2º Domingo do Advento – Ano B

O Evangelho proclamado neste II Domingo do Advento, Ano B, (Mc 1, 1-8), apresenta-nos a figura e a obra de João Baptista, que nos mostrou um itinerário de fé, semelhante ao que o Advento nos propõe. Trata-se de um caminho de conversão. Na Bíblia, a conversão significa primeiro mudar de direcção e orientação; e, portanto, mudar também a maneira de pensar. Na vida moral e espiritual, converter significa passar do mal ao bem, do pecado ao amor de Deus. Era isto que João Baptista no deserto da Judeia ensinava ao proclamar um baptismo de conversão para a remissão dos pecados. Receber o baptismo foi um sinal externo e visível da conversão de quem ouviu a sua pregação e decidiu fazer penitência. Aquele baptismo ocorria com a imersão no Jordão, na água, mas era inútil, era apenas um sinal e era inútil, quando não havia a disponibilidade de se arrepender e mudar a vida.

A conversão envolve a dor pelos pecados cometidos, o desejo de se livrar deles, o propósito de excluí-los da própria vida para sempre. Para excluir o pecado, é preciso também rejeitar tudo o que está ligado a ele: a mentalidade mundana, a excessiva estima do conforto, do prazer, do bem-estar, da riqueza.

João Baptista era um homem austero, renuncia ao supérfluo e busca o essencial. Aqui está o primeiro aspecto da conversão: desapego do pecado e do mundanismo, e o segundo é a busca de Deus e do seu reino. O abandono do conforto e da mentalidade mundana não é um fim em si mesmo, mas visa alcançar algo maior, ou seja, o reino de Deus, a comunhão com Deus, a amizade com Deus.

Mas isto não é fácil porque há tantos laços que nos mantêm próximos do pecado: a inconstância, o desânimo, a malícia, os ambientes nocivos, os maus exemplos. Às vezes o impulso que sentimos para com o Senhor é muito fraco e quase parece que Deus se cala. Nesta situação é-se tentado a dizer que é impossível se converter verdadeiramente, e em vez de se converter do mundo para Deus, corre-se o risco de permanecer na “areia movediça” de uma existência medíocre. Contudo lembremo-nos de que a conversão é uma graça, que deve ser pedida a Deus com força. Nós convertemo-nos verdadeiramente na medida em que nos abrimos à beleza, à bondade, à ternura de Deus. Então deixamos o que é falso e efémero, para o que é verdadeiro, belo e dura para sempre (Papa Francisco, Angelus (resumo), 6 de Dezembro, 2020).