5º Domingo da Páscoa – Ano A

Não se perturbe o vosso coração

O Evangelho deste 5º Domingo da Páscoa, Ano A, começa com o início do chamado “Discurso de despedida” de Jesus. São palavras que ele dirigiu aos discípulos no final da Última Ceia, pouco antes de enfrentar a paixão. Jesus disse-lhes e diz-nos também a nós: “Não se perturbe o vosso coração”. Mas como fazer para que o nosso coração não se perturbe?

O Senhor indica dois remédios. O primeiro é: “Tende fé em mim”. Jesus sabe que, na vida, a ansiedade pior, a perturbação, nasce da sensação de não ser capaz, do sentir-se sozinho e sem pontos de referência diante do que acontece. Essa angústia, em que a dificuldade acrescenta dificuldade, não pode ser superada sozinha. Precisamos da ajuda de Jesus. É por isso que Jesus pede para termos fé nele, ou seja, não nos apoiarmos em nós mesmos, mas nele, porque a libertação da perturbação passa através da confiança. Confiar-se a Jesus. Jesus ressuscitou e está vivo para ficar sempre ao nosso lado. Então podemos apresentar-lhe o que nos perturba e dizer-lhe: “tenho fé em Ti e confio-me a Ti”.

O segundo remédio para a perturbação, Jesus expressa-o com estas palavras: ‘”Na casa de meu Pai há muitas moradas. […] vou preparar-vos um lugar”. Eis o que Jesus fez por nós: reservou-nos um lugar no Céu, para que onde ele está, estejamos também nós. Há um lugar reservado para cada um de nós. Não vivemos sem meta e sem destino. Somos esperados, somos preciosos. Deus preparou o lugar mais digno e bonito: o Paraíso.

A morada que nos espera é o Paraíso. Aqui na terra estamos de passagem. Somos feitos para o Céu, para a vida eterna, para viver para sempre. Para sempre: é algo que agora não conseguimos imaginar. Mas é ainda mais bonito pensar que esse para sempre será na alegria, na plena comunhão com Deus e com os outros, sem mais lágrimas, rancores, divisões e perturbações.

Qual é o caminho para chegar ao Paraíso? Eis a frase decisiva de Jesus hoje: “Eu sou o caminho”. Para subir ao Céu o caminho é Jesus: é ter um relação viva com ele, é imitá-lo no amor, é seguir os seus passos. Existem caminhos que não levam ao Céu: os caminhos da mundanidade, os caminhos da auto-afirmação, os caminhos do poder egoísta. E há o caminho de Jesus, o caminho do amor humilde, da oração, da mansidão, da confiança, do serviço aos outros. Não é o caminho do meu protagonismo, é o caminho de Jesus protagonista da minha vida.

Papa Francisco, Regina Caeli (resumo), 10 de Maio, 2020