Porquê e para quê

Mas porque me haveria de acontecer? Mas porquê eu? Porquê esta situação, esta dor? Há perguntas erradas. Pergunta antes e sempre: “para quê?” Para quê, onde leva? Que posso fazer com esta experiência, esta relação, esta morte? Que nos ensina, que nos mostra? Há pessoas que não passam da “idade dos porquês”. Ficam a olhar para trás feitas “estátuas de sal”, sem saída. Pergunta pela finalidade: importa o “para quê” da vida.

Vasco P. Magalhães, sj

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Somos um povo com uma Mãe, não somos órfãos

Celebrar, no início de um novo ano, a maternidade de Maria como Mãe de Deus e nossa mãe significa avivar uma certeza que nos há de acompanhar no decorrer dos dias: somos um povo com uma Mãe, não somos órfãos.

As mães são o antídoto mais forte contra as nossas tendências individualistas e egoístas, contra os nossos isolamentos e apatias. Uma sociedade sem mães seria não apenas uma sociedade fria, mas também uma sociedade que perdeu o coração, que perdeu o «sabor de família». Uma sociedade sem mães seria uma sociedade sem piedade, com lugar apenas para o cálculo e a especulação. Com efeito as mães, mesmo nos momentos piores, sabem testemunhar a ternura, a dedicação incondicional, a força da esperança.

Começar o ano lembrando a bondade de Deus no rosto materno de Maria, no rosto materno da Igreja, nos rostos das nossas mães, protege-nos daquela doença corrosiva que é a «orfandade espiritual»: a orfandade que a alma vive quando se sente sem mãe e lhe falta a ternura de Deus; a orfandade que vivemos quando se apaga em nós o sentido de pertença a uma família, a um povo, a uma terra, ao nosso Deus; a orfandade que se aninha no coração narcisista que sabe olhar só para si mesmo e para os seus interesses, e cresce quando esquecemos que a vida foi um dom – dela somos devedores a outros – e somos convidados a partilhá-la nesta casa comum.

Celebrar a Santa Mãe de Deus lembra-nos que temos a Mãe; não somos órfãos, temos uma mãe.

Papa Francisco

 

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2017

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Estamos já no novo ano de 2017. A questão principal de todo o homem  e mulher é a questão da SALVAÇÃO. Jesus definiu bem isto quando disse: “onde está o teu tesouro aí está o teu coração”. Independente do modo como a entendamos, sem desprezar nada nem ninguém, nem o esforço convicto de cada um levar para a frente a sua vida, “Caminhos Carmelitas” deseja que a bênção de Deus, para este ano, nos impulsione para diante e nos faça ver novos horizontes, e o FIM, para que nos libertemos da mentira, seja da forma como se apresenta e molda, dos endeusamentos subjugadores, das ilusões mentirosas, das irresponsabilidades que não deveriam existir, das superficialidades que deveriam estar mais atentas à espessura da vida, dos falsos ídolos, que elevados a absolutos, sejam de que natureza forem e de que proveniência vierem, quando desaparecem, cavam maior solidão e desilusão porque antes enganaram com a aparência (convicta!) de verdade. Os tempos dolorosos que estamos a viver parecem anunciar e já mostram a urgência de ensaiar novas formar de estar e de ser. Na vida, às vezes, necessitamos de ser levados ao deserto para nos despoluirmos e a desejar e a aprender a querer o essencial.

Jesus tem a ousadia de se apresentar como “Eu sou o Caminho”. O desafio, ao menos por uma pessoa, em tom absoluto, é-nos lançado. Necessitamos sempre de um “acrescento de novo ser” para que não nos desertifiquemos, interior e exteriormente. Contudo, se isto é fruto do esforço pessoal,  é sobretudo DOM. E entende-o bem quem é “pobre”. Compreendeu-o o CEGO Bartimeu quando disse: “Senhor, fazei que eu veja”.

Votos de um BOM ANO.

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Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus – Ano A

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 2, 16-21)

Naquele tempo os pastores foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura. Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino. Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores. Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração. E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado.

Quando se completaram os oito dias, para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus indicado pelo anjo antes de ter sido concebido no seio materno.

Mensagem

O motivo que levou José e Maria a ir a Belém foi um censo imposto pelo imperador de Roma (Lc 2, 17). Periodicamente, as autoridades romanas decretavam estes censos nas diversas regiões do imenso império. Tratava-se de controlar a população e saber quantas pessoas deviam pagar os impostos. Os ricos pagavam os impostos sobre os terrenos e bens que possuíam. Os pobres pelo número de filhos que tinham. Às vezes o imposto total superava  50% do rendimento da pessoa.

Jesus nasce desconhecido, fora do ambiente familiar e dos vizinhos, fora da sua terra. “Não havia lugar para eles na hospedaria”. Teve que ser deixado num presépio (Lc 2, 7).

Os primeiros a receber a notícia do nascimento de Jesus foram uns pastores. Os pastores eram pessoas marginalizadas, pouco apreciadas e eram considerados impuros. Mas é precisamente a eles  que aparece o Anjo do Senhor para lhes transmitir a grande notícia do nascimento de Jesus.

A primeira palavra do anjo é: “Não temais”! A segunda é: “Alegria para todo o povo”! A terceira é: “Hoje”! Em seguida dá três nomes a Jesus querendo indicar-nos quem é ele: Salvador, Cristo e Senhor!

“De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado»”. Uma multidão de anjos aparece e desce do céu. É o céu que desce sobre a terra. Se as pessoas pudessem experimentar o que verdadeiramente significa ser amados por Deus, tudo mudaria e a paz habitaria na terra. E seria esta a maior glória de Deus que vive no mais alto.

Lucas diz-nos que “Maria conservava estes acontecimentos meditando-os em seu coração”. Maria conservava com cuidado todos os acontecimentos na memória e meditava-os no seu coração. Meditar as coisas significa ruminá-las, iluminá-las com a luz da Palavra de Deus, para assim chegar a entender melhor todo o significado para a vida.

De acordo com a norma da Lei, o menino Jesus é circuncidado no oitavo dia depois do seu nascimento. A circuncisão era um sinal de pertença ao povo. Dava identidade à pessoa. Nesta ocasião cada menino recebia o seu nome. O menino recebe o nome de Jesus que lhe tinha sido dado pelo anjo, antes de ter sido concebido. O anjo tinha dito a José que o nome do menino devia ser “Jesus” pois “ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 21). O nome de Jesus é “Cristo”, que significa Ungido ou Messias. Jesus é o Messias esperado. O terceiro nome é “Emanuel”, que significa Deus-connosco (Mt 1, 23). O nome completo é Jesus Cristo Emanuel!

Palavra para o caminho

Nos dois primeiros capítulos do seu evangelho, Lucas apresenta Maria como modelo para a vida das comunidades. A chave é-nos dada por aquele episódio em que uma mulher do povo elogia a mãe de Jesus ao dizer: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram” (Lc 11, 27). Jesus modifica o elogia e diz: “Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28). Aqui está a grandeza de Maria. É no modo como Maria se refere à Palavra de Deus que as comunidades contemplam a maneira mais correcta de se relacionar com a Palavra de Deus: acolhê-la, encarná-la, vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la nascer e crescer, deixar-se plasmar por ela, mesmo quando não se entende ou faz sofrer.

 

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Um Menino nasceu para nós

Hoje, a Igreja revive a maravilha sentida pela Virgem Maria, São José e os pastores de Belém ao contemplarem o Menino que nasceu e jaz numa manjedoura: Jesus, o Salvador. Neste dia cheio de luz, ressoa o anúncio profético: «Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado; tem a soberania sobre os seus ombros e o seu nome é: Conselheiro-Admirável, Deus herói, Pai-Eterno, Príncipe da Paz» (Is 9, 5).

O poder deste Menino, Filho de Deus e de Maria, não é o poder deste mundo, baseado na força e na riqueza; é o poder do amor. É o poder que criou o céu e a terra, que dá vida a toda a criatura: aos minerais, às plantas, aos animais; é a força que atrai o homem e a mulher e faz deles uma só carne, uma só existência; é o poder que regenera a vida, que perdoa as culpas, reconcilia os inimigos, transforma o mal em bem. É o poder de Deus. Este poder do amor levou Jesus Cristo a despojar-Se da sua glória e fazer-Se homem; e levá-Lo-á a dar a vida na cruz e ressurgir dentre os mortos. É o poder do serviço, que estabelece no mundo o reino de Deus, reino de justiça e paz.

Por isso, o nascimento de Jesus é acompanhado pelo canto dos anjos que anunciam:«Glória a Deus nas alturas,e paz na terra aos homens do seu agrado» (Lc 2, 14).

Hoje este anúncio percorre a terra inteira e quer chegar a todos os povos, especialmente aos povos que vivem atribulados pela guerra e duros conflitos e sentem mais intensamente o desejo da paz.

Papa Francisco, Mensagem Urbi et Orbi, Natal de 2016

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Como poderemos alguma vez louvar suficientemente?!…

Um Deus desce do Céu onde é adorado e louvado para salvar uma criatura ingrata e culpada. Como poderemos alguma vez louvar suficientemente e agradecer a este Menino que vem a nós e que nos pede como recompensa de tudo o que faz por nós que nos demos a Ele sem reserva? Oh! Jesus quem ousará recusar-Vos este coração que ganhastes tão bem, que amastes até Vos fazerdes semelhante a ele, até Vos deixardes depois crucificar por carrascos cruéis? Depois ainda não achastes que bastava, foi preciso que ficásseis sempre junto da vossa criatura, e desde há mil e oitocentos anos estais prisioneiros de amor na santa e adorável Eucaristia. 

Santa Teresa do Menino Jesus

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Missa do Dia do Natal do Senhor – Ano A

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 1, 1-18)

No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus. No princípio Ele estava em Deus. Por Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio à existência. Nele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir. E a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam.

Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este vinha como testemunha, para dar testemunho da Luz e todos crerem por meio dele. Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz.

O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina. Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram de laços de sangue, nem de um impulso da carne, nem da vontade de um homem, mas sim de Deus. E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. João deu testemunho dele ao clamar: «Este era aquele de quem eu disse: ‘O que vem depois de mim passou-me à frente, porque existia antes de mim.’»

Sim, todos nós participamos da sua plenitude, recebendo graças sobre graças. É que a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo. A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer.

Mensagem

“A Palavra de Deus fez-se carne”. Deus não é mudo. Não permaneceu calado, fechado para sempre no seu Mistério. Deus quis comunicar-se a nós. Desejou falar-nos, dizer-nos o seu amor, explicar-nos o seu projecto. Jesus é o projecto de Deus feito carne. A sua Palavra encarnou na vida íntima de Jesus, para que até os mais simples o possam entender, aqueles que sabem comover-se diante da bondade, do amor e da verdade que se encerra na sua vida. Desapareceram as distâncias. Deus fez-se “carne”. Habita entre nós.

“A Deus, ninguém jamais viu”. Na Igreja falamos muito de Deus, porém ninguém o viu. Somente Jesus, “o Filho de Deus, que está no seio do Pai é quem o deu a conhecer”; somente Jesus nos contou como Deus é. Somente ele é a fonte para nos aproximarmos do seu Mistério.

Em cada Natal Deus oferece de novo ao Homem a resposta ao anseio do seu coração: “Fizeste-nos para vós, Senhor, e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousar em Vós” (Santo Agostinho).

Através de Jesus Cristo, torna-se visível o Deus invisível: “A partir do momento em que nos deu o seu Filho, que é a sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e duma só vez e nada mais tem a acrescentar” (S. João da Cruz). Ele torna-se como nós. Isto mostra-nos até que ponto vai o amor de Deus: Ele percorre connosco todos os nossos caminhos para nos abrir as portas da Vida. Deus é infinitamente melhor do que nós acreditamos: mais próximo, mais compreensivo, mais terno, mais audaz, mais amigo, mais alegre, maior do que nós possamos suspeitar. Deus é Deus! O Salvador do mundo nasce como fruto do Amor de Deus por toda a Humanidade. Jesus é o melhor Presente que Deus Pai nos dá para que tenhamos a Vida e a tenhamos em abundância.

A luz de Belém nunca mais se apagou. Ao longo de todos os séculos, envolveu homens e mulheres, “cercou-os de luz”. Onde despontou a fé naquele Menino, aí desabrochou também a caridade – a bondade para com todos, a carinhosa atenção pelos débeis e os doentes, a graça do perdão (Bento XVI).

“Não pode haver tristeza quando nasce a vida” (São Leão Magno).

Palavra para o caminho

Nas vésperas de um nascimento pensamos na mãe que vai dar à luz. É Natal. Maria, mãe de Jesus, foi pintada e cantada em todas as épocas como a mulher mais bela do mundo. Sê-lo-ia, certamente. Mas a beleza é mais do que traços e equilíbrio da figura. Dizer um sim de risco e de ternura, servir e ir ao encontro do que o outro precisa, aguentar de pé a dor do outro, são esses os gestos que tornam única a beleza de Maria (Vasco P. Magalhães, sj).

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Oração para a ceia de Natal

Senhor, reunimo-nos hoje aqui para cear, porque numa noite como esta, há muito tempo, quiseste ser uma criança com nome e apelidos entre as crianças mais pobres da Terra. Abençoa a nossa mesa. Ao menos por uma noite, gostaríamos que o Mundo fosse uma grande Família: sem guerras, sem miséria, sem drogas e sem fome, com um pouco mais de música e muito mais justiça. Que ao menos esta casa, Jesus recém-nascido, acolha a Tua palavra de amor e perdão. Conserva-nos unidos. Dá-nos pão e trabalho durante todo o ano. Dá-nos força e ternura para sermos pessoas úteis que lutem por um Mundo onde haja dias bons e muitas coisas boas como esta em que quiseste nascer entre nós. Senhor, Tu és bem-vindo a esta casa, até que um dia nos reúnas na Tua.

 Joseph Oriol

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O Natal és tu…

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O NATAL és tu, quando te dispões, todos os dias, a nascer de novo deixando Deus entrar no teu coração!

A ÁRVORE DE NATAL és tu, quando, com a tua força e coragem, resistes aos ventos e dificuldades da vida!

A LUZ DE NATAL és tu, quando a tua vida de bondade e paciência, de alegria e generosidade ilumina o caminho dos outros!

O ANJO DE NATAL és tu, quando consegues cantar a mensagem de paz, justiça e amor para toda a gente!

A ESTRELA DE NATAL és tu, quando consegues guiar alguém até à alegria do encontro com Jesus!

O CÂNTICO DE NATAL és tu, quando vives em harmonia interior e espalhas harmonia à tua volta!

O PRESENTE DE NATAL és tu, quando vives como verdadeiro amigo e irmão de quem precisa de respeito e reconhecimento.

O CARTÃO DE BOAS-FESTAS DE NATAL és tu, quando a tua bondade está escrita nos gestos de amor que ofereces aos outros!

 Papa Francisco (adaptação)

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A caminho do Natal – 6

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Deus é Amor

A lógica do amor é aproximar-se. Se Deus é amor não pode deixar de se aproximar dos que ama, de querer estar com eles, de pôr-se ao seu nível, de puxar por eles. O amor não se impõe, não é autoritário nem interesseiro. É humilde, pacífico e deixa-se tocar.

Vasco P. Magalhães, sj

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