Se Tu me dás a mão não terei medo

O Carmelo não tem resposta para o mistério do mal. Mas o Carmelo percorreu o caminho difícil e dá uma palavra de esperança ao peregrino que sofre. Sofrimento profundo e experiências trágicas são parte da vida de cada pessoa. As limitações da nossa condição humana e as forças destrutivas presentes no mundo atacam com frequência a nossa fé. O Carmelo testemunha que o amor de Deus está sempre presente mesmo nos escombros da nossa vida, apesar de parecer o contrário. O Carmelo dá-nos uma análise particularmente intensa do impacto que o amor de Deus tem no espírito e na personalidade do ser humano. Convidado a uma relação cada vez mais profunda, o peregrino é desafiado a deixar todos os apoios e a caminhar confiadamente no futuro de Deus. No processo de adaptação ao ambiente divino, o cristão experimenta frequentemente ataques tanto no espírito como na psique. O Carmelo oferece linguagem e imagens expressivas que podem exprimir estes sofrimentos, e é muito eloquente na recomendação de vigiar em silêncio pela chegada de Deus. Os santos do Carmelo confiaram no sofrimento e como discípulos frequentemente expressaram o desejo de levar a cruz. Contudo, este desejo de sofrer, tem significado no contexto de uma resposta de amor à obra de Deus. O sofrimento de Jesus na cruz nasceu do amor e não do amor ao sofrimento.

John Welch, O. Carm.

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A melhor parte do Carmelo

É característico da Ordem do Carmo, apesar de ser uma Ordem mendicante, de vida activa e que vive no meio do povo, conservar uma grande estima pela solidão e o desapego do mundo, considerando a solidão e a contemplação como o melhor da sua vida espiritual… Certamente que podemos afirmar que as Ordens contemplativas sempre encontraram sérias dificuldades na vida de oração. O Carmelo, no entanto, sempre foi testemunha da preeminência da contemplação. Inevitavelmente, em quase todas as circunstâncias da vida moderna, o apostolado activo nos reclama cada vez mais a atenção no Carmelo e é, então, quando os carmelitas… devem enraizar profundamente qualquer actividade na «contemplação», vista para eles ser a única fonte e garantia de fecundidade. Quando for necessário, o Carmelo honrará e bendirá qualquer apostolado, mas nunca deverá esquecer que a melhor parte é a contemplação; a vida activa sempre virá em segundo lugar. No entanto, o principal ponto que se deve recordar é que a escola do Carmelo, ainda que valorize ao máximo a cura de almas no mundo, não pode esquecer-se de que é chamada a uma vocação mais elevada. Elias, no meio de uma actividade intensa, foi chamado a uma vida de oração, e é um dos maiores Profetas do Antigo Testamento. A sua vida e a sua oração dizem-nos que a sua oração foi a força da sua vida. Por isso, a oração contemplativa do carmelita também é a força do apostolado activo.

Beato Tito Brandsma, O. Carm.

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