Santo Alberto de Jerusalém – 17 de Setembro

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Os primeiros Carmelitas e o Patriarca Alberto

Numa pintura antiga do século XIII, conservada num dos nossos conventos da Itália, apare­ce Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, entregando a Regra aos Carmelitas, lá no Monte Carmelo. De acordo com as informações do próprio prólogo, os primeiros carmelitas já viviam em comunidade sob a obediência de B., perto de uma fonte, lá no Monte Carmelo. Eles tinham encontrado uma nova maneira de viver o Evangelho e queriam que ela tivesse a aprovação da Igreja. Por isso, redigiram uma “proposta” e foram falar com Alberto, Patriarca de Jerusalém. Esta pro­posta é o rascunho da futura Regra do Carmo, pois, como o próprio Alberto afirma no prólogo (Regra do Carmo, 3), ele aceitou a proposta e, com a sua autoridade, transformou-a em Forma de Vida, não só para aquele primeiro grupo de carmelitas, mas também para todos nós que viemos depois. Tudo isto aconteceu entre 1206 e 1214, os anos em que Alberto foi Patriarca de Jerusalém. Não sabemos o ano certo. Alguns dizem que foi no ano 1209. É possível.

Nas poucas frases do prólogo Alberto tem a preocupação de situar os Carmeli­tas dentro da tradição do Povo de Deus. Imitando o jeito com que o apóstolo Paulo costumava começar suas cartas (Rm 1,1; 1Cor 1,1; 2Cor 1,1), Alberto apresenta a própria Regra como sendo o prolongamento e a actualização do Novo Testamento para os Carmelitas. Além disso, citando a Carta aos Hebreus (Hb 1,1), ele faz saber que a vida dos carmelitas está em continuidade com a tradição dos Santos Padres da Igreja. Ele diz: Muitas vezes e de muitas maneiras os Santos Padres estabeleceram como cada um, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou a forma de vida religiosa que tiver escolhido, deve viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-lo fielmente com coração puro e consciência serena. Naquele tempo, como hoje, havia muitas formas de se “viver em obséquio de Jesus Cristo”. Havia os eremitas, os romeiros, os monges, os templários, os mendicantes. Havia as Regras de Santo Agostinho, São Basílio, São Bento, São Francisco. Havia muitas Ordens e Congregações. Mas Alberto reconhece que aquele grupo de carmelitas do Monte Carmelo tinha um caminho diferente, uma proposta nova. Apesar de serem chamados de eremitas como os antigos monges, os primeiros carmelitas tinham elementos novos e diferentes na sua maneira de viver o Evangelho. Nenhuma das Regras existentes correspondia à vida que eles queriam levar. Eles precisavam de algo novo.

A novidade deste caminho, próprio dos carmelitas, vai ser descrita na Forma de Vida que será a Regra do Carmo. É a Regra mais curta de todas que existem na Igreja! Cada carmelita, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou o modo de vida religiosa que tiver escolhido, procura viver esta Regra dentro do seu próprio estado de vida: homem ou mulher; casado ou solteiro; frade ou sacerdote; irmã de clausura ou de congregação; leigo, leiga ou membro do clero; ordem primeira, segunda ou terceira; membro de movimentos ou de associações que se inspiram na Regra do Carmo, … Até hoje, todos nós nos reunimos ao redor desta mesma fonte para beber da sua água que brota para a vida eterna.

Carlos Mesters, O. Carm.

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Senhora do Carmo, dá-me…

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Senhora do Carmo, dá-me um pouco da tua força para a minha fraqueza; um pouco da tua coragem para o meu desalento; um pouco da tua compreensão para o meu problema; um pouco da tua plenitude para o meu vazio…

Senhora do Carmo, dá-me um pouco da tua rosa para o meu espinho; um pouco da tua certeza para a minha dúvida; um pouco do teu sol para o meu inverno; um pouco da tua disponibilidade para o meu cansaço; um pouco do teu rumo infinito para o meu extravio…

Senhora do Carmo, dá-me um pouco da tua neve para o barro do meu pecado; um pouco da tua luminosidade para a minha noite; um pouco da tua alegria para a minha tristeza…

Mãe querida, dá-me um pouco da tua sabedoria para a minha ignorância; um pouco do teu amor para o meu rancor; um pouco da tua pureza para o meu pecado; um pouco da tua vida para a minha morte; um pouco da tua transparência para o meu escuro; um pouco do teu Filho Jesus para este teu filho pecador…

Com estes “poucos”, Senhora do Carmo, eu serei tudo… Amen.

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24º Domingo do Tempo Comum – Ano B

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 8, 27-35)

Jesus partiu com os discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe. No caminho, fez aos discípulos esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?» Disseram-lhe: «João Baptista; outros, Elias; e outros, que és um dos profetas.» «E vós, quem dizeis que Eu sou?» – perguntou-lhes. Pedro tomou a palavra, e disse: «Tu és o Messias.» Ordenou-lhes, então, que não dissessem isto a ninguém. Começou, depois, a ensinar-lhes que o Filho do Homem tinha de sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar depois de três dias. E dizia claramente estas coisas.

Pedro, desviando-se com Ele um pouco, começou a repreendê-lo. Mas Jesus, voltando-se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo-lhe: «Vai-te da minha frente, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens.» Chamando a si a multidão, juntamente com os discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la.

Reflexão

O episódio de Cesareia de Filipe ocupa um lugar central no Evangelho de Marcos. Depois de um tempo de convivência com ele, Jesus faz aos seus discípulos uma pergunta decisiva: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Em nome de todos, Pedro responde sem duvidar: “Tu és o Messias”. Finalmente, parece que tudo está claro. Jesus é o Messias enviado por Deus e os discípulos seguem-no para colaborar com ele.

Jesus sabe que não é bem assim. Têm de saber que o sofrimento o acompanhará sempre na sua tarefa de abrir caminhos ao reino de Deus. No final, será condenado pelos dirigentes religiosos e morrerá executado violentamente. Somente ao ressuscitar se verá que Deus está com ele.

Pedro revolta-se diante do que ouve. Segundo ele, Jesus deve mudar a maneira de pensar. Jesus reage com uma dureza desconhecida. “Vai-te da minha frente, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens”. Em seguida, chama o povo e os seus discípulos para que escutem bem as suas palavras: “Aquele que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Seguir Jesus não é obrigatório. É uma decisão livre de cada um. Porém temos de levar a sério Jesus. Se quisermos segui-lo temos de estar dispostos a duas coisas. Primeiro, renunciar a projectos ou planos que se opõem ao reino de Deus. Segundo, aceitar os sofrimentos que nos podem vir por seguir Jesus e identificar-nos com a sua causa.

Palavra para o caminho

Os cristãos têm esquecido, com demasiada frequência, que a fé não consiste fundamentalmente em crer em algo, mas em crer em Alguém. O decisivo é, verdadeiramente, encontrar-se com a pessoa de Jesus Cristo e descobrir, por experiência pessoal, que ele é o único que pode responder, de maneira plena, às nossas perguntas mais decisivas, aos nossos anseios mais profundos e às nossas necessidades mais fundamentais. Na estrada para o Pai ninguém precede Jesus; todos O seguem. Ele vai à frente marcando o caminho e tudo o que Ele viver e Lhe acontecer será norma.

Nós cristãos temos de responder, com sinceridade, a esta pergunta interpeladora de Jesus: “e vós, quem dizeis que eu sou?”. Ibn Arabi escreveu que “o que que foi tomado pela enfermidade chamada Jesus, já não se pode curar”.

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Maria, és a Mãe que Jesus me deu

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Recordo-me que, quando morreu minha mãe, fiquei da idade de doze anos, pouco menos. Quando comecei a perceber o que tinha perdido, fui-me, aflita, a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei-Lhe, com muitas lágrimas, que fosse minha Mãe. Embora o fizesse com simplicidade, parece-me que me tem valido; porque conhecidamente tenho encontrado esta Virgem soberana, sempre que me tenho encomendado a Ela.

Santa Teresa de Jesus

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23º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 7, 31-37)

Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele.

Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «Abre-te». Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar correctamente.

Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos oiçam e que os mudos falem».

Reflexão

Olhando para o céu, Jesus suspira e grita ao enfermo uma única palavra: “Effathá”, quer dizer, “Abre-te”. Esta é a única palavra que pronuncia Jesus em todo o relato. Não é dirigida aos ouvidos do surdo, mas ao seu coração. Certamente, Marcos deseja que esta palavra de Jesus ressoe com força nas comunidades cristãs que lerão o seu relato. Conhece muitos que vivem surdos à Palavra de Deus. Cristãos que não se abrem à Boa Notícia de Jesus nem falam a ninguém da sua fé. Comunidades surdo-mudas que escutam pouco o Evangelho e o comunicam mal. Talvez, um dos pecados mais graves dos cristãos é esta surdez. Não nos detemos a escutar o Evangelho de Jesus. Não vivemos com o coração aberto para acolher as suas palavras.

Viver dentro da Igreja com mentalidade “aberta” ou “fechada” pode ser uma questão de atitude mental ou de posição prática, fruto quase sempre da própria estrutura psicológica ou da formação recebida. Porém, quando se trata de “abri-se” ou “fechar-se” ao evangelho, o assunto é de vida ou de morte.

Palavra para o caminho

Quantos homens e mulheres hoje necessitam de ouvir a palavra de Jesus dirigida ao surdo-mudo: “Abre-te”!… Não é por acaso que nos evangelhos são narradas muitas curas de cegos e surdos. São um convite para que abramos os olhos e os ouvidos para que acolhamos a Boa Nova de Jesus. Sem dúvida, as causas da incomunicação, do isolamento e da solidão crescente entre nós são muito diversas. Mas, quase sempre, têm a sua raíz no nosso pecado.

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Família e oração

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Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Depois de ter reflectido sobre o modo como a família vive os tempos da festa e do trabalho, consideremos agora o tempo da oração. A reclamação mais frequente dos cristãos refere-se precisamente ao tempo: «Deveria rezar mais…; gostaria de o fazer, mas com frequência falta-me o tempo». Ouvimos isto continuamente. Sem dúvida, o desagrado é sincero porque o coração humano procura sempre a oração, até sem o saber; e se não a encontra não tem paz. Mas para que se encontrem é preciso cultivar no coração um amor «fervoroso» a Deus, um amor afectivo.

Podemos fazer-nos uma pergunta muito simples. É positivo acreditar em Deus com todo o coração, esperar que nos ajude nas dificuldades, sentir-nos na obrigação de o agradecer. Tudo certo. Mas amamos um pouco o Senhor? O pensamento de Deus comove-nos, admira-nos, enternece-nos?

Pensemos na formalidade do grande mandamento, que fundamenta todos os outros: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a sua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 5; cf. Mt 22, 37). A fórmula usa a linguagem intensiva do amor, derramando-o em Deus. Pois bem, o espírito de oração reside sobretudo aqui. E se reside aqui, permanece o tempo todo e nunca acaba. Conseguimos pensar em Deus como a carícia que nos mantém em vida, antes da qual nada existe? Uma carícia da qual nada, nem a morte, nos pode separar? Ou pensamos nele só como o grande Ser, o Todo-Poderoso que fez todas as coisas, o Juiz que controla cada acção? Naturalmente, tudo isto é verdade. Mas só quando Deus é o carinho de todos os nossos afectos, o significado destas palavras torna-se pleno. Então sentimo-nos felizes, e até um pouco confusos, porque Ele pensa em nós mas sobretudo ama-nos! Não é impressionante? Não é impressionante que Deus nos acaricie com amor de pai? É muito bonito! Podia simplesmente fazer-se reconhecer como o Ser supremo, apresentar os seus mandamentos e esperar os resultados. Mas Deus realizou e realiza infinitamente mais do que isto. Acompanha-nos no caminho da vida, protege-nos, ama-nos.

Se o afecto a Deus não acender o fogo, o espírito da oração não aquecerá o tempo. Podemos inclusive multiplicar as nossas palavras, «como fazem os pagãos», diz Jesus; ou então exibir os nossos ritos, «como fazem os fariseus» (cf. Mt 6, 5.7). Um coração habitado pelo afecto a Deus torna oração até um pensamento sem palavras, ou uma invocação diante de uma imagem sagrada, ou um beijo lançado a uma igreja. É bonito quando as mães ensinam os filhos pequenos a lançar um beijo a Jesus ou a Nossa Senhora. Quanta ternura há nisto! Naquele momento o coração das crianças transforma-se em lugar de oração. E é um dom do Espírito Santo. Nunca nos esqueçamos de pedir este dom para cada um de nós! Porque o Espírito de Deus tem aquele seu modo especial de dizer no nosso coração «Abbá» — «Pai», ensina-nos a dizer «Pai» precisamente como o dizia Jesus, um modo que nunca poderemos aprender sozinhos (cf. Gl 4, 6). É em família que se aprende a pedir e apreciar este dom do Espírito. Se o aprendermos com a mesma espontaneidade com a qual aprendemos a dizer «pai» e «mãe», aprendê-lo-emos para sempre. Quando acontece isto, o tempo da inteira vida familiar é envolvido no ventre do amor de Deus e procura espontaneamente o tempo da oração.

O tempo da família, como se sabe, é complicado e movimentado, ocupado e preocupado. É sempre pouco, nunca é suficiente, há muitas coisas para fazer. Quem tem uma família logo aprende a resolver uma equação que nem os grandes matemáticos sabem solucionar: em vinte e quatro horas fazem caber o dobro! Há mães e pais que poderiam ganhar o Nobel por esta razão. De 24 horas fazem 48: não sei como fazem mas movimentam-se e fazem-no! Há muito trabalho em família!

O espírito da oração restitui o tempo a Deus, sai da obsessão de uma vida à qual sempre falta o tempo, reencontra a paz das coisas necessárias e descobre a alegria de dons inesperados. Boas guias para isto são as duas irmãs Marta e Maria, sobre as quais fala o Evangelho que ouvimos; elas aprenderam de Deus a harmonia dos ritmos familiares: a beleza da festa, a serenidade do trabalho e o espírito da oração (cf. Lc 10, 38-42). A visita de Jesus, ao qual amavam, era a sua festa. Contudo, um dia Marta aprendeu que o trabalho da hospitalidade, embora importante, não é tudo, mas ouvir o Senhor, como fazia Maria, era verdadeiramente essencial, a «melhor parte» do tempo. A oração brota da escuta de Jesus, da leitura do Evangelho. Não vos esqueçais, todos os dias de ler um trecho do Evangelho. A oração brota da intimidade com a Palavra de Deus. Existe esta confidência na nossa família? Temos o Evangelho em casa? Abrimo-lo às vezes para o ler juntos? Meditamo-lo, recitando o terço? O Evangelho lido e meditado em família é como um pão saboroso que nutre o coração de todos. E de manhã e à noite, e quando sentamos à mesa, aprendamos a fazer uma oração juntos, com muita simplicidade: é Jesus que vem entre nós, como ia visitar a família de Marta, Maria e Lázaro. Algo que me está muito a peito e vi nas cidades: há crianças que não aprenderam a fazer o sinal da cruz! Mas tu mãe, pai, ensina a criança a rezar, a fazer o sinal da cruz: esta é uma linda tarefa das mães e dos pais!

Na oração da família, nos seus momentos fortes e nas passagens difíceis, confiemo-nos uns aos outros, para que cada um de nós, em família, seja protegido pelo amor de Deus.

Papa Francisco

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Santa Teresa Margarida do Coração de Jesus – 1 de Setembro

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A Irmã Teresa Margarida nasceu no dia 15 de Julho de 1747, na vila dos nobres de Redi, perto de Arezzo, Itália. Puseram-lhe o nome de Ana Maria. Desde muito pequenina, gostava de colher flores para as oferecer a Jesus. Na adolescência, procurava exercitar cada dia uma virtude. Na juventude, adorava rezar diante do sacrário, onde dizia palpitar não só o Amor, mas o Coração do Amor. Tinha 17 anos quando pensou ouvir uma voz que lhe dizia: «Sou Teresa de Jesus e quero-te entre as minhas filhas». Foi o seu chamamento ao Carmelo, à «Casa dos Anjos», como gostava de chamar aos conventos de carmelitas, assim como Santa Teresa de Jesus lhes chamava «pombais de Nossa Senhora».

Ana Maria, como lírio imaculado, procurava os vales sorridentes do Carmo, onde entrou com 17 anos, no dia 1 de Setembro. No período de Postulando quis Deus conceder-lhe uma doença provocada por um tumor maligno que a fez sofrer muito. Uma vez restabelecida, iniciou o Noviciado, tomando o hábito do Carmo e mudando o seu nome pelo de Teresa Margarida do Coração de Jesus.

O mistério da Cruz e os espinhos que rodeavam o Coração de Cristo atraíam-na fazendo-a humilde, alegre e caridosa. No dizer das Irmãs, era um anjo do Céu no convento, em Florença. O seu lema era: «Padecer e calar por Jesus».

No dia 4 de Março de 1770, pediu ao confessor que a ouvisse em confissão geral, pois queria, no dia seguinte, comungar tão preparada como se fosse a última vez. Assim foi, de facto; nesse dia, 5 de Março, depois de comungar fervorosamente, caiu doente. A doença degenerou em gangrena que lhe provocava dores horríveis e insuportáveis. O Crucifixo, que sempre teve nas mãos foi a sua força. Morreu, dois dias depois da doença se ter declarado, tinha pouco mais de vinte e dois anos. Um século antes, outra carmelita, S. Maria Madalena de Pazzi, tinha glorificado Florença com a sua santidade.

Teresa Margarida encontrou na meditação da Paixão de Cristo e no seu Coração o segredo da sua pureza, simplicidade, amor e caridade. Foi beatificada a 9 de Junho de 1929 e canonizada a 13 de Março de 1934 por Pio XI.

Oração

Senhor, Nosso Deus, que concedestes a Santa Teresa Margarida encontrar no Coração do Salvador tesouros inestimáveis de humildade e caridade, concedei-nos, por sua intercessão, que jamais nos separemos do amor de Jesus, vosso Filho, que é um só Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

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22º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Jesus discutindo com os Fariseus

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 7, 1-8. 14-15. 21-23)

Naquele tempo os fariseus e alguns doutores da Lei vindos de Jerusalém reuniram-se à volta de Jesus, e viram que vários dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar. É que os fariseus e todos os judeus em geral não comem sem ter lavado e esfregado bem as mãos, conforme a tradição dos antigos; ao voltar da praça pública, não comem sem se lavar; e há muitos outros costumes que seguem, por tradição: lavagem das taças, dos jarros e das vasilhas de cobre. Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e doutores da Lei: «Porque é que os teus discípulos não obedecem à tradição dos antigos e tomam alimento com as mãos impuras?» Respondeu: «Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Vazio é o culto que me prestam e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos. Descurais o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens.» Chamando de novo a multidão, dizia: «Ouvi-me todos e procurai entender. Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições, perversidade, má fé, devassidão, inveja, maledicência, orgulho, desvarios. Todas estas maldades saem de dentro e tornam o homem impuro.»

Reflexão

Os cristãos das primeira e segunda gerações recordavam Jesus como alguém apaixonado pela busca da vontade de Deus. Marcos, o evangelho mais antigo e directo, apresenta Jesus em conflito com os sectores mais piedosos da sociedade judaica. Entre as críticas mais radicais destacam-se duas: o escândalo da religião vazia de Deus, e o pecado de substituir a vontade divina, que somente pede amor, por “tradições humanas” ao serviço de outros interesses. Jesus cita o profeta Isaías: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Vazio é o culto que me prestam e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos”.

Este é o grande pecado. Uma vez que estabelecemos as nossas normas e tradições, colocamo-las no lugar que somente Deus deve ocupar. Neste tipo de religião, o que importa não é Deus, mas outro tipo de interesse. Honra-se Deus com os lábios, porém o coração está distante dele, cumprem-se ritos, mas não há obediência a Deus, mas aos homens. Aos poucos esquecemo-nos de Deus e, em seguida, esquecemos que o temos esquecido. Diminuímos o evangelho para não termos que nos converter em demasia. Orientamos caprichosamente a vontade de Deus para o que nos interessa e esquecemos a sua exigência absoluta de amor. Com o tempo, perdemos Jesus; esquecemos o que significa olhar a vida com seus olhos.

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Pensamentos de Santa Teresa Benedita da Cruz

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– Quanto mais alguém está imerso em Deus tanto mais deve sair de si, isto é, ir para o mundo, a fim de levar a este a vida divina.

– Quanto mais é elevado o grau de união amorosa ao qual Deus destina a alma, tanto mais profunda e persistente deverá ser a sua purificação.

– A Igreja é inabalável justamente porque une a absoluta defesa da verdade eterna a uma inigualável elasticidade em adaptar-se às situações e exigências de cada tempo.

– Nenhuma obra espiritual vem ao mundo sem grandes sofrimentos. Ela desafia sempre o homem inteiro.

– O lugar de cada um de nós depende unicamente da nossa vocação. A vocação não se encontra simplesmente depois de ter reflectido e examinado os vários caminhos: é uma resposta que se obtém com a oração.

– Debaixo da cruz, compreendi a sorte do povo de Deus…

– Quanto mais escuridão se faz ao nosso redor, mais devemos abrir o coração à luz que vem do alto.

– Quem pertence a Cristo, deve viver a vida inteira de Cristo, deve atingir a maturidade de Cristo, deve, finalmente, abraçar a cruz, encaminhar-se para o Getsémani e o Gólgota.

– A essência mais íntima do amor é a doação. Deus, que é amor, dá-se à criatura que Ele mesmo criou por amor.

– O Senhor está presente no tabernáculo com divindade e humanidade. Ele está ali, não para si mesmo, mas para nós: porque a sua alegria consiste em estar com os homens. E porque sabe que nós, como somos, temos necessidade da sua proximidade pessoal. A consequência, para quantos pensam e sentem normalmente, é sentir-se atraídos e de parar ali de vez em quando, na medida em que lhes for possível.

 

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