A caminho do Natal – 5

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Natal: oração pela família

Senhor, diante do teu presépio, venho pedir pela minha família. Abençoa as pessoas que amo onde quer que estejam. Que dentro do nosso lar habite a confiança de Maria, tua mãe, o zelo de José, teu pai adoptivo, e a inocência do teu rosto de criança. Afugenta da nossa casa as dores, as lágrimas e as angústias, causadas por tantos Herodes que lutam por matar os nossos sonhos de paz. Concede-nos a saúde do corpo e da alma, para que possamos cantar os teus louvores em cada dia do novo ano que brevemente vai começar. Que as portas da nossa casa estejam sempre abertas para ti, nas visitas que nos fazes em tantos rostos sofridos. Dá-nos o maior de todos os presentes possíveis: a alegria da tua presença no nosso lar. Neste Natal, Senhor, abençoa a minha família. Amen.

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A caminho do Natal – 4

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Deus é assim

Deus é tão grande que Se pode fazer pequeno. Deus é tão poderoso que Se pode fazer inerme e vir ter connosco como menino indefeso, para que O possamos amar. Deus é tão bom que renuncia ao seu esplendor divino e desce ao estábulo para que O possamos encontrar e, assim, a sua bondade chegue também a nós, se nos comunique e continue a agir por nosso intermédio. (…) Deus tornou-Se um de nós, para que nós pudéssemos viver com Ele, tornarmo-nos semelhantes a Ele. Como próprio sinal, escolheu o Menino no presépio: Deus é assim.

Bento XVI

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A caminho do Natal – 3

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Maria modelo das almas interiores

Quando leio no Evangelho que Maria percorreu diligentemente as montanhas da Judeia para ir cumprir o seu ofício de caridade, junto a sua prima Isabel, vejo-a passar tão bela, tão calma, tão majestosa, tão recolhida interiormente, com o Verbo de Deus.

Parece-me que a atitude da Virgem, durante os meses que decorreram entre a Anunciação e o Natal, é o modelo das almas interiores, dos seres que Deus escolheu para viverem de dentro, no fundo do abismo sem fundo. Com que paz, com que recolhimento, Maria se entregava e se prestava a todas as coisas.

(…) Estás a pensar o que deveria passar-se na alma da Virgem, quando, depois da Encarnação, já possui em si o Verbo Encarnado, o Dom de Deus… Com que silêncio, em que recolhimento e adoração se devia sepultar no fundo da sua alma, para estreitar a si esse Deus de que era Mãe.

Santa Isabel da Trindade

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A caminho do Natal – 2

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Dá depressa, ó Virgem, a tua resposta

Ouviste, ó Virgem, a voz do Anjo: Conceberás e darás à luz um filho. Ouviste-o dizer que não será por obra de varão, mas por obra do Espírito Santo. O Anjo aguarda a resposta (…). Todo o mundo, prostrado a teus pés, espera a tua resposta: da tua palavra depende a consolação dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua linhagem. Dá depressa, ó Virgem, a tua resposta. Profere a tua palavra humana e concebe a divina. Porque demoras? Abre, ó Virgem santa, o coração à fé, os lábios ao consentimento, as entranhas ao Criador.

Eis a serva do Senhor, disse a Virgem, faça-se em mim segundo a tua palavra.

São Bernardo

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A caminho do Natal – 1

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Cristo, Palavra definitiva e total

Já te disse tudo na minha Palavra, que é o Meu Filho – e não tenho outra – que mais te posso Eu responder agora ou revelar? Põe os olhos só n’Ele, porque n’Ele tudo disse e revelei, e acharás ainda mais do que pedes e desejas. Tu pedes locuções e revelações às migalhas, mas, se fixares n’Ele o teu olhar, acharás tudo. Ele é toda a minha locução e resposta, toda a minha visão e revelação. Ao dar-vo-l’O por Irmão, Companheiro, Mestre, Preço e Prémio, já vos falei, respondi, manifestei e revelei tudo. Desde o dia que desci com o meu Espírito sobre Ele no monte Tabor, dizendo: Quer dizer: «Este é o meu Filho muito amado, no Qual pus todo o Meu encanto, escutai-O», (Mt 17, 5) abandonei todas essas maneiras de ensinamentos e respostas, e tudo Lhe confiei a Ele. Escutai-O, porque Eu já não tenho mais fé para revelar, nem mais nada a manifestar. Porque, se falava antes, era prometendo a Cristo; e, se Me perguntavam, as perguntas eram orientadas à petição e esperança de Cristo, no qual haviam de encontrar o Bem total.

S. João da Cruz

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4º Domingo do Advento – Ano A

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 1, 18-24) 

Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco. Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa. 

 A anunciação do anjo a José

Neste quarto Domingo de Advento, o Evangelho de são Mateus narra como aconteceu o nascimento de Jesus sob o ponto de vista de São José. Ele era o noivo de Maria, a qual, «antes de coabitarem, achou-se que tinha concebido, por virtude do Espírito Santo» (Mt 1, 18). O Filho de Deus, realizando uma antiga profecia (cf. Is 7, 14), torna-se homem no seio de uma virgem, e este mistério manifesta ao mesmo tempo o amor, a sabedoria e o poder de Deus a favor da humanidade ferida pelo pecado. São José é apresentado como «homem justo» (Mt 1, 19), fiel à lei de Deus, disponível a cumprir a sua vontade. Por isso, entra no mistério da Encarnação depois que um anjo do Senhor, aparecendo-lhe em sonho, lhe anuncia: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de Jesus; porque ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21). Tendo abandonado o pensamento de repudiar Maria em segredo, ele toma-a consigo, porque agora os seus olhos vêem nela a obra de Deus.

Este Evangelho mostra-nos toda a grandeza de alma de São José. Ele estava a seguir um bom projecto de vida, mas Deus reservava para ele outro desígnio, uma missão maior. José era um homem que ouvia sempre a voz de Deus, profundamente sensível ao seu desejo secreto, um homem atento às mensagens que lhe chegavam do fundo do coração e das alturas. Não se obstinou em perseguir aquele seu projecto de vida, não permitiu que o rancor lhe envenenasse a alma, mas esteve pronto para se pôr à disposição da novidade que, de forma desconcertante, lhe se apresentava.

O filho de Maria recebe dois nomes: Jesus e Emanuel. “Jesus” significa “Deus salva”. A salvação não vem pelo que fazemos por Deus, mas pelo que Deus faz por nós. “Emanuel” significa “Deus connosco”. Na saída do Egipto, no Êxodo, Deus inclina-se sobre o povo oprimido (Ex 3,8) e diz a Moisés: “Eu estarei contigo” (Ex 3,12) e a partir desse momento não abandona mais o seu povo. O título Emanuel, mais do que um nome, revela o significado de Jesus para nós. Jesus é a prova de que Deus continua a estar connosco (Mt 1,25).

Palavra para o caminho

Preste-se atenção ao que a Grande Santa Teresa de Jesus diz sobre São José (fala a partir da sua viva experiência):

“Não sei verdadeiramente como se deve pensar na Rainha dos Anjos no tempo em que tanto se angustiou com o Menino Jesus sem dar graças a São José pelo auxílio que lhe prestou”.

“A outros Santos parece ter dado o Senhor graça para socorrer numa determinada necessidade. Ao glorioso São José tenho experiência de que socorre em todas”.

“A todos quisera persuadir que fossem devotos deste glorioso Santo (São José), pela grande experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus”.

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Revista “Família Carmelita” – Nº 75 (2016)

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Acaba de sair mais um número da revista Família Carmelita, da Ordem do Carmo em Portugal, relativo ao mês de Dezembro.

O seu conteúdo privilegia, sobretudo, como temos tentado fazer, a espiritualidade a a história carmelitas. Mas não são esquecidos temas com ligação a três acontecimentos marcantes que abrangem o ano que está a terminar e o que aí vem: um relativo à Igreja universal (Jubileu da Misericórdia), outro à Igreja portuguesa (Centenário das Aparições de Fátima) e, finalmente, outro relativo à Ordem do Carmo (450º aniversário do nascimento de Santa Maria Madalena de Pazzi). No âmbito da Família do Carmelo registe-se também a canonização da Carmelita Descalça Isabel da Trindade, pelo Papa Francisco, no passado dia 16 de Outubro de 2016.

Com o Advento, iniciamos mais um ano pastoral em que o Evangelho de Mateus nos vai acompanhar em grande parte desta etapa da vida eclesial. Família Carmelita apresenta um artigo de um biblista que poderá ajudar na compreensão do Evangelho de São Mateus. Também faz parte do conteúdo deste número da revista um artigo com o título sugestivo: “Os três verbos da pastoral vocacional: ‘sair, ver e chamar’”. Hoje e sempre, o tema da vocação está sempre presente na vida da Igreja e das comunidades cristãs. Não é uma missão que diz respeito a uns poucos mas a todo o povo de Deus.

“Apesar das nossas pobrezas e feridas, como Carmelitas não cessamos de colocar os olhos no Profeta Elias e na Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo para aprendermos continuamente a cultivar um encontro pessoal com o Senhor Jesus Cristo e a servi-Lo “fielmente com coração puro e boa consciência” (Regra 2). É deste encontro que aprenderemos a escutar-nos e a escutar o apelo para sairmos das nossas “seguranças” para sermos missionários da ternura e do amor de Deus relativamente aos que vivem nas periferias geográficas e existenciais, onde Cristo já se encontra e nos espera” (Família Carmelita, p. 32).

Se tiver interesse em se tornar assinante ou divulgador da revista Família Carmelita pode fazê-lo através de: familiacarmelita.revista@gmail.com

 

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São João da Cruz (14 de Dezembro) – 3

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Este santo tem algo a dizer também a nós, ao cristão normal que vive nas circunstâncias desta vida de hoje, ou é um exemplo, um modelo apenas para poucas almas escolhidas que podem realmente empreender este caminho da purificação, da ascese mística? Para encontrar a resposta, em primeiro lugar temos que ter presente que a vida de São João da Cruz não foi um «voar sobre as nuvens místicas», mas uma vida muito árdua, deveras prática e concreta, quer como reformador da Ordem, onde encontrou muitas oposições, quer como superior provincial, quer ainda no cárcere dos seus irmãos de hábito, onde esteve exposto a insultos incríveis e a maus tratos físicos. Foi uma vida dura, mas precisamente nos meses passados na prisão, ele escreveu uma das suas obras mais bonitas. E assim podemos compreender que o caminho com Cristo, o andar com Cristo, «o Caminho», não é um peso acrescentado ao fardo já suficientemente grave da nossa vida, não é algo que tornaria ainda mais pesada esta carga, mas é algo totalmente diferente, é uma luz, uma força que nos ajuda a carregar este peso. Se um homem tem em si um grande amor, este amor quase lhe dá asas, e suporta mais facilmente todas as molésticas da vida, porque traz em si esta grande luz; esta é a fé: ser amado por Deus e deixar-se amar por Deus em Cristo Jesus. Este deixar-se amar é a luz que nos ajuda a carregar o fardo de todos os dias. E a santidade não é uma obra nossa, muito difícil, mas é precisamente esta «abertura»: abrir as janelas da nossa alma, para que a luz de Deus possa entrar, não esquecer Deus, porque é precisamente na abertura à sua luz que se encontra a força, a alegria dos remidos. Oremos ao Senhor para que nos ajude a encontrar esta santidade, deixando-nos amar por Deus, que é a vocação de todos nós e a verdadeira redenção.

Bento XVI

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São João da Cruz (14 de Dezembro) – 2

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João é considerado um dos mais importantes poetas líricos da literatura espanhola. As obras principais são quatro: Subida ao Monte Carmelo, Noite escura, Cântico espiritual e Chama de amor viva.

No Cântico espiritual, São João apresenta o caminho de purificação da alma, ou seja, a posse progressiva e jubilosa de Deus, até que a alma chegue a sentir que ama a Deus com o mesmo amor com que é por Ele amada. A Chama de amor viva continua nesta perspectiva, descrevendo mais pormenorizadamente o estado de união transformadora com Deus. A comparação utilizada por João é sempre a do fogo: assim como o fogo, quanto mais arde e consome a madeira, tanto mais se torna incandescente até se tornar chama, também o Espírito Santo, que durante a noite obscura purifica e «limpa» a alma, com o tempo ilumina-a e aquece-a como se fosse uma chama. A vida da alma é uma festa contínua do Espírito Santo, que deixa entrever a glória da união com Deus na eternidade.

Subida ao Monte Carmelo apresenta o itinerário espiritual sob o ponto de vista da purificação progressiva da alma, necessária para escalar a montanha da perfeição cristã, simbolizada pelo cimo do Monte Carmelo. Tal purificação é proposta como um caminho que o homem empreende, colaborando com a obra divina, para libertar a alma de todo o apego ou afecto contrário à vontade de Deus. A purificação, que para alcançar a união com Deus deve ser total, começa a partir daquela da vida dos sentidos e continua com a que se alcança por meio das três virtudes teologais: fé, esperança e caridade, que purificam a intenção, a memória e a vontade. A Noite escura descreve o aspecto «passivo», ou seja, a intervenção de Deus neste processo de «purificação» da alma. Com efeito, o esforço humano sozinho é incapaz de chegar às profundas raízes das más inclinações e hábitos da pessoa: só os pode impedir, mas não consegue erradicá-los completamente. Para o fazer, é necessária a acção especial de Deus, que purifica radicalmente o espírito e o dispõe para a união de amor com Ele. São João define «passiva» tal purificação, precisamente porque, embora seja aceite pela alma, é realizada pela obra misteriosa do Espírito Santo que, como chama de fogo, consome toda a impureza. Neste estado, a alma é submetida a todo o tipo de provações, como se se encontasse numa noite obscura.

Estas indicações sobre as obras principais do santo ajudam-nos a aproximar-nos dos pontos salientes da sua vasta e profunda doutrina mística, cuja finalidade é descrever um caminho seguro para alcançar a santidade, a condição de perfeição à qual Deus chama todos nós.

Bento XVI

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São João da Cruz (14 de Dezembro) – 1

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João da Cruz nasceu em 1542 no povoado de Fontiveros, perto de Ávila, na Velha Castela, de Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez. A família era extremamente pobre porque o pai, de nobre origem de Toledo, tinha sido expulso de casa e deserdado por ter casado com Catalina, uma humilde tecelã de seda. Órfão de pai em tenra idade, com nove anos, transferiu-se com a mãe e o irmão Francisco para Medina del Campo, perto de Valladolid, centro comercial e cultural. Ali frequentou o Colégio de los Doctrinos,desempenhando também alguns trabalhos humildes para as irmãs da igreja-convento da Madalena. Em seguida, considerando as suas qualidades humanas e os seus resultados nos estudos, foi admitido primeiro como enfermeiro no Hospital da Conceição, depois no Colégio dos Jesuítas, recém-fundado em Medina del Campo: ali João entrou com dezoito anos e estudou ciências humanas, retórica e línguas clássicas durante três anos. No final da formação, ele viu claramente qual era a sua vocação: a vida religiosa e, entre as muitas ordens presentes em Medina, sentiu-se chamado ao Carmelo.

No Verão de 1563 começou o noviciado com os Carmelitas da cidade, assumindo o nome religioso de João de São Matias. No ano seguinte foi destinado à prestigiosa Universidade de Salamanca, onde por três anos estudou artes e filosofia. Em 1567 foi ordenado sacerdote e voltou a Medina del Campo para celebrar a sua primeira Missa circundado pelo carinho dos familiares. Precisamente ali teve lugar o primeiro encontro entre João e Teresa de Jesus. O encontro foi decisivo para ambos: Teresa expôs-lhes o seu plano de reforma do Carmelo também no ramo masculino da Ordem e propôs a João que se adaptasse «para maior glória de Deus»; o jovem sacerdote ficou fascinado pelas ideias de Teresa, a ponto de se tornar um grande defensor do projecto. Os dois trabalharam juntos alguns meses, compartilhando ideais e propostas para inaugurar quanto antes possível a primeira casa de Carmelitas Descalços: a abertura ocorreu a 28 de Dezembro de 1568 em Duruelo, lugar solitário da província de Ávila. Com João formavam esta primeira comunidade masculina reformada outros três companheiros. Ao renovar a sua profissão religiosa segundo a Regra primitiva, os quatro assumiram um novo nome: Então, João denominou-se «da Cruz», como depois será conhecido universalmente. No final de 1572, a pedido de santa Teresa, tornou-se confessor e vigário do mosteiro da Encarnação em Ávila, onde a santa era priora. Foram anos de estreita colaboração e amizade espiritual, que a ambos enriqueceram. A esse período remontam inclusive as mais importantes obras teresianas e os primeiros escritos de João.

A adesão à reforma carmelita não foi fácil, e causou a João também graves sofrimentos. O episódio mais traumático foi, em 1577, o seu rapto e aprisionamento no convento dos Carmelitas de Antiga Observância de Toledo, devido a uma acusação injusta. O santo permaneceu preso durante meses, submetido a privações e constrições físicas e morais. Ali compôs, além de outras poesias, o célebre Cântico espiritual. Finalmente, na noite entre 16 e 17 de Agosto de 1578, conseguiu fugir de modo aventuroso, refugiando-se no mosteiro das Carmelitas Descalças da cidade. Santa Teresa e os companheiros reformados celebraram com imensa alegria a sua libertação e, após um breve período de recuperação das forças, João foi destinado para a Andalusia, onde transcorreu dez anos em vários conventos, especialmente em Granada. Assumiu cargos cada vez mais importantes na Ordem, até se tornar Vigário provincial, e completou a redacção dos seus tratados espirituais. Depois, voltou para a sua terra natal, como membro do governo geral da família religiosa teresiana, que já gozava de plena autonomia jurídica. Habitou no Carmelo de Segóvia, desempenhando a função de superior daquela comunidade. Em 1591 foi eximido de qualquer responsabilidade e destinado à nova Província religiosa do México. Enquanto se preparava para a longa viagem com outros dez companheiros, retirou-se num convento solitário perto de Jaén, onde adoeceu gravemente. João enfrentou com serenidade e paciência exemplares enormes sofrimentos. Falceu na noite entre 13 e 14 de Dezembro de 1591, enquanto os irmãos de hábito recitavam o Ofício matutino. Despediu-se deles, dizendo: «Hoje vou cantar o Ofício no Céu». Os seus restos mortais foram trasladados para Segóvia. Foi beatificado por Clemente X em 1675 e canonizado por Bento XIII em 1726 (São João da Cruz foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XI em 1926).

Bento XVI

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