Rumo à Solenidade de Nossa Senhora do Carmo – 3

Maria viveu todos os momentos da sua vida em fé 

Antífona: Flor do Carmelo, vide florescente, esplendor do Céu, Virgem Mãe, singular. Doce Mãe, mas sempre Virgem, aos teus filhos dá teus favores, ó estrela do mar.

Toda a vida de Maria foi uma peregrinação na fé. É proclamada feliz por Isabel, porque acreditou, mas como esta bem-aventurança de Maria foi provada ao longo da sua vida!… Na Anunciação, Maria abre-se a Deus e à Sua proposta de amor e aqui inicia a Sua caminhada de fé! Maria e José vão sendo introduzidos, durante os anos da vida escondida em Nazaré, neste contacto com um Jesus tão humano e tão igual a nós, na prova da noite da fé. Mais tarde, já na vida pública, Maria sofrerá ao ver que Jesus e o Seu ensino não são bem aceites…Vai vendo como tudo isto O encaminha para a Cruz… Mas foi junto à Cruz que Maria viveu a grande prova da fé. Todas as palavras recebidas na Anunciação aparecem desmentidas no Calvário… Ao ver Jesus morto, Maria padece a noite mais escura. Comunga o Seu aniquilamento . A provação da sua fé torna-A intimamente participante da morte de Jesus, por amor de todos. E assim se torna Mãe da Humanidade. A provação da fé de Maria, condu-La à plenitude do Amor do Pai, que gera uma multidão de filhos e que Maria acolhe como Mãe!

Virgem Maria, concede-nos acolher em fé cada um dos momentos da nossa vida, como meio para nos unirmos intimamente a Teu Filho Jesus, e a nossa vida se tornar fecunda em amor, ajudando a gerar novos filhos para toda a Igreja. 

Ave Maria…

Oração

Santíssima Virgem Maria, Esplendor e Glória do Carmelo, vós olhais com especial ternura os que se revestem com o vosso Santo Escapulário. Cobri-me com o manto da vossa maternal protecção, pois a Vós me consagro hoje e para sempre. Fortalecei a minha fraqueza com o vosso poder. Iluminai a escuridão do meu espírito com a vossa sabedoria. Aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Adornai a minha alma com muitas graças e virtudes. Assisti-me na vida, consolai-me na morte com a vossa presença e apresentai-me à Santíssima Trindade como vosso filho(a) dedicado(a), para que  possa louvá-La por toda a eternidade. Amen.

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Rumo à Solenidade de Nossa Senhora do Carmo – 2

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Maria aprende a ser discípula de Jesus e torna-Se, junto à Cruz, Mãe fecunda da Igreja

Antífona: Flor do Carmelo, vide florescente, esplendor do Céu, Virgem Mãe, singular. Doce Mãe, mas sempre Virgem, aos teus filhos dá teus favores, ó estrela do mar.

Maria foi aprendendo, na interioridade do Seu Coração, onde ponderava e conservava todas as coisas, de como Jesus A foi convidando a passar de mãe a discípula, e este caminho não foi fácil para Ela. Maria ao pronunciar o seu Fiat, faz a Deus uma entrega sem limites, para tudo o que Ele quiser realizar n’Ela. Abandona-Se totalmente, sem reservas. Vai compreendendo que deve deixar Jesus seguir o Seu destino, que não O voltará a ter, senão tornando-Se discípula. O próprio Jesus foi a cruz quotidiana de Sua Mãe. Chamou-A a renunciar ao seu vínculo maternal para O seguir como discípula. Ele próprio renunciava, quotidianamente, à Sua mãe. Será junto à cruz que Maria perde Jesus, Se torna discípula e recebe, já não apenas o Seu Filho único, mas uma multidão de filhos.

Maria, dá-nos um coração generoso para dizer sempre “sim”, um coração simples, humilde, paciente, purificado, abandonado a Deus como o Teu, para que o Amor de Deus Se possa manifestar livremente em nós, na nossa vida e nos outros, e assim sermos verdadeiros discípulos de Jesus, fecundos em obras de amor para toda a Igreja. 

Ave Maria…

Oração

Santíssima Virgem Maria, Esplendor e Glória do Carmelo, vós olhais com especial ternura os que se revestem com o vosso Santo Escapulário. Cobri-me com o manto da vossa maternal protecção, pois a Vós me consagro hoje e para sempre. Fortalecei a minha fraqueza com o vosso poder. Iluminai a escuridão do meu espírito com a vossa sabedoria. Aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Adornai a minha alma com muitas graças e virtudes. Assisti-me na vida, consolai-me na morte com a vossa presença e apresentai-me à Santíssima Trindade como vosso filho(a) dedicado(a), para que  possa louvá-La por toda a eternidade. Amen.

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Rumo à Solenidade de Nossa Senhora do Carmo – 1

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Maria medita todos os acontecimentos da Sua vida, no silêncio do seu coração

Antífona: Flor do Carmelo, vide florescente, esplendor do Céu, Virgem Mãe, singular. Doce Mãe, mas sempre Virgem, aos teus filhos dá teus favores, ó estrela do mar.

Maria é a mulher da vida interior, virgem silenciosa e fiel. É da contemplação de Jesus, e dos acontecimentos da vida do Seu Menino, que nasce em Maria a necessidade de entrar no Seu Coração, nesse lugar de silêncio e adoração, e aí conservar todas estas coisas. Também nós, quando não compreendemos o agir de Deus na nossa vida, precisamos de nos recolher em silêncio, no nosso coração. Aí devemos esperar a luz do Espírito Santo que nos há-de iluminar e esclarecer, reconhecendo que tudo vem da vontade de Deus. “Meditar dia e noite na Lei do Senhor” é viver, como Maria, com os olhos postos em Cristo, reconhecendo-O presente em tudo. Maria chama-nos também a entrarmos no nosso coração, onde se reza a Deus, se recebe a Sua luz e se aprende a Sua vontade, e a comunhão íntima com Deus e com os irmãos. O Carmelo é Casa de Comunhão para todos nós seus filhos, porque o Carmelo é o Coração imenso da nossa Mãe sempre aberto para nos acolher!

Virgem Maria, Senhora do silêncio, ensina-nos a descobrir Jesus no meio dos acontecimentos da nossa vida, para nos unirmos mais intimamente a Ele, compreendendo o Seu agir e a Sua vontade, e assim O irradiarmos para os outros, nos nossos gestos de fraternidade, de amor, ternura e comunhão. 

Ave Maria…

Oração

Santíssima Virgem Maria, Esplendor e Glória do Carmelo, vós olhais com especial ternura os que se revestem com o vosso Santo Escapulário. Cobri-me com o manto da vossa maternal protecção, pois a Vós me consagro hoje e para sempre. Fortalecei a minha fraqueza com o vosso poder. Iluminai a escuridão do meu espírito com a vossa sabedoria. Aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Adornai a minha alma com muitas graças e virtudes. Assisti-me na vida, consolai-me na morte com a vossa presença e apresentai-me à Santíssima Trindade como vosso filho(a) dedicado(a), para que  possa louvá-La por toda a eternidade. Amen.

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15º Domingo do Tempo Comum – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 6, 7-13)

Jesus percorria as aldeias vizinhas a ensinar. Chamou os Doze, começou a enviá-los dois a dois e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos. Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto; que fossem calçados com sandálias e não levassem duas túnicas. E disse-lhes também: «Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos numa localidade, se os seus habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.» Eles partiram e pregavam o arrependimento, expulsavam numerosos demónios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos.

Reflexão

O Evangelho do 15º Domingo do Tempo Comum, que narra o envio em missão dos «Doze» (Marcos 6,7-13), situa-se estrategicamente entre a rejeição de Jesus na sua pátria (Marcos 6,1-6) e o martírio de João Baptista (Marcos 6,14-29). O contexto é, pois, claro, intenso e dramático acerca do destino dos missionários: entre a rejeição e martírio. A rejeição e o martírio derivam do facto de as pessoas (nós) não acreditarem que a missão (claríssimo no caso de Jesus) provém de Deus!

Marcos recorda-nos algumas recomendações de Jesus. Destacamos algumas. Segundo Marcos, ao enviar os «Doze», Jesus «dá-lhes autoridade sobre os espíritos imundos». Não lhes dá poder sobre as pessoas que irão encontrar no seu caminho. Abrirão caminhos na sociedade, não utilizando o poder sobre as pessoas, mas humanizando a vida, aliviando o sofrimento das pessoas, fazendo crescer a liberdade e a fraternidade.

Levarão somente «bastão» e «sandálias». Jesus imagina-os como caminhantes. Jamais instalados. Sempre a caminho. Não presos a nada nem a ninguém. Somente com o imprescindível. Com aquela agilidade que tinha Jesus para se fazer presente onde alguém precisava dele. O báculo [bastão, bordão] de Jesus não é para mandar, mas para caminhar.

Não devem levar «nem pão, nem mochila, nem dinheiro». Eles não têm de viver obcecados com a sua própria segurança. Levam consigo algo mais importante: o Espírito de Jesus, a sua Palavra e a sua Autoridade para humanizar a vida das pessoas.

Tampouco, levarão uma «segunda túnica». Vestir-se-ão com a simplicidade dos pobres. Serão profetas no meio do povo. A vida deles será sinal da proximidade de Deus com todos, sobretudo, dos mais necessitados.

Este despojamento, ou empobrecimento, ou leveza, está na base da credibilidade da mensagem que devem transmitir.

Palavra para o caminho

Esta sociedade necessita, como nunca, do impacto de homens e mulheres que saibam viver com poucas coisas. Crentes capazes de demonstrar que a felicidade não está em acumular bens. Temos necessidade de alguém que nos chame a atenção, com sua vida, que quem não sabe amar é um zero colossal, um fracasso total, por muitos que sejam os seus bens e os seus êxitos.

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O Senhor os apertará contra o peito

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O Senhor conduzirá o seu rebanho para as pastagens, reunirá os pequenos cordeiros e os apertará contra o seu peito”. E como se todas essas promessas não bastassem, o mesmo profeta, cujo olhar inspirado mergulhava já nas profundidades eternas, exclama em nome do Senhor: “Como uma mãe acaricia o seu filho, assim eu vos consolarei; levar-vos-ei ao colo e acariciar-vos-ei sobre os meus joelhos”. Ó querida madrinha! Depois de semelhante linguagem, nada mais resta senão calar-nos, chorar de gratidão e de amor…

Santa Teresinha do Menino Jesus 

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14º Domingo do Tempo Comum – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 6, 1-6) 

Naquele tempo, Jesus foi para a sua terra e os discípulos seguiam-no. Chegado o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes enchiam-se de espanto e diziam: «De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Como se operam tão grandes milagres por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?» E isto parecia-lhes escandaloso. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e em sua casa.» E não pôde fazer ali milagre algum. Apenas curou alguns enfermos, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente.

Reflexão

O Evangelho deste 14º Domingo do Tempo Comum (Marcos 6,1-6), apresenta-nos Jesus a dirigir-se para Nazaré ao encontro dos seus familiares e conterrâneos, sendo o sábado e a sinagoga (Marcos 6,2) o natural lugar desse encontro. O que aconteceu na sua terra prefigura já o encontro de Jesus com o inteiro Israel, e a rejeição que lhe será movida por este. São mesmo já visíveis desde aqui as resistências ao Evangelho radicadas no nosso coração, e que o Quarto Evangelho porá a claro: «Veio para o que era seu, e os seus não o receberam» (João 1,11).

Notamos, sem grande espanto, que os conterrâneos de Jesus sabem muito mais do que nós sobre Jesus: dele sabem indicar a família, a profissão, a residência. O que nos deve espantar, isso sim, é que aqueles conterrâneos de Jesus não saibam dizer «DE ONDE» lhe vem aquela sabedoria única e os prodígios que realiza.

Às vezes, por termos os olhos tão embrenhados na terra, nas coisas da terra, não conseguimos ver o céu! Veja-se a iluminante cena da cura do cego de nascença (João 9). Em diálogo com o cego curado, os fariseus acabam por afirmar acerca de Jesus: «Esse não sabemos DE ONDE é» (João 9,29), ao que o cego curado responde, apontando a cegueira deles: «Isso é «espantoso»: vós não sabeis DE ONDE Ele é; e, no entanto, Ele abriu-me os olhos!» (João 9,30). Que é como quem diz: só não vê quem não quer! Tal como o cego, e fazendo uso da mesma linguagem, também Jesus «estava espantado» com a falta de fé dos seus conterrâneos (Marcos 6,6). Note-se bem que a falta de fé aqui assinalada não é apenas a negação de Deus. É a rejeição de Jesus em nome de uma errada concepção de Deus. Podemos dizer mesmo: para salvar a honra de Deus. Veja-se bem até onde pode chegar a nossa cegueira!

Palavra para o caminho

Ao princípio, a sabedoria de Jesus, as suas palavras e os seus prodígios trazem algo de novo à vida habitual de Nazaré, sacodem-na. A seguir, porém, o habitual assume o comando da situação: que tem de diferente, este Jesus? É um de nós, é o carpinteiro!

Que o profeta seja um homem extraordinário, carismático, já nós o esperamos. Mas que a profecia esteja no quotidiano, na oficina do carpinteiro, num homem que não tem cultura nem títulos, mas nas mãos marcadas pelo cansaço, o profeta da porta ao lado, isso parece-nos impossível. Os habitantes de Nazaré pensam: o Filho de Deus não pode vir assim, com mãos de carpinteiro, com os problemas de todos.

Marcos não narra este episódio para satisfazer a curiosidade dos seus leitores, mas para advertir as comunidades cristãs que Jesus pode ser rejeitado, precisamente, por aqueles que acreditam conhecê-lo melhor: os que se fecham nas suas ideias preconcebidas sem se abrirem à novidade da sua mensagem nem ao mistério da sua pessoa.

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Pensamentos da Santa Madre Teresa de Calcutá

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– Para nos tornarmos santos, precisamos de humildade e oração.

– A alegria é oração. A alegria é força. A alegria é amor.

– Se fores santo, agradece a Deus; se fores pecador, não te fiques por aí. Cristo diz-te para aspirares muito alto: não para seres como Abraão ou David, ou como qualquer outro santo, mas como o nosso Pai celeste (Mt 5,48).

– Tanto a humildade como a oração provêm de um ouvido, de uma inteligência e de uma língua que provaram o silêncio junto de Deus, pois Deus fala no silêncio do coração.

– Todos temos um desejo ardente do céu, onde Deus Se encontra.

– Esforcemo-nos verdadeiramente por aprender a lição de santidade de Jesus, cujo coração era manso e humilde.

– Não há melhor maneira de manifestarmos a nossa gratidão a Deus e aos homens do que aceitando tudo com alegria. Um coração ardente de amor é necessariamente um coração alegre.

– Não vale a pena perder tempo a contemplar inutilmente as nossas misérias; trata-se, isso sim, de elevar o coração a Deus e deixar que a Sua luz nos ilumine.

– Não permitais nunca que a tristeza vos invada, a ponto de vos fazer esquecer a alegria de Cristo ressuscitado.

– Esta felicidade imediata com Ele (Deus) significa amar como Ele ama, ajudar como Ele ajuda, dar como Ele dá, servir como Ele serve, socorrer como Ele socorre, permanecer com Ele em todas as horas do dia, tocar o seu próprio Ser por trás do rosto da aflição humana.

– Se fores humilde, nada te afectará, nem a lisonja, nem a desgraça, pois saberás o que és.

O fruto do silêncio é a oração; o fruto da oração é a fé; o fruto da fé é o amor; o fruto do amor é o serviço, o fruto do serviço é a paz.

 

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Perdão (per-dom)

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Perdão é per-dom, tem a ver com dar, de per-doar, doar para além da estrita justiça, tem a ver com o reconciliar ou restabelecer a relação. Per-doar é da minha parte e o outro pode não querer, mas é doar, apesar de tudo, uma nova oportunidade, um abrirmo-nos e oferecermo-nos para recomeçar uma relação. O perdão tem a ver com a relação, a reconquista da relação. Isto não se consegue de um dia para o outro, nem através de um contorcionismo de sentimentos, como se uma pessoa que me é antipática tivesse de começar a ser-me simpática… Significa começar a fazer a caminhada no sentido de reestabelecer relações perdidas, estragadas. Posso perdoar alguém que continua a ser-me antipático e vice-versa. Perdoar significa que me disponho a ter uma relação construtiva com esse alguém, a doar-lhe o meu coração e a minha abertura, a estabelecer a ponte. O perdão é isso. Não é um esquecer ou um abafar de sentimentos. Não é um mero desculpar. É uma ponte que se pode lançar até no silêncio.

Vasco P. Magalhães, SJ

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13º Domingo do Tempo Comum – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 5, 21-43) 

Depois de Jesus ter atravessado, no barco, para a outra margem, reuniu-se uma grande multidão junto dele, que continuava à beira-mar. Chegou, então, um dos chefes da sinagoga, de nome Jairo, e, ao vê-lo, prostrou-se a seus pés e suplicou instantemente: «A minha filha está a morrer; vem impor-lhe as mãos para que se salve e viva.» Jesus partiu com ele, seguido por numerosa multidão, que o apertava. Certa mulher, vítima de um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de muitos médicos e gastara todos os seus bens sem encontrar nenhum alívio, antes piorava cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-lhe, por detrás, nas vestes, pois dizia: «Se ao menos tocar nem que seja as suas vestes, ficarei curada.» De facto, no mesmo instante se estancou o fluxo de sangue, e sentiu no corpo que estava curada do seu mal. Imediatamente Jesus, sentindo que saíra dele uma força, voltou-se para a multidão e perguntou: «Quem tocou as minhas vestes?» Os discípulos responderam: «Vês que a multidão te comprime de todos os lados, e ainda perguntas: ‘Quem me tocou?’» Mas Ele continuava a olhar em volta, para ver aquela que tinha feito isso. Então, a mulher, cheia de medo e a tremer, sabendo o que lhe tinha acontecido, foi prostrar-se diante dele e disse toda a verdade. Disse-lhe Ele: «Filha, a tua fé salvou-te; vai em paz e sê curada do teu mal.» Ainda Ele estava a falar, quando, da casa do chefe da sinagoga, vieram dizer: «A tua filha morreu; de que serve agora incomodares o Mestre?» Mas Jesus, que surpreendera as palavras proferidas, disse ao chefe da sinagoga: «Não tenhas receio; crê somente.» E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Ao chegar a casa do chefe da sinagoga, encontrou grande alvoroço e gente a chorar e a gritar. Entrando, disse-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu, está a dormir.» Mas faziam troça dele. Jesus pôs fora aquela gente e, levando consigo apenas o pai, a mãe da menina e os que vinham com Ele, entrou onde ela jazia. Tomando-lhe a mão, disse: «Talitha qûm!», isto é, «Menina, sou Eu que te digo: levanta-te!» E logo a menina se ergueu e começou a andar, pois tinha doze anos. Todos ficaram assombrados. Recomendou-lhes vivamente que ninguém soubesse do sucedido e mandou dar de comer à menina.

Alguns retratos de mulheres nos Evangelhos

Na época do Novo Testamento, a mulher vivia marginalizada pelo simples facto de ser mulher (cf. Lv 15, 19-27; 12, 1-5). Não participava na sinagoga e na vida pública não podia ser testemunha. Muitas mulheres resistiam contra esta exclusão. Esta resistência encontra eco e acolhimento em Jesus. Eis alguns episódios nos quais aparece o inconformismo e a resistência das mulheres na vida quotidiana e o acolhimento que Jesus lhes dá.

A prostituta tem a coragem de desafiar as normas da sociedade e da religião. Entra em casa de um fariseu para prostrar-se aos pés de Jesus. Encontrando-o, encontra amor e perdão e recebe defesa contra os fariseus. A mulher encurvada não dá ouvidos aos gritos do chefe da sinagoga. Procura a cura, mesmo sendo sábado. Jesus acolhe-a como uma filha e defende-a contra o chefe da sinagoga (Lc 13, 10-17). A mulher considerada impura por causa da perda de sangue, tem a coragem de meter-se no meio das pessoas e de pensar exactamente o contrário da doutrina oficial! A doutrina dizia: “Quem a tocar fica impuro”! Mas ela dizia: “Se o tocar ficarei curada!” (Mc 5, 28). É acolhida sem qualquer espécie de reprovação e fica curada. Jesus declara que a cura é o resultado da fé (Mc 5, 25-34). A samaritana, desprezada pela sua condição de herética, tem a coragem de falar com Jesus e de mudar o sentido do diálogo começado com ele (cf Jo 4, 19.25). No evangelho de João, é a primeira pessoa que recebe o segredo de que Jesus é o Messias (Jo 4, 26). A mulher estrangeira da região de Tiro e Sídon não aceita a sua marginalização e sabe falar, de tal modo que é escutada por Jesus (Mt 7, 24-30). A mãe com os dois filhos pequenos enfrenta os discípulos e consegue que Jesus os acolha e abençoe (Mt 19, 13-15; Mc 10, 13-16). As mulheres que desafiam o poder e permanecem junto à cruz de Jesus (Mc 15, 40; Mt 27, 55-56.61), foram também as primeiras a encontrar-se com Jesus ressuscitado (Mc 16, 5-8; Mt 28, 9-10). Entre elas encontrava-se Maria Madalena, que tinha sido possuída de espíritos malignos, mas que foi curada por Jesus (Lc 8, 2). Ela recebeu a ordem de transmitir aos apóstolos a Boa Nova da Ressurreição (Jo 20, 16-18). Marcos diz que “elas tinham seguido e servido Jesus quando estava ainda na Galileia. Havia muitas que tinham subido com ele a Jerusalém” (Mc 15, 41). Marcos serve-se de três palavras para definir a vida destas mulheres: seguir, servir e subir a Jerusalém. São três palavras que definem o discípulo ideal. Representam o modelo para os outros discípulos que fugiram.

Palavra para o caminho

Segundo o evangelho deste Domingo a mulher enferma “tendo ouvido falar de Jesus” intui que está perante alguém que a pode arrancar da prisão da “impureza” em que vive. Jesus não fala de dignidade ou de indignidade. A sua mensagem fala de amor. A sua pessoa irradia força curativa.

A mulher busca o seu próprio caminho para se encontrar com Jesus. Não se sente com forças para o  olhar olhos nos olhos: aproxima-se dele por trás. Tem vergonha de falar da sua enfermidade: actua caladamente. Não o pode tocar fisicamente: tocará somente no seu manto. Não importa. Para se sentir limpa basta a grande confiança que tem em Jesus. Esta mulher não teve vergonha de nada. É um gesto de fé. Jesus elogia esta confiança convicta. Jesus tem os seus caminhos para curar as feridas íntimas e escondidas aos olhos dos outros e diz a quem o procura: “Filha(o), a tua fé te curou. Vai em paz e com saúde”.

 

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