Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

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«Fazei isto em memória de Mim» (1 Cor 11, 24.25). Esta ordem de Cristo é referida duas vezes pelo apóstolo Paulo, quando narra à comunidade de Corinto a instituição da Eucaristia. É o testemunho mais antigo que temos das palavras de Cristo na Última Ceia.

«Fazei isto» ou seja, tomai o pão, dai graças e parti-o; tomai o cálice, dai graças e distribuí-o. Jesus ordena que se repita o gesto com que instituiu o memorial da sua Páscoa, pelo qual nos deu o seu Corpo e o seu Sangue. E este gesto chegou até nós: é o«fazer» a Eucaristia, que tem sempre Jesus como sujeito, mas actua-se através das nossas pobres mãos ungidas de Espírito Santo.

«Fazei isto». Já antes Jesus pedira aos seus discípulos para «fazerem» algo que Ele, em obediência à vontade do Pai, tinha já decidido no seu íntimo realizar; acabamos de o ouvir no Evangelho. À vista das multidões cansadas e famintas, Jesus diz aos discípulos: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Lc 9, 13). Na realidade, é Jesus que abençoa e parte os pães até saciar toda aquela multidão, mas os cinco pães e os dois peixes são oferecidos pelos discípulos, e era isto o que Jesus queria: que eles, em vez de mandar embora a multidão, pusessem à disposição o pouco que tinham. E, depois, há outro gesto: os pedaços de pão, partidos pelas mãos santas e veneráveis do Senhor, passam para as pobres mãos dos discípulos, que os distribuem às pessoas. Também isto é «fazer» com Jesus, é «dar de comer» juntamente com Ele. Evidentemente este milagre não pretende apenas saciar a fome de um dia, mas é sinal daquilo que Cristo tem em mente realizar pela salvação de toda a humanidade, dando a sua carne e o seu sangue (cf. Jo 6, 48-58). E, no entanto, é preciso passar sempre através destes dois pequenos gestos: oferecer os poucos pães e peixes que temos; receber o pão partido das mãos de Jesus e distribuí-lo a todos.

«Partir»: esta é a outra palavra que explica o significado da frase «fazei isto em memória de Mim». O próprio Jesus Se repartiu, e reparte, por nós. E pede que façamos dom de nós mesmos, que nos repartamos pelos outros. Foi precisamente este «partir o pão» que se tornou ícone, sinal de reconhecimento de Cristo e dos cristãos. Lembremo-nos de Emaús: reconheceram-No «ao partir o pão» (Lc 24, 35). Recordemos a primeira comunidade de Jerusalém: «Eram assíduos (…) à fracção do pão» (At 2, 42). É a Eucaristia que se torna, desde o início, o centro e a forma da vida da Igreja. Mas pensemos também em todos os santos e santas – famosos ou anónimos – que se «repartiram» a si mesmos, a própria vida, para «dar de comer» aos irmãos. Quantas mães, quantos pais, juntamente com o pão quotidiano cortado sobre a mesa de casa, repartiram o seu coração para fazer crescer os filhos, e fazê-los crescer bem! Quantos cristãos, como cidadãos responsáveis, repartiram a própria vida para defender a dignidade de todos, especialmente dos mais pobres, marginalizados e discriminados! Onde encontram eles a força para fazer tudo isto? Precisamente na Eucaristia: na força do amor do Senhor ressuscitado, que também hoje parte o pão para nós e repete: «Fazei isto em memória de Mim».

Possa o gesto da procissão eucarística, que em breve realizaremos, ser também resposta a esta ordem de Jesus Um gesto para fazer memória d’Ele; um gesto para dar de comer à multidão de hoje; um gesto para repartir a nossa fé e a nossa vida como sinal do amor de Cristo por esta cidade e pelo mundo inteiro.

Quinta-feira, 26 de Maio de 2016

Papa Francisco

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Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 9, 10-17) 

Ao regressarem, os Apóstolos contaram-lhe tudo o que tinham feito. Tomando-os consigo, Jesus retirou-se para um lugar afastado, na direcção de uma cidade chamada Betsaida. Mas as multidões, que tal souberam, seguiram-no. Jesus acolheu-as e pôs-se a falar-lhes do Reino de Deus, curando os que necessitavam. Ora, o dia começava a declinar. Os Doze aproximaram-se e disseram-lhe: «Despede a multidão, para que, indo pelas aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois aqui estamos num lugar deserto.» Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de comer.» Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós mesmos comprar comida para todo este povo!» Eram cerca de cinco mil homens. Jesus disse aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta.» Assim procederam e mandaram-nos sentar a todos. Tomando, então, os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os distribuíssem à multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e, do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos cheios.

Fazer memória de Jesus

Ao narrar a última Ceia de Jesus com os Seus discípulos, as primeiras gerações cristãs recordavam o desejo expresso de forma solene pelo Seu Mestre: «Fazei isto em memória de mim». Assim o recolhem os evangelistas Lucas e Paulo, o evangelizador dos gentios. Desde a sua origem, a Ceia do Senhor foi celebrada pelos cristãos para fazer memória de Jesus, actualizar a Sua presença viva no meio de nós e alimentar a nossa fé Nele, na Sua mensagem e na Sua vida entregue por nós até à morte. Recordemos quatro momentos significativos na estrutura actual da missa. Temos de os viver desde dentro e em comunidade.

A escuta do Evangelho. Fazemos memória de Jesus quando escutamos nos evangelhos o relato da Sua vida e da Sua mensagem. Os evangelhos foram escritos, precisamente, para guardar a recordação de Jesus alimentando assim a fé e o acompanhamento dos Seus discípulos. Do relato evangélico não aprendemos doutrina mas, sobre tudo, a forma de ser e de actuar de Jesus, que há-de inspirar e modelar a nossa vida. Por isso, temos de o escutar em atitude de discípulos que querem aprender a pensar, sentir, amar e viver como Ele.

A memória da Ceia. Fazemos memória da acção salvadora de Jesus escutando com fé as Suas palavras: «Este é o Meu corpo. Vede-me nestes troços de pão entregando-me por vós até à morte… Este é o cálice do Meu sangue. Derramado para o perdão dos pecados. Assim me recordareis sempre. Amei-vos até ao extremo». Neste momento confessamos a nossa fé em Jesus Cristo fazendo uma síntese do mistério da nossa salvação: “Anunciamos a Tua morte, proclamamos a Tua ressurreição. Vem, Senhor Jesus”. Sentimo-nos salvos por Cristo nosso Senhor.

A oração de Jesus. Antes de comungar, pronunciamos a oração que nos ensinou Jesus. Primeiro, identificamo-nos com os três grandes desejos que levava no Seu coração: o respeito absoluto a Deus, a vinda do Seu reino de justiça e o cumprimento da Sua vontade de Pai. Logo, com as Suas quatro petições ao Pai: pão para todos, perdão e misericórdia, superação das tentações e libertação de todo o mal.

A comunhão com Jesus. Aproximamo-nos como pobres, com a mão estendida; tomamos o Pão da vida; comungamos fazendo um acto de fé; acolhemos em silêncio a Jesus no nosso coração e na nossa vida: «Senhor, quero comungar contigo, seguir os Teus passos, viver animado com a Teu espírito e colaborar no Teu projecto de fazer um mundo mais humano». (J. A. Pagola)

Palavra para o caminho

Para Jesus não é compreensível que uns tenham mais, outros menos e outros nada, e que esta situação se possa amenizar pontualmente. Dar tudo é a medida de Deus e a lógica do Evangelho. «Tomai, isto é o meu corpo» (Marcos 14,22); «Este é o meu sangue, o sangue da Aliança, por todos derramado» (Marcos 14,24). «Fazei isto em memória de mim» (Lucas 22,19). Vida partida e dada por amor. Eis o inteiro programa de Jesus. Eis tudo o que devemos fazer, imitando-o.

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Frases sobre a Eucaristia

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* Com efeito, precisamente porque é Cristo que, na comunhão eucarística, nos transforma em si, neste encontro a nossa individualidade é aberta, libertada do seu egocentrismo e inserida na Pessoa de Jesus, que por sua vez está imersa na comunhão trinitária. Assim a Eucaristia, enquanto nos une a Cristo, abre-nos também aos outros, tornando-nos membros uns dos outros: já não estamos divididos, mas somos um só nele. A comunhão eucarística une-me à pessoa que está ao meu lado e com a qual, talvez, eu nem sequer tenho um bom relacionamento, mas também aos irmãos distantes, em todas as regiões do mundo (Bento XVI).

* Eucaristia, sacramento de amor, prova de amor (São Tomás de Aquino).

Eucaristia, amor dos amores (São Bernardo).

* Jesus Cristo quer de tal modo unir-se connosco, pelo amor ardente que nos tem, que nos tornemos uma só coisa com Ele na Eucaristia (São João Crisóstomo).

* Remédio pelo qual somos livres das falhas quotidianas e preservados dos pecados mortais (Concílio de Trento).

* Jesus Cristo com sua Paixão livrou-nos do poder do pecado, mas com a Eucaristia livra-nos do poder de pecar (Inocêncio III).

* Duas espécies de pessoas devem comungar com frequência: os perfeitos, para se conservarem na perfeição, e os imperfeitos, para chegarem à perfeição (São Francisco de Sales).

* Depois de morrer consumido de dores sobre um madeiro destinado aos maiores criminosos,  colocastes-Vos sob as aparências do pão, para Vos fazerdes nosso alimento e assim, unir-Vos todo a cada um de nós. Dizei-me: que mais podíeis inventar para Vos fazer amar? (Santo Afonso de Ligório).

* A Eucaristia não é coisa que se possa descobrir com os sentidos, mas só com a fé, baseada na autoridade de Deus (São Tomás de Aquino).

* Não ponhas em dúvida se é ou não verdade, mas aceita com fé as palavras do Salvador; sendo Ele a Verdade, não mente (São Cirilo).

* O Senhor imola-se de modo incruento no Sacrifício da Missa, que representa o Sacrifício da Cruz e lhe aplica a eficácia salutar, no momento em que, pelas palavras da consagração, começa a estar sacramentalmente presente, como alimento espiritual dos fiéis, sob as espécies de pão e de vinho (Papa Paulo VI).

* Vós, Jesus, partindo deste mundo, o que nos deixastes em memória do vosso amor? Não uma veste, um anel, mas o vosso corpo, o vosso sangue, a vossa alma, a vossa divindade, vós mesmo, todo, sem reservas (Santo Afonso Maria de Ligório).

* Jesus deu-se todo não reservando nada para si (São João Crisóstomo).

* Este pão é Jesus. Alimentar-nos dele significa receber a própria vida de Deus, abrindo-nos à lógica do amor e da partilha (São João Paulo II).

* A Eucaristia é o nosso tesouro mais precioso. Ela é o sacramento por excelência; introduz-nos antecipadamente na vida eterna; contém em si todo o mistério da nossa salvação; é a fonte e o ápice da acção e da vida da Igreja (Papa Bento XVI).

* A Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega inteiramente por nós. Alimentar-nos dele e permanecermos nele mediante a Comunhão eucarística, se o fizermos com fé, transforma a nossa vida, transforma-a num dom a Deus e aos irmãos. Alimentar-nos daquele «Pão da vida» significa entrar em sintonia com o Coração de Cristo, assimilar as suas escolhas, os seus pensamentos e os seus comportamentos. Significa entrar num dinamismo de amor oblativo, tornando-nos pessoas de paz, pessoas de perdão, de reconciliação e de partilha solidária. Aquilo que Jesus fez (Papa Francisco).

 

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Pensamentos sobre os dons e carismas do Espírito Santo – 1

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* Os carismas são todos presentes que Deus dá à comunidade cristã, para que possa crescer harmoniosa, na fé e no seu amor, como um só corpo, o corpo de Cristo. O mesmo Espírito que dá esta diferença de carismas faz a unidade da Igreja (Papa Francisco).

* Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Em plenitude, pertencem a Cristo, Filho de David. Completam e levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem (O Catecismo, §1831).

* O Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e de temor de Deus (Is 11,2). É este mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando do céu o Paráclito sobre toda a terra, daquele céu de onde também Satanás caiu como um relâmpago (Lc 10,18) (Santo Irineu).

* Ver o mundo, as situações, as conjunturas e os problemas, tudo, com os olhos de Deus. Nisto consiste a sabedoria (Papa Francisco).

* Os verdadeiros carismas não podem senão tender para o encontro com Cristo nos Sacramentos. As verdades eclesiais a que aderis ajudaram-vos a redescobrir a vocação baptismal, a valorizar os dons do Espírito recebidos na Confirmação, a confiar-vos à misericórdia de Deus no Sacramento da Reconciliação e a reconhecer na Eucaristia a fonte e o ápice da inteira vida cristã (São João Paulo II).

* O dom do entendimento é uma graça que somente o Espírito Santo pode infundir e que suscita no cristão a capacidade de ir além do aspecto externo da realidade e perscrutar as profundidades do pensamento de Deus e do seu desígnio de salvação (Papa Francisco).

* Com a oração damos espaço para que o Espírito venha e nos ajude naquele momento, nos aconselhe sobre o que devemos fazer (Papa Francisco).

 

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Abrir ou fechar as portas ao Espírito: uma questão de vida ou de morte

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Onde está a verdadeira força dos crentes? De onde é que a Igreja pode receber vigor e alento novos? Nas primeiras comunidades cristãs pode-se observar um facto essencial: os crentes vivem de uma experiência que eles chamam “o Espírito” e que não é outra coisa que a comunicação interior do próprio Deus. Ele é o “doador de vida”. O princípio vital. Sem o Espírito, Deus fica ausente, Cristo permanece longe como um personagem do passado, o evangelho converte-se em letra morta, a Igreja em pura organização. Sem o Espírito, a esperança é substituída pelo charlatanismo, a missão evangelizadora reduz-se à propaganda, a liturgia fica congelada, a audácia da fé desaparece.

Sem o Espírito, as portas da Igreja fecham-se, o horizonte do cristianismo diminui, a comunhão desmorona, o povo e a hierarquia [padres, bispos, religiosos e religiosas] separam-se. Sem o Espírito, a catequese torna-se doutrinação, produz-se um divórcio entre teologia e espiritualidade, a vida cristã degrada-se em “moral de escravos”. Sem o Espírito, a liberdade fica asfixiada, surge a apatia ou o fanatismo, a vida apaga-se.

O maior pecado da Igreja actual é a “mediocridade espiritual”. O nosso maior problema pastoral é o esquecimento do Espírito. O facto de se pretender substituir com a organização, o trabalho, a autoridade ou a estratégia o que somente pode nascer da força do Espírito. Não basta reconhecê-lo. É necessário reagir e abrir-nos à sua acção.

O essencial hoje é abrir espaço ao Espírito. Sem Pentecostes não há Igreja. Sem Espírito não há evangelização. Sem a irrupção de Deus nas nossas vidas, não se cria nada de novo, nada de verdadeiro. Se não se deixa reavivar pelo Espírito Santo de Deus, a Igreja não poderá oferecer nada de essencial ao anseio do homem dos nossos dias.

J. A. Pagola

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São Simão Stock – 16 de Maio

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Não são muitas as notícias que temos deste nosso Santo. Sabemos que era inglês, que viveu no século XIII, que morreu em Bordéus, e que frequentou a Universidade de Oxford onde se doutorou em Teologia. É venerado na Ordem do Carmo pela sua grande santidade e pela sua admirável devoção à Virgem Maria. A sua festa sempre foi celebrada no dia 16 de Maio, como sendo o dia da sua morte. Pensa-se que era natural do condado de Kent e que, muito jovem, optou por uma vida eremítica, vivendo muitos anos na concavidade de um tronco, por isso lhe chamam Stock, que em inglês quer dizer «tronco».

A partir do ano 1232, os carmelitas visitaram várias vezes a Inglaterra, até que em 1242, fundam lá o seu primeiro convento. Numa destas visitas Simão conheceu os carmelitas e deixou-se cativar por eles, vindo a pedir o hábito da Ordem. Dirigiu-se para a Terra Santa, com os religiosos, tendo vivido no Monte Carmelo.

Quando, em 1242, os carmelitas fundam em Inglaterra, Simão acompanha-os e intervém nas primeiras fundações. Cinco anos mais tarde, a Ordem celebrou o Capítulo Geral em Inglaterra e Frei Simão Stock foi eleito Prior Geral da Europa.

A vinda dos carmelitas para a Europa e a sua rápida extensão atraía a si imensos jovens universitários cativados pelo estilo de vida do Carmo desencadeando-se, ao mesmo tempo, uma onda de ciúme e inveja em muitos sectores da Igreja. Párocos, Reitores e Bispos moveram uma guerra surda aos carmelitas «não deixando construir igrejas e obrigando-os a impostos e serviços graves insuportáveis, que nunca tinham tido no Monte Carmelo ou em outros conventos da Terra Santa».

Em 1251, Frei Simão Stock convocou um Capítulo Geral pedindo a toda a Ordem que rezasse noite e dia pela resolução do problema. Acudiram ao Céu e ao Papa. S. Simão liderava esta campanha rezando com insistência à Mãe do Carmo para que deles se compadecesse. Um dia em que, como tantas vezes, rezava a oração do «Flos Carmeli», apareceu-lhe a Virgem Maria na sua cela e entregou-lhe o Escapulário dizendo que este símbolo era o sinal da sua protecção para com os carmelitas e para quem a partir de então o usasse. Pensa-se que esta aparição se deu na noite de 15 ou 16 de Julho. Era o ano de 1251. A 13 de Janeiro de 1252, o Papa escreve uma carta aos bispos defendendo os carmelitas. Porém, quatro anos mais tarde, sobrevém novo ataque aos carmelitas e mais perigoso que o primeiro, pois os frades estão divididos: uns querem apenas a vida eremítica tal como se vivia no principio, no Monte do Carmo. Outros, como Frei S. Simão Stock, pretendem uma vida equilibrada e adaptada à Europa: solidão e apostolado, o que exigia a fundação de conventos, não no deserto, mas junto de cidades e universidades. Recorre Frei Simão, Prior Geral, ao Papa que lhe concede razão e protecção. Mais uma vez, em 1264, S. Simão presidiu ao Capítulo Geral em Tolosa, França, vindo a morrer em Bordéus no ano de 1265, onde ainda hoje se guardam os seus restos mortais.

Neste dia de Maio, recordando o amor que S. Simão Stock tinha a Nossa Senhora do Carmo, recordemos a oração que rezava este nosso Santo quando lhe apareceu a Mãe do Céu, da Terra e do Carmo, dando-lhe o Escapulário: Flor do Carmelo, vide florescente, esplendor do Céu, Virgem Mãe, singular. Doce Mãe, mas sempre Virgem, aos teus filhos dá teus favores, ó Estrela do mar.

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Domingo de Pentecostes – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 20, 19-23)

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»

Invocação ao Espírito

Vem, Espírito da Verdade, e faz-nos caminhar na verdade de Jesus. Sem a tua luz e a tua orientação, nunca nos libertaremos dos nossos erros e mentiras; nada de novo nascerá entre nós; seremos como cegos que pretendem guiar outros cegos. Vem, e converte-nos em testemunhas de Jesus.

Vem, Espírito Santo, desperta a nossa fé débil, pequena e vacilante. Ensina-nos a viver confiando no amor insondável de Deus nosso Pai para com todos os seus filhos e filhas, estejam dentro ou fora da tua Igreja. Se esta fé se apagar nos nossos corações, imediatamente morrerá, também, nas nossas comunidades e igrejas.

Vem, Espírito Santo, faz que Jesus ocupe o centro da tua Igreja. Que nada nem ninguém o suplante nem obscureça. Atrai-nos para o seu Evangelho e ensina-nos a seguir Jesus. Que não fujamos da sua Palavra, nem nos desviemos dos seus mandamentos de amor. Que não se perca no mundo a sua memória.

Vem, Espírito Santo, abre os nossos ouvidos para escutar os teus chamamentos, os que nos chegam hoje, a partir das interrogações, sofrimentos, conflitos e contradições dos homens e mulheres dos nossos dias. Faz-nos viver abertos ao teu poder para criar a fé nova de que necessita esta sociedade nova. Que, na tua Igreja, vivamos mais atentos ao que nasce e ao que morre, com o coração sustentado pela esperança e não afectado pela nostalgia.

Vem, Espírito Santo, e purifica o coração da tua Igreja. Põe verdade entre nós. Ensina-nos a reconhecer os nossos pecados e limitações. Recorda-nos que somos como todo o mundo: frágeis, medíocres e pecadores. Liberta-nos da nossa arrogância e falsa segurança. Faz que aprendamos a caminhar entre os homens com mais verdade e humildade.

Vem, Espírito Santo, ensina-nos a olhar de maneira nova a vida, o mundo e, sobretudo, as pessoas. Que aprendamos a olhar como Jesus olhava os que sofrem, os que choram, os que caem, os que vivem sozinhos e os esquecidos. Se mudar o nosso olhar, mudará também o coração e o rosto da tua Igreja. Os discípulos de Jesus irradiarão melhor a sua proximidade, a sua compreensão e solidariedade para com os mais necessitados. Parecer-nos-emos mais ao nosso Mestre e Senhor.

Vem, Espírito Santo, faz de nós uma Igreja de portas abertas, coração compassivo e esperança contagiosa. Que nada ou ninguém nos distraia ou desvie do projecto de Jesus: fazer um mundo mais justo e digno, mais amável e alegre, abrindo caminhos ao reino de Deus.

Palavra para o caminho

Não nos esqueçamos que o Espírito Santo é “dador de vida”. Sempre que nos abrimos à sua acção, ainda que seja de maneira pobre e inconstante, Ele faz-nos saborear uma vida mais sã e verdadeira: “amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si” (Gal 5, 22-23).

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A caminho do Pentecostes – 3

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Vinde, ó santo Espírito

Vinde, ó santo Espírito, vinde, Amor ardente, acendei na terra vossa luz fulgente. Vinde, Pai dos pobres: na dor e aflições, vinde encher de gozo nossos corações.

Benfeitor supremo em todo o momento, habitando em nós sois o nosso alento. Descanso na luta e na paz encanto, no calor sois brisa, conforto no pranto.

Luz de santidade, que no Céu ardeis, abrasai as almas dos vossos fiéis. Sem a vossa força e favor clemente, nada há no homem que seja inocente.

Lavai nossas manchas, a aridez regai, sarai os enfermos e a todos salvai. Abrandai durezas para os caminhantes, animai os tristes, guiai os errantes.

Vossos sete dons concedei à alma do que em Vós confia: Virtude na vida, amparo na morte, no Céu alegria.

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Nossa Senhora de Fátima – 13 de Maio

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A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos. Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma “Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco.

A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria. A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.

Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a “Senhora do Rosário” e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917.

Anos mais tarde, a Ir. Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência.

Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de Verão e Inverno, e agora cada vez mais nos fins-de-semana e no dia-a-dia, num montante anual de cinco milhões.

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A caminho do Pentecostes – 2

 

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Espírito Santo, vem abrir

Espírito Santo, vem abrir para o infinito as portas do meu espírito e do meu coração. Abre-as definitivamente e não permitas que tente fechá-las. Abre-as ao mistério de Deus e à imensidade do universo. Abre a minha inteligência às vistas inebriantes da Sabedoria Divina. Abre o meu julgamento à luz transcendente do Teu soberano julgamento. Abre a minha opinião para acolher os múltiplos pontos de vista diferentes dos meus. Abre a minha simpatia à diversidade dos temperamentos e personalidades que me cercam. Abre a minha afeição a todos os privados de amor, a todos os que reclamam por conforto. Abre a minha caridade aos problemas do mundo, a todas as necessidades da humanidade. Abre a minha actividade para colaborar com todos os que trabalham para o mesmo fim. Abre todo o o meu ser para tornar-me capaz de abraçar toda a realidade.

J. Galot, S.J.

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