A tradição carmelita pode ser entendida como um comentário de oitocentos anos ao “Cântico dos Cânticos”. Esta antiga história de amor da literatura hebraica é uma narração simples que fundamenta e capta a experiência de numerosíssimos carmelitas. «A voz do meu amado! Ei-lo que chega, correndo pelos montes, saltando sobre as colinas» (Ct 2, 8). Pensando que procuravam um Deus difícil de se deixar encontrar, voltavam da sua busca com a convicção de que tinha sido o próprio Deus que, com eterno amor, saíra ao seu encontro ao longo de todo o caminho. A ânsia profunda do coração do carmelita revelou-se, deste modo, como sinal de um convite: «Levanta-te, minha amada, e vem, ó minha bela amada!» (Ct 2, 10). Os escritores carmelitas recorreram frequentemente à apaixonante história de amor do “Cântico dos Cânticos” para encontrar as palavras que pudessem expressar esta experiência… Os versos do “Cântico” aparecem, consciente ou inconscientemente, na literatura carmelita. Os carmelitas contam muitas histórias, mas de entre elas, aparece repetidamente a história da amada que espera incansavelmente a chegada do Amado.
John Welch, O. Carm.
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