6º Domingo do Tempo Comum – Ano B

“Se quiseres, podes curar-me… Quero, fica limpo”

Jesus era uma pessoa acolhedora que queria bem às pessoas, a quem ajudava e servia de muitas maneiras. Havia nele uma intensa paixão pelo Pai do Céu e pelo povo pobre e abandonado da sua terra. Em Jesus tudo é revelação daquilo que o anima por dentro! Ele não só anuncia a Boa Nova do Reino, mas ele mesmo é uma amostra, um testemunho vivo do Reino de Deus. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar e tomar conta da sua vida.

Jesus era muito sensível ao sofrimento de quem encontrava no seu caminho. Sabe que Deus não discrimina ninguém, não rejeita e nem excomunga, pois é Pai de todos, e a todos acolhe e bendiz. Por isso, às vezes, reclama energicamente para que cessem todas as condenações: “Não julgueis e não sereis julgados”. Outras, narra uma pequena parábola para pedir que ninguém se dedique a “separar o trigo e o joio”, como se fosse o juiz supremo de tudo e de todos.

Mas o mais admirável é a sua actuação. O traço mais original e provocativo de Jesus foi o seu hábito de comer com pecadores, prostitutas e pessoas indesejáveis. Nunca se tinha visto em Israel alguém com fama de “homem de Deus” a comer e a beber animadamente com tais pessoas. As elites não suportavam este modo de agir e comportar de Jesus de quem diziam que era um bêbado e comilão, amigo de publicanos pecadores. Jesus não se defendeu, pois era verdade. Bem sabia que não eram os são que precisam de médico mas sim os doentes…

Marcos oferece-nos no seu Evangelho o relato da cura de um leproso para destacar essa predilecção de Jesus pelos excluídos. Jesus está a atravessar uma região solitária. De repente aproxima-se um leproso. Não vem acompanhado por ninguém. Vive na solidão. Leva na sua pele a marca da sua exclusão. As leis condenam-no a viver afastado de todos. É um ser impuro. De joelhos, o leproso faz a Jesus uma súplica humilde: “Se queres, podes limpar-me”. Jesus comove-se ao ver a seus pés aquele ser humano desfigurado pela doença e abandonado por todos. Aquele homem representa a solidão e o desespero de tantos estigmatizados. Jesus estende a mão, toca-lhe e diz-lhe: “Quero, fica limpo”. E assim aconteceu.

Há anos, Santa Teresa de Calcutá afirmou: “Hoje em dia, a doença mais terrível do Ocidente não é a tuberculose nem a lepra, é a sensação de ser indesejado, de não ser amado, de ser abandonado. Tratamos as doenças do corpo por meio da medicina; mas o único remédio para a solidão, para a confusão e para o desespero é o amor. São muitas as pessoas que morrem neste mundo por falta de um pedaço de pão, mas são muitas mais as que morrem por falta de um pouco de amor. A pobreza no Ocidente é outra espécie de pobreza; não se trata apenas de uma pobreza de solidão, é também uma pobreza de espiritualidade. Há uma fome que é fome de amor, como também há uma fome de Deus”.

Palavra para o caminho

Para a Igreja, cuidar dos doentes de todos os tipos não é uma “actividade opcional”, não! Não é algo acessório, não! Cuidar dos doentes de todos os tipos é parte integrante da missão da Igreja, tal como o era da missão de Jesus. E esta missão consiste em levar a ternura de Deus à humanidade que sofre (Papa Francisco, Angelus, 7 de Fevereiro, 2021).