUZ: 11-16 DE MARÇO

Segunda-feira, 11 de Março: ultrapassar o ressentimento

– «Não guardarás rancor aos filhos do teu povo» (Lv 19, 18).

– «Nós não temos de julgar e devemos ter confiança na misericórdia insondável de Deus» (Edith Stein).

– O ressentimento é o que fecha mais o coração à graça. Senhor, vem libertar-me dele. Perdoar, não é apagar o mal, é desejar que nos encontremos todos, convertidos e perdoados, no último dia.

Terça-feira, 12 de Março: o caminho do perdão

– «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido» (Mt 6, 12).

– «Cada um é responsável pela sua própria salvação na medida em que ela pode ser obtida pela cooperação da sua liberdade, e não sem ela. E cada um é, ao mesmo tempo, responsável pela salvação de todos os outros, na medida em que tem a possibilidade de implorar a graça, pela sua oração, para cada um» (Edith Stein).

– Perdoar não é ser simpático, é recusar a lógica das represálias e orar para que se abra o caminho de Deus no coração de todos. Faço memória dos perdões dados e recebidos que têm sido, para mim, importantes. Tenho algum passo a dar no dia de hoje?

Quarta-feira, 13 de Março: clamar a Deus

– «Clamem a Deus com força; converta-se cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos» (Jonas 3, 8).

– «Aquilo a que tenho de responder tenho de responder diante de Deus. Em que é que isso consiste, quer dizer, qual é o meu dever, a minha consciência mo diz. O resultado é assunto da minha liberdade» (Edith Stein).

– A misericórdia de Deus permite-me começar uma vida nova escolhendo Deus. Isso resulta em actos. Vejo o caminho que se abre diante de mim? Tenho vontade de o seguir?

Quinta-feira, 14 de Março: amar no quotidiano

– «Ora bem, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está no Céu dará coisas boas àqueles que lhas pedirem! Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles» (Mt 7, 12).

– «Nas nossas condições habituais de existência, não existe nenhuma outra possibilidade de dar a Deus amor por amor do que cumprir fielmente os seus deveres quotidianos, até ao mais pequeno detalhe; sem deixar passar alguma ocasião de servir os outros por amor» (Edith Stein).

– O Pai dá-nos o seu Espírito sobreabundantemente e este Espírito é irradiação de amor. Posso cumprir um acto quotidiano que, habitualmente, me faz «gemer» pondo nele muito amor ao invocar o Espírito?

Sexta-feira, 15 de Março: O olhar

– «Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal» (Mt 5, 22).

«Concordar com a nossa impotência e pobreza e abandonarmo-nos com muito mais confiança ao amor todo-poderoso, é a grande sabedoria que devemos penetrar sem cessar, de novo e sempre mais profundamente» (Edith Stein).

– Jesus, o doce, o misericordioso, coloca-nos diante das exigências radicais do Amor divino. Sem Ele sou incapaz de cumprir o que Ele me pede. Diante d’Ele, o Crucificado, que amou totalmente, demoro um tempo a olhá-Lo, a mendigar o seu Espírito…

Sábado, 16 de Março: ser tal como Ele me criou

– «Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» (Mt 5, 48).

– «Deus conduz o ser humano a tornar-se autenticamente humano. […] A pessoa que põe a sua vida nas mãos de Deus pode estar segura, vai-se tornando inteiramente ela mesma, quer dizer, vai-se tornar aquilo que Deus pensou que ela fosse» (Edith Stein).

– Como ser perfeito como Deus? Simplesmente, deixando-me ser como Ele me criou…

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1º Domingo da Quaresma – Ano C

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 4, 1-13)

Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. O Diabo disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’». O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’». Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’». Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.

Reflexão

O Evangelho deste primeiro Domingo da Quaresma narra a experiência das tentações de Jesus no deserto. Depois de ter jejuado durante 40 dias, Jesus é tentado três vezes pelo diabo. Este, primeiro, convida-o a transformar uma pedra em pão; depois, mostra-lhe, do alto, os reinos da Terra e propõe-lhe tornar-se um Messias poderoso e glorioso; por fim, conduz-lo ao ponto mais alto do tempo de Jerusalém e convida-o a lançar-se dali abaixo, para manifestar de maneira espectacular o seu poder divino.

As três tentações indicam três caminhos que o mundo sempre propõe, prometendo grandes sucessos: a ganância de possuir, a glória humana, a instrumentalização de Deus. São esses os caminhos que são colocados diante de nós, com a ilusão de poder alcançar o sucesso e a felicidade. Mas, na realidade, esses caminhos são completamente estranhos ao modo de agir de Deus. Na verdade, eles separam-nos d’Ele, porque são obras de Satanás.

A primeira tentação mostra-nos que a ganância de possuir é sempre a lógica insidiosa do diabo. Ele parte da natural e legítima necessidade da pessoa se alimentar, de viver, de realizar-se, de ser feliz, para nos impulsionar a acreditar que tudo isso é possível sem Deus, ou melhor, até mesmo contra Ele.

A segunda tentação leva-nos a correr o risco de perder toda a dignidade pessoal deixando-nos corromper pelos ídolos do dinheiro, do sucesso e do poder, para alcançar a auto-afirmação. Prova-se a emoção de uma alegria vazia que logo desaparece. Por isso Jesus responde: “Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele prestarás culto”.

Sobre a instrumentalização de Deus, a que se refere a terceira tentação, trata-se de querer puxar Deus para o nosso lado, pedindo-lhe graças que na realidades servem unicamente para satisfazer o nosso orgulho.

Jesus, enfrentando pessoalmente essas provações, vence por três vezes as tentações para aderir plenamente ao plano do Pai e mostra-nos os remédios: a vida interior, a fé em Deus, a certeza do seu amor, a certeza de que Deus nos ama, que é Pai, e com esta certeza venceremos qualquer tentação.

Jesus ao responder ao tentador, não entra em diálogo com ele, mas responde aos três desafios somente com a Palavra de Deus. Isto ensina-nos que com o diabo não se dialoga, não devemos dialogar, somente se responde a ele com a Palavra de Deus.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 10 de Março de 2019

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Caminhada quaresmal com Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) – 1

REZAR CADA DIA DA SEMANA COM SANTA TERESA BENEDITA DA CRUZ: 7-9 DE MARÇO

Quinta-feira depois das cinzas – 7 de Março: pega na mão de Deus

– «Escolhe portanto a vida, para que tu e os teus descendentes possais viver, amando o Senhor teu Deus, obedecendo-Lhe e apegando-te a Ele» (Dt 30, 19).

– «Basicamente, eu só tenho que dizer uma verdade simples: como é que alguém pode começar a viver agarrando a mão de Deus» (Edith Stein).

– Considero esta Quaresma como uma entrega ao amor com a vida? Pegar na mão de Deus sem a largar é o caminho da vida. Tenho 15 minutos para meditar sobre estas palavras de Vida.

Sexta-feira após as Cinzas – 8 de Março: «Aqui estou!»

– «Então invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: “Aqui estou”!» (Is 58, 9).

– «A todos os que se reconhecem pecadores, se arrependem e convertem, Cristo estende-lhes a mão, mas pede-lhes que O sigam incondicionalmente e renunciem a tudo aquilo que neles se opõe ao Seu Espírito» (Edith Stein).

– Pôr-se a caminho nesta Quaresma é desejar entregar-me a Deus e fazer o bem que posso. Viverei hoje na presença de Deus? Terei consciência de que Deus estará realmente comigo?

Sábado depois das Cinzas – 9 de Março: rezar com fé

– «Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores» (Lc 5,31-32).

– «O que podemos fazer é muito pouco comparado ao que se fez em atenção a nós próprios. Mesmo assim temos que fazer esse pouco que é, sobretudo, rezar com perseverança para encontrar o verdadeiro caminho e seguir, sem oferecer resistência, o impulso da graça, quando o sentirmos» (Edith Stein).

– Posso ter ainda um momento de oração para pedir ao Senhor que me guie e me ajude a viver esta Quaresma como Ele quer? Desejar a missa dominical …

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A nossa vida não está livre de tentações

De facto, a nossa vida, enquanto somos peregrinos na terra, não pode estar livre de tentações, e o nosso aperfeiçoamento realiza-se precisamente através das provações. Ninguém se conhece a si mesmo se não for provado, ninguém pode receber a coroa se não tiver vencido, ninguém pode vencer se não combater, e ninguém pode combater se não tiver inimigos e tentações.

Santo Agostinho

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Compreender a Quaresma

Que importância tem a Quaresma na vida de um cristão?

A paixão, morte e ressurreição de Cristo são um mistério fundamental da nossa fé como cristãos. Todos os grandes acontecimentos, na vida humana e cristã, devem ser convenientemente preparados para serem plenamente vividos. A Quaresma é o tempo litúrgico de preparação da Páscoa.

Que significa Quaresma? Porque são 40 dias?

Dizer Quaresma é o mesmo que dizer quarentena. São os 40 dias de preparação da celebração da Páscoa, que começam na quarta-feira de cinzas e vão até ao tríduo pascal: quinta, sexta e sábado santo.

O facto de serem 40 dias é muito mais que uma questão de contabilidade. Este número recolhe simbolicamente o significado de Cristo ter passado 40 dias e 40 noites no deserto, em jejum e oração, antes de iniciar a sua vida pública. Também no Antigo Testamento encontramos o mesmo número simbólico de uma preparação séria: 40 anos de travessia do deserto para preparar o povo de Israel a fim de entrar na Terra Prometida; 40 dias que prepararam Moisés e Elias para o encontro com Deus, no Monte Sinai e no Monte Horeb, respectivamente; 40 dias de penitência pregados por Jonas para salvar Nínive.

Porque é que o Carnaval vem antes da Quaresma?

Tendo a Quaresma uma dimensão penitencial, de jejum e abstinência de carne, as festas e folias do Carnaval são uma despedida para entrar neste período em que se cultiva a ascese e o sacrifício, como purificação para a celebração da Páscoa. Aliás, a palavra «carnaval» vem do latim: «carne vale», ou seja, adeus à carne, porque, sobretudo nas sextas-feiras, se deixava de comer carne.

A Quaresma é um tempo especial de penitência?

O Concílio Vaticano II sublinha dois aspectos principais da Quaresma: «recordação ou preparação do Baptismo» e penitência: «Inculque se nos espíritos, a par com as consequências sociais do pecado, a própria natureza da penitência, que é detestação do pecado por ser ofensa de Deus» (SC 109).

Que penitências são recomendadas na Quaresma?

A principal penitência é a conversão de nós mesmos, renunciando ao pecado e a toda a espécie de egoísmo, convertendo-nos mais a Deus e ao amor fraterno. O nosso Papa Francisco aponta a Quaresma como «um caminho de conversão, de luta contra o mal, com as armas da oração, do jejum, da misericórdia».

Assumir voluntariamente algum sacrifício ou penitência é como que uma ginástica espiritual, ou espiritoterapia, que nos treina para evitar o pecado e exercitar as obras do bem. Por exemplo, privar-nos de alguns alimentos, particularmente de guloseimas; visitar quem vive na solidão ou está doente; praticar alguma obra de misericórdia; ajudar quem precisa de nós, renunciando a ficarmos centrados no nosso conforto.

Porque é que não se deve comer carne nas sextas-feiras?

É a norma comum a toda a Igreja, da qual naturalmente estão dispensados os idosos, as crianças e os doentes. Trata se de concretizar, com uma prática, o espírito de penitência, de conversão, de renúncia ao mal e adesão ao bem.

Este gesto penitencial da tradição da Igreja poderá ser substituído «pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e dispendiosos ou de especial preferência de cada um»; também pela oração, pela esmola ou outra obra de renúncia e caridade, segundo as normas da Conferência Episcopal Portuguesa (1985.01.28).

Porquê às sextas-feiras e não noutro dia de semana? Para ser um gesto comunitário de penitência, de conversão, tinha de se escolher um dia, e a sexta-feira é o dia em que Jesus Cristo entregou a sua vida numa cruz para a salvação da humanidade.

Como é que a renúncia aos bens materiais nos pode aproximar mais de Deus?

Partilhar com quem passa necessidade é mais do que um ato de generosidade, é um ato de justiça. Também o jejum deve ter este horizonte de partilha: privamo-nos de algo, em solidariedade com os que experimentam situações de pobreza, oferecendo a nossa contribuição para uma obra social, para as Misericórdias ou a Cáritas… As Dioceses costumam fomentar, em cada quaresma, uma campanha para a entrega do «contributo penitencial» com uma finalidade determinada.

Manuel Morujão, sj

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Quaresma: o caminho para a Páscoa

Quaresma, quarenta dias de especial actividade em que os cristãos preparam a Páscoa, a sua grande Festa: a da certeza que a vida tem sentido e a morte pode ser vencida. Preparar a Páscoa, como? Nestes quarenta dias propõem-se três exercícios: a esmola, a oração, o jejum! O que significa: partilhar os bens, ligar-se ao essencial, desprender-se do que não interessa.

Vasco P. Magalhães, sj

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Não me comprometam

A atitude de não me comprometam é muito típica dos nossos dias. “Eu não tenho nada a ver com isso, portanto não tomo partido, não enfrento esse problema.” Há muitas pessoas que, com grandes e boas razões, querem ficar bem com todos e fogem dos compromissos. Mas comprometer-se é prova de carácter, um compromisso obriga sempre a optar por um caminho, com todas as suas consequências.

Vasco P. Magalhães, sj

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8º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 6, 39-45) 

Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».

Reflexão

O Evangelho do 8º Domingo do Tempo Comum (Ano C) apresenta pequenas parábolas, com as quais Jesus indica aos seus discípulos o caminho que devem seguir para viver com sabedoria.

Pode um cego guiar outro cego? Um guia não pode ser cego, mas deve ver bem, ou seja, deve ter sabedoria para guiar com sabedoria, caso contrário, corre o risco de prejudicar as pessoas que se confiam a ele. Deste modo, Jesus chama a atenção daqueles que têm responsabilidades educacionais ou de comando: os pastores de almas, as autoridades públicas, os legisladores, mestres e pais, exortando-os a estar conscientes da delicadeza do seu papel e da necessidade de discernir sempre a estrada certa pela qual devem conduzir as pessoas.

Jesus apresenta-se a si mesmo como modelo de mestre e guia, que deve ser seguido. Um discípulo não é mais do que o mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre. Jesus convida a seguir o seu exemplo e o seu ensinamento para ser guias seguras e sábias.

Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua?”. Muitas vezes, todos nós sabemos, é mais fácil ou conveniente ver e condenar os defeitos e os pecados dos outros, sem conseguir ver os próprios com a mesma lucidez. Nós sempre escondemos os nossos defeitos, e até os escondemos de nós mesmos. Ao invés, é fácil ver os defeitos dos outros.

Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto”. Os frutos são as acções, mas também as palavras. Pelas palavras conhece-se a qualidade da árvore. De facto, quem é bom, do seu coração e da sua boca sai o bem e quem é mau põe para fora o mal, praticando a murmuração, falar mal dos outros. Isto destrói, destrói a família, destrói a escola, destrói o local de trabalho, destrói o bairro. É da língua que começam as guerras.

Papa Francisco, Resumo do Angelus de 3 de Março de 2019

Palavra para o caminho

Quando as palavras de um “mestre” geram divisão, tensão, desorientação, confrontação na comunidade, elas revelam um coração cheio de egoísmo, de orgulho, de amor próprio, de auto-suficiência. Quando assim é devemos ter cuidado com esses “mestres”, pois eles não são verdadeiros.

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