5º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Curou muitas pessoas, atormentadas por várias doenças (Mc 1, 34)

A doença é uma das experiências mais duras do ser humano. Não só padece o doente que sente a sua vida ameaçada e sofre sem saber porquê, para quê e até quando. Sofre também a sua família, os entes queridos e os que o cuidam. De pouco servem as palavras e explicações. O que fazer quando a ciência já não pode deter o inevitável? Como lidar humanamente com a deterioração? Como estar junto ao familiar ou amigo gravemente doente?

O primeiro é aproximar-se. Ao que sofre não se pode ajudar de longe. Há que estar perto. Sem pressas, com discrição e respeito total. Ajudá-lo a lutar contra a dor. Dar-lhe forças para que colabore com aqueles que tratam de o curar. Isto requer acompanhá-lo nas várias etapas da doença e nos diferentes estados de ânimo. Ofereçer-lhe o que necessita em cada momento. Não nos incomodarmos com a sua irritabilidade. Ter paciência. Permanecer junto a ele.

É importante ouvi-lo. Que o doente possa contar e partilhar o que vai dentro de si: as esperanças frustradas, as suas queixas e medos, a sua angústia perante o futuro. É um respirar para o doente poder desabafar com alguém de confiança. Nem sempre é fácil ouvir. Requer colocar-se no lugar do que sofre, e estar atentos ao que nos diz com as suas palavras e, sobretudo, com os seus silêncios, gestos e olhares. A verdadeira escuta exige acolher e compreender as reacções do doente. A incompreensão fere profundamente a quem está a sofrer e se queixa. De nada servem conselhos, razões ou explicações doutas. Só a compreensão de quem acompanha com carinho e respeito pode aliviar.

A pessoa pode adoptar ante a doença atitudes saudáveis e positivas, ou pode deixar-se destruir por sentimentos estéreis e negativos. Muitas vezes necessitará de ajuda para confiar e colaborar com os que o atendem, para não se encerrar sozinho na sua dor, para ter paciência consigo mesmo, ou para ser agradecido.

O doente pode necessitar também de se reconciliar consigo mesmo, curar feridas do passado, dar um sentido mais profundo ao seu sofrimento, purificar a sua relação com Deus. O crente pode então ajudá-lo a orar, a viver com paz interior, a crer no Seu perdão e a confiar no Seu amor salvador.

O Evangelista Marcos diz-nos que as pessoas levavam os seus doentes e possuídos a Jesus. Ele sabia acolhê-los com carinho, despertar a sua confiança em Deus, perdoar o seu pecado, aliviar a sua dor, e curar a sua doença. A sua acção face ao sofrimento humano sempre será para os cristãos o exemplo a seguir no trato com os doentes.

José Antonio Pagola