31º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa (Lc 10, 5)

O Evangelho de hoje coloca-nos no seguimento de Jesus que, no caminho para Jerusalém, faz uma paragem em Jericó. Havia uma grande multidão para recebê-lo, incluindo um homem chamado Zaqueu, chefe de publicanos, isto é, aqueles judeus que cobravam impostos em nome do império romano. Ele era rico não devido a ganhos honestos.

Zaqueu tentava ver quem era Jesus. Estava curioso. E sendo de baixa estatura, para conseguir vê-lo sobe a uma árvore. Quando Jesus chega ao local, olha para cima e vê-lo. O primeiro olhar não é de Zaqueu, mas de Jesus, que entre os muitos rostos que o cercavam procura exactamente aquele. O olhar misericordioso do Senhor alcança-nos antes mesmo que nós percebamos ter necessidade de sermos salvos. E com esse olhar do divino Mestre, começa o milagre da conversão do pecador. De facto, Jesus chama-o pelo nome: “Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa”. Ele não o censura, não lhe faz um “sermão”; diz que deve ir até ele: “deve”, porque é a vontade do Pai. Apesar dos murmúrios das pessoas, Jesus escolhe parar na casa daquele pecador público.

Nós também teríamos ficado escandalizados com esse comportamento de Jesus. Mas o desprezo e o fechamento em relação ao pecador não fazem senão isolá-lo e endurecê-lo no mal que ele faz contra si e contra a comunidade. Em vez disso, Deus condena o pecado, mas tenta salvar o pecador, vai procurá-lo para trazê-lo de volta ao caminho recto. Quem nunca se sentiu procurado pela misericórdia de Deus, tem dificuldade em compreender a extraordinária grandeza dos gestos e palavras com que Jesus se aproxima de Zaqueu.

O acolhimento e a atenção que Jesus dá a Zaqueu, levam aquele homem a uma clara mudança de mentalidade: ele percebe quanto é mesquinha uma vida movida pelo dinheiro, à custa de roubar os outros e ser desprezado por eles. Ter o Senhor ali, em sua casa, faz com que ele veja tudo com olhos diferentes. E muda também o seu modo de ver e de usar o dinheiro: substitui o gesto de extorquir pelo de dar. De facto, decide dar metade do que possui aos pobres e restituir quatro vezes mais àqueles a quem roubou. Zaqueu descobre através do encontro com Jesus que é possível amar gratuitamente: até agora ele era avarento, agora torna-se generoso; gostava de acumular, agora alegra-se em distribuir. Encontrando o Amor, descobrindo ser amado apesar de seus pecados, ele torna-se capaz de amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de comunhão.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 3 de Novembro, 2019