Acto de veneração à Imaculada Conceição

Oh Maria Imaculada, reunimo-nos mais uma vez junto de ti. Quanto mais caminhamos na vida mais aumenta a nossa gratidão para com Deus, por nos ter dado como mãe a nós que somos pecadores, a ti, que és a Imaculada Conceição.

De entre todos os seres humanos, tu és a única preservada do pecado, enquanto mãe de Jesus Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Mas este teu singular privilégio foi-te dado para o bem de todos nós, teus filhos. Com efeito, olhando para ti, vemos a vitória de Cristo, a vitória do amor de Deus sobre o mal: onde abundava o pecado, isto é no coração humano, superabundou a graça, pelo manso poder do sangue de Jesus.

Tu, Mãe, recorda-nos que somos pecadores, mas já não somos escravos do pecado! O teu Filho, com o seu Sacrifício, quebrou o domínio do mal, venceu o mundo. Isto proclama a todas as gerações o teu límpido coração como o céu onde o vento dissipou todas as nuvens. E assim tu nos lembras que não é a mesma coisa ser pecadores e ser corruptos: é bem diferente. Uma coisa é cair, mas depois arrepender-se, levantar-se com a ajuda da misericórdia de Deus. Outra coisa é a conivência hipócrita com o mal, a corrupção do coração, que por fora se mostra impecável, mas por dentro, está cheio de más intenções e egoísmos mesquinhos. A tua límpida pureza chama-nos à sinceridade, à transparência, à simplicidade. Quanto precisamos de ser libertados da corrupção do coração, que é o perigo mais grave! Isto parece-nos impossível, por tanto nos termos acostumado e no entanto está ao alcance da nossa mão. Basta levantar o olhar para o teu sorriso de Mãe, para a tua beleza incontaminada, para sentir novamente que não somos feitos para o mal, mas para o bem, para o amor, para Deus!

Por isso, ó Virgem Maria, confio-te hoje todos os que, nesta cidade e em todo o mundo, são oprimidos pela desconfiança, pelo desencorajamento por causa do pecado; para quantos pensam que já não há mais esperança para eles, que as suas culpas são muitas e demasiado grandes, e que Deus não tem tempo para perder com eles. Entregos-te a ti, porque tu não só és mãe e, como tal, nunca deixas de amar os teus filhos, mas és também a Imaculada, a cheia de graça, e podes reflectir até nas trevas mais densas um raio da luz de Cristo Ressuscitado. Ele, e só Ele, quebra as correntes do mal, liberta das dependências mais implacáveis, desfaz os laços mais criminosos, enternece os corações mais endurecidos. E se isto acontece dentro das pessoas, como muda a face da cidade! Nos pequenos gestos e nas grandes decisões, os círculos viciosos, pouco a pouco, tornam-se virtuosos, a qualidade de vida melhora e o clima social torna-se mais respirável.

Damos-te graças, Mãe Imaculada, por nos lembrar que, pelo amor de Jesus Cristo, nós não somos mais escravos do pecado, mas livres, livres para amar, para nos querermos bem, para nos ajudarmos como irmãos, ainda que sejamos diferentes entre nós – graças a Deus diferentes entre nós!

Obrigado porque, com a tua candura, encoraja-nos a não nos envergonharmos do bem, mas do mal; ajuda-nos a ter bem longe de nós o maligno, que nos atrai com o engano, arrastando-nos para espirais de morte; dá-nos a doce lembrança de que somos filhos de Deus, Pai de imensa bondade, eterna fonte de vida, de beleza e de amor. Amen.

Papa Francisco, Praça de Espanha, Roma, 8 de Dezembro, 2019