Santo e Feliz Natal 2017

DIANTE DO PRESÉPIO

Deus de todas as nações e de todos povos, desde o início da Criação manifestastes o Vosso Amor e, quando a nossa necessidade de um Salvador era grande, enviastes o Vosso Filho que nasceu da Virgem Maria. Ele traz-nos Alegria, Paz, Justiça, Misericórdia e Amor.

Abençoai, Senhor, todas as famílias e todos os que olharem para este presépio, e que a gruta de Belém onde Jesus nasceu nos recorde o seu humilde nascimento, e eleve o nosso pensamento para Ele, o Salvador de todos, que vive e reina para sempre. Amen.

“CAMINHOS CARMELITAS” DESEJA A TODOS OS SEUS AMIGOS LEITORES E À FAMÍLIA CARMELITA UM SANTO E FELIZ NATAL 2017

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4º Domingo do Advento – Ano B

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 1, 26-38)

Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.»

Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus.» Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.

Meditação

Fixemos o olhar nesta simples jovem de Nazaré, no momento em que se torna disponível à mensagem divina com o seu «sim»; vejamos dois aspectos essenciais da sua atitude, que para nós é modelo do modo como nos devemos preparar para o Natal.

Antes de tudo, a sua , a sua atitude de fé, que consiste em ouvir a Palavra de Deus para se abandonar a esta Palavra com plena disponibilidade de mente e de coração. Respondendo ao Anjo, Maria disse: «Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra» (v. 38). No seu «Eis-me» repleto de fé, Maria não sabe por que caminhos se deverá aventurar, quais dores deverá suportar, quais riscos enfrentar. Mas está consciente de que é o Senhor que a interpela, e confia totalmente nele, abandona-se ao seu amor. Esta é a fé de Maria!

Outro aspecto é a capacidade da Mãe de Cristo de reconhecer o tempo de Deus. Maria é aquela que tornou possível a encarnação do Filho de Deus, «a revelação do mistério, conservado em segredo durante séculos» (Rm 16, 25). Ela tornou possível a encarnação do Verbo, precisamente graças ao seu «sim» humilde e intrépido. Maria ensina-nos a captar o momento favorável em que Jesus passa na nossa vida e pede uma resposta pronta e generosa. E Jesus passa. Com efeito, o mistério do nascimento de Jesus em Belém, que ocorreu historicamente há mais de dois mil anos, concretiza-se como acontecimento espiritual, no «hoje» da Liturgia. O Verbo, que encontrou morada no seio virginal de Maria, na celebração do Natal vem bater novamente à porta do coração de cada cristão: passa e bate à nossa porta. Cada um de nós é chamado a responder, como Maria, com um «sim» pessoal e sincero, colocando-se plenamente à disposição de Deus e da sua misericórdia, do seu amor. Quantas vezes Jesus passa na nossa vida, e quantas vezes nos envia um Anjo, e quantas vezes não nos damos conta, porque estamos profundamente imersos nos nossos pensamentos, nos nossos afazeres e, nestes dias, até nos nossos preparativos para o Natal, a ponto de não nos apercebermos que Ele passa e bate à porta do nosso coração, pedindo acolhimento, pedindo-nos um «sim», como fez com Maria. Um Santo dizia: «Temo que o Senhor passe!». Sabeis por que motivo ele temia? Tinha medo de não se dar conta que Ele passa. Quando nós sentimos no nosso coração: «Gostaria de ser melhor… Estou arrependido daquilo que fiz…», é precisamente o Senhor que bate à nossa porta. Ele faz-nos sentir isto: o desejo de sermos melhores, a vontade de permanecermos mais próximos dos outros, de Deus. Se sentires isto, detém-te! É o Senhor que passa! Detém-te para rezar, para te confessares e talvez para uma pequena limpeza… isto faz bem! Contudo, recorda-te: se sentires este desejo de melhorar, é Ele que bate à tua porta: não O deixes passar! (Papa Francisco, Angelus, 21 de Dezembro de 2014).

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Caminhando através do Advento (19): a minha alma engrandece ao Senhor

E Maria disse: A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador. O Senhor me engrandeceu, diz ela, com um dom tão grande e tão inaudito, que é impossível explicá-lo com palavras humanas, e dificilmente o poderá compreender o sentimento mais íntimo do coração. Por isso entrego-me com todas as forças da minha alma ao louvor e acção de graças, e me consagro, com tudo o que vivo, sinto e compreendo, à contemplação da grandeza infinita de Deus; e o meu espírito alegra-se na eterna divindade de Jesus, o Salvador, que dignou revestir-Se da minha carne e repousa em meu seio.

Porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso; e o seu nome é santo. Estas palavras relacionam-se com o início do cântico, onde se diz: A minha alma engrandece ao Senhor. De facto, só aquele em quem o Senhor realiza obras grandiosas pode proclamar dignamente a sua grandeza.

São Beda

Oração

Senhor, que, vendo o homem sujeito ao poder da morte, o quisestes resgatar com a vinda de vosso Filho Unigénito, concedei que, celebrando com sincera humildade o mistério da sua encarnação, mereçamos alcançar os frutos da sua redenção gloriosa. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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Caminhando através do Advento (18): Visitação da Virgem Santa Maria

Depois de anunciar à Virgem Maria os mistérios recônditos de Deus, o Anjo quis fortificar a sua fé com um exemplo e anunciou-lhe a maternidade de uma mulher idosa e estéril, como prova de que tudo o que agrada a Deus é possível.

Quando ouviu isto, Maria tomou o caminho das montanhas, não por falta de fé na profecia, nem por falta de confiança na mensagem, nem por falta de certeza na realidade do exemplo, mas guiada pelo júbilo de ver cumprida a promessa, levada pela vontade de prestar um serviço, movida pelo impulso interior da sua alegria.

Cheia já totalmente de Deus, para onde havia de se dirigir senão para as alturas? A graça do Espírito Santo ignora a lentidão. Depressa se manifestam os benefícios da chegada de Maria e da presença do Senhor, pois logo que Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou de alegria no seu seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

Santo Ambrósio

Oração

Atendei, Senhor, a oração do vosso povo, que se alegra com a vinda de vosso Filho na humildade da nossa carne, e concedei-nos o dom da vida eterna quando Ele vier na sua glória. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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A Santa Missa compõe-se de duas partes: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje desejo entrar no âmago da celebração eucarística. Estamos a fazer a catequese da missa, a missa é composta por duas partes, que são a Liturgia da Palavra e a Liturgia eucarística, tão estreitamente conjuntas entre elas que formam um único ato de culto. Introduzida por alguns ritos preparatórios e concluída por outros, a celebração é portanto um único corpo e não se pode separar, mas para uma melhor compreensão procurarei explicar os seus vários momentos, cada um dos quais é capaz de tocar e envolver uma dimensão da nossa humanidade. É necessário conhecer estes santos sinais para viver plenamente a missa e saborear toda a sua beleza.

Quando o povo está reunido, a celebração abre-se com os ritos introdutivos, compreendendo a entrada, a saudação («A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco», «O Senhor esteja convosco», o ato penitencial («Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, actos e omissões…», onde pedimos perdão pelos nossos pecados), o “Kyrie eleison” [Senhor, tende piedade], o hino do Glória e a oração coleta, não porque se faz a coleta com as ofertas, mas a coleta das intenções de todos os povos, que sobem ao céu como oração. O propósito desta introdução é de fazer com que «os fiéis, reunidos em conjunto, formem uma comunidade, e se disponham a escutar com fé a Palavra de Deus e a celebrar dignamente a Eucaristia». Não é um bom hábito olhar para o relógio e fazer cálculos, a missa começa com estes ritos introdutivos, por isso é preciso chegar antecipadamente, não atrasado para esta celebração com a comunidade.

Enquanto que normalmente decorre o cântico de entrada, o sacerdote com os outros ministros chega em procissão ao presbitério [espaço na igreja ocupado pelo clero durante a celebração], e aí saúda o altar com uma inclinação e, em sinal de veneração, beija-o e incensa-o. Porque o altar é Cristo, é o encontro com Ele. Estes gestos, que arriscam passar sem serem vistos, são muitos significativos porque exprimem desde o início que a missa é um encontro de amor com Cristo, o qual «oferecendo o seu corpo na cruz (…) se torna altar, vítima e sacerdote». O altar, com efeito, enquanto sinal de Cristo, «é o centro da ação de graças que se completa com a Eucaristia».  

Depois há o sinal da cruz. O sacerdote que preside traça-o sobre si e o mesmo fazem todos os membros da assembleia, conscientes de que o ato litúrgico se realiza «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo». Já tereis visto como as crianças fazem o sinal da cruz, muitas vezes não sabem o que fazem, parece que fazem um desenho que não é o sinal da cruz; por favor, ensinai às crianças a fazer bem o sinal da cruz, peço-o às mamãs, aos papás e aos avós. Toda a oração se move, por assim dizer, no espaço da Santíssima Trindade, que é espaço de comunhão infinita; tem como origem e como fim o amor de Deus Uno e Trino, manifestado e dado a nós na cruz de Cristo. De facto, o seu mistério pascal é dom da Trindade, e a Eucaristia brota sempre do seu coração trespassado. Assinalando-nos com o sinal da cruz, por isso, não só fazemos memória do nosso Batismo, mas afirmamos que a oração litúrgica é o encontro com Deus em Jesus Cristo, que por nós incarnou [fez-se carne], morreu na cruz e ressuscitou glorioso.

Se verdadeiramente a Eucaristia torna presente o mistério pascal, ou seja, a passagem de Cristo da morte à vida, então a primeira coisa que devemos fazer é reconhecer quais são as nossas situações de morte para poder ressuscitar com Ele para a vida nova

O sacerdote, então, dirige a saudação eucarística com a expressão «o Senhor esteja convosco» ou outra semelhante; e a assembleia responde «Ele está no meio de nós». Estamos em diálogo. Estamos no início da missa e devemos pensar no significado de todos estes gestos e palavras. Estamos a entrar numa “sinfonia”, na qual ressoam várias tonalidades de vozes, incluindo tempos de silêncio, com vista a criar o “acordo” entre todos os participantes, isto é, reconhecer-se animados por um único Espírito e por um mesmo fim. Com efeito, «a saudação sacerdotal e a resposta do povo manifestam o mistério da Igreja reunida». Exprime-se assim a fé comum e o desejo recíproco de estar com o Senhor e de viver a unidade com toda a comunidade.

A sinfonia orante que se está a criar apresenta logo um momento muito tocante, porque quem preside convida todos a reconhecer os próprios pecados. Todos somos pecadores, não sei se algum de vós não é pecador, se algum de vós não o é levante a mão – bem, não vejo mãos levantadas, portanto somos todos bons fiéis. É o ato penitencial. Não se trata apenas de pensar nos pecados cometidos, mas muito mais: é o convite a confessar-se pecador diante de Deus e dos irmãos, com humildade e sinceridade, como o publicano no templo. Se verdadeiramente a Eucaristia torna presente o mistério pascal, ou seja, a passagem de Cristo da morte à vida, então a primeira coisa que devemos fazer é reconhecer quais são as nossas situações de morte para poder ressuscitar com Ele para a vida nova. Isto faz-nos compreender o quanto é importante o ato penitencial. E por isso retomaremos o assunto na próxima catequese.

Papa Francisco, Audiência Geral de 20 de Dezembro de 2017

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Caminhando através do Advento (17): todo o mundo espera a resposta de Maria

Ouviste, ó Virgem, a voz do Anjo: Conceberás e darás à luz um filho. Ouviste-o dizer que não será por obra de varão, mas por obra do Espírito Santo. O Anjo aguarda a resposta (…). Todo o mundo, prostrado a teus pés, espera a tua resposta: da tua palavra depende a consolação dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua linhagem. Dá depressa, ó Virgem a tua resposta. Profere a tua palavra humana e concebe a divina. Porque demoras? Abre, ó Virgem santa, o coração à fé, os lábios ao consentimento, as entranhas ao Criador. Eis que o desejado de todas as nações está à tua porta e bate. Se te demoras e Ele passa adiante, terás então de recomeçar dolorosamente a procurar o amado da tua alma. Eis a serva do Senhor, disse a Virgem, faça-se em mim segundo a tua palavra.

São Bernardo

Oração

Senhor nosso Deus, que pela anunciação do Anjo quisestes que a Virgem Imaculada se tornasse Mãe do vosso Verbo e, envolvida na luz do Espírito Santo, fosse consagrada templo da divindade, ajudai-nos a ser humildes como Ela, para cumprirmos fielmente a vossa vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Caminhando através do Advento (16): a encarnação libertadora

A glória do homem é Deus; por sua vez, o beneficiário da actuação de Deus, de toda a sua sabedoria e poder, é o homem. Assim como a competência do médico se revela nos doentes, assim Deus Se manifesta nos homens…

Se o homem acolhe, sem vaidade nem presunção, a verdadeira glória que procede das criaturas e do criador, isto é, de Deus todo-poderoso que a todos dá a existência, e se permanece em seu amor, obediência e acção de graças, receberá d’Ele uma glória ainda maior, progredindo sempre mais, até se tornar semelhante Àquele que por si morreu.

Com efeito, o Filho de Deus tomou uma existência seme­lhante à da carne pecadora, a fim de condenar o pecado e, depois de o condenar, arrojá-lo fora da carne. Assumiu a carne para animar o homem a tornar-se semelhante a Si mesmo, destinando-o a ser imitador de Deus e elevando-o ao reino do Pai, para que pudesse ver a Deus e ter acesso ao Pai. O Verbo de Deus habitou entre os homens e fez-Se Filho do homem para acostumar o homem a compreender a Deus e Deus a habitar no homem, de acordo com o beneplácito do Pai. Foi por isso que o mesmo Senhor nos deu como sinal da nossa salvação Aquele que é Deus-connosco, nascido da Virgem…

Santo Ireneu

Oração

Senhor nosso Deus, que revelastes ao mundo o esplendor da vossa glória pelo nascimento do Filho da Virgem Maria, concedei-nos a graça de celebrarmos o grande mistério da Encarnação com verdadeira fé e sincera piedade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo

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Caminhando através do Advento (15): Deus revelou o seu amor por meio de seu Filho

Porque Deus, Senhor e Criador do universo, Aquele que deu origem a todas as coisas e tudo dispôs com ordem, mostrou-Se para com os homens cheio de amor e de paciência. Assim foi sempre, é e será: benigno e bom, clemente e veraz; só Ele é verdadeiramente bom. E quando em sua mente concebeu o seu grande e inefável desígnio, comunicou-o unicamente ao seu Filho unigénito.

Enquanto mantinha oculto e reservado para Si o desígnio da sua sabedoria, parecia abandonar-nos e esquecer-Se de nós. Mas quando o revelou por meio do seu amado Filho e manifestou o que tinha preparado desde o princípio, ofereceu-nos tudo de uma vez para sempre: participar dos seus benefícios, ver e compreender. Quem de nós teria esperado semelhante generosidade? 

Havendo Deus assim disposto todas as coisas com seu Filho, permitiu que, até aos últimos tempos, vivêssemos desviados do recto caminho… Não porque se comprazesse com os nossos pecados, mas por tolerância; nem porque aprovasse aquele tempo de iniquidade, mas porque preparava o tempo actual de justiça…

Não Se deixou dominar pela ira contra nós, nem nos rejeitou, nem Se vingou. Ao contrário, suportou-nos com paciência e magnanimidade; na sua misericórdia, tomou sobre Si os nossos pecados e entregou o seu próprio Filho como preço da nossa redenção: o santo pelos iníquos, o inocente pelos culpados, o justo pelos injustos, o incorruptível pelos corruptíveis, o imortal pelos mortais. Que outra coisa poderia apagar os nossos pecados que não fosse a sua justiça? Por quem poderíamos nós ser justificados, iníquos e ímpios que éramos, senão pelo Filho de Deus?

Oh admirável intercâmbio, oh misteriosa iniciativa, oh surpreendente benefício: a iniquidade de muitos foi vencida por um só justo, a justiça de um só venceu a iniquidade de muitos!

Da Epístola a Diogneto

Oração

Concedei-nos, Deus omnipotente, que o esperado nascimento de vosso Filho unigénito nos liberte da antiga escravidão do pecado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Caminhando através do Advento (14): os vazios

O profeta Isaías dirige-se ao povo, anunciando o fim do exílio na Babilónia e o regresso a Jerusalém. Ele profetiza: «Uma voz clama: “Preparai no deserto um caminho para o Senhor […] todo o vale seja alterado”» (40, 3-4). Os vales a serem alterados representam todos os vazios do nosso comportamento diante de Deus, todos os nossos pecados de omissão. Um vazio na nossa vida pode ser o facto de não rezarmos ou de rezarmos pouco. Portanto, o Advento é o tempo favorável para rezar com mais intensidade, para reservar à vida espiritual o lugar importante que lhe compete. Outro vazio poderia ser a falta de caridade para com o próximo, sobretudo para com as pessoas mais necessitadas de ajuda não só material, mas também espiritual. Somos chamados a estar mais atentos às necessidades dos outros, mais próximos. Como João Baptista, deste modo podemos abrir caminhos de esperança no deserto dos corações áridos de tantas pessoas.

Papa Francisco

Oração

Deus de infinita bondade, que vedes o vosso povo esperar fielmente o Natal do Senhor, fazei-nos chegar às solenidades da nossa salvação e celebrá-las com renovada alegria. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

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3º Domingo do Advento – Ano B

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 1, 6-8.19-28)

Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este vinha como testemunha, para dar testemunho da Luz e todos crerem por meio dele. Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz.

Este foi o testemunho de João, quando as autoridades judaicas lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: «Tu quem és?» Então ele confessou a verdade e não a negou, afirmando: «Eu não sou o Messias.» E perguntaram-lhe: «Quem és, então? És tu Elias?» Ele disse: «Não sou.» «És tu o profeta?» Respondeu: «Não.» Disseram-lhe, por fim: «Quem és tu, para podermos dar uma resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz de quem grita no deserto: ‘Rectificai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías.»

Ora, havia enviados dos fariseus que lhe perguntaram: «Então porque baptizas, se tu não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu baptizo com água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis. É aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias.» Isto passou-se em Betânia, na margem além do Jordão, onde João estava a baptizar.

Reflexão

Os grandes movimentos religiosos nasceram, quase sempre, no deserto. No deserto não é possível o supérfluo. No silêncio somente se escutam as perguntas essenciais. No deserto somente sobrevive quem se alimenta do interior.

No Quarto Evangelho, João Baptista fica reduzido ao essencial. Não é o Messias, nem Elias retornado à vida, não é o Profeta. É «uma voz que grita no deserto». Não tem poder político, não possui nenhum título religioso. A sua voz não nasce de alguma estratégia seja de que natureza for. Vem do que escuta o ser humano quando mergulha no essencial.

O pressentimento de João Baptista pode ser resumido assim: «Há algo maior, mais digno e portador de esperança do que aquilo que estamos a viver. A nossa vida deve mudar radicalmente». É necessário abrirmo-nos ao Mistério do Deus vivo.

Na sociedade da abundância e do progresso o que se ouve é a publicidade do supérfluo, a divulgação do trivial, o palavrório vindo de muitos quadrantes… Contudo, do meio do deserto da vida moderna, podemos encontrar pessoas que irradiam sabedoria e dignidade, pois não vivem do supérfluo. Gente simples, excepcionalmente humana. Não pronunciam muitas palavras. É a sua própria vida que fala.

Essas pessoas convidam-nos, assim como João Baptista, a deixarmo-nos «baptizar», a submergirmos numa vida diferente, a«renascer», para não nos sentirmos produto desta sociedade nem filhos do ambiente, mas filhos queridos de Deus.

Palavra para o caminho

Sobram-nos palavras e falta-nos a “Palavra”. Transbordamos activismo e não percebemos a acção do Espírito entre nós. Somente o acolhimento interior do Espírito pode reanimar as nossas vidas e produzir entre nós “testemunhas do Deus vivo”.

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