Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno

1º Domingo da Quaresma – Ano B

O deserto (…) é também o lugar da prova e da tentação, onde o Tentador, aproveitando-se da fragilidade e das necessidades humanas, insinua com a sua voz enganosa, uma alternativa à de Deus, uma voz alternativa que te mostra outro caminho, outro caminho de engano. O Tentador seduz. De facto, durante os quarenta dias vividos por Jesus no deserto, começa o “duelo” entre Jesus e o diabo, que terminará com a Paixão e a Cruz. Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno nas suas múltiplas manifestações: curas de doenças, exorcismos sobre os endemoninhados, perdão dos pecados. Após a primeira fase em que Jesus demonstra que fala e age com o poder de Deus, parece que o diabo leva a melhor, quando o Filho de Deus é rejeitado, abandonado e, por fim, capturado e condenado à morte. Parece que o vencedor é o diabo. Na realidade, a morte era o último “deserto” que devia ser atravessado para derrotar definitivamente Satanás e libertar-nos a todos do seu poder. E assim Jesus venceu no deserto da morte para vencer depois na Ressurreição.

(…) Este Evangelho das tentações de Jesus no deserto lembra-nos que a vida do cristão, no seguimento do Senhor, é uma batalha contra o espírito do mal. Mostra-nos que Jesus enfrentou o Tentador voluntariamente e venceu-o; e ao mesmo tempo lembra-nos também que o diabo tem a possibilidade de agir sobre nós com as suas tentações. Devemos estar conscientes da presença deste inimigo astuto, interessado na nossa condenação eterna, no nosso fracasso, e preparar-nos para nos defender dele e combatê-lo. A graça de Deus assegura-nos, mediante a fé, a oração e a penitência, a vitória sobre o inimigo. (…)

Nas tentações, Jesus nunca dialoga com o diabo, nunca. E no deserto parece que há um diálogo porque o diabo faz três propostas e Jesus responde. Mas Jesus não responde com as suas palavras: responde com a Palavra de Deus, com três passagens da Escritura. E isto é o que devemos fazer também todos nós. Se entrarmos em diálogo com o diabo, seremos derrotados. Gravai isto na cabeça e no coração: nunca se dialoga com o diabo, não há diálogo possível. Somente a Palavra de Deus.

Somos chamados a percorrer os caminhos de Deus, renovando as promessas do nosso Baptismo: renunciar a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções.

Papa Francisco, Excerto do Angelus, 21 de Fevereiro, 2021