Alguns traços da vida de Santa Teresa de Jesus

Teresa de Ahumada, Teresa de Jesus, nasce em Ávila a 28 de Março de 1515 e morre em Alba de Tormes a 5 de Outubro de 1582. É filha de Alonso Sanchez de Cepeda, descendente de judeus conversos, e de Beatriz de Ahumada, de família fidalga. O Livro da Vida menciona alguns detalhes da sua família, que podemos qualificar como numerosa, com nove irmãos e três irmãs, junto a uns pais “virtuosos e tementes a Deus”.

Ao cumprir os 14 anos, morre a sua mãe. Nesse momento reza diante da Virgem da Caridade: “Como eu comecei a entender o que tinha perdido, aflita, fui diante de uma imagem de Nossa Senhora e supliquei-lhe, com muitas lágrimas, que fosse minha mãe” (V 7, 1). Em 1531, seu pai manda-a como interna para o convento das freiras agostinhas de Santa Maria das Graças, mas no ano seguinte por motivo de doença tem que regressar a casa.

Determinada a vestir o hábito carmelita contra a vontade de seu pai, em 1535 foge de sua casa para dirigir-se ao convento da Encarnação. Veste o hábito em Novembro de 1536.

Um ano depois da sua profissão, em finais de 1538, devido a uma grave doença, sai do convento para restabelecer-se; e estando em casa de um tio seu, em Hortigosa do rio Almar, lê o Terceiro Abecedário de Francisco de Osuna, que lhe descobre o mundo da oração mental, através da meditação da vida de Cristo e o conhecimento próprio.

Após um agravamento que quase a leva à morte, em 1539 regressa, ainda convalescente e paralítica, à Encarnação, onde lentamente vai recuperando o movimento. Ela atribui isso a uma intervenção de São José, a quem, desenganada dos médicos, se tinha encomendado. E a sua devoção a São José aumenta e se converte em amizade com este Santo a quem sente e chama familiarmente meu Pai e Senhor São José (V 6, 6).

Uma vez recomposta das suas dores, começa a instruir na oração a outros, freiras e leigos, entre eles o seu próprio pai, embora ela se vá afastando da mesma. Durante anos luta entre a dedicação à vida espiritual e os passatempos superficiais, até que em 1554, com 39 anos, dois acontecimentos marcam a sua vida. O primeiro é o encontro com uma imagem de Cristo muito chagado, que a determina a entregar-se por completo nas suas mãos, fazendo sempre e em tudo a vontade de Deus. O segundo acontecimento é a leitura das Confissões de Santo Agostinho: “Quando cheguei à sua conversão e li como ele ouviu aquela voz no jardim, não me parecia senão que o Senhor me falava a mim, segundo sentiu o meu coração; estive por largo tempo desfazendo-me toda em lágrimas… Começou a crescer em mim a disposição de estar mais tempo com Ele” (V 9, 8-9).

A partir desse momento, começou a ter fortes vivências interiores, que os seus confessores, a princípio qualificavam como imaginárias ou como obra do demónio. Ela confia que são de Deus pelo efeito de paz e do reforço de virtudes que deixam na sua alma e o anelo de servir a Deus. Propõe-se estabelecer um novo estilo de vida carmelitana mais fiel às suas origens. Este ideal torna-se realidade a 24 de Agosto de 1562 com a fundação do convento de São José. A partir de então, a dedicação à contemplação e à oração se compaginará com uma actividade extraordinária como fundadora, que desde 1567 funda outros 16 conventos de Carmelitas Descalças: Medina del Campo, Malagón, Valladolid, Toledo, Pastrana, Salamanca, Alba de Tormes, Segóvia, Beas de Segura, Sevilha, Caravaca de la Cruz, Villanueva de la Jara, Palencia, Sória e Burgos. Neles estabelece um estilo de vida religiosa orante, fraterna, alegre, com sentido de pertença à Igreja. E em 1568, em Duruelo, com a colaboração de São João da Cruz, funda os frades Carmelitas Descalços, e quer que sejam fraternos, orantes, cultos e apostólicos, que trabalhem ao serviço da Igreja através do ministério sacerdotal e missionário.

Luis Javier Fernández Frontela, OCD

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A caminho da festa de Santa Teresa de Jesus – III

Mistérios Gloriosos (rezados aos domingos e quartas-feiras) 

1º Mistério – A ressurreição de Jesus. “Depois do sábado, ao raiar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. Então o anjo falou às mulheres: «Sei que procurais a Jesus que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou como havia dito!»” (Mt 28 1. 5a. 6b.).

“Se estais alegres, vede-O ressuscitado pois a simples imaginação que Ele saiu do sepulcro vos alegrará. Com que esplendor, com que majestade, quão vitorioso, quão alegre!” (Santa Teresa de Jesus, C 26, 4).

1 Pai nosso, 10 Ave- Marias e 1 Glória ao Pai…

2º Mistério – A Ascensão de Jesus ao Céu. “E enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi elevado ao céu. Eles o adoraram.” (Lc 24, 51-52a).

“Entendi que Nosso Senhor depois de subir aos céus, nunca desceu à terra a não ser no Santíssimo Sacramento.” (Santa Teresa de Jesus, R 15, 48).

1 Pai nosso, 10 Ave- Marias e 1 Glória ao Pai…

3º Mistério – A descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. “Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: «a paz esteja convosco!». Soprou sobre eles e disse: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados e a quem os retiverdes, ficarão retidos. (Jo 20, 21.23).

“Que o Espírito Santo tome conta da vossa vontade e a prenda ao amor tão grande que Ele tem.” (Santa Teresa de Jesus, Carta 277).

1 Pai nosso, 10 Ave- Marias e 1 Glória ao Pai…

4º Mistério – A Assunção de Nossa Senhora ao céu. “Todos eles perseveravam na oração comum, junto com algumas mulheres, entre elas, Maria, Mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.” ( At 1, 14).

“Num dia da Assunção da Rainha dos Anjos e Senhora nossa, dignou-se o Senhor fazer-me a seguinte graça: representou-me sua Mãe chegando ao céu. Vi a alegria e solenidade com que foi recebida e o lugar onde está.” (Santa Teresa de Jesus, V 39, 27).

1 Pai nosso, 10 Ave- Marias e 1 Glória ao Pai…

5º Mistério – A coroação de Nossa Senhora como Rainha do Céu. “Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas.” (Ap 12, 1).

“Queira o Senhor que, tendo-o feito apenas por Ele, seja de utilidade para vós. Mas bem sabe sua Majestade que só posso confiar na Sua misericórdia e não tenho outro remédio senão apegar-me a ela e confiar nos méritos de Seu Filho e da Virgem, Sua Mãe, cujo hábito indignamente trago. Imitai-a e considerai a imensa grandeza dessa Senhora, bem como a vantagem de tê-la por padroeira.” (Santa Teresa de Jesus, 3M 1, 3).

1 Pai nosso, 10 Ave- Marias e 1 Glória ao Pai…

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Vem, Senhor Jesus

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje gostaria de refletir sobre aquela dimensão da esperança que é a expetativa vigilante. O tema da vigilância é um dos fios condutores do Novo Testamento. Jesus prega aos seus discípulos: «Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram» (Lc 12, 35-36). Neste tempo que segue a ressurreição de Jesus, no qual se alternam em continuação momentos serenos e outros angustiados, os cristãos nunca repousam. O Evangelho recomenda que sejam como servos que nunca dormem, até que o patrão volte. Este mundo exige a nossa responsabilidade, e nós devemos assumi-la totalmente com amor. Jesus quer que a nossa existência seja laboriosa, que nunca abaixemos a guarda, para acolher com gratidão e admiração cada novo dia que Deus nos concede. Cada manhã é uma página branca que o cristão começa a escrever com obras de bem.  fomos salvos pela redenção de Jesus, mas agora estamos à espera da manifestação plena do seu senhorio: quando finalmente Deus será tudo em todos (cf. 1 Cor15, 28). Nada é mais certo, na fé dos cristãos, do que este “encontro”, este encontro com o Senhor, quando Ele voltar. E quando este dia chegar, nós cristãos queremos ser como aqueles servos que passaram a noite com os rins cingidos e as lâmpadas acesas: é preciso estar prontos para a salvação que chega, prontos ao encontro. Pensastes como será aquele encontro com Jesus quando Ele vier? Mas será um abraço, uma alegria enorme, uma grande alegria! Devemos viver na expetativa deste encontro!

O cristão não é feito para o tédio: talvez para a paciência. Sabe que até na monotonia de certos dias sempre iguais está escondido um mistério de graça. Há pessoas que com a perseverança do seu amor se tornam como poços que irrigam o deserto. Nada acontece em vão e nenhuma situação na qual um cristão se encontra imerso é completamente refratária ao amor. Nenhuma noite é tão longa a ponto de fazer esquecer a alegria da aurora. E quanto mais escura é a noite, tanto mais próxima está a aurora. Se permanecermos unidos com Jesus, o frio dos momentos difíceis não nos paralisará; e se até o mundo inteiro pregar contra a esperança, se disser que o futuro trará só nuvens obscuras, o cristão sabe que naquele mesmo futuro sucederá o retorno de Cristo. Ninguém sabe quando acontecerá isto, mas o pensamento que no final da nossa história há Jesus Misericordioso é suficiente para manter a confiança e não maldizer a vida. Tudo será salvo. Tudo. Sofreremos, haverá momentos que suscitam raiva e indignação, mas a suave e poderosa memória de Cristo afastará a tentação de pensar que esta vida é errada.

Depois de ter conhecido Jesus, nós só podemos perscrutar a história com confiança e esperança. Jesus é como uma casa, e nós estamos dentro dela, e das janelas desta casa olhamos para o mundo. Portanto não nos fechemos em nós mesmos, não tenhamos saudades de um passado que se presume dourado, mas olhemos sempre para a frente, para um futuro que não é só obra das nossas mãos, mas que antes de tudo é uma preocupação constante da providência de Deus. Tudo o que é opaco um dia tornar-se-á luz.

E pensemos que Deus não se desmente a si mesmo. Nunca. Deus nunca desilude. A sua vontade em relação a nós não é enevoada, mas um projeto de salvação bem delineado: «Deus deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2, 4). Por conseguinte não nos abandonemos ao fluir dos eventos com pessimismo, como se a história fosse um comboio do qual se perdeu o controle. A resignação não é uma virtude cristã. Assim como não é dos cristãos encolher os ombros ou abaixar a cabeça diante de um destino que nos parece inevitável.

Quem anuncia esperança ao mundo nunca é uma pessoa remissiva. Jesus recomenda que o esperemos sem estar de braços cruzados: «Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier!» (Lc 12, 37). Não há construtor de paz que no fim de contas não tenha comprometido a sua paz pessoal, assumindo os problemas dos outros. A pessoa remissiva, não é um construtor de paz mas um preguiçoso, alguém que deseja a comodidade. Enquanto o cristão é construtor de paz quando arrisca, quando tem coragem de arriscar para levar o bem, o bem que Jesus nos doou, doou-nos como um tesouro.

E todos os dias da nossa vida, repitamos a invocação dos primeiros discípulos, que na língua aramaica, exprimiam com as palavras Marana tha, e que encontramos no último versículo da Bíblia: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20). É o refrão de todas as existências cristãs: no nosso mundo só precisamos de uma carícia de Cristo. Que graça se, na oração, nos dias difíceis desta vida, sentirmos a sua voz que responde e nos tranquiliza: «Sim, venho depressa» (Ap 22, 7)!

Papa Francisco, Audiência Geral, 11 de Outubro de 2017

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A caminho da festa de Santa Teresa de Jesus – II

Mistérios Dolorosos (rezados às terças e sextas-feiras) 

 1º Mistério – A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja a minha vontade mas a tua.” (Lc 22, 42).

“Ó Sabedoria Eterna! Entre Vós e o Pai isto bastava, e, assim o pedistes no Horto mostrando Vossa Vontade e temor, mas entregando-vos à vontade do Pai. Quanto a nós, Senhor, sabeis que não estamos tão entregues à Vontade de Vosso Pai.” (Santa Teresa de Jesus, C 30, 1).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

2º Mistério – A flagelação de Jesus. “Os homens que vigiavam Jesus escarneciam dele e o espancavam. Cobriam o seu rosto e diziam-lhe: «Profetiza! Quem é que te bateu?»” (Lc 22, 63).

“Vede-O atado à coluna, cheio de dores, com a carne toda feita em pedaços pelo muito que vos ama.” (Santa Teresa de Jesus, V 26, 5).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

3º Mistério – Jesus é coroado de espinhos. “Vestiram Jesus com um manto de púrpura e puseram-lhe uma coroa de espinhos.” (Mc 15, 17).

“Representou-me Nosso Senhor Jesus Cristo como de costume e estando a contemplá-lo, vi que na cabeça, no lugar da cora de espinhos, estava uma coroa de grande esplendor, no lugar onde fizeram a chaga. Consolei-me muito e comecei a pensar que grande tormento deveria ser para ter feito tantas feridas e senti tanta pena. Disse-me o Senhor para não chorar por aquelas feridas, mas pelas muitas que agora Lhe faziam.” (Santa Teresa de Jesus, R 9).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

4º Mistério – Jesus a caminho do Calvário com a cruz. “Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário, em hebraico: Gólgota.” (Jo 19, 17).

“Contemplai o Senhor carregando a cruz, sem que O deixassem recobrar o fôlego. Ele porá em vós os seus olhos formosos e piedosos, cheios de lágrimas, esquecendo-se das suas dores para consolar as vossas, só porque ides consolar-vos com Ele e voltais a cabeça para fitá-lo.” (Santa Teresa de Jesus, C 26,5).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

5º Mistério – A crucifixão e morte de Jesus. “Quando chegaram ao lugar chamado calvário, ali crucificaram Jesus com dois malfeitores: um à sua direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!»”. (Lc 23, 33-34).

“Quem agora não quer fazer um pouquinho de esforço até recolher-se e olhar dentro de si esse Senhor, de modo algum se poria ao pé da cruz como Madalena, tendo a morte diante de si. O que deveriam passar a gloriosa Virgem e esta santa mulher!” (Santa Teresa de Jesus, C 26, 8).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

 

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A caminho da festa de Santa Teresa de Jesus – I

Mistérios Gozosos (rezados aos sábados e segundas-feiras)

A oração do Terço sempre foi uma oração muito cara aos santos e a todos os cristãos. Outubro é o mês do Rosário. Estamos também às portas da festa / solenidade da grande santa carmelita Santa Teresa de Jesus (ou de Ávila) que se celebra já no dia 15 de Outubro. Para nos prepararmos para este dia tão importante para o Carmelo e o Povo de Deus propomos a oração do terço inspirados pelas palavras de Teresa de Jesus como eco meditativo dos acontecimentos da nossa redenção

 1º Mistério – A anunciação do Anjo à Virgem Maria. Maria disse: «Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra». E o Anjo retirou-se” (Lc 1, 38).

“Convêm que nos lembremos o que fez a Virgem Nossa Senhora com a sua sabedoria perguntando ao Anjo como se faria isso. Quando o Anjo lhe disse: ‘O Espírito Santo virá sobre ti, a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra’. Ela não fez mais perguntas (Santa Teresa de Jesus, CAD 6,7).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

 2º Mistério – A visita de Maria à sua prima Isabel“. Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1, 42b-45).

“Pedi a Nosso Senhor que vos conceda com perfeição o amor ao próximo e deixai-O agir em vós. Com efeito, não é possível saber se amamos a Deus, já o amor ao próximo pode ser comprovado. E convencei-vos, quanto mais praticardes este último, tanto mais estareis praticando o amor a Deus (Santa Teresa de Jesus, 5M 3, 12-18).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

 3º Mistério – O nascimento de Jesus“. Os pastores foram, pois, apressadamente a Belém e encontraram Maria e José e o menino deitado na manjedoura.” (Lc 2, 16).

“Assemelhemo-nos em algo ao nosso Rei; que teve por casa apenas o presépio de Belém, onde nasceu, e a cruz onde morreu.” (Santa Teresa de Jesus, C 2, 9).

1 Pai nosso, 10 Ave- Marias e 1 Glória ao Pai…

 4º Mistério – A apresentação do Menino Jesus no Templo“. Simeão abençoou-os e disse a Maria, a mãe: «Este Menino será causa de queda e de ressurgimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – e a ti, uma espada transpassará a tua alma!»” (Lc 2, 34-35).

“O justo Simeão também não via no Glorioso Menino pobrezinho senão aquilo que o envolvia e as poucas pessoas que iam com Ele na procissão, sendo mais possível que O julgasse, diante disso, antes filho de pobres do que do Pai Celestial, mas o próprio Menino se deu a conhecer.” (Santa Teresa de Jesus C 31, 2).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

 5º Mistério – O encontro do Menino Jesus no Templo. Quando o viram, seus pais ficaram comovidos, e sua mãe disse-lhe: «Meu Filho, por que agiste assim connosco? Olha, que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Sua Mãe guardava todas estas coisas no coração.”  (Lc 2, 48. 51b).

“Não sei verdadeiramente como se deve pensar na Rainha dos Anjos no tempo em que tanto se angustiou com o Menino Jesus sem dar graças a São José pelo auxílio que lhes prestou” (Santa Teresa de Jesus V 8, 6).

1 Pai nosso, 10 Ave-Marias e 1 Glória ao Pai…

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Viver sempre e em qualquer situação na presença de Deus

Devemos, santificar o nosso trabalho, o nosso descanso, o nosso alimento, as nossas recriações honestas como se fossem uma permanente oração. Sabendo nós que Deus está presente, basta lembrar-nos d’Ele e de vez em quando dirigir-Lhe alguma palavra: quer seja de amor – Amo-Te, Senhor! –, quer seja de agradecimento – Obrigado, Senhor, por todos os Teus benefícios –, quer seja de súplica – Senhor, ajuda-me a ser-Te fiel. 

[…] Este trato íntimo e familiar com Deus transforma os nossos trabalhos e as nossas ocupações diárias numa verdadeira e permanente vida de oração, torna-nos mais agradáveis a Deus e atrai sobre nós graças e bênçãos de especial predilecção. 

Serva de Deus Irmã Lúcia de Jesus 

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Senhor, faz cair do céu sobre a terra árida a chuva desejada

Portugal está a passar por uma seca prolongada e severa. Por que a Deus nada é impossível, elevamos para ele esta prece com toda a confiança, composta pelo Papa Paulo VI, para que o Senhor do Céu e da Terra nos conceda esta seiva de vida.

Deus, nosso Pai, Senhor do Céu e da Terra, Tu és para nós existência, energia e vida. Criaste o homem à Tua imagem a fim de que com o seu trabalho ele faça frutificar as riquezas da terra colaborando assim na Tua criação. Temos consciência da nossa miséria e fraqueza: nada podemos fazer sem Ti.

Tu, Pai bondoso, que sobre todos fazes brilhar o sol e fazes cair a chuva, tem compaixão de todos os que sofrem duramente pela seca que nos ameaça nestes dias. Escuta com bondade as orações que Te são dirigidas com confiança pela Tua Igreja, como satisfizeste as súplicas do profeta Elias que intercedia em favor do Teu povo.

Faz cair do céu sobre a terra árida a chuva desejada a fim de que renasçam os frutos e sejam salvos homens e animais. Que a chuva seja para nós o sinal da Tua graça e da Tua bênção: assim, reconfortados pela Tua misericórdia, dar-te-emos graças por todos os dons da terra e do céu, com os quais o Teu Espírito satisfaz a nossa sede.

Por Jesus Cristo, Teu Filho, que nos revelou o Teu amor, fonte de água viva, que brota para a vida eterna. Amen.

Beato Paulo VI

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27º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 21, 33-43)

Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Escutai outra parábola: Um chefe de família plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, construiu uma torre, arrendou-a a uns vinhateiros e ausentou-se para longe. Quando chegou a época das vindimas, enviou os seus servos aos vinhateiros, para receberem os frutos que lhe pertenciam. Os vinhateiros, porém, apoderaram-se dos servos, bateram num, mataram outro e apedrejaram o terceiro. Tornou a mandar outros servos, mais numerosos do que os primeiros, e trataram-nos da mesma forma. Finalmente, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: ‘Hão-de respeitar o meu filho.’ Mas os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Matemo-lo e ficaremos com a sua herança.’ E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Ora bem, quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?» Eles responderam-lhe: «Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida.» Jesus disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram transformou-se em pedra angular? Isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos?’ Por isso vos digo: O Reino de Deus ser-vos-á tirado e será confiado a um povo que produzirá os seus frutos.»

O reino de Deus ser-vos-á tirado… (Mt 21, 43)

Esta parábola faz passar diante de nós toda a história da salvação, mostra-nos o amor permanente e persistente de Deus, e faz-nos ver também a qualidade do amor da resposta que somos hoje chamados a dar.

“O Evangelho deste Domingo termina com uma admoestação de Jesus, particularmente severa, dirigida aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «O reino de Deus ser-vos-á tirado e será confiado a um povo que produzirá os seus frutos» (Mt 21, 43). São palavras que fazem pensar na grande responsabilidade de quem, em todas as épocas, é chamado a trabalhar na vinha do Senhor, especialmente com uma função de autoridade, e estimulam a renovar a fidelidade total a Cristo. Ele é «a pedra que os construtores rejeitaram» (cf. Mt 21, 42), porque o julgaram inimigo da lei e perigoso para a ordem pública; mas Ele mesmo, rejeitado e crucificado, ressuscitou, tornou-se a «pedra angular» sobre a qual se podem apoiar com segurança absoluta as bases de qualquer existência humana e do mundo inteiro. Desta verdade fala a parábola dos vinhateiros infiéis, aos quais um homem confiou a sua vinha, para que a cultivassem e recolhessem os frutos. O proprietário da vinha representa o próprio Deus, enquanto que a vinha simboliza o seu povo, assim como a vida que Ele nos doa para que, com a sua graça e com o nosso compromisso, pratiquemos o bem. Santo Agostinho comenta que «Deus nos cultiva como um campo para nos tornar melhores» (Sermo 87, 1, 2: PL 38, 531). Deus tem um projecto para os seus amigos, mas infelizmente a resposta do homem orienta-se com frequência para a infidelidade, que se traduz em rejeição. O orgulho e o egoísmo impedem que se reconheça e acolha até o dom mais precioso de Deus: o seu Filho unigénito. Com efeito, quando «lhes enviou o seu próprio filho – escreve o evangelista Mateus – [os vinhateiros] agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no» (Mt 21, 37.39). Deus entrega-se a si mesmo nas nossas mãos, aceita fazer-se mistério imperscrutável de debilidade e manifesta a sua omnipotência na fidelidade a um desígnio de amor que, no final, prevê contudo também a justa punição para os malvados (cf. Mt 21, 41).

Firmemente ancorados na fé à pedra angular que é Cristo, permaneçamos n’Ele como o ramo que não pode dar fruto sozinho se não permanecer na videira. Só n’Ele, por Ele e com Ele se edifica a Igreja, povo da nova Aliança” (Papa Bento XVI, Angelus, 2 de Outubro de 2011).

Palavra para o caminho

“Passam os anos e, ao olhar para trás, vemos que a nossa vida foi estéril. Não passamos por ela fazendo o bem. Não melhoramos o mundo que nos deixaram. Não vamos deixar rastros. Fomos prudentes e cuidamos de nós. Porém, para quê? O nosso único ideal não pode ser atingir a velhice. Estamos a sufocar a vida por egoísmo, por covardia. Seria terrível desperdiçar esse tesouro de amor que Deus nos deu” (Luis Espinal, sacerdote jesuíta, assassinado em 1980 na Bolívia).

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Acto de oferecimento ao amor misericordioso de Deus

Ó meu Deus! Trindade Bem-aventurada! Desejo amar-Vos e fazer-Vos amar, trabalhar pela glorificação da Santa Igreja, salvando as almas que estão na terra, e libertando as que estão no Purgatório. Desejo cumprir plenamente a vossa vontade, e chegar ao grau de glória que me preparastes no vosso Reino; numa palavra, desejo ser santa. Mas conheço a minha impotência, e peço-Vos, ó meu Deus, que sejais Vós mesmo a minha Santidade.

Já que Vós me amastes até me dardes o vosso Filho único para ser o meu Salvador e o meu Esposo, os tesouros infinitos dos seus méritos são meus: ofereço-Vo-los com alegria, suplicando-Vos que não olheis para mim senão através da Face de Jesus e no seu Coração ardente de Amor.

Ofereço-Vos também todos os méritos dos Santos (que estão no Céu e na terra), os seus actos de Amor, e os dos Santos Anjos. Finalmente, ofereço-Vos, ó Bem-aventurada Trindade, o Amor e os méritos da Santíssima Virgem, minha querida Mãe: é a ela que entrego o meu oferecimento, pedindo-lhe que Vo-lo apresente.

O seu divino Filho, meu Esposo Bem-amado, nos dias da sua vida mortal, disse-nos: «Tudo o que pedirdes ao meu Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá!». Tenho, portanto, a certeza de que atendereis os meus desejos.

Bem sei, ó meu Deus, quanto mais quereis dar, mais fazeis desejar. Sinto no meu coração desejos imensos, e é com confiança que Vos peço que venhais tomar posse da minha alma. Ah! não posso receber a Sagrada Comunhão tantas vezes quantas desejo, mas, Senhor, não sois Todo-poderoso?… Ficai em mim, como no Sacrário. Nunca Vos afasteis da vossa hostiazinha…

Quereria consolar-Vos da ingratidão dos maus, e suplico-Vos que me tireis a liberdade de Vos desagradar. Se, por fraqueza, cair algumas vezes, que logo o vosso divino olhar purifique a minha alma, consumindo todas as minhas imperfeições, como o fogo, que transforma em si próprio todas as coisas…

Agradeço-Vos, ó meu Deus, por todas as graças que me concedestes, especialmente por me terdes feito passar pelo crisol do sofrimento. Será com alegria que Vos contemplarei no último dia, levando o ceptro da Cruz. Já que Vos dignastes dar-me em herança esta Cruz tão preciosa, espero parecer-me convosco no Céu, e ver brilhar no meu corpo glorificado os sagrados estigmas da vossa Paixão… Depois do exílio da terra, espero ir gozar de Vós na Pátria, mas não quero acumular méritos para o Céu, quero trabalhar só por vosso Amor, com o único fim de Vos agradar, de consolar o vosso Coração Sagrado, e de salvar almas que Vos amarão eternamente.

Na noite desta vida, aparecerei diante de Vós com as mãos vazias, pois não Vos peço, Senhor, que conteis as minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas aos vossos olhos. Quero, portanto, revestir-me com a vossa própria Justiça, e receber do vosso Amor a posse eterna de Vós mesmo. Não quero outro Trono, nem outra Coroa, senão Vós, ó meu Bem-amado!…

Aos vossos olhos, o tempo não é nada: um só dia é como mil anos; podeis, portanto, num instante, preparar-me para aparecer diante de Vós…

A fim de viver num acto de perfeito Amor, ofereço-me como vítima de holocausto ao vosso amor misericordioso, suplicando-Vos que me consumais sem cessar, deixando transbordar para a minha alma as ondas de ternura infinita que estão encerradas em Vós, e que assim eu me torne Mártir do vosso Amor, ó meu Deus!…

Que este Martírio, depois de me ter preparado para aparecer diante de Vós, me faça, enfim, morrer, e que a minha alma se lance, sem demora, no eterno abraço do vosso Amor misericordioso…

Quero, ó meu Bem-amado, a cada palpitação do meu coração, renovar-Vos este oferecimento um número infinito de vezes, até ao momento em que, desvanecidas as sombras, possa reafirmar-Vos o meu Amor num face-a-face eterno!…

Santa Teresinha do Menino Jesus

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Jesus está vivo. Ser profetas de esperança

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Desejo falar nesta catequese sobre o tema “Missionários de esperança hoje”. Sinto-me feliz por o fazer no início do mês de outubro, que na Igreja é dedicado de modo especial à missão, e também na festa de São Francisco de Assis, que foi um grande missionário de esperança!

Com efeito, o cristão não é um profeta de desventura. Nós não somos profetas de desventura. A essência do seu anúncio é o oposto, o contrário da desventura: é Jesus, morto por amor e que Deus ressuscitou na manhã de Páscoa. É este o núcleo da fé cristã. Se os Evangelhos se tivessem interrompido com a sepultura de Jesus, a história deste profeta iria juntar-se às tantas biografias de personagens heróicos que deram a vida por um ideal. Neste caso o Evangelho seria um livro edificante, até consolador, e não um anúncio de esperança.

Mas os Evangelhos não se encerram com a sexta-feira santa, vão além; e é precisamente este ulterior fragmento que transforma as nossas vidas. Os discípulos de Jesus estavam entristecidos naquele sábado depois da sua crucificação; aquela pedra colocada na entrada do sepulcro tinha fechado também os três anos entusiasmantes vividos por eles com o Mestre de Nazaré. Parecia que tudo tinha acabado, e alguns, desiludidos e amedrontados, já estavam a abandonar Jerusalém.

Mas Jesus ressuscita! Este facto inesperado inverte e subverte a mente e o coração dos discípulos. Porque Jesus não ressuscita só para si, como se o seu renascimento fosse uma prerrogativa da qual ser ciumentos: eleva-se ao Pai porque deseja que a sua ressurreição seja comunicada a cada ser humano, e que arrebate para o alto todas as criaturas. E no dia de Pentecostes os discípulos são transformados pelo sopro do Espírito Santo. Não receberão apenas uma boa notícia para levar a todos, mas eles mesmos se sentirão diferentes em relação a antes, como renascidos para uma vida nova. A ressurreição de Jesus transforma-nos com a força do Espírito Santo. Jesus está vivo, está vivo entre nós, está vivo e tem aquela força transformadora.

Como é bom pensar que somos anunciadores da ressurreição de Jesus não só com palavras, mas com os factos e com o testemunho da vida! Jesus não quer discípulos capazes unicamente de repetir fórmulas aprendidas de cor. Deseja testemunhas: pessoas que propaguem esperança com o seu modo de acolher, de sorrir, de amar. Principalmente de amar: porque a força da ressurreição torna os cristãos capazes de amar mesmo quando parece que o amor perdeu as suas razões. Há um “a mais” que habita a existência cristã, e que não se explica apenas com a força de ânimo ou com mais otimismo. A fé, a nossa esperança não é simplesmente um otimismo; é outra coisa, é mais! É como se os crentes fossem pessoas com um “pedaço de céu” a mais em cima da cabeça. Isto é bonito: nós somos pessoas com um pedaço de céu a mais em cima da cabeça, acompanhados por uma presença que alguns nem conseguem intuir.

Por conseguinte, é dever dos cristãos, neste mundo, abrir espaços de salvação, como células regeneradoras capazes de restituir linfa ao que parecia estar perdido para sempre. Quando o céu está totalmente enevoado, quem sabe falar do sol é uma bênção. Eis, o verdadeiro cristão é assim: não é lamentoso nem zangado, mas convicto, pela força da ressurreição, de que mal algum é infinito, noite alguma é sem fim, homem algum está definitivamente errado, ódio algum é invencível pelo amor.

Claro, por vezes os discípulos pagaram muito caro esta esperança que Jesus lhe doou. Pensemos nos tantos cristãos que não abandonaram o seu povo, quando chegou o momento da perseguição. Ficaram ali, onde havia a incerteza até do amanhã, onde não se podia fazer nenhum tipo de projeto, permaneceram esperando em Deus. E pensemos nos nossos irmãos, nas nossas irmãs do Médio Oriente que dão testemunho de esperança e oferecem inclusive a vida por este testemunho. Estes são verdadeiros cristãos! Estes trazem o céu no coração, olham além, sempre além. Quem teve a graça de abraçar a ressurreição de Jesus ainda pode esperar no inesperado. Os mártires de todos os tempos, com a sua fidelidade a Cristo, contam que a injustiça não tem a última palavra na vida. Em Cristo ressuscitado podemos continuar a esperar. Os homens e as mulheres que têm um “por que” viver resistem mais nos tempos de desventura do que os outros. Mas quem tem Cristo ao seu lado nada teme realmente. E por isso os cristãos, os verdadeiros cristãos, nunca são homens fáceis e condescendentes. A sua mansidão não deve ser confundida com um sentido de insegurança ou de submissão. São Paulo encoraja Timóteo a sofrer pelo evangelho, e diz assim: «Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, de amor e de moderação» (2 Tm 1, 7). Se caem, levantam-se sempre.

Eis, queridos irmãos e irmãs, o motivo pelo qual o cristão é um missionário de esperança. Não por seu mérito, mas graças a Jesus, o grão de trigo que, ao cair na terra, morreu e deu muito fruto (cf. Jo 12, 24).

Papa Francisco, Audiência Geral de 4 de Setembro de 2017

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